terça-feira, 25 de março de 2008

Fritz


Hoje está completando 70 anos um dos primeiros pilotos brasileiros na F1. Fritz D'Orey se aventurou pelas pistas européias no final dos anos 50 e chegou a participar de três Grandes Prêmios. Infelizmente, um grave acidente durante os treinos para as 24 Horas de Le Mans de 1960 fez Fritz D'Orey encerrar sua carreira com apenas 22 anos. Hoje não farei uma biografia - amanhã vai ter! -, mas irei colocar um link de um site contando com detalhes a carreira de Fritz D'ORey.


segunda-feira, 24 de março de 2008

Figura(MAL): BMW

A equipe bávara vem sendo a equipe do momento da F1, mesmo sem ter conquistado nenhuma vitória nesta temporada. Por enquanto. Após uma pré-temporada discreta, a equipe BMW Sauber mostrou neste final de semana malaio que o pódio de Nick Heidfeld conquistado em Melbourne semana passada não foi mera obra do acaso e repetiu a dose em Sepang, desta vez com o polonês Robert Kubica. Assim como ocorreu dez dias atrás, a BMW não teve uma sexta-feira de arrancar suspiros, mas como aconteceu na Austrália a marca de Munique se recuperou no sábado com Nick Heidfeld marcando o melhor tempo e colocando seus dois carros no pelotão da frente. Porém, se em Melbourne a boa posição dos pilotos da BMW se deveu a uma estratégia marcada pela pouca quantidade de combustível no tanque durante a Classificação, em Sepang ocorreu exatamente o contrário e com a punição imposta à McLaren, os dois pilotos da equipe largariam em local privilegiado. Kubica se aproveitou do toque entre Heidfeld e Kubica na primeira curva e partiu ileso atrás das Ferraris e como a equipe italiana estava imbatível neste domingo, o polonês era claramente o melhor do resto e fez uma corrida forte para chegar em segundo lugar, melhor resultado da sua carreira. Enquanto isso, mais atrás, Heidfeld fazia a melhor ultrapassagem do dia ao deixar Fernando Alonso e David Coulthard para trás e ainda marcou a melhor volta da corrida, na penúltima volta. Com mais esse pódio na Malásia, a BMW já igualou o que tinha feito em 2007 e parte forte para o resto da temporada, após ter sido a equipe que mais marcou pontos neste final de semana, com seus dois pilotos entre os cinco primeiros e com um sólido segundo lugar no Mundial de Construtores. Pela constante evolução da BMW, deveremos ouvir o hino alemão em homenagem à equipe vencedora da corrida durante a cerimônia do pódio em pouquíssimo tempo.

Figurão(MAL): Felipe Massa

Não podia ser outro! O piloto da Ferrari foi o grande perdedor desta primeira passagem da F1 pelo extremo oriente e vê comprometidas não apenas suas chances de ser campeão em 2008, como até mesmo seus status na scuderia daqui para frente. Após uma corrida cheia de erros na Austrália, tudo que Felipe Massa precisava era de uma vitória convincente e derrotar o Campeão Mundial e companheiro de equipe Kimi Raikkonen. A boa forma da Ferrari em Sepang ajudou o brasileiro inicialmente, lhe garantindo a pole no sábado após Massa ter feito o melhor tempo da sexta-feira, mas havia suspeitas de que o brasileiro estaria largando com menos combustível do que Raikkonen, que largaria ao seu lado. E as suspeitas se mostraram verdadeiras quando os dois pilotos ferraristas fizeram suas paradas e o finlandês emergiu á frente de Massa. Com Raikkonen se distanciando cada vez mais na sua frente, Massa deve ter ficado abalado e isso deve ter contribuído pelo seu erro na curva 12, o tirando da corrida de forma melancólica. Assim como o erro da primeira curva do GP australiano, a saída de pista deste domingo revelou o porquê de Massa ter ficado tão revoltado com o fim do controle de tração, pois em ambas mostrou que o brasileiro está longe de se sentir à vontade com um carro sem os auxílios eletrônicos. Porém, o pior ainda estava por vir. Podendo assumir a culpa pela rodada, Felipe Massa preferiu culpar o carro, sendo desmentido logo depois pela telemetria da Ferrari, causando um mal-estar com a cúpula ferrarista, que contava com os pontos do piloto brasileiro na briga pelo Mundial de Construtores. Com sua posição dentro da equipe cada vez mais incômoda, Felipe Massa terá que ter muita força psicológica se quiser uma recuperação ainda este ano, ou terá que se contentar em ser um dedicado segundo piloto de Raikkonen. Isso se o ego inflamado de Massa deixar!

