segunda-feira, 31 de março de 2014

Figura(MAL): Mercedes

Após 59 anos de jejum, a Mercedes conseguiu uma dobradinha na F1 liderada por Lewis Hamilton. Evidente que a Mercedes passou a maior parte desses anos todos de fora da F1 e só em 2010 voltou como equipe, mas não há como negar esse feito marcante dos alemães. Mas olhando de uma forma mais estratégica, essa vitória em Sepang pode significar uma arrancada rumo ao sonhado título da Mercedes, ainda mais se Hamilton continuar produzindo desempenhos similares ao da Malásia ao longo da temporada. Com Red Bull ainda se recuperando de sua pré-temporada patética, a McLaren num momento de transição e a Ferrari com os problemas de sempre, a Mercedes tem uma grande chance de ficar com a taça no final deste ano.

Figurão(MAL): Williams

A equipe de Frank Williams conseguiu uma grande evolução em comparação a 2013 nesta temporada. Com um carro melhor, engenheiros de renome contratados de outras equipes e novos patrocinadores que parecem garantir financeiramente a tradicional equipe, tudo o que a Williams precisava era de um harmonia entre seus pilotos e o seio da equipe. Porém, logo na segunda prova da temporada, essa harmonia está seriamente ameaçada por causa das impopulares ordens de equipe. Sem dúvida alguma um dos pilares desse pretenso ressurgimento da Williams se chama Felipe Massa, que saiu da Ferrari muito pelo ocorrido em Hockenheim/2010 e o episódio 'Fernando is faster than you'. Três anos e nove meses depois, Felipe ouviu isso no final do Grande Prêmio da Malásia deste domingo, só mudando de Fernando para Valtteri. Naqueles momentos agonizantes da corrida malaia, Felipe entrou numa encruzilhada em seu apertado cockpit e resolveu ignorar os apelos da Williams para que deixasse seu companheiro de equipe ultrapassa-lo, fincando o pé e desobedecendo seus patrões. Tudo isso pela sétima posição. De um lado, Massa mostrou a todos que não é mais o mesmo piloto subserviente da Ferrari e marcou território dentro da Williams. Por outro lado, o histórico da Williams para com seus pilotos desobedientes (Reutemann/81 e Piquet/86&87) não é dos melhores e o brasileiro poderá sofrer com isso ao longo desta temporada, além do fato da equipe poderá ficar ao lado de Bottas. Precisando da experiência e a velocidade de Massa, a Williams poderá estragar o que seria um belo casamento ainda na viagem para a lua-de-mel.

domingo, 30 de março de 2014

A força dos grandes

Quando Takuma Sato conseguiu a pole no seu carro da Foyt em Saint-Petersburg, etapa de abertura da Indy, todos esperavam por uma Indy mais equilibrada, onde as demais equipes fora do trio Penske-Ganassi-Andretti conseguissem arregaçar as mangas e também brigar por vitórias. Sato ainda sustentou a primeira posição por várias voltas, mas quando a estrutura de uma equipe foi necessária (pit-stops rápidos e na hora certa), Sato e a Foyt sucumbiram a força das grandes e Will Power começou essa temporada da melhor forma possível e tentará, pela quarta vez, conquistar o seu sonhado e perseguido título.

A etapa na Flórida teve poucas bandeiras amarelas e foi amplamente dominada pela Penske. Mesmo largando na primeira fila, Tony Kanaan nunca pareceu ter condições de lutar pelas primeiras posições e ainda no começo da prova foi perdendo posições. O desempenho nos treinos livres do baiano indicavam isso, demonstrando que seu segundo tempo mais rápido na classificação foi fruto do talento de Tony. Helio Castroneves fazia o contrário. Largando em décimo, o paulista ia escalando o pelotão até aparecer em quarto, atrás de Sato, Hunter-Reay e Power. E foi então que começou o show da Penske, trazendo seus pilotos para os pits na hora correta e sendo muito rápidos. Quando Power ultrapassou Sato de forma feroz, o australiano não teve mais sua vitória contestada, vencendo com boa diferença e iniciando 2014 no mesmo ritmo do final de 2013, quando saiu da 11º posição na classificação de pilotos para quarto com três vitórias em cinco corridas. Castroneves estava em segundo até a primeira bandeira amarela, mas já na relargada, que foi abortada por um acidente ainda na reta de largada, Ryan Hunter-Reay dava indícios que daria o bote e foi o que aconteceu na relargada que valeu, valendo ao americano o segundo lugar e salvando o dia da Andretti.

Os demais pilotos da Andretti tiveram um dia para esquecer e sequer ficaram no top-15, incluindo James Hinchcliffe, vencedor do ano passado e penúltimo colocado a receber a bandeirada hoje. Ainda no quesito decepções, se Power e Castroneves ficaram no pódio ao final da prova em St.Pet, Juan Pablo Montoya fez uma corrida medíocre, fechando a prova em 15º e tomando ultrapassagens a rodo, incluindo uma dupla no final da reta dos boxes do novato Jake Hawksworth e de Marco Andretti. Com Kanaan largando em segundo e Dixon em quarto, a Ganassi esperava brigar pela vitória com sua estreia com os motores Honda, mas o máximo que conseguiu foi que Dixon chegasse na mesma posição que largou, enquanto Kanaan foi sexto, tendo Sato no seu encalço.

E a Indy continua com as mesmas equipes e os mesmos pilotos dominando o campeonato. Power tentará realizar o sonho de ser campeão, o mesmo fazendo Castroneves, além de tirarem a Penske de um jejum que já dura sete anos. Muito para os altos padrões de Roger Penske. A Ganassi não começou tão bem, mas o filme foi o mesmo em 2013 e o final todos conhecemos, enquanto a Andretti continua se esmerando na boa pilotagem de Hunter-Reay. Resumindo, mais do mesmo.

Igualando aos grandes

Apesar de um pingo aqui e outro acolá, o Grande Prêmio da Malásia se desenrolou sem grandes emoções e o esperado domínio da Mercedes aconteceu com a primeira dobradinha desde a década de 1950, com Hamilton vencendo de ponta a ponta e mesmo o instável inglês ter apenas um título, os números de sua carreira já chegam ao patamar de multicampeões, enquanto Nico Rosberg, atual líder do campeonato, precisa de exibições mais constantes se quiser manter essa posição no final do ano, principalmente com seu companheiro de equipe na pista, pois hoje Nico foi totalmente obscurecido por Hamilton. Vettel foi o melhor do resto, sentindo na pele o que Alonso, quarto hoje, sentia quando um terceiro lugar era comemorado como vitória quando havia um time dominante.

