terça-feira, 13 de setembro de 2011

História: 35 anos do Grande Prêmio da Itália de 1976

Os tifosi sempre vão à Monza para ver a Ferrari vencer, não importando o piloto. Se a Ferrari está mal, esperam por um milagre. No entanto, os torcedores italianos viram um verdadeiro milagre acontecer antes mesmo que os carros fossem à pista na chuvosa sexta-feira em Monza. Quarenta dias após quase ter morrido em Nürburgring, Niki Lauda retornava ao cockpit da Ferrari de número 1 para participar do Grande Prêmio da Itália e tentar conter a avanço de James Hunt, que se aproveitara da ausência do piloto da Ferrari para vencer na Alemanha e a na Holanda.



A Ferrari 'confiava' tanto na volta de Lauda, que já contratara Carlos Reutemann para substituir o austríaco e o argentino iria estrear pela Ferrari em Monza, mas como terceiro piloto. Os comissários italianos estavam rigorosos e já no primeiro dia de atividades, cinco carros foram desclassificados por irregularidades na altura e dimensão dos aerofólios. No sábado a chuva cessou e Jacques Laffite utilizou a potência do motor Matra para conseguir sua primeira pole na F1, enquanto Lauda ficava com o melhor tempo entre os carros da Ferrari, Regazzoni ficando apenas em 12º. Depois do segundo treino classificatório, os comissários recolheram amostras de combustível de todos os carros, encontrando gasolina de maior octanagem que a permitida nas McLarens de Hunt e Mass, além da Penske de John Watson. Os três tiveram seus tempos anulados e largariam nas últimas posições. Não faltou quem acusasse os italianos de estarem se vingando dos ingleses, que devolveu uma vitória para Hunt após o mesmo ter sido desclassificado do GP da Espanha no começo do ano.


Grid:

1) Laffite(Ligier) - 1:41.35

2) Scheckter(Tyrrell) - 1:41.38

3) Pace(Brabham) - 1:41.53

4) Depailler(Tyrrell) - 1:42.06

5) Lauda(Ferrari) - 1:42.09

6) Stuck(March) - 1:42.18

7) Reutemann(Ferrari) - 1:42.38

8) Peterson(March) - 1:42.64

9) Regazzoni(Ferrari) - 1:42.96

10) Ickx(Ensign) - 1:43.29


O dia 12 de setembro de 1976 amanheceu chuvoso em Monza, o que não era normal para aquela época do ano, mas ao meio-dia a chuva parou e quando os carros estavam preparados para a largada, a pista estava seca. A chicane após a linha de chegada/largada era nova e por precaução, os pilotos foram instruídos a não tentar ultrapassagens no local na primeira volta, mas ainda assim a largada foi consusa. Scheckter não quis nem saber de proibição e ultrapassou Laffite ainda antes da chicane, seguido de perto por Carlos Pace, que conseguira um ótimo desempenho na Classificação. Infelizmente, a corrida do brasileiro seria atrapalhada por um problema no motor Alfa Romeo que faria Pace abandonar ainda na quinta volta. Talvez emocionado ou não muito acostumado, Niki Lauda larga muito mal, caindo para 12º, fazendo o contrário Regazzoni, que pula para quinto, seguido por Carlos Reutemann. A presença do argentino era um claro incômodo para Regazzoni, que via sua vaga na Ferrari indo para o brejo...


Enquanto Scheckter tentava imprimir um bom ritmo e disparar na frente, atrás do sul-africano uma animada briga se formava entre Laffite, Patrick Depailler e Ronnie Peterson, que havia conseguido uma baita largada. O francês estava tendo problemas de aquecimento em seus pneus (Felipe Massa pode começar a parar de chorar...) e Laffite seria rapidamente ultrapassado por Depailler e Peterson, caindo para quarto. Mais atrás, Lauda fazia uma boa corrida de recuperação, mostrando que o tempo fora das corridas para se recuperar das graves queimaduras em seu rosto e nos pulmões não tinha tirado a frieza e talento do austríaco, que rapidamente se aproximava dos seis primeiros colocados, os que pontuavam. Mesmo objetivo tinha James Hunt, que vinha que nem um alucinado, fazendo praticamente uma ultrapassagem por volta, mas com sua McLaren não muito acertada e correndo apenas com muita garra, não demoraria para o inglês errar na primeira chicane e abandonar com a suspensão traseira quebrada.


