sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Era Dourada. Balanço 2010


Inspirado no filme ‘Senna’, muitos devem ter suspirado. ‘Tempos bons era quando tinha Senna, Prost, Piquet e Mansell na pista.’ A Quatro Rodas teve a excepcional idéia de colocar todo seu acervo no seu site e quando viajamos pela história da revista e lemos (ou relemos) os depoimentos de Emerson Fittipaldi, alguns devem lembrar nostálgicos. ‘Tempos bons era os anos 70 com Emerson, Stewart e Lauda’. Bom, para quem reclama de ‘tempos bons’ é bom observar um pouco o que foi a temporada 2010 de F1 para vermos que estamos vendo ótimos tempos. Já contando com o mais novo campeão Vettel, vimos doze títulos mundiais nas pistas e dos 27 pilotos que largaram neste ano, nada menos que onze tem ao menos uma vitória na F1 na carreira (totalizando praticamente 150 vitórias). Nunca houve tanto equilíbrio entre as equipes, com a força da Red Bull, o empenho individual da Ferrari (com Alonso) e a astúcia da McLaren. Além de tudo isso, houve emoção e polêmicas. Ou seja, todos os ingredientes para uma temporada histórica.

Em ano de Copa do Mundo, fiz várias comparações entre F1 e futebol. Não faltam exemplos de times fortes caírem frente a equipes com mais camisa. Na F1 não é diferente. De 1998 para cá, Ferrari e McLaren perderam apenas três títulos, sendo que dois para o duo Briatore/Alonso e outro para o conto de fadas chamado Brawn ano passado, sendo que tanto os vermelhos quanto os prateados não estiveram bem. Com Ferrari e McLaren fortes, com Alonso vestido de vermelho, Briatore punido (por enquanto) e a Brawn não repetindo o mesmo desempenho, seria difícil que o título saísse das mãos de Ferrari e McLaren, mas a Red Bull foi como a Espanha na Copa deste ano, utilizou sua força de conjunto e destruiu o favoritismo dos tradicionais. Houve muitos problemas no meio do caminho para os austríacos, mas a genialidade de Adryan Newey, o talento prodígio de Sebastian Vettel e a experiência de Mark Webber fizeram da equipe uma fortaleza nesse campeonato, vencendo nove das dezenove corridas, além de conquistar o absurdo número de dezesseis poles. A Ferrari foi aquele time de um craque só. Claro que a experiência de estar sempre nas finais contou, mas Alonso foi aquela mola que é capaz de levar um time desacreditado a uma final de Copa, como a Itália fez muitas vezes ao longo da história. E Alonso foi decisivo para levar os vermelhos rumo a briga pelo título, mesmo sem condições de favorita. A McLaren foi uma espécie de Alemanha, sempre muito forte e brigando pelo título, usando do seu pragmatismo para chegar o mais à frente possível. O representante-mor desse pensamento foi Jenson Button, inteligente em enxergar as corridas como poucos, aparecendo na frente quando não se imaginava, mas o plantel da McLaren também teve aquele típico ponta-esquerda arisco e inquieto, que não se importa em arriscar para conseguir fazer o cruzamento perfeito rumo ao gol e por isso se torna ídolo das grandes massas. Hamilton ainda erra muito, mas seu talento natural é impressionante e foi capaz de brigar pelo título, mesmo com um carro nitidamente deixando a desejar, até a última corrida do ano.