domingo, 23 de março de 2008

Felipe pediu para sair

O ser humano tem cinco sentidos, mas nossa sensibilidade de sentir o que está por vir, mesmo não tendo certeza de que isso irá acontecer de verdade, nos faz dizer que temos um sexto sentido. E meu sexto sentido diz que essa rodada de Felipe Massa na corrida de hoje não apenas o tirou da luta pelo título deste ano, como também tirou do brasileiro o status de piloto de ponta, quiçá o seu posto de piloto da Ferrari em 2009. A pole de Felipe parecia ilusória desde que ele colocou mais de meio segundo em Kimi e se mostrou na prática quando o finlandês escolheu quando iria ultrapassar durante a corrida. Ao contrário do ano passado, quando demonstrou grande força mental, Felipe errou sozinho quando mais pressionado e se complicou demais dentro do seio ferrarista.

Ao contrário da corrida da Austrália, Sepang nos mostrou uma corrida sem grandes lances de emoção e decidida nos boxes, com a estratégia das equipes e as paradas, boas ou más, dos pilotos. Kimi Raikkonen venceu sem grandes dramas e o único problema no finlandês neste domingo foi o champagne que caiu no sue olho durante o pódio. O nórdico estava tão confiante que mesmo largando muito melhor do que Massa, preferiu deixar o seu companheiro de equipe partir na frente na primeira curva para o ultrapassar na primeira parada dos boxes, mas bem que a primeira posição poderia vir na segunda parada, tamanho era a vantagem do ritmo de Kimi em comparação a Massa. Como primeira vitória após conquistar o título no final de 2007, Raikkonen deverá ganhar um belo empurrão na luta pelo título de 2008 e sua motivação deve estar maior do que nunca, principalmente pela superioridade imposta pela Ferrari neste final de semana, quando a equipe italiana não teve adversários no dia de hoje. Muito provavelmente Raikkonen não ficou com a volta mais rápida por que se viu livre do único piloto que poderia lhe tirar a vitória e assim diminuiu drasticamente o seu ritmo.

E Massa, que tinha tudo para conseguir mais uma volta por cima consagradora, agora se vê em voltas de uma rodada ridícula, quando tinha aproximadamente 20s de vantagem sobre o adversário mais próximo e tinha acabado de ser superado pelo seu companheiro de equipe. Suas mãos na cabeça, após abandonar a corrida, indicam o desespero de um piloto que pode ter perdido a chance de sua vida, pois a Ferrari não segurará um piloto que erra tanto. Sempre achei que a aversão de Felipe Massa a proibição ao controle de tração vem do seu pé-pesado demais e em duas corridas, Massa errou duas vezes justamente pela falta do controle de tração. Ao ver Kimi Raikkonen, com o mesmo carro, o ultrapassar no box e disparar na sua frente, fez com que Massa tentasse forçar além do limite. E o resultado todos vemos. Para piorar, Massa disse que "sentiu algo estranho no carro" e não sabia o que tinha acontecido, mas o dedo-duro da telemetria entregou o erro não admitido de Massa e isso, fora ter perdido pontos preciosos no Campeonato de Construtores para a Ferrari, deverá deixar um clima pesado para o brasileiro, que segue com a mania de não admitir as besteiras que sempre fez, e pelo jeito continuará fazendo.


Com a rodada de Massa, vale destacar aqui o péssimo desempenho global na tentativa de achar alguma desculpa, esfarrapara por sinal, pelo erro do "nosso brasileirinho". Primeiro Reginaldo Leme insistiu na tese da conspiração contra os brasileiros que a Ferrari tem desde que Rubens Barrichello dividia o mesmo teto com Michael Schumacher. O fato de Raikkonen ter reabastecido por menos tempo não significa um favorecimento da Ferrari pró-Raikkonen, e sim uma estratégia diferente adotada pelo engenheiro de corrida do finlândes, Chris Dyer, e o próprio piloto. Claro que Raikkonen iria passar mais tempo na segunda parada, como realmente passou, e Massa poderia reverter ficando próximo do companheiro de equipe. E Massa não iria conseguir. Depois foi a vez do Luciano "Cheerleader" Burti tentar, de todas as formas possíveis e imagináveis, tirar a culpa de Felipe Massa, chegando a dizer que a Ferrari saiu de frente (ai!) na rodada e por isso o carro tinha quebrado. Contra as imagens, amigo, não há muito o que fazer. Por último, Galvão Bueno, diga-se de passagem o mais sereno na ocasião, ver alguma tristeza na festa da Ferrari após a corrida. A equipe comemorava o triunfo de Raikkonen sem vergonha nenhuma e se Massa não estava lá, a culpa era única e exclusiva do próprio piloto.