Após ultrapassar Depailler e desfazer a dobradinha da Tyrrell, não deixava de ser surpresa Ronnie Peterson brigando com Scheckter pela primeira posição. A March não vinha fazendo uma boa temporada e fazia um bom tempo que Peterson não fazia uma boa corrida como aquela, mas a verdade é que Peterson estava colado em Scheckter, que começava a ter problemas de dirigibilidade do seu carro. Na décima volta Peterson saiu do vácuo de Scheckter na reta dos boxes e vai para primeiro. Em poucas voltas o sul-africano tinha forçado tanto seus pneus, que ele virou presa fácil dos demais, sendo ultrapassado por Depailler e Laffite em voltas consecutivas. Na volta 20 Regazzoni assumiu a quarta posição e duas voltas depois, começou a chover em Monza. Algo raríssimo no Grande Prêmio da Itália. Por causa da pista escorregadia, Mario Andretti e Hans-Joachim Stuck, que brigavam pela nona posição, rodaram após a reta dos boxes.


Segundo novas regras da época, quando o diretor de prova sentisse que a corrida estava perigosa demais devido à chuva, seria mostrada uma bandeira preta com uma cruz branca, fazendo com que os pilotos parassem nos boxes na volta seguinte para um reinício de prova. Assim foi feito e alguns pilotos foram aos boxes e outros não, causando um verdadeiro caos na corrida. A prova não foi parada e alguns pilotos, como Reutemann e Emerson Fittipaldi, foram prejudicados. Por sorte, nenhum dos líderes marcou bobeira e ficaram na pista, enquanto Depailler se aproximou de Peterson na luta pela primeira posição e chegou a emparelhar com o sueco, mas Peterson fica com a melhor tomada da curva e permanece na ponta até a bandeirada final. Infelizmente Patrick Depailler tem problemas de motor no final da corrida e perde várias posições, enquanto Lauda ainda consegue ultrapassar Scheckter e assumir a quarta posição, aumentando para cinco pontos sua vantagem para Hunt no campeonato. Nem a terceira vitória de Ronnie Peterson em Monza poderia fazer frente ao que Niki Lauda fez naquele dia. Com o rosto deformado e ainda fazendo fisioterapia nos pulmões, Lauda voltava ao carro que quase o matou dias antes. Foi um dia épico de um grande mito da velocidade.


Chegada:

1) Peterson

2) Regazzoni

3) Laffite

4) Lauda

5) Scheckter

6) Depailler

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Figura(ITA): Jenson Button

Para não repetir Michael Schumacher, que voltou a exibir sua velha magia em sua velha casa, vamos falar de outro piloto que vem impressionando nas duas últimas provas. Jenson Button venceu duas corridas em que o clima teve um fator primordial e há quem diga que o inglês só vence corridas dificéis. Porém, em Spa e em Monza a pista estava seca o tempo todo e Button conseguiu ótimas corridas, conseguindo pódios inviáveis após o término da primeira volta. A pilotagem de Button é fina como seda, com movimentos ao volante como que se tocasse em um piano alguma música clássica de Mozart. Em Monza, onde se deve pilotar atacando as zebras, Button parecia lento, mas o piloto da McLaren era um dos mais rápidos e suas ultrapassagens ontem mostram que ele pode ser agressido, se quiser. Enquanto Hamilton levou meia corrida para ultrapassar Schumacher, com um carro nitidamente desequilibrado nas curvas, Button levou meia volta. Contra Alonso, Button foi agressivo na dose certa, sem parecer grotesco ou que Alonso se quer levantasse a voz contra seu adversário. Na frente de Hamilton no campeonato e numa fase excelente, Jenson Button é um dos favoritos ao vice-campeonato. Afinal, alguém ainda duvida quem será o campeão?

Figurão(ITA): Mark Webber

Quando você tem o melhor carro do plantel, mas um fenômeno como companheiro de equipe, o mínimo que se pode esperar é o vice-campeonato, com algumas vitórias durante o ano. Rubens Barrichello fez isso em 2002 e 2004, com a Ferrari ao lado de Michael Schumacher. Essa semana, Mark Webber fez pouco do brasileiro quando disse que Button só venceu o título em 2009 porque tinha Rubinho como companheiro de equipe. Pois o australiano corre o sério risco de ficar abaixo de Barrichello e passar por um mico enorme. Sem vitórias, massacrado por Vettel ao longo de ano tanto em treino como em corrida, Webber perdeu na Itália seu único trunfo: a regularidade. Sempre largando mal, o piloto da Red Bull mais uma vez teve que tentar uma corrida de recuperação e quando se tem que ultrapassar, erros acontecem e Webber acabou batendo em Massa, estragando a corrida do brasileiro. Tentando voltar aos boxes, Webber acabou batendo, já que estava sem a asa dianteira. Em quarto lugar no Mundial de Pilotos e com a moral lá embaixo, Mark Webber tende a fazer menos que um piloto que ele mesmo criticou...