Mas retornando a primeira corrida do ano, não parecia que o campeonato seria tão bom como foi. O fim do reabastecimento fazia das estratégias um fator menos importante, com a corrida sendo decidida ande sempre deveria ser: na pista. Foi melancólico! A estréia do campeonato no Bahrein foi um longo bocejo, com pilotos mais rápidos presos atrás de carros levemente mais lentos, sem poder ultrapassar. Alonso venceu na sua estréia pela Ferrari porque o dominador Sebastian Vettel perdeu potencia no motor Renault e teve que diminuir o ritmo no final. Foram feitas odes contra o fim do reabastecimento. Debates em todo o mundo foram feitos para trazer ‘de volta a emoção para a F1.’ Só bastou a prova seguinte para se mudar de idéia. O Grande Prêmio da Austrália foi um dos melhores dos últimos anos, com várias ultrapassagens e emoção, graças a chuva que deixou úmida a pista de Melbourne no início, mas a maioria da prova foi realizada com tempo seco. Quem venceu, contra todos os prognósticos, foi Jenson Button. Todos imaginavam o que Button pensou quando trocou a Brawn, equipe onde estava desde 2003 quando ainda se chamava BAR, pela McLaren, feudo de Hamilton. Mesmo campeão mundial, Button parecia fadado a ser segundo piloto do time, mesmo sendo o atual campeão, enfrentando a pressão que fez Fernando Alonso abandonar a McLaren em apenas um ano. Porém, Button foi humilde e aceitou que Hamilton era mais rápido do que ele e procurou novas soluções para enfrentar o adversário. Inteligente e experiente, o inglês de 30 anos controlava a corrida como poucos e cuidava dos pneus da mesma maneira como deve cuidar de sua bela namorada Jessica Michibata. Button venceu na Austrália e na China, duas corridas onde a estratégia e a visão geral da prova foram essenciais. Com problemas na Classificação, onde levou uma sova de Hamilton, Jenson procurava marcar o maior número de pontos possíveis e brigou pelo título até a antepenúltima etapa do campeonato. Após um ano ao lado de Hamilton, Button sai com uma imagem boa, de um piloto de ponta e capaz de ser campeão novamente, se tiver condição para tal.

Vettel havia tido problemas nas duas primeiras corridas quando liderava, mas na Malásia o alemão venceu com categoria, com Mark Webber completando a dobradinha. Até então, o australiano de 34 anos parecia que seria apenas um mero coadjuvante do talentoso alemão, ainda com o problema na perna e de ser, de fato, mais lento que Vettel nas Classificações. Contudo, quando a F1 chegou à Europa, Webber se transformou e conseguiu duas vitórias dominadoras em Barcelona e Monte Carlo. Como deixar agora Webber apenas como segundo piloto? Vettel sentiu o baque e na Turquia, se viu uma das corridas mais tensas e disputadas dos últimos tempos. A Red Bull liderava a corrida com seus dois pilotos, sendo que Webber à frente de Vettel, com as duas McLarens logo atrás. Apesar de mais rápida, a Red Bull não conseguia se livrar da dupla da McLaren. Uma ordem dos boxes foi passada. Webber não entendeu ou se fez não entender. Vettel atacou, Webber se defendeu de forma normal, mas o alemão se precipitou e lá se foi a dobradinha da Red Bull para o espaço. Ficava claro nesse momento que apesar do clima descontraído dentro da equipe de Christian Horner, não havia harmonia entre seus pilotos. Porém, a corrida turca ainda prometia mais. Sem os dois carros azuis à frente, a McLaren se preparava para uma dobradinha. Uma ordem dos boxes foi mandada. Button não entendeu ou fingiu não entender. O Campeão de 2009 atacou o de 2008. Hamilton se defendeu, levou a ultrapassagem e deu o troco logo em seguida. A F1 vivia um momento belíssimo. Hamilton venceu sua primeira corrida do ano, mas não havia gostado da atitude de Button. Não faltou quem reclamasse de falta de ordens de equipes claras...

Hamilton estava incomodado com as duas vitórias de Button até o momento e com a liderança do companheiro de equipe, mas a verdade era que o inglês era muito mais rápido do que Button e Hamilton sabia disso. Por isso ele não se conformava com a situação. Apesar da tensa vitória na Turquia, aquilo significou um marco para Lewis, que se tornou novamente um líder dentro da McLaren e proporcionou vários momentos de emoção durante a temporada, com sua pilotagem espetacular. Porém, essa sua sanha em arriscar lhe causou dois erros bobos no final do campeonato e o deixou praticamente sem chances na última corrida do ano.