Se na frente a Ferrari disparou, atrás dela não houve uma grande corrida e a segunda posição foi decidida praticamente na primeira curva, quando Jarno Trulli e Nick Heidfeld por pouco não se eliminaram e Robert Kubica aproveitou a brecha para não sair mais da posição de melhor do resto. O polonês era o mais pesado do pelotão dianteiro e mereceu esse segundo pódio em sua carreira, com uma corrida sólida e sem sobressaltos. Já Heidfeld caiu para décimo e fez a melhor manobra da corrida ao fazer uma dupla ultrapassagem sobre Alonso e Coulthard, que se engalfinhavam à sua frente. O alemão ficou sempre próximo de Hamilton, mas não a ponto de tentar uma ultrapassagem. Contudo, a evolução da BMW ficou comprovada com a melhor volta da corrida marcada por Heidfeld, mostrando que a marca bávara está se aproximando cada vez mais do pelotão dianteiro.

Depois da corrida de abertura excepcional, a McLaren esteve irreconhecível na Malásia, principalmente seu primeiro piloto Lewis Hamilton. Apesar da punição e ter de largar mais de trás, Hamilton fez uma ótima largada, mas isso se tornou seu único ponto positivo no fim de semana. Preso atrás da Red Bull de Mark Webber, Hamilton tinha tudo para ganhar posições quando o australiano foi para sua primeira parada e o inglês teve pista livre à frente. Contudo, Lewis não contava com a terrível parada da McLaren, que o fez perder praticamente 20s nos pits e quando voltou á pista, Hamilton estava atrás de... Mark Webber! Foi mais um suplício para o inglês, que em nenhum momento tentou uma ultrapassagem de forma mais incisiva e hoje deve sonhar com a asa traseira da Red Bull. Porém, a quinta posição assegurou a Lewis Hamilton a liderança do campeonato, mesmo com uma margem pequena.

Kovalainen vem sendo igual aos meus perfumes: discreto e eficiente. Mais rápido que Hamilton na Classificação, o finlandês não fez uma boa largada e ficou para trás no primeiro terço de corrida. Quando os pit-stops começaram, Kovalainen andou muito rápido e fez o que Hamilton devia ter se a McLaren não errasse na parada do inglês. Por sinal, Kova surpreendeu ao parar depois do seu companheiro de equipe, indicando que foi mais rápido do que Hamilton estando mais pesado. Kovalainen vem mostrando que ninguém deve colocá-lo de fora na disputa pela vitória nas próximas etapas do Mundial. Jarno Trulli surpreendeu ao ficar com a quarta posição e mostrou que a Toyota está bem melhor em 2008 em comparação ao péssimo ano passado. O italiano pode ter vacilado na primeira curva ao se estranhar com Heidfeld, mas a partir daí fez uma corrida segura e chegou a pressionar Kovalainen pelo terceiro posto. Como não poderia deixar de ser, Trulli perdeu rendimento no final da prova e viu a aproximação de Hamilton no final da corrida, mas o italiano não queria uma repetição do GP da França de 2004 e segurou sua posição sem grandes problemas. Já Timo Glock abandonou no final da primeira volta após um toque com Nico Rosberg e não foi possível ver o que o alemão poderia fazer em ritmo de corrida.

Mark Webber marcou os primeiros pontos da Red Bull e foi muito competente em segurar Lewis Hamilton em toda a corrida, não errando e não se importando quando o piloto da McLaren colocava de lado. O australiano vem melhorando seu ritmo de corrida aos poucos, mas seu desempenho nos treinos ainda é muito melhor do que na corrida. Coulthard foi antagonista da principal manobra da corrida quando foi ultrapassado por Heidfeld e, na volta seguinte, por Alonso. Depois disso, desapareceu e chegou na nona posição, apenas a uma de conquistar um ponto. Fernando Alonso também fez o que pôde com o pior carro que tem em mãos em muito tempo. O espanhol claramente leva seu carro nas costas e poderia ter conquistado mais um ponto ao pressionar fortemente Mark Webber no final da prova, mas o fato de ter pontuado hoje foi um alívio para a Renault, que precisa melhorar e muito, se quiser manter seu piloto em 2009. Nelsinho Piquet fez uma corrida burocrática hoje, mas não se deve pedir muito mais do que isso ao brasileiro, que tinha feito uma péssima prova na Austrália e estava pressionado hoje. Piquet ficou muito tempo atrás da Honda de Jenson Button e nem sequer esboçou uma tentativa de ultrapassagem, mas pelo que fez no conjunto do final de semana, até que ficou bem.