Com pista seca em todas as 56 voltas da prova de hoje, o Grande Prêmio da Malásia não empolgou em nenhum momento, mesmo com algumas manobras de ultrapassagens ao longo da prova. A Mercedes dominou a prova e nada leva a crer que isso mude a curto prazo, até porque a próxima corrida será já na próxima semana. Hamilton largou bem e Rosberg, mesmo espremido no muro por Vettel, assumiu a segunda posição ainda antes da primeira curva. Foi o primeiro ato da dominação. Então Hamilton passou a massacrar a concorrência e quando sua vantagem sobre Rosberg chegou aos 10s, passou a economizar combustível, força motriz, pneu e tudo o que tinha direito para receber a bandeirada em primeiro, ainda tendo tempo para conseguir a melhor volta da corrida. Com esse final de semana perfeito em Sepang, Hamilton se tornou o quarto pole-man da história da F1 ao se igualar a Alain Prost e Jim Clark, além de ter emparelhado com o tricampeão Nelson Piquet em número de vitórias. Um fato muito importante para um piloto que tem um grande talento, mas com um cabecinha complicada e que talvez por isso o triunfo de 2008 seja o único de Hamilton até agora. Se em Melbourne Nico Rosberg não teve a concorrência de Hamilton e com isso dominou a prova australiana, com o companheiro de equipe na pista o jovem alemão não teve chance alguma de se aproximar de Lewis e em certos momentos foi acossado por Vettel. O segundo lugar foi importante para que Nico Rosberg conseguisse a liderança momentânea do campeonato, mas mesmo sendo mais sólido mentalmente do que Hamilton, Nico precisará também lidar com a conhecida maior velocidade de Hamilton nessa que pode ser uma disputa de título dentro do seio da Mercedes.

Com a chuva se resumindo a algumas gotas em determinadas curvas neste domingo em Sepang, Sebastian Vettel pouco pôde fazer para evitar o domínio da Mercedes, mas se voltarmos um mês no tempo, havia quem dissesse que Vettel estaria hoje envolvido numa encarniçada briga com Kobayashi nas últimas posições. Mesmo não estando no lugar onde queria, como o próprio Sebastian falou via rádio com a equipe após a bandeirada, o desempenho da Red Bull é para ser comemorado e mesmo ainda longe da Mercedes, o fato de estar como segunda força consolidada já é algo bem melhor do que o esperado após a pré-temporada. Ricciardo, coitado, tudo de ruim aconteceu com o australiano em Sepang e após duas corridas corretas Daniel continua zerado na pontuação devido a problemas que não lhe diz respeito. A posição de Ricciardo era a quarta posição quando a Red Bull errou no seu pit-stop e depois foi um festival de problemas e paradas que fizeram o australiano abandonar no final da corrida. Quem assumiu a quarta posição foi Alonso, que vê 2014 uma situação bem parecida desde 2011, ou seja, aproveitar todas as oportunidades possíveis para pontuar e tirar tudo o que sua Ferrari lhe oferece, mesmo que seja um lugar fora do pódio a longínquos 34s atrás do líder. Prestes a completar 33 anos, Alonso pode entrar numa encruzilhada em sua carreira, pois se não há como negar sua qualidade como piloto, próximo ano fará nove anos desde seu último título. De Kimi Raikkonen é difícil falar algo de uma corrida que foi prejudicada por um furo de pneu ainda nas primeiras voltas e partir de então o finlandês teria que se virar para fazer uma corrida de recuperação, chegando em 12º.

Como bem falou Luciano Burti, é inacreditável ver um piloto da qualidade de Nico Hulkenberg ainda numa equipe média, mesmo o alemão mostrando muito serviço ao longo dos últimos anos. O quinto lugar conquistado em Sepang é mais um exemplo do quão Hulkenberg é um piloto cerebral sem perder a velocidade. Quem deve estar preocupado em ser comparado com Hulk é Sérgio Pérez, pois o mexicano não consegue andar no mesmo ritmo do alemão com o mesmo carro e nesse domingo esse sentido foi ainda mais literal, pois Pérez nem largou com problemas em seu Force India. Mais atrás, a polêmica da corrida aconteceu com a desobediência de Felipe Massa em uma ordem de equipe da Williams em deixar Bottas passar no final da corrida. Os primeiros pontos pela Williams não foram comemorados e o desenrolar da atitude de Massa ainda são imprevisíveis no momento, já que a Williams tem um histórico ruim no que tange seu comportamento com pilotos desobedientes (Reutemann/81 e Piquet/86&87). Porém, mais importante notar é que a festa de parte da imprensa, principalmente a global e seus apêndices, pelo bom desempenho da Williams na pré-temporada foi exagerado. Houve quem dissesse que Felipe era candidato ao título. A Williams evoluiu muito, muito mesmo em comparação a 2013, mas sair da nona posição do Mundial de Construtores rumo ao título é algo que acontece muito raramente e só não de forma impossível, por que a Brawn fez algo parecido em 2009. E agora, com a equipe tendo um clima de bastidor efervescente, ninguém saberá direito como será 2014 da Williams, Massa e Bottas, companheiro de equipe de Felipe e que não deve ter gostado muito da atitude do brasileiro hoje.

A McLaren saiu do delírio de um duplo pódio em Melbourne para uma corrida discretíssima em Sepang, um circuito mais convencional e onde surpresas dificilmente ocorrem. Vindo de sua pior temporada em mais de trinta anos, da mesmo forma do que a Williams era difícil imaginar a McLaren lutando pelo campeonato este ano, ainda mais num momento de transição, com a saída da parceira histórica Mercedes e a vinda da Honda em 2015. Button fez uma corrida bem ao seu estilo para ser sexto colocado, enquanto Kevin Magnussen, sensação na Austrália, ficou em nono, depois de bater em Raikkonen e ser punido por isso. Outro estreante que se destacou na Austrália, mas que manteve o nível na Malásia foi Kvyat, marcando ponto novamente, enquanto Vergne, que abandonou com problemas mecânicos, parece fadado a ter um destino parecido com o de Alguersuari, Buemi e Klien. Num momento difícil técnica e financeiramente, a Lotus pode comemorar Grosjean terminar a corrida e ainda na beira da zona de pontuação, com o francês segurando seu antigo companheiro de equipe Raikkonen nas últimas voltas, enquanto Maldonado abandonou no início, o que faz pensar que sua vitória há quase dois anos foi fruto de algum aborto da natureza. A Sauber abandonou quase que ao mesmo tempo com seus dois pilotos, mas nem Sutil, nem Gutierrez fizeram uma corrida para marcar pontos, mostrando outro início de campeonato difícil para a Sauber. Kobayashi fez uma corrida interessante pela Caterham, algumas vezes ficando na zona de pontuação enquanto alguns pilotos paravam e não sendo tão facilmente ultrapassado por outros carros que o faziam facilmente antes. Era nítido que os carros verdes andavam mais próximos do que em 2013, o que poderá sugerir pontos em algum momento da temporada para a Caterham, particularmente com Koba, pois Ericsson não parece ter condições e tudo o que fez foi brigar com a Marussia de Chilton.