A F1 fez um feliz retorno a Montreal e além de nova vitória de Hamilton, viu os pneus Bridgestone se esfacelarem no asfalto canadense, provocando uma corrida atípica. Assim como foi atípica a atuação de Michael Schumacher. No início da temporada, não faltou quem apostasse no alemão. Com a equipe que acabara de se sagrar campeã mundial, agora com a injeção financeira da Mercedes e a volta da parceria com Ross Brawn, tudo levava a crer que Schumacher voltaria às pistas para dar uma surra nos meninos. Não foi esse o caso. O alemão passou por situações constrangedoras ao longo do ano e no Canadá ele foi ultrapassado por vários carros. Uma cena que ninguém gostaria de ver de um campeão do passado. Quem se aproveitou disso foi Nico Rosberg, que foi o principal piloto da Mercedes e conseguiu alguns pódios ao longo do ano, além de superar Schumacher com uma freqüência alarmante. O jovem alemão cresce ano a ano e com a Mercedes investindo muito, o futuro de Rosberg-pimpolho é bem promissor. Em Valencia, a F1 tem seu maior susto quando Mark Webber sai voando ao atingir a traseira da Lotus de Kovalainen. O Red Bull do australiano dá uma pirueta no ar, bate forte no chão, mas no final Webber estava bem, mas seu carro destruído. O que nunca foi bem foram as chamadas equipes nanicas. Mesmo com esse incidente com Kovalainen, a Lotus foi a melhor (ou a menos pior) e superou as outras equipes, a Virgin e a Hispania. Foi um show de incompetência. Pneu saindo do carro sem aviso, equipe liberando piloto ainda com a manta térmica montada no pneu e, pior, carros extremamente lentos e inconfiáveis. Lucas di Grassi e Bruno Senna estrearam nessa situação ruim, com carros péssimos e apenas aprenderam a receber bandeira azul. Por isso, o futuro dos dois brasileiros é nebuloso nesse momento. A Lotus é a mais promissora, com a parceria com a Renault, mas seu maior desafio para o ano que vem será manter o nome, por causa de problemas judiciais, enquanto a Virgin foi vendida no final do ano, a Hispania dificilmente correrá em 2011, com um time a entrar no rol de Eurobrun, Andrea Moda e etc.

Chegamos a Inglaterra e uma asa dianteira semeia a discórdia na Red Bull. Duas peças novas são entregues aos pilotos, mas quando Vettel tem sua asa quebrada num treino livre a equipe tira a novidade do carro de Webber e entrega de mão beijada para o alemão. Webber não se conforma e mesmo largando atrás de Vettel, faz sua melhor corrida do ano e desafia o time, via rádio, após a vitória: Excelente para um segundo piloto, não? O clima da Red Bull era insustentável. A verdade genuína é que o time austríaco nunca imaginou um Webber tão forte em 2010. O australiano surpreendeu a todos com uma consistência impressionante e sua última vitória no ano, na Hungria, foi a prova provada do quanto ele consegue se manter rápido mesmo em condições adversas, quando fez mais de 40 voltas com pneus macios em ritmo de Classificação, enquanto os outros só agüentaram poucas voltas com os mesmos tipos de pneus. Também se falava muito sobre o quanto um time tinha que se impor sobre seus pilotos, mas, ironia do destino, Hockenheim fez todos mudar de opinião com uma única frase: Felipe, Fernando is faster than you! Numa reviravolta incrível, a Ferrari voltava a brigar pela vitória na corrida alemã, mas com Massa à frente de Alonso, exatamente um ano após ele quase ter perdido a vida. Seria uma vitória consagradora do brasileiro, mas seu engenheiro teve que lhe dar essa ordem de equipe e Massa deixou Alonso vencer. Foi um furacão em cima da cúpula ferrarista. Imagens turvas do Grande Prêmio da Áustria de 2002 vieram à tona e todos passaram a comparar Massa a Barrichello e Alonso a Schumacher. Ou seja, aqui no Brasil o espanhol passou a ser o vilão número 1, enquanto Massa virou uma espécie de abestado número 1 nacional. Olhando de uma forma geral, foi o próprio Felipe Massa que se meteu nessa confusão. O brasileiro fez uma temporada pífia, sendo batido de forma clamorosa por Alonso tanto em treinos como, principalmente, em corridas. Àquela altura do campeonato, o brasileiro já estava vários pontos atrás do espanhol e o campeonato não estava tão no começo assim quanto algumas pessoas apregoaram por aí. Era a 11º etapa do campeonato e a Ferrari estava longe de ser o melhor carro do ano. O time italiano tinha que tomar uma decisão, mesmo que péssima para sua imagem púbica, se quisesse lutar pelo título. Ninguém gostou da atitude, mas o pior foram os desmentidos da Ferrari e de Massa. A verdade, mesmo que dura, tem que ser encarada e nenhum das partes o fez. Mas não restam dúvidas que Felipe foi o maior prejudicado. Ficou de mal com boa parte da torcida, viu quem a Ferrari confia mais e terá em 2011 que enfrentar um piloto excepcional quanto Fernando Alonso. Schumacher e Raikkonen também eram excepcionais? Sim, mas o espanhol parece motivado como nunca, ao contrário dos citados e Massa deverá ter sérios problemas se não conseguir resultados logo de cara na próxima temporada.