Depois da boa exibição de Rubens Barrichello em Melbourne, a Honda voltou ao seu lugar e brigou por posições intermediárias. O que é bem melhor do que brigar pelas últimas posições, como no ano passado. Button foi o líder da equipe e mesmo sendo pressionado por Piquet em boa parte da prova, se segurou bem e manteve a décima posição, mesmo saindo da pista na penúltima volta. Rubinho parece não ter se recuperado da quebra do câmbio no terceiro treino livre e para piorar, fez uma péssima largada. Talvez ainda traumatizado com seus boxes, Barrichello errou novamente e excedeu o limite de velocidade nos boxes, fazendo com que ficasse muito para trás. A Williams foi a grande desilusão do final de semana, principalmente com Nico Rosberg, que teve uma péssima Classificação e largando mais atrás, sofreu com os velhos toques do meio do pelotão e nesse caso, ele se envolveu num incidente com seu compatriota Timo Glock. O que não deu para entender foi o porquê do piloto da Williams não ter entrado nos boxes assim que perdeu o bico, tendo que dar uma volta inteira para recolocar o nariz do seu carro. Será que ele não percebeu que estava bem o bico? Nakajima começou a corrida forte, mas perdeu rendimento no final e acabou na última posição. Como a transmissão não mostrou nenhuma rodada, algo deve ter acontecido com o japonês. Já a Super Aguri ficou nas posições de sempre, sendo que desta vez superou uma Williams, o que para a equipe é um feito e tanto. A Force India perdeu Adrian Sutil ainda no início da prova, mas viu Fisichella completar a prova e o italiano ainda chegou à frente de Barrichello, que sofreu uma penalização no final da prova. A Toro Rosso foi a única que não viu seus dois carros completarem a prova. Bourdais saiu da pista ainda na primeira volta, enquanto Vettel vinha fazendo uma corrida invisível até quebrar o motor Ferrari. O segundo em duas corridas na equipe filial da Red Bull.
Após uma corrida menos confusa na Malásia, pois a esperada chuva não aparecer, deu para perceber que a Ferrari tem um carro bem superior a concorrência, corroborando com a pré-temporada. Resta a McLaren, e até mesmo a BMW, dar a volta por cima nas próximas corridas, como aconteceu várias vezes ano passado, quando Ferrari e McLaren oscilavam na dominação das etapas do Mundial de forma impressionante. Ainda voltando à pré-temporada, muitos pensavam que a disputa seria entre os pilotos da Ferrari contra Hamilton. Pelo que fez Felipe Massa até agora, parece que será uma disputa entre os pilotos da McLaren e BMW contra Raikkonen. A situação complicou para o brasileiro!

sábado, 22 de março de 2008

A vingança de Fernando

A Ferrari finalmente mostrou a que veio em 2008 e dominou toda a primeira fila em Sepang para a corrida deste domingo, com Felipe Massa à frente de Kimi Raikkonen, mas algo me diz, e a pouca festa de Massa corrobora com isso, que o finlandês, muito mais rápido na segunda parte da Classificação, está mais pesado amanhã e é o meu favorito para vencer neste domingo. Para melhor a situação ferrarista, a FIA decidiu punir a dupla da McLaren com a perda de cinco posições por Hamilton e Kovalainen terem atrapalhado a volta de... Fernando Alonso! Se uma McLaren ultrapassar Alonso neste domingo, é bem capaz de Ron Dennis soltar fogos!

A Classificação mostrou uma Ferrari extremamente forte e a equipe vermelha foi mais rápida tanto com tanques vazios (Q2), como com tanques relativamente cheios (Q3). Como tinha sido derrotado de forma clamorosa pela McLaren na Austrália, a Ferrari decidiu arriscar um pouco e fez de tudo para garantir a pole-position com seus dois pilotos ligeiramente mais leves que os carros prateados e pelo jeito, com Massa mais leve que Raikkonen. Kimi foi muito mais rápido na Q2, mas Felipe fez uma grande volta em sua última tentativa e garantiu mais uma pole na carreira. Como aconteceu ano passado, quando foi massacrado pela imprensa italiana, Massa deu uma volta por cima com estilo, mas ainda falta domingo...

A McLaren, independentemente da punição aos seus pilotos, foi a grande desilusão deste sábado. Os carros prateados nunca estiveram em condição de brigar com seus principais rivais e por muito pouco o estrago não foi pior, pois Hamilton foi apenas dois milésimos mais rápido que Heidfeld e a diferenção para Webber também foi fracional. Isso demonstra o quanto a equipe depende do inglês, pois num dia infeliz de Hamilton, Kovalainen tomou quase 1s dos líderes. No entanto, vale destacar que esse problema com as McLarens ocorreu por um defeito do regulamento, que resiste nessa história de não deixarem os pilotos classificarem com pouco combustível no tanque. Como não há mais reabastecimento após a Q3, todos os pilotos tem que se arrastar em suas voltas de desaceleração e por isso Hamilton e Kovalainen atrapalharam Alonso e Heidfeld.

Com a saída da McLaren da segunda fila, Jarno Trulli assumirá o posto de terceiro colocado e se o italiano não for ultrapassado pelas BMWs nas primeiras voltas, a Ferrari poderá colocar uma enorme diferença sobre os rivais e partirem com ainda mais facilidade rumo è vitória. Porém, não custa destacar a evolução da Toyota, que colocou seus dois carros na última parte da Classificação e Trulli se aproveitou de sua velocidade em voltas lançadas para se colocar à frente dos BMWs. A equipe bávara não foi tão efetiva como na Austrália, mas novamente andou muito próxima da McLaren, mas isso se deve a um carro mais leve, pelo menos em teoria. Ninguém sabe ao certo o quanto as McLarens atrapalharam Heidfeld, mas o alemão foi superado por Kubica novamente, mostrando a boa forma do polonês. Pelo menos em voltas lançadas.

Depois de uma sexta-feira desastrosa, a Red Bull voltou a mostrar um bom desempenho com Mark Webber retornando a última parte da Classificação, demonstrando que sua velocidade em voltas lançadas ainda permanece intacta, enquanto Coulthard mais uma vez ficou na Q2 e amanhã deverá largar com tanque cheio. Fernando Alonso, pivô da punição à McLaren, passou com muito sufoco para a terceira parte da Classificação e amanhã largará em sétimo, mas pelo tempo marcado, deverá largar pesado amanhã. Se o carro está ruim, pelo menos Alonso ajudou a estragar ainda mais o fim de semana de sua antiga equipe. Mas terá os carros prateados fungando no seu cangote na largada e dá para imaginar a primeira coisa que Dennis pedirá aos seus pilotos! Nelsinho está infinitamente melhor em Sepang e no terceiro treino livre, chegou a fazer a melhor primeira parcial e em todo final de semana andou próximo do seu companheiro de equipe, mas no momento decisivo da Q2, o brasileiro acabou errando e largará apenas em décimo terceiro.

A Honda mostrou uma evolução com relação a 2007, mas ficou aquém do esperado pelo que mostrou em Melbourne. Button superou Barrichello pela primeira vez no ano, mas Rubinho teve problemas de câmbio pela manhã e mal treinou no terceiro treino livre. Vettel não foi tão espetacular como tinha sido uma semana atrás e foi apenas décimo quinto na Classificação, mas superou mais uma vez Bourdais, que errou feio em sua tentativa banzai na primeira parte da Classificação e o francês mais uma vez ficou ainda na Q1. A Williams viveu seu pior dia na F1-2008 até agora. Nakajima já tinho sido penalizado pelo toque que deu em Kubica e largará em último, mas Nico Rosberg, presença constante entre os primeiros desde a pré-temporada, não apenas ficou na Q2, como foi o mais lento entre os dezesseis! Após um resultado de sonho, a Williams terá que reerguer após tamanha decepção. Giancarlo Fisichella mais uma vez ficou próximo de levar à Force India à Q2, mas ao menos o italiano superou com folga seu jovem companheiro de equipe. Sutil já levou duas lavadas seguidas de Fisichella! Anthony Davidson largará mais uma vez em último, enquanto Sato consegue tirar coelhos da cartola e superou Sutil, contribuindo com a péssima exibição do alemão. Afinal, ficar atrás de um carro da Super Aguri não pega nada bem...

A Ferrari pode ser a grande favorita com pista seca, mas ninguém viu o comportamento dos carros em pista molhada, algo bastante provável para amanhã. A chuva chegou logo depois da Classificação, bem no horário da corrida de amanhã e será interessante ver os pilotos guiando sem os auxílio eletrônicos com pista molhada. Por sinal, até hoje Massa não fez uma boa exibição com piso molhado e se ele quiser mesmo mostrar que quer ficar na Ferrari em 2009, amanhã será uma bela oportunidade. Enquanto isso, no box da Renault, o clima não deve estar muito agradável, mas no seu cantinho, Alonso deve estar carregando um sorriso no canto da boca...

sexta-feira, 21 de março de 2008

Ressurreição ferrarista?

Apesar de Lewis Hamilton ter feito o tempo mais rápido do dia, ficou a impressão que a Ferrari está mais forte do que nunca em Sepang, após os dois treinos livres iniciais. O piloto da McLaren só colocou seu nome no topo da tabela de tempos nos momentos finais do segundo treino livre de sexta-feira, quando estava com pneus moles e, provavelmente, com pouco combustível. Na maior parte dos dois treinos a Ferrari liderou com sobras, com Massa chegando a colocar mais de sete décimos em cima da McLaren mais próxima. Isso pode significar um ritmo de corrida extremamente forte da Ferrari, enquanto a McLaren parece muito bem em uma única volta lançada, pois Massa também tentou uma volta rapidíssima no finalzinho do último treino, mas não superou Lewis.

Porém, o maior adversário da Ferrari não parece ser a McLaren. No primeiro treino livre, Raikkonen encostou seu carro, acabando com seu treino. Para piorar, Adrian Sutil e Sebastien Bourdais viram seus motores Ferrari explodirem. O sinal de alerta já está soando pelos lados de Maranello e nem o bom ritmo inicial no final de semana malaio poderá ser garantido se os carros não chegarem. Felipe Massa mostrou sua garra habitual quando é acuado e seu olhar antes de entrar no carro na manhã malaia mostrava que o brasileiro já estava fervendo no calor de Kuala Lumpur. Contudo, esse é o grande problema de Massa. Não adianta mostrar atitude em uma única corrida, dando uma volta por cima após ser criticado, se na corrida seguinte voltar a fazer besteira. Velocidade não falta a Massa, apenas constância. Raikkonen se recuperou na segunda sessão e ficou com o terceiro melhor tempo, mas foi superado por Massa na maior parte do tempo e ainda resta saber o que houve com seu carro.


A principal preocupação da McLaren deve ser mesmo Kovalainen. O finlandês conseguiu apenas uma obscura sétima posição, muito pouco se comparado com seu companheiro de equipe. Hamilton vem sendo o grande ponto de desequilíbrio da atual Fórmula 1 e se a McLaren der um equipamento minimamente competitivo frente à Ferrari, Hamilton poderá tirar a diferença apenas no braço. Seu melhor tempo corroborou com essa afirmativa, pois se ficou poucos décimos à frente dos pilotos da Ferrari, ficou incríveis 1.457s à frente de Kovalainen!

Após Ferrari e McLaren (de Hamilton), vieram as grandes surpresas de hoje. Se você lembrar o que fez a Honda apenas seis meses atrás, é de se espantar o quarto lugar de Button hoje, menos de 1s atrás dos pilotos de ponta. O inglês precisa mostrar serviço, após a ótima exibição de Rubens Barrichello na Austrália e Jenson começou a sexta-feira de forma arrasadora, não apenas muito à frente do brasileiro, como colocando quase 1s sobre Rubinho. Outra surpresa é Vettel e o alemão mostrou por que é tão falado em equipes grandes. O piloto da Toro Rosso chegou a ter problemas na primeira sessão, quando seu freio dianteiro estourou na freada da reta oposta, para fazer uma ótima segunda sessão e andar durante muito tempo entre cinco primeiros, só superado quando alguns pilotos que vinham atrás dele, Hamilton inclusive, colocarem pneus moles. Bourdais praticamente não participou da segunda sessão por causa de problemas em seu carro e isso será um problema para o francês, que ainda aprende o traçado seletivo de Sepang.

Se na Toro Rosso as coisas vão bem, na Red Bull a sexta-feira foi de mal a pior. Primeiro David Coulthard demonstrou a fragilidade do conjunto da suspensão dianteira, quando o escocês saiu um pouco da pista, mas ao tocar as zebras, que nem eram tão altas assim, o carro energético simplesmente se desmanchou. Adryan Newey, que raramente aparece em Grandes Prêmios, coçou os olhos, pensando no que estava vendo. Para piorar, Mark Webber viu seu motor estourar na segunda sessão, fazendo com que os veteranos pilotos ficassem na parte de baixo do pelotão.

O vexame da Toyota em 2007 só não foi maior por causa do fiasco da rival Honda, mas com a montadora compatriota voltando a mostrar resultado, a maior fabricante de autómoveis do mundo tem a obrigação de melhorar, e muito, em 2008 e Trulli foi o sexto mais rápido no dia hoje, algo bastante comum em sua longa carreira. Resta ver na corrida, porém o preocupante foi ver Timo Glock apenas na décima oitava posição, muito longe do seu companheiro de equipe. A Williams voltou a tocar os pés no chão com Rosberg apenas em oitavo, bem distante do ritmo conseguido na Austrália, mas desta vez Kazuki Nakajima ficou bem próximo dele, apesar dos vários erros do novato japonês.

Assim como ocorreu em Melbourne, a BMW foi bastante discreta em Sepang, com seus pilotos mal conseguindo ficar entre os dez primeiros. Apenas Kubica, que mal andou na primeira sessão, colocou seu nome na parte de cima da tabela de tempos, enquanto Heidfeld teve que se contentar com a décima quinta posição. Vale a pena lembrar que uma semana atrás foi do mesmo jeito e todos lembram o que aconteceu no sábado e no domingo. A Renault foi muito mal hoje, mas se serve alguma coisa de consolo, foi o ótimo desempenho de Nelsinho, que foi o piloto que mais andou hoje e ficou muito próximo de Alonso e, desta vez, não cometeu erros. Bom início de fim de semana para Nelsinho e pode melhorar mais ainda se a Renault continuar assim e o saco de Alonso começa a se encher.

Fisichella mostrou que é mesmo piloto de equipe pequena ao colocar seu Force India na décima posição, colocação nunca sonhada quando a equipe se chamava Spyker ano passado. Muito pelo contrário foi Adrian Sutil, que sofreu è beça com rodadas e a quebra do seu motor. A Super Aguri, fazendo sua pré-temporada enquanto corre, vai ser mesmo o fecha fila de 2008.

Com mais um dia completado na F1, parece cada vez mais claro que Ferrari e McLaren dominarão o ano, com um bolo de boas equipes logo atrás. Se a Ferrari tem desempenho parecido com a McLaren, resta saber se terá a mesma confiabilidade, pois a frase pode ser velha, mas ainda funciona na F1: Para chegar em primeiro, primeiro tem que chegar!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Little John

Assim como ocorre na Fórmula 1, o Mundial de Motovelocidade também tem suas promessas se destacando em suas categorias de base, chegando com muita esperança no Mundial de MotoGP, ou, como ocorria antigamente, no Mundial das 500cc. E assim como acontece na F1, a MotoGP também vê alguns pilotos promissores ficar apenas na... promessa mesmo. O americano John Kocinski foi uma das gratas revelações do final dos anos 80, quando os Estados Unidos dominavam o cenário do Mundial de Motovelocidade, mas o americano foi perdendo suas oportunidades e acabou sem um título na categoria 500cc. Dono de um gênio difícil, Kocinski também era conhecido por ser uma espécie de "bad boy" do paddock no Mundial de Motovelocidade e isso não foi muito bom para sua reputação. Graças ao seu marcante capacete com uma águia estilizada, Kocinski foi um dos pilotos de moto mais carismáticos do início dos anos 90 e completando quarenta anos no dia de hoje, iremos conhecer um pouco mais da carreira deste americano.

John M. Kocinski nasceu no dia 20 de março de 1968 em Little Rock, no Arkansas. John teve seu primeiro contato com uma moto quando tinha tenros quatro anos de idade, em uma mini-moto da Kawasaki, porém sua carreira começou de uma forma bem habitual para os pilotos americanos de moto: no dirt track. Kocinski começou a andar em campeonato amadores de dirt track quando tinha apenas 13 anos de idade, com uma Yamaha YZ80 preparada pelo seu pai. O interessante foi que Kocinski participou, com a mesma moto (!), das categorias 125cc, 500cc e 1000cc. E chegou ao pódio nas três provas! Logo no seu primeiro ano como piloto amador, Kocinski venceu o seu primeiro Campeonato Nacional Amador da AMA, fato que repetiria nos próximos três anos, na categoria 125cc e 250cc. Graças as dimensões compactas, que lhe ajudavam muito nas corridas, John Kocinski ganhou o apelido de "Little John".

Com apenas 17 anos, John Kocinski se mudou para a cidade de Modesto, onde fica localizada a fazenda de Kenny Roberts e a pista de treinamento do tricampeão mundial das 500cc. A ligação entre Roberts e Kocinski abriria muitas portas para o jovem americano. Ainda em 1985, Kocinski se tornou profissional para correr em pista de asfalto, contratado pela Yamaha com a benção de Kenny Roberts. Como ainda não tinha atingindo a maioridade, John teve que passar por alguns contratempos, como não ter participado da tradicional Daytona 200 por ter menos de 18 anos. A primeira vitória como profissional de Kocinski ocorreu em setembro de 1985, quando John disputou uma prova de Fórmula 2 (da Supebike americana, lógico!) com uma Yamaha TZ250. Kenny Roberts colocava muita fé em Kocinski e o pupilo não decepcionou, se tornando tricampeão do Campeonato AMA 250cc pela equipe Roberts Yamaha.


Kocinski não participava apenas do Campeonato Americano e Roberts começou a mandar John participar de algumas etapas do Mundial. Em 1988, Kocinski ficou com a pole-position do Grande Prêmio dos Estados Unidos das 250cc e foi quinto colocado no Grande Prêmio do Japão. Em 1989, Kocinski participou de quatro campeonatos diferentes, inclusive sua estréia no Mundial de Motovelocidade nas categorias 250cc e 500cc. Sempre na equipe Yamaha e protegido de Kenny Roberts, Kocinski fez uma temporada discreta no Mundial em seu primeiro ano, não chegando a participar de todas as provas. Nas 500cc, só participou de uma etapa, pela equipe Marlboro Yamaha, enquanto vencia as duas provas que participou (Japão e Estados Unidos) nas 250cc. Kocinski resolve se focar unicamente na categoria 250cc em 1990 e após conseguir sete vitórias (Estados Unidos, Espanha, Itália, Holanda, Bélgica, Hungria e Austrália), ele faturou seu primeiro, e único, título do Mundial na categoria 250cc. Na sua primeira temporada completa!

Com muita moral, Kocinski subiu de categoria e substituiria a lenda Eddie Lawson na Marlboro Yamaha no Mundial das 500cc. Mesmo tendo ao seu lado Wayne Rainey, John Kocinski era considerado um dos favoritos ao título, mas ele foi totalmente obscurecido pelo seu companheiro de equipe, mas ainda assim conquistou duas vitórias (Malásia/91 e África do Sul/92) nas duas temporadas que fez pela Yamaha e terminou em quarto e terceiro lugar nos Mundiais de 1991 e 1992, respectivamente. Então Kocinski cometeu seu primeiro erro na gestão de sua carreira. Teoricamente sem chances de derrotar Rainey em 1993, John se muda para a equipe Lucky Strike Suzuki na categoria... 250cc! Foi um fracasso total, com Kocinski saindo da equipe na metade da temporada e se mudou para a equipe Cagiva ainda em 1993, mas na categoria 500cc.

Mesmo com pouco conhecimento da moto italiana, Kocinski fez um bom papel e deu a segunda vitória para a marca italiana durante o Grande Prêmio dos Estados Unidos, sendo que, desta vez, Kocinski conseguiu o triunfo com pista seca, enquanto Lawson tinha faturado a histórica primeira vitória debaixo de muita chuva no ano anterior. Após conseguir liderar algumas provas e terminar o campeonato em décimo (apesar de não ter disputado todas as provas), Kocinski começa 1994 esperançoso com a Cagiva, principalmente depois de vencer a prova inaugural em Philip Island. O piloto da Cagiva vinha brigando pelo título, conquistando ainda mais dois pódios, até sofrer um forte acidente durante os treinos para o Grande Prêmio da Alemanha, mas o pior ainda estava por vir. Apesar das boas perspectivas para o ano de 1995, a Cagiva resolveu fechar sua equipe no Mundial das 500 e Kocinski ficou a pé.

Sem ter o que fazer, John voltou aos Estados Unidos e disputou o campeonato... de esqui aquático! A aventura aquática de Kocinski durou apenas um ano e em 1996 ele voltou às motos para disputar o Campeonato Mundial de Superbike pela Ducati, trazido pelo antigo chefe de equipe da Cagiva, Virginio Ferrari. Kocinski mostra que não desaprendido e logo na primeira rodada dupla do campeonato, o americano conquistou duas vitórias, mas ele terminaria o campeonato na terceira posição. Kocinski tinha reclamado de falta de apoio da Ducati e culpou a fabricante pela perda do título e por isso se mudou para a equipe Castrol Honda. Numa briga sensacional com Carl Fogarty, Kocinski levou sua Honda RC45 ao título mundial, se tornando o primeiro piloto a vencer dois Campeonatos Mundiais (250cc e Superbike) com motos de duas e quatro tempos.

Como recompensa pelo título, a Honda patrocinou a volta de John ao Mundial de Motovelocidade em 1998, desta vez na equipe Movistar Honda Pons, mas dois acidentes sérios puseram tudo a perder e o americano teve que se contentar com a décima segunda posição no campeonato. Após essa decepção, Kocinski se mudaria para a equipe de Erv Kanemoto, que no ano anterior tinha o apoio da Marlboro e Massimiliano Biaggi como piloto. Com a saída do italiano para a Yamaha, Kenamoto ficou sem patrocínio e quem pagou o pato foi Kocinski, que teve que se virar com uma moto praticamente sem desenvolvimento. Mesmo com algumas boas provas e um segundo lugar no Grande Prêmio da Frabça, Kocinski só conseguiu um oitavo lugar no Mundial. Decepcionado, Kanemoto fechou sua equipe no final de 1999 e Kocinski não participou mais do Mundial. Foram no total 99 Grandes Prêmios, 13 vitórias, 35 pódios, 20 poles, 15 voltas mais rápidas e o título nas 250cc em 1990.

Após começar o ano de 2000 disputando campeonatos de esqui aquático, John Kocinski é contratado pela equipe Ducati no Campeonato Americano de Superbike, mas não consegue o mesmo sucesso que tinha quando ainda era um novato. Em 2001, Kocinski é chamado para testar a nova moto quatro tempos da Yamaha para a MotoGP, função que permaceria até 2002. Hoje aposentado, John Kocinski vive em Los Angeles, curtindo todo o dinheiro que ganhou.

Parabéns!
John Kocinski