Passadas duas corridas e a emoção esperada não veio da F1 até o momento. A Mercedes tomou o lugar da Red Bull como equipe dominante e as quebras aos montes previstas por todos até agora não aconteceram. Mesmo numa prova quente e cansativa, os abandonos foram normais e até mesmo os clientes da Renault, que pareciam em pânico há bem pouco tempo atrás, estão completando as corridas sem maiores dramas, enquanto o consumo de combustível está sob controle. Hamilton mostrou que sua velocidade inata pode lhe levar ao título com mais algumas atuações como a de hoje e mesmo com a força de Red Bull e Ferrari, não devemos esquecer da força que a Mercedes, com vários engenheiros conceituados e muita grana envolvida. Se era esperado mais carros embaralhados em 2014, a realidade pode ser outro domínio a caminho.   

sábado, 29 de março de 2014

Caos pluviométrico

Como bem destacou o Luís Roberto na transmissão da Globo, já fazem quinze anos que a prova de F1 em Sepang é realizada e o pessoal da FOM insiste em colocar os treinos e corridas no final da tarde em Kuala Lumpur, onde dilúvios quase diários ocorrem... no final da tarde. Então, ninguém pode reclamar de atraso e correr na chuva. Porém, essa situação traz emoções diferentes e só assim a Mercedes não deu um banho na concorrência, mesmo ficando com a pole. O terceiro treino livre, no seco, viu os carros prateados colocando 1s em todo mundo. No molhado, onde o braço pode fazer alguma diferença, Sebastian Vettel colocou seu Red Bull entre os dois carros da Mercedes, mas sua cara após o treino indica que só um milagre (pluviométrico) pode dar uma vitória para Sebastian, pois em condições normais, e até mesmo com chuva, a Mercedes é a grande favorita amanhã.

A chuva foi a grande protagonista do treino oficial de hoje, com vários atrasos e duas bandeiras vermelhas causando um verdadeiro caos. Porém, mesmo no caos, a Mercedes mostrou seu equilíbrio e liderou todas as sessões com Lewis Hamilton, mostrando toda a sua habilidade, enquanto Rosberg parecia sofrer um pouco mais, mas ainda assim acompanhando o companheiro de equipe. As demais equipes, algumas vezes 2s atrás dos carros prateados, corriam atrás dos melhores lugares possíveis e com a chuva, surpresas poderiam acontecer, como foi o caso de Romain Grosjean em seu sofrível Lotus indo para o Q2, enquanto Adrian Sutil, notório bom piloto na chuva, ficou pelo caminho no Q1, demonstrando que a Sauber novamente começa mal uma temporada. O Q2 viu Alonso cometer um erro quando estava montado com pneus intermediários ao bater em Kvyat, mas a Ferrari mostrou sua grandiosa eficiência ao praticamente trocar a suspensão dianteira esquerda do carro do espanhol e ainda fazer Alonso ir para o Q3. Muitos ainda apontam para problemas no carro da Williams em piso molhado, mas se esquecem da famosa deficiência de Massa na chuva e juntando tudo isso, mais uma vez o brasileiro ficou abaixo das expectativas.

Com a chuva apertando, o Q3 foi decidido no começo e Vettel mostrou sua magia ao ficar menos de um décimo de Hamilton, enquanto Rosberg levou mais de meio segundo de Lewis, mas se serve de consolo, Nico também largou na segunda fila em Melbourne e dominou a prova australiana. Com batida e tudo Alonso fecha a segunda fila, derrotando Kimi (6º) de forma mais apertada, enquanto Ricciardo ficava mais de 1s atrás do seu notório companheiro de equipe. Um pelotão de elite formado por Mercedes, Ferrari e Red Bull se formou na Malásia, mas ninguém duvida que os prateados são os grandes favoritos amanhã e só mesmo outra chuva como a de hoje pode mostrar um resultado diferente do que uma vitória de Hamilton ou Rosberg.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Conexão Lauda

Essa manhã estava assistindo ao Redação SporTV e entre os convidados estava Roberto D'Ávila, que estreia um programa na Globonews por esses dias. Conhecido por fazer grandes entrevistas em todo o mundo, foi mostrada parte de uma entrevista de D'Ávila com Niki Lauda e imediatamente corri para o YouTube. Simplesmente sensacional. Mesmo com as legendas mal feitas e as imagens longe de serem perfeitas, vale a pena os quase cinquenta minutos de entrevista, particularmente a partir do minuto 13, quando Lauda fala do seu acidente e os momentos críticos no hospital, chegando a se emocionar no final. Só para situar um pouco, a entrevista foi realizada em 1984, às vésperas de Lauda conquistar o seu terceiro título. Repito. Vale a pena!


quinta-feira, 27 de março de 2014

Laureados

Nesta semana em Kuala Lumpur, por coincidência local da segunda etapa do Campeonato da F1 de 2014 neste final de semana, Sebastian Vettel recebeu mais um prêmio para seu incrível ano de 2013 ao ganhar o prêmio Laureus, o chamado Oscar do esporte mundial, na categoria esportista masculino, derrotando nomes como Usain Bolt, Lebron James e Rafael Nadal. Continuando no esporte a motor, talvez a maior barbada. Campeão mais jovem e logo em sua primeira temporada na MotoGP, Marc Márquez garantiu a 'taça' de revelação de 2013. Nesse instantâneo (oh! o novo!), vemos Emerson Fittipaldi (2), Sebastian Vettel (4), Giacomo Agostini (15), Michael Doohan (5) e Marc Márquez (3). Vinte e nove títulos mundiais reunidos!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Velhas estrelas

Se há algo que ligue a F-Indy atual com a F1 dos anos 80 é a idade das principais estrelas do campeonato. Ao contrário de agora, a F1 daqueles áureos tempos era um campeonato onde a experiência contava muito para que um piloto, mesmo sendo muito rápido e prestigiado, conseguisse o sucesso. Mesmo sendo considerado um ótimo piloto, Alain Prost só foi conseguir seu primeiro título aos 30 anos e na sexta temporada na F1, enquanto Nigel Mansell esperou anos para conquistar seu único título aos 38 anos de idade. Nelson Piquet começou sua carreira na F1 de forma fulminante, conseguindo em suas três primeiras temporadas um vice e um campeonato, às vésperas de completar 30 anos. Quando Ayrton Senna conquistou sua primeira vitória pela Lotus aos 25 anos, todos diziam que só faltava ao brasileiro conquistar mais maturidade e experiência e seu primeiro triunfo aconteceu aos 28 anos de idade. Fazendo uma comparação com a F1 atual, Sebastian Vettel pode chegar aos 28 anos de idade com até cinco campeonatos conquistados, enquanto Kevin Magnussen (21 anos) e Daniil Kvyat (19 anos) já chegaram na categoria mostrando ótimos resultados com tão pouca experiência.

A Indy está se tornando uma categoria onde os 'tios' estão dando as caras e o maior exemplo disso é o atual campeão Scott Dixon, que está cada vez melhor e completará 34 anos em julho. Para melhorar a motivação de Dixon, seu antigo companheiro de equipe Dario Franchitti conquistou seu primeiro título na Indy aos 34 anos de idade e a partir de então conquistou os resultados que o levaram a ser um dos mitos do automobilismo americano, com o escocês só se aposentando por causa de um sério acidente no ano passado, mas Dario ainda estava correndo em alto nível aos 40 anos de idade. Para o lugar de Franchitti na Ganassi, nada de uma jovem promessa brotando na Indy, mas o velho amigo de Dario Franchitti, o bom baiano Tony Kanaan, que no réveillon deste ano completará 40 anos vindo de uma vitória épica nas 500 Milhas de Indianápolis com uma equipe pequena. Ou seja, ainda no auge da forma. Os outros pilotos da Ganassi, considerados os menos experientes da trupe, são Charlie Kimball (29 anos) e Ryan Briscoe (32 anos). Será que o Luciano do Valle nos trará de volta o 'Bryan Riscoe'?