Com tantas provas novas em lugares sem tradição nenhuma, ir a Spa é como a F1 voltar ao seu palco mais importante. O circuito belga tem uma magia que nenhuma tem e suas provas são convites a emoções fortes. E esse ano não foi exceção, com uma corrida cheia de alternativas, com condições climáticas mutantes a cada minuto. Atrás de Hamilton e Webber, chegou Robert Kubica. O polonês corria o sério risco de ser o azarado do ano, quando viu a BMW sair da F1 em 2009 e a Renault quase fazer isso quando já estava assinado com os franceses. O time foi salvo por uma empresa suíça chamada Genii, mas o desempenho não foi bom na pré-temporada. O enorme talento de Kubica parecia que seria desperdiçado, mas eis que o polaco se sobressai e consegue resultados muito superiores ao carro que tem em mãos. Vários pódios e pontuações o colocaram na 6º posição no Mundial de Pilotos, à frente de Massa e Rosberg num certo momento do ano, em equipes bem melhores do que a sua. Em qualquer relação de melhores pilotos do ano, Kubica entrará no mínimo entre os cinco primeiros e sua ida a uma equipe de ponta é questão de tempo. Jovem, tem tudo para ser campeão mundial, bem ao contrário de Vitaly Petrov, russo que só conseguiu entrar na F1 da mesma forma como seu país conseguiu ser escolhida sede da Copa do Mundo de 2018: muito dinheiro.

Após toda a polêmica na Alemanha, Alonso chegou a declarar que tinha 50% de chances de ser campeão e todos riram dele. Em 5º lugar no campeonato e com um carro longe de ser o melhor, ninguém deu muita bola para o espanhol, mas após seu início auspicioso de campeonato, Alonso voltava a colocar sua Ferrari na briga pela vitória com um ritmo de corrida assustador, levando todos a falar, com razão, que ele é o piloto mais completo da atualidade. Suas vitórias em Monza e em Cingapura, onde sempre pareceu ter um carro inferior, reforçavam essa sensação. Apesar dos problemas, o espanhol entrou no rol dos grandes da história da F1 nesta temporada. Em outra pista tradicional, a F1 se tornou fã de um piloto que havia chegado apenas em 7º lugar em Suzuka. Kamui Kobayashi apareceu como um foguete no final de 2009, mas com o fim da Toyota, todos temeram ver o japonês apenas em duas corridas. A Sauber, utilizando os restos do que um dia foi BMW, o contratou e Kobayashi começou a fazer algo que não estávamos tão acostumados: ultrapassar. Em Suzuka, Kobayashi fez várias ultrapassagens e se tornou ídolo de um dia para o outro, ao mostrar uma agressividade típica dos japoneses, mas uma eficiência dos grandes pilotos. Juntando tudo isso, o futuro de Koba poderá ser grande, assim como da Sauber, que teve dois pilotos decadentes ao lado de Kobayashi (Pedro de la Rosa e Nick Heidfeld) e um carro inteiramente branco, mas em 2011 terá os pesos de Carlos Slim e sua companhia Telmex, trazendo consigo Sérgio Pérez, vice-campeão da GP2 neste ano. A categoria de base também verá seu atual campeão na F1 na próxima temporada. Pastor Maldonado, com o apoio do dinheiro ditatorial de Hugo Chávez, estreará na Williams ao lado de Barrichello em 2011. O venezuelano é rápido, mas Nico Hülkenberg mostrou que a escolha por Maldonado será unicamente financeira. O alemão vinha crescendo durante a temporada e em Interlagos, em condições difíceis durante os treinos, Nico conseguiu sua primeira pole na F1, com mais de 1s de diferença para a Red Bull de Sebastian Vettel. Apesar de uma corrida apagada por causa das limitações da Williams, Hülkenberg mostrou que tem talento para ficar na categoria. Seu companheiro de equipe Rubens Barrichello conseguiu uma marca histórica nesse ano quando largou pela 300º vez em Spa, mas o brasileiro fez mais do que isso. A Williams iniciou o ano mal, mas a experiência de Rubinho fez com que a equipe evoluísse a tal ponto a superar a Force Índia, muito bem com Adrian Sutil no início do ano, mas em decadência com uma suposta falta de dinheiro. Barrichello foi muito elogiado pela cúpula da Williams, não entendendo o motivo do brasileiro não ter sido campeão, mas Rubens também mostrou que sua idade não o fez mais lento e sua experiência ainda é capaz de lhe fazer queimar muita lenha ainda. Pena que sua experiência não o fez parar de fizer besteira em certas ocasiões, por exemplo, quando foi fechado de forma criminosa por Schumacher na Hungria e o brasileiro passou a semana posterior choramingando.