domingo, 11 de setembro de 2011

Quase bicampeão

A velocidade pura de Monza poderia atrapalhar a Red Bull devido a falta de potência de ponta do motor Renault. Em teoria. Pois Sebastian Vettel acabou com todas as teorias ao conseguir uma vitória esmagadora nas longas retas de Monza, colocando mais de 9s sobre os rivais mais próximos, que protagonizaram uma disputa animada. Vettel foi pouco focalizado durante a corrida por causa das constantes brigas da 2º posição para trás, em especial entre Hamilton e Schumacher. Até mesmo Vettel teve que fazer uma bonita ultrapassagem para reassumir a ponta, mostrando que as corridas em 2011 estão sendo ótimas, ao contrário do ano passado, onde o campeonato foi espetacular, enquanto as corridas, com algumas exceções não foram grande coisa.





A largada para o Grande Prêmio da Itália é uma das mais perigosas do calendário devido a largura da reta dos boxes, que afunila rumo a primeira chicane. Muito provavelmente isso causou o perigoso acidente de Vitantonio Liuzzi, quando o italiano que largava em último com a Hispania, foi para a grama antes da freada e sem nenhum controle, atingiu os carros de Petrov e Rosberg. Por sorte ninguém se feriu, mas o acidente poderia ter conseqüências mais graves devido a grande velocidade com quem Liuzzi atingiu os carros que estavam dez postos à frente do seu no grid. Porém, nem tudo foi de se lamentar no apagar das cinco luzes vermelhas e Alonso conseguiu uma baita saída, pulando de quarto para primeiro, numa disputa sensacional com Vettel e Hamilton. O piloto da McLaren chegou a ficar ensaduichado entre os carros de Alonso e Vettel, com o espanhol colocando as duas rodas direitas na grama. Quando o safety-car voltou aos boxes, Vettel fez sua ultrapassagem mais bonita na F1, quando meteu por fora no Curvão (apesar do Galvão teimar em dizer que era na Lesmo...), colocou as rodas esquerdas na brita e completou uma ultrapassagem audaciosa sobre nada mais, nada menos do que Fernando Alonso, correndo em casa pela Ferrari. Aquilo mostrou a gana com que Vettel correu hoje, corroborado pelas lágrimas no alto de pódio. As contas indicaram que o bicampeonato virá em Suzuka, até mesmo com possibilidades para daqui a quinze dias, em Singapura. Mesmo sem precisar se arriscar muito, Vettel mostrou a linhagem de grandes pilotos que veio e o segundo campeonato consecutivo é bastante merecido para o alemão. Webber fez uma corrida apagada, onde largou mais uma vez e quando se preparava para ganhar a posição de Massa, acabou se envolvendo em um acidente com o brasileiro. Com a asa dianteira quebrada, o australiano não conseguiu contornar a Parabolica e Webber não pontuou pela primeira vez no ano, assim como a Red Bull. Com o carro que tem em mãos, o mínimo que Webber tem que conseguir é um vice-campeonato, algo bastante ameaçado no momento.


Se Galvão falou besteira quanto à ultrapassagem de Vettel em Alonso, acertou em cheio quando disse que Button está pilotando ainda melhor do que em 2009, quando foi campeão. O inglês é um típico falso lento, que não é agressivo ao volante e parece sempre inferior aos adversários. A verdade é que a finesse de Button apareceu justamente quando o inglês conseguiu em meia volta o que Hamilton demorou meia prova: ultrapassar Schumacher. Ainda com fôlego para ultrapassar Alonso no final da prova, Button está numa ótima fase da careira e pode beliscar um vice-campeonato nesse ritmo. Quando muitos falam que a F1 é apenas negócio, deveriam assistir as primeiras voltas desta corrida. Quando Alonso apareceu nas tribunas de Monza em primeiro, parecia que a Itália havia feito um gol em final de Copa do Mundo. E este gol parecia se repetir a cada vez que o espanhol passava em primeiro, mas Alonso acabou engolido pelo ímpeto de Vettel. Correr pela Ferrari em Monza é como aquela propaganda do cartão de crédito: Não tem preço. Pena que Alonso não teve condições de segurar Vettel por muito tempo e ainda foi prejudicado pelo já famoso problema da Ferrari