A grande rival da Ganassi, a Penske, virá com um trio de pilotos fortes e nada inexperientes. Will Power, de 33 anos, teve uma temporada irregular em 2013, mas sua ascensão nos ovais mostra que o australiano tem tudo para se tornar o maior rival de Dixon na luta pelo título e ainda espantar a urucubaca de eterno vice. Ao lado de Power, Helio Castroneves (39 anos em maio) tentará apagar a má impressão de um piloto acomodado que deixou no final do ano passado, quando tinha o título nas mãos por causa da regularidade, mas quando precisou mostrar mais agressividade, sucumbiu ao talento maior de Dixon. E agressividade não irá faltar em Juan Pablo Montoya, de volta à Indy após vários anos penando na Nascar depois de uma passagem que ficou abaixo das expectativas na F1. Prestes a completar 39 anos, Montoya foi a contratação mais badalada do ano e quem se lembra da inesquecível temporada da CART em 1999 olhará com bastante atenção ao colombiano. 

Por último, completando o trio de grandes da Indy, a Andretti será a única entre as três a usar o motor Honda e será comandada pelo correto Ryan Hunter-Reay, de 33 anos. Mesmo já tendo conquistado um título na Indy, Hunter-Reay é muitas vezes subestimado no paddock da categoria, mas sua pilotagem segura o faz dos grandes pilotos da Indy. Circundando o americano, estará Marco Andretti e James Hinchcliffe, ambos de 27 anos, ou seja, longe de ser garotos e ainda querendo mostrar serviço. A única exceção das grandes equipes é o colombiano Carlos Múñoz, de 21 anos e que fez uma estreia de gala em Indianápolis ano passado. Até mesmo entre as equipes emergentes não falta experiência, como é o caso de Sebastien Bourdais (35 anos), Justin Wilson (35) e Simon Pagenaud (29).

A primeira corrida será nesse domingo novamente em Saint-Petersburg e, como sempre, a transmissão da corrida para o Brasil é um mistério até o momento, mas a expectativa é de que a prova passe na Bandsports com a narração 'pacheca' de Celso Miranda e as abobrinhas de Eduardo Homem de Mello, que faz todos os comentaristas de automobilismo brasileiro parecerem ótimos frente a tanta besteira falada por ele. Uma briga entre a organização da Indy e a Bandeirantes acabou com a boa prova de rua em São Paulo, mas uma solução foi encontrada e a TV paulista irá transmitir (ou ao menos tentar, dependendo de sua programação...) a temporada, além de uma corrida em Brasília em 2015. A conferir. A Indy segue um caminho parecido com a CART em seus bons anos, correndo cada vez mais em circuitos mistos e restringindo as corridas em ovais a poucas provas que dificilmente sairão de cartaz, como Milwakee e Fontana, mas a perigosa pista do Texas ainda está lá. Esse ano, as 500 Milhas de Indianápolis (e as 500 Milhas em Fontana e Pocono) terá pontuação dobrada, além de uma corrida no circuito misto de Indianápolis, dando a indicação cada vez maior dessa linha de correr mais e mais nesse tipo de circuito e de rua, só restando resgatar de volta Elkhart Lake e Laguna Seca. 

Nesse busca por uma identidade, a Indy tenta preservar suas estrelas e por isso pilotos com idade um pouco elevada vão ficando na categoria, se eternizando e trazendo de volta uma tradição que o automobilismo de uma forma geral foi acabando. Claro que isso indica também uma falta de renovação, com alguns bons pilotos jovens da América do Norte indo para a Nascar, mas o sucesso dos últimos dois anos da Indy mostra que 2014 tende a ser tão bom quanto nos velhos e bons tempos.

domingo, 23 de março de 2014

Duelo de ET's

Marc Márquez e Valentino Rossi. Cada um tinha sua dificuldade hoje, mas deram um show na primeira corrida da MotoGP em 2014. Segundo o próprio Márquez, uma semana atrás ele ainda nem conseguia andar por causa de uma perna quebrada. A Yamaha de Rossi teve problemas com os novos pneus para essa temporada e com o novo tanque de combustível reduzido. Usando seu talento impressionante, Márquez ainda conseguiu a pole, enquanto todos cravaram que Rossi está mesmo cada vez mais longe dos líderes, ao ficar em décimo no grid.

A MotoGP/2014 e seus três regulamentos num campeonato só mostrou-se bastante equilibrada e com vários pilotos que até o ano passado eram bastante coadjuvantes querendo ser protagonistas. Porém, na largada um dos protagonistas entrou em cena para um show rápido. Jorge Lorenzo, piloto que mais reclamou dos novos pneus da Bridgestone, fez uma largada relâmpago e pulou de quinto para primeiro ainda na primeira curva... para cair algumas curvas depois, chegando a machucar o seu cotovelo esquerdo, além de destruir sua Yamaha de fábrica. Teoricamente isso abria o caminho para Márquez, mesmo o espanhol tendo largando mal, mas quem liderava era Stefan Bradl, na Honda satélite, enquanto Marc sofria com as dores em sua perna fraturada e errava mais do que o normal. Enquanto isso acontecia, Rossi devolvia os sorrisos para a Yamaha oficial numa emocionante corrida de recuperação que o colocou na rabeta de Bradley Smith, numa Yamaha satélite, em terceiro. Ao deixar o inglês para trás e ver Bradl cair, Rossi se viu numa briga emocionante com Márquez pela primeira posição.

Mesmo com Pedrosa e Bautista por perto, as atenções ficaram todas na briga entre o velho e o novo. Rossi x Márquez. Dois extraterrenos brigando pela ponta da corrida e do campeonato. Duas gerações distintas disputando as mesmas curvas. O espanhol da Honda não tinha a confiança necessária e estava sem ritmo de corrida, mas sua moto era claramente melhor do que a Yamaha de Rossi, que cobria a desvantagem com raça e uma pilotagem usando só coração, mas também preocupado com o consumo de combustível de sua Yamaha. Como nos velhos e áureos tempos, Rossi tentou a ultrapassagem definitiva nas voltas derradeiras, mas Márquez imediatamente respondia e levou a bandeirada em primeiro, algo que o próprio piloto da Honda duvidava. Rossi foi um feliz segundo, enquanto Pedrosa só foi terceiro pela queda na penúltima volta de Bautista, que vinha fazendo uma ótima prova. Já começo a considerar Pedrosa o Felipe Massa da Repsol Honda, pois mesmo com seguidos fracassos, a montadora nipônica continua cedendo sua cobiçada vaga para Pedrosa.

Com muitas quedas, pilotos como Aleix Espargaró e sua Yamaha da categoria Open ficou em quarto, mas pelo o que vinha andando, até que o resultado do espanhol não surpreende. Correndo numa categoria híbrida, a Ducati colocou seus dois pilotos nas posições à seguir, apesar de que Cal Cruthlow aparentemente ficou sem gasolina na reta final, mesmo com o péssimo narrador do SporTV ter derrubado o inglês ainda na primeira volta. 

Mesmo com todos os seus problemas, Márquez lidera o campeonato seguido por Rossi, enquanto Lorenzo terá que remar para conseguir se igualar ao seu compatriota na luta pelo título. Pedrosa, cada vez mais introspectivo e até mesmo conformado, terá sorte se permanecer na Honda oficial depois de mais uma temporada obscurecido, mesmo que lutar com um piloto como Marc Márquez seja uma tarefa enorme para qualquer um.  

Revson, 40

Pegando emprestado do blog do Speeder76, o resgate que vitimou Peter Revson, que completa quarenta anos hoje. 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Agora é a vez de Márquez

Uma semana após a estreia da F1 na Austrália, a MotoGP e suas duas categorias de base irão iniciar mais uma temporada em Losail no Catar tendo Marc Márquez como grande estrela. Após entrar para a história como o mais jovem a vencer o Mundial de MotoGP (incluindo a antiga 500cc), Márquez não será mais o garoto simpático com aparência frágil que derrotou um fortíssimo Jorge Lorenzo. Agora, Márquez será o piloto a ser batido e com um ano de experiência e conhecendo todas as pistas, o espanhol da Honda tende a melhorar nesta temporada, mas também aumentará a pressão para defender seu título.

Porém, uma perna quebrada num teste em uma pista de dirt-track pode atrapalhar Márquez nesse inicio de ano, pois o espanhol não treinou em dois terços da pré-temporada. Isso soa como música para Jorge Lorenzo, que teve exibições de gala em 2013, mas foi atrapalhado por dois sérios acidentes que o fez garantir admiração de muita gente quando correu apenas 30h após ser operado na clavícula direita. Como provavelmente Márquez não terá ritmo de corrida no Catar, Lorenzo pode se sobressair e iniciar bem sua caça ao terceiro título na MotoGP. Andando no mesmo nível de Márquez e Lorenzo, está Daniel Pedrosa e sua eterna busca pelo título mundial da MotoGP. Dani já se machucou inúmeras vezes tentando ser campeão, mas a realidade é que Pedrosa parece não ter a estrela de campeão e o espanhol, com o físico mais frágil que os seus rivais, não consegue se sobressair em disputas mano a mano, especialmente com Lorenzo, no qual foi derrotado inúmeras vezes nesse tipo de disputa. Com o final do seu contrato este ano, com nove temporadas nas costas dentro da equipe Honda, onde viu três companheiros de equipe se tornarem campeões, Pedrosa terá, mais uma vez, a pressão de ser campeão ou ficar na história do sempre 'quase'.

Valentino Rossi poderá protagonizar a maior história da temporada. O italiano não conseguiu acompanhar os espanhóis em 2013 e na base do desespero, dispensou Jeremy Burgess, engenheiro multi-campeão com ele e outras lendas, como Doohan e Gardner. Rossi já conta com 35 anos e seu contrato terminará este ano. Na pré-temporada, Valentino deu indícios de que está mais próximo do trio dominante espanhol, mas Rossi quer o título para, provavelmente, se aposentar por cima, com um oitavo campeonato na MotoGP, o que o faria entrar na história dos gigantes do esporte.

As demais equipes lutam com um regulamento confuso, que praticamente divide a MotoGP em duas, mas mesmo com Aleix Espargaró andando forte com sua Yamaha de produção e a Ducati preferindo utilizar a regra das motos de produção, dificilmente o título sairá das mãos dos quatro principais pilotos de fábrica da Honda e Yamaha. Márquez terá seu grande desafio em defender seu surpreendente título, mas terá Lorenzo cada vez mais forte, Pedrosa querendo se confirmar e Rossi querendo fazer história nesse seu capítulo final de uma longa e gloriosa carreira. Se 2013 foi um ano histórico com corridas de altíssimo nível e um campeonato emocionante e com algumas reviravoltas, 2014 poderá não ficar muito atrás.

terça-feira, 18 de março de 2014

Barbeiragem

É no mínimo imprudente uma categoria fazer uma corrida importante como as 12h de Sebring no mesmo final de semana em que a F1 estreava, mas a United SportsCar Championship o fez e privou boa parte das pessoas de verem a barbeiragem inacreditável de Gaston Kerby nesse final de semana.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Que pena...

Hoje faleceu Gary Bettenhausen, filho da lenda Tony Bettenhausen, aos 72 anos de idade. Mesmo sem repetir o sucesso do pai, Gary tem uma marca importante no automobilismo americano: o de largadas nas 500 Milhas de Indianápolis, com 21, a primeira em 1968 e a última em 1994. 

Figura(AUS): Nico Rosberg

Desde que entrou na F1 no já longínquo ano de 2006, Nico Rosberg nunca foi colocado como um do grandes da F1 atual, muito provavelmente por sua total falta de carisma. Veloz e inteligente, mas também um pouco inconsistente (não vou nem falar no jeitão de baitola que Nico tem, mas ao menos está noivo de uma gata), Nico Rosberg sempre pareceu estar à sombra dos seu companheiros de equipe ao longo desses seus anos na F1. Quando foi contratado pela Mercedes, viu a chegada de Michael Schumacher como a estrela da companhia, mas em três anos de convívio com o heptacampeão, Rosberg o derrotou de forma até chata para Schummy. Quando Michael se aposentou pela segunda vez, Nico viu a chegada de Lewis Hamilton para ser a estrela da companhia na Mercedes, mesmo com todo o bom trabalho já exibido pelo alemão não rendendo a confiança da Mercedes em transformar Nico em primeiro piloto da equipe. No primeiro ano juntos, Hamilton ficou à frente de Nico no campeonato, mas Rosberg teve três vitória para contar, contra apenas uma de Hamilton. Com essa mudança todo nos regulamentos e com seu estilo mais focado de trabalhar, Nico Rosberg vem aos poucos se sobressaindo em cima do rapidíssimo, mas instável Lewis Hamilton. Em Melboune, mesmo Hamilton mostrando muita velocidade, era de Nico que todos esperavam a pole e ela só não veio por que o alemão não teve uma chance final quando a pista estava em suas melhores condições. Largando na segunda fila, Nico fez uma largada sensacional e antes da freada para a primeira curva já estava liderando a prova, iniciando um 'sunday drive' pelo Albert Park, onde chegou a colocar 1.5s  por volta em cima de Ricciardo ou qualquer que fosse o segundo colocado. Pela primeira vez liderando um campeonato de F1, Nico Rosberg tem um ótimo carros nas mãos, um companheiro de equipe instável emocionalmente e zerado após a primeira corrida e uma chance para se colocar de vez entre as estrelas de sua geração.  

Figurão(AUS): Lotus

Após uma pré-temporada conturbada ao extremo, os clientes da Renault não tinham grandes expectativas para este final de semana em Melbourne, mas de modo geral, quase todas as equipes da Renault tiveram um desempenho aceitável neste primeiro final de semana competitivo da F1. Menos uma. Um ano depois de vencer em Albert Park com Kimi Raikkonen, a Lotus teve um desempenho ridículo na Austrália e seus dois pilotos nada puderam fazer num mar de problemas no qual a Lotus se meteu nesse 2014. Sem falar no bico horrível que tem, o novo carro da Lotus andou muito pouco em todos os treinos livres e quando andou, estava tão mal acertado que Romain Grosjean teria dito que o carro era uma porcaria no rádio e o pior tempo na classificação é uma prova da ruindade do carro. E o tempo é no singular mesmo, pois Pastor Maldonado não marcou tempos na classificação de sábado, já que o venezuelano começou o treino com algum atraso e quando foi à pista, a chuva deu as caras. Vide o tanto que andaram na sexta e no sábado, os abandonos de Grosjean e Maldonado até demoraram a acontecer, mas o futuro imediato da equipe de Enstone é sombrio, já que não há dinheiro para desenvolvimento e o cabeça da equipe até o ano passado, Eric Bouiller, hoje veste prata e responde a Ron Dennis na McLaren. Uma hora dessa, Felipe Massa e Nico Hulkenberg, favoritos a conseguir o lugar na Lotus no final do ano passado, devem estar mais do que aliviados por não estarem nessa banheira aurinegra.

domingo, 16 de março de 2014

Passagem de bastão

Recordo-me das mudanças entre 1997 e 1998, quando uma grande mudança do pacote técnico (carros mais estreitos e pneus com estrias) tentava parar a Williams e o seu domínio. Porém, o que se viu em Melbourne dezesseis anos atrás foi uma passagem de bastão, com o domínio ficando com a McLaren. Em 2014, mesmo a Mercedes não repetindo a dobradinha de Hakkinen e Coulthard, o time germânico mostrou que poderá dominar a F1 em 2014 com uma vitória retumbante de Nico Rosberg, onde o alemão não tomou conhecimento dos ocupantes da primeira fila e passeou em Melbourne, repetindo a vitória do seu pai 29 anos antes (não 30, como repetiu várias vezes Galvão Bueno) e liderando o campeonato da F1 pela primeira vez na carreira. Seus companheiros de pódio debutaram no local com Ricciardo novamente levantando o público e tirando um baita sorriso da Red Bull e Kevin Magnussen estreia na F1 da melhor maneira possível, tirando a McLaren de seu jejum de pódios.

A corrida ficou abaixo das expectativas com poucas ultrapassagens e uma taxa de abandonos aceitável (quatorze carros receberam a bandeirada). Como ninguém sabia ao certo como se comportariam os novos carros, os pilotos claramente pegaram leve, mas Nico Rosberg não quis saber de conservadorismo na largada quando saiu da segunda fila para a primeira posição ainda nos primeiros metros, disparando na ponta a partir de então, controlando o seu ritmo para não ter quaisquer tipos de problemas, seja com o combustível, seja com o pneu. Na relargada após a entrada do safety-car, Nico colocava 1.5s sobre Ricciardo com a facilidade que Vettel fazia isso no passado nessa mesma posição, indicando que os 22s que construiu de vantagem sobre a Red Bull de Ricciardo foi também pela tirada de pé de Rosberg, pois se precisasse, o alemão tinha mais reservas para abrir ainda mais sobre qualquer adversário. Com 25 pontos na mão, Nico coloca ainda mais um problema na difícil cabeça de Hamilton. Com problemas no motor desde o início, não é de se duvidar que Lewis já soubesse que abandonaria quando largou e isso explique a péssima largada do inglês, mas com Rosberg largando nessa temporada em vantagem, em um ano em que a Mercedes está claramente superior aos demais, Hamilton começa o ano com mais grilos do que seu carro mostrou ao longo do final de semana.

O grande sorriso de Daniel Ricciardo no pódio espelha o clima da Red Bull após uma pré-temporada turbulenta, onde a equipe sofreu com os problemas de confiabilidade e desempenho da Renault e havia quem dissesse que os tetracampeões brigariam com as nanicas nas primeiras corridas, mas com um Ricciardo inspirado pela torcida australiana, a equipe deu uma volta por cima clássica e logo na primeira prova tinha um dos seus pilotos no pódio, mostrando que subestimar a Red Bull é um grande erro. Ricciardo também tem vários motivos para comemorar, já que o australiano foi quase que uma imposição de Helmut Marko para justificar à Dietrich Mastechitz o caro programa de jovens pilotos da Red Bull, já que Christian Horner queria Kimi Raikkonen como companheiro de equipe de Vettel. Sem ser um piloto que chamasse tanta atenção na Toro Rosso, havia uma desconfiança em cima de Ricciardo, mas logo em seu primeiro final de semana numa equipe grande, Daniel colocou tempo em Vettel e guiou sem muitos dramas para conseguir um importante segundo lugar, fazendo bem mais do que Webber em vários anos de Red Bull. Pelo menos em Melbourne. Falar da corrida de Vettel resume-se em vários problemas, com o alemão sofrendo um abandono precoce após uma classificação difícil e mostrando uma diferença para os outros anos, pois se antes os problemas aconteciam no carro de Webber, nesse final de semana tudo o que poderia acontecer de ruim no final de semana da Red Bull, recaiu sobre o carro de Vettel. Marko também deve estar sorrindo pela exibição segura de Daniil Kvyat. Muitos acusaram a Red Bull de ter vendido a vaga de sua equipe satélite para Kvyat, mas o russo mostrou uma boa pilotagem e logo em sua estreia pontuou, chegando colado em Vergne, que teve uma corrida errática quando tinha boas chances de marcar bons pontos.

Sete anos depois de estrear muito bem Lewis Hamilton na F1, a McLaren viu Kevin Magnussen repetir o terceiro lugar do inglês com uma corrida segura, onde o dinamarquês chegou a pressionar Ricciardo no final da prova por um lugar melhor do que seu terceiro, mas o receio natural da McLaren com o carro e com o comportamento do seu piloto novato fez com que o danês permanece em um ótimo terceiro lugar, terminando um incômodo jejum de mais de um ano da McLaren. Jenson Button fez uma corrida bem ao seu estilo, onde saiu das posições intermediárias para ler bem a corrida e marcar bons pontos com um quarto lugar, mesmo não tendo incomodado seu jovem companheiro de equipe. Num momento de transição da McLaren, a volta de Ron Dennis poderá levar a tradicional equipe a uma temporada muito boa. Já a Ferrari, cujo presidente disse que um vice-campeonato já era um fracasso, o quinto lugar de Fernando Alonso não é um grande sinal. O espanhol tirou, como fez praticamente desde que chegou à Ferrari, tudo do seu carro e a modesta recompensa foi um tímido quinto lugar, onde Alonso só conseguiu ultrapassar a Force India de Hulkenberg nos boxes. Não há como não admitir a fraca corrida de Raikkonen nessa sua volta à Ferrari. O finlandês teve problemas com os novos freios eletrônicos e fritou seus pneus algumas vezes, saindo rapidamente da pista duas vezes na curva 9. O oitavo posto, para quem venceu no ano passado, é muito pouco para Raikkonen.

A Williams aprendeu que largar bem pode livrar a equipe de confusões do meio do pelotão. Primeiro foi Massa ao ser atropelado pelo nada mito Kobayashi. Depois foi Valtteri Bottas fazer uma bela corrida de recuperação, mas um toque leve no furo furou seu pneu, causou a entrada do único safety-car do dia e fez o finlandês ter que remar tudo outra vez, o que lhe garantiu um bom sexto lugar, mas o ritmo da Williams não era para essa posição. Nico Hulkenberg fez outra prova sensacional e apesar de chegar apenas em sétimo, o alemão reestreou na Force India andando muito tempo na quarta posição e só foi superado por Alonso nos boxes, enquanto Sergio Pérez fez uma prova apagadíssima. A Sauber levou seus dois carros até o final, mesmo que se arrastando e nem Sutil, tampouco Gutierrez, estiveram próximos de pontuar. O fracasso da Sauber só não fica mais evidente pela vergonhosa atuação da Lotus, essa sim brigando de 'igual para igual' com as nanicas. Após um final de ano sensacional, a Lotus sofreu o pão que o diabo amassou nos treinos com um carro lento e sem nenhum acerto. No fim, andando mal e porcamente, os seus dois pilotos abandonaram, sendo que Maldonado, que fez tanta força para sair da Williams e ir para a Lotus, deve estar se perguntando o que fez para merecer tanto castigo. Repito algo que pode incomodar muita gente, mas não vejo Kamui Kobayashi como mito em nenhum momento de sua carreira e sua barbeiragem na primeira curva é mais um exemplo cabal de que, de mito, Koba está mais para Jurandir Mitoso...

A primeira corrida em Melbourne nunca foi parâmetro para o resto da temporada e a corrida do ano passado é mais um exemplo disso, mas está claro que a Mercedes está um degrau acima dos demais, enquanto Williams poderá ser a segunda força quando largar mais à frente, enquanto a confiabilidade dos carros não está tão ruim como o imaginado. Nico Rosberg começou o ano com o pé direito e com o carro que tem e o emotivo companheiro de equipe que tem, o alemão pode estar iniciando uma bela caminhada para uma temporada inesquecível para ele. 

sábado, 15 de março de 2014

E a galera vibra!

A classificação de hoje será um prato cheio para os detratores de Sebastian Vettel. Seja no seco ou no molhado, o atual tetracampeão não foi capaz de andar próximo do seu novo companheiro de equipe Daniel Ricciardo e depois de um longo tempo, Vettel teve que abandonar seu Red Bull no box no final do Q2, tendo que se conformar com uma décima segunda posição no grid amanhã, enquanto Ricciardo levava o problemático Red Bull ao Q3 e brigar de igual para igual com os dominantes Mercedes, para delírio do público australiano, que pelo jeito não sentirá muita falta de Mark Webber. 

Por sinal, a Red Bull foi a equipe que comemorou mais a classificação, mais até do que os donos da pole, a Mercedes. Hamilton e Rosberg dominaram os treinos livres e nem a chuva interrompeu o que parece ser um início de domínio da marca alemã frente aos adversários, principalmente pelo motor, exemplificado com os seis carros da Mercedes no Q3, contra quatro do resto. Hamilton teve a sorte de completar a sua penúltima volta rápida no Q3 antes da bandeirada e ainda ter uma última chance de bater o tempo de Rosberg, que vinha mais rápido até o momento e não teve a mesma chance. Numa pista mutável, Hamilton usou bem essa vantagem para superar Rosberg e ainda viu Ricciardo ficar com um lugar na primeira fila. Nico parecia decepcionado, bem ao contrário de Ricciardo, que conquistou seu melhor resultado na carreira em uma classificação e mostrou que menosprezar a Red Bull pode ser um erro grave para todas as demais equipes de ponta. Meio que mostrando aos rivais, a comemoração efusiva da Red Bull nos boxes era uma forma de resposta para quem esperava os atuais tetracampeões brigando com as nanicas na primeira prova, enquanto Helmut Marko vibrava com o bom desempenho de Ricciardo, uma aposta sua.

Continuando o bom momento dos jovens pilotos, o estreante Kevin Magnussen viu seu companheiro de equipe Jenson Button ficar pelo caminho no Q2 e o dinamarquês conseguiu um ótimo quarto lugar, mesmo que distante da briga pela pole. Outro novato festejado foi Daniil Kvyat, que levou seu Toro Rosso ao Q3 e mesmo tendo rodado e ter ficado bem atrás de Jean-Eric Vergne, levou sua cota de tapinhas nas costas. No reino da Ferrari, Alonso foi bem superior a um apagado Raikkonen, que viu problemas em profusão em seu carro, além de problemas com o tráfego que o fez ficar pelo caminho no Q2, mas Alonso pareceu sem ter muito o que fazer contra as outras equipes de ponta e teve que se conformar com uma quinta posição. A badalada Williams foi, ao lado da Toro Rosso, a única equipe a colocar seus dois carros no Q3, mas o carro não funcionou na chuva e com a conhecida inaptidão de Felipe Massa em pista molhada, fechou o Q3, sendo que Bottas perderá cinco posições por um câmbio quebrado. Houve equipes com problemas, como a Sauber, mas nenhuma se destacou tanto com a Lotus, que largará na última fila, sendo que Maldonado sequer marcou tempo. Felipe Massa e Nico Hulkenberg, que teve outro bom desempenho hoje, devem estar aliviados por terem se livrado desse mico auri-negro!

Se a espera pelos treinos era de formar uma opinião mais sólida de como seria 2014 na F1, a chuva estragou tudo e ela está prevista para aparecer no domingo, embaralhando novamente as cartas. Porém, a chuva não poderá esconder os problemas de confiabilidade que poderão acometer alguns carros, além do consumo de combustível. Amanhã poderá ser um dia histórico para a F1.

quinta-feira, 13 de março de 2014

É hoje!

Se o intervalo entre a última corrida de um ano e a primeiro do ano seguinte já é uma espera ansiosa, 2014 vem sendo ainda mais excitante com as novidades e a incerteza do que esperar para essa primeira corrida em Melbourne. As novas regras mudaram a F1 e pode ter virado o status quo da categoria de cabeça para baixo, com equipes que penaram no ano passado (Williams) lutando por vitórias, enquanto quem dominava (Red Bull) até 2013 poderá ter um 2014 difícil.

Já se falava há muito tempo que a Mercedes teria sido a montadora que melhor se preparou para os novos motores e acessórios que seriam a novidade em 2014 e as três sessões de testes comprovaram isso, fazendo da equipe de fábrica a favorita por ter andado mais quilômetros e com seus dois pilotos terem sido um dos mais rápidos. Ambos necessitam de afirmação, mesmo com Hamilton já tendo um título, ainda lhe resta saber se está no mesmo nível de Vettel e Alonso, enquanto Nico Rosberg terá que provar que é mais do que o filho de Keke Rosberg que se parece com a Britney Spears. O pulo da Mercedes elevou duas equipes tradicionais que ficaram bem abaixo das expectativas em 2013: McLaren e, principalmente, a Williams. O time de Frank Williams contratou Felipe Massa no que parecia ser o final de carreira no meio do pelotão do brasileiro, mas a vinda da Mercedes significou um salto de qualidade impressionante que pode levar Massa e Bottas a lugares não imaginados no ano passado, enquanto Button terá que superar a dor da perda do pai (e eu sei como isso dói...) para superar Kevin Magnussen, candidato a novo Hamilton.

A Ferrari trabalha em silêncio, com uma pré-temporada onde percorreu muitos quilômetros, mas não mostrou muito desempenho, algo que pode atrapalhar a dupla fortíssima, com Alonso e Raikkonen, para tirar os italianos da fila. Red Bull terá que mostrar a força que a fez dominar os quatro últimos anos para se reerguer o mais rápido possível de uma pré-temporada horrorosa e Vettel poderá calar os críticos com corridas vindo de trás que mostram que ele pode se destacar sem ter um carro vencedor. 

Hoje, às 22:30, começará o primeiro treino livre em Melbourne, cuja previsão de tempo é de chuva no sábado e na corrida. Vai ser muita ansiedade ver os primeiros carros andando no belo circuito australiano e, principalmente, quanto tempo eles ficaram nele. 

terça-feira, 11 de março de 2014

Vai uma Corona aí?

Essa foto se deu durante o Rally do México, onde Thierry Neuville viu-se sem água no radiador. Para os apreciadores de uma loira gelada, o belga fez um sacrilégio!

quinta-feira, 6 de março de 2014

quarta-feira, 5 de março de 2014

Homenagem sem torcida

Sincera e honestamente, não entendo nada dos desfiles das escolas de samba no Rio e sequer assisto, pois acho muito chato. Porém, sempre vejo a apuração e quem venceu hoje foi a Unidos da Tijuca, que homenageou Ayrton Senna, cuja morte fará vinte anos no próximo feriado de primeiro de maio. Sincera e honestamente, não torci a favor pela Tijuca enquanto as notas eram cantadas. Se o enredo fala de velocidade, por que não falar dos outros campeões da F1? Meu falecido pai ficava indignado quando se falava de Senna como um semideus e não falava nada de Piquet. Se estivesse vivo, ele estaria reclamando até agora. Bom, como é uma homenagem ao Senna, até entendo não falar nada de Piquet e Fittipaldi, mas o que me incomodou mesmo foi uma frase do samba-enredo em que o 'Dick Vigarista' é derrotado. Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que esse 'Dick' se refere ao Schumacher (alguns falaram também no Prost). Poxa, o cara está lutando pela vida lá na França e ainda assim ser chamado, mesmo que de forma subliminar, de Dick Vigarista é, no mínimo,dispensável. Muita gente aqui no Brasil vai dizer que o campeonato da Unidos da Tijuca foi a 42º vitória de Ayrton Senna, mas torço mesmo pela 92º vitória de Michael Schumacher!

segunda-feira, 3 de março de 2014

Rumo à Melbourne

Nesse domingo de carnaval, a F1 encerrou sua pré-temporada no Bahrein com expectativa de uma temporada atípica e as duas primeiras corridas do ano (Austrália e Malásia) mais atípicas ainda. Alinhando dois gráficos, de tempos mais rápidos e quilometragem percorrida, é fácil apontar Mercedes e Williams como francas favoritas para daqui a duas semanas na Oceania, mas com carros tão complexos, é impossível cravar alguma coisa.

Com vasto investimento da Mercedes, parece que finalmente a equipe de fábrica da montadora poderá se sobressair com seus dois talentosos pilotos, mesmo com Hamilton e Rosberg ainda estarem desconfiados de problemas em seus carros, particularmente no câmbio. No entanto, há quem diga que a Mercedes ainda teria uma reserva de desempenho e se quisesse, poderia ter melhorado o melhor tempo desses oito dias de pré-temporada no Bahrein pertencentes a Felipe Massa, da Williams. Massa vive o sonho de que a Williams repita o conto de fadas da Brawn em 2009, quando a equipe que sucedeu a Honda vinha de uma temporada terrível e cheio de incertezas para conquistar o campeonato de forma surpreendente. Claro que a Williams não é nenhuma novata, mas vem de sua pior temporada na sua longa história e o futuro da tradicional equipe sempre é motivo de preocupação para quem acompanha da categoria. A troca dos motores Renault pelo Mercedes foi aposta certeira e com um bom carro, Massa poderá sim (e isso não nenhum desvaneio global) pensar em pódios ou até mesmo vitórias, pois no momento, a Williams não teve nenhum problema mais sério de confiabilidade e a velocidade, se está abaixo da Mercedes, não perde para mais ninguém.

Mesmo tendo andado bastante, Fernando Alonso se mostrou preocupado com a falta de desempenho da Ferrari. Os vermelhos não tiveram tantos problemas de confiabilidade, mas parece que os carros não tem o mesmo ritmo de Mercedes e Williams. Como Luca de Montezemolo já disse que outro vice é uma tragédia... A McLaren começou bem os testes em Jerez, mas ficaram um pouco abaixo da expectativa no Bahrein, sendo que Kevin Magnussen já anda no mesmo ritmo de Button. A Force India tende a ser a quarta força da Mercedes, mas como os clientes de Ferrari e Renault tiveram seus problemas, os pilotos da equipe hindu podem sonhar em marcar pontos. A Sauber pouco apareceu e parece sofrer do mesmo mal da Ferrari, enquanto a Marussia até mostrou alguma velocidade, mas até um vírus de computador atrapalhou o menor time da F1.

A declaração do diretor técnico da Lotus, dizendo que só com muita sorte receberá a bandeirada em Melbourne resume bem o drama não apenas da equipe aurinegra, mas de todos os clientes da Renault. Os franceses não repetiram o sucesso que ajudou a dar quatro títulos para a Red Bull e Sebastian Vettel e todos os seus clientes, principalmente a tetracampeã Red Bull, tiveram problemas com seu motor, que quando andava, sempre ficava com os piores tempos. Na Red Bull o problema chama mais atenção, além do fato que o projeto de Adryan Newey causou sérios problemas de superaquecimento do carro.

Daqui até a próxima quinzena, mais trabalho será feito nas doze fábricas dos times da F1 em 2014, mas sem outros testes até lá, os resultados desse esforço final veremos nos primeiros treinos livres para o Grande Prêmio da Austrália, onde veremos se a Mercedes surgirá como grande favorita para este ano e se a Red Bull terá que esperar por 2015 para voltar a fazer sucesso.