Após Interlagos, a F1 chegava a sua última etapa do ano numa situação inédita na sua história. Pela primeira vez, quatro pilotos tinham chances matemáticas de ser campeão em Abu Dhabi, local muito bonito, mas de um circuito horroroso. Hamilton era praticamente carta fora do baralho, mas Alonso liderava o campeonato, com poucos pontos de vantagem sobre Webber, enquanto Vettel ainda tinha chances em terceiro, mas o alemão vinha em melhor fase àquela altura. A Red Bull falou muito mal da Ferrari no caso Hockenheim, mas poderia depender de uma ordem de equipe para Mark Webber ser campeão, pois Alonso só precisava chegar em 2º para se tornar tri. A Vettel só interessava a vitória. O mundo prendeu a respiração nos treinos, com Vettel levando a pole, enquanto Alonso era 3º e Webber era 5º. No momento, parecia que era Webber que poderia ajudar Vettel, não o contrário, enquanto Alonso sorria com a possibilidade das duas Red Bull se matarem. Porém, como dizia Juan Manuel Fangio, Carreras son Carreras. Vettel liderou de ponta a ponta, mas a estratégia, fiel ajudante da Ferrari na Era Schumacher, lhe pregou uma peça justamente quando o alemão sofreu um acidente ainda na primeira volta. Rosberg e Petrov pararam nos boxes e iriam até o fim da corrida. A Ferrari se preocupou unicamente com Webber, que parou cedo com problemas nos pneus, e mandou Alonso e Massa pararem logo. Alonso voltou à pista na frente de Webber, mas as Ferraris acabaram presas atrás de carros mais lentos. Enquanto Vettel liderava tranqüilo, Alonso não conseguia ultrapassar Petrov, que passou o ano errando, mas foi perfeito no Oriente Médio. Webber? Pouco interessado no título de Vettel, não atacou Alonso em momento algum. Mas ele não pediu ordens de equipe lhe favorecendo? É, mas quando foi contra, fechou em copas. Vettel foi soberano e esperou alguns segundos para poder comemorar seu título. Com Alonso apenas 7º, Vettel se tornou o mais jovem Campeão Mundial de F1 da história.

O alemão fez algumas asneiras durante o ano, como na Turquia e na Bélgica, com Button, mas sua velocidade é assombrosa. Nos treinos livres, era fato ver Vettel marcar um tempo rápido ainda em sua primeira volta voadora, enquanto Webber demorava uma dez voltas para conseguir um tempo parecido. Mesmo com 23 anos, Vettel foi tranqüilo nos momentos cruciais do campeonato, quando conseguiu três vitórias nas quatro últimas corridas, sendo que não completou a quadra por problemas no motor Renault da Red Bull. O alemão mereceu o título, mas qualquer um (Alonso, Webber, Hamilton, Button...) também mereceria. Sem percebermos, vivemos uma Era Dourada na F1. Daqui a alguns anos, suspiraremos quando nos lembrarmos dos tempos de Vettel, Alonso, Hamilton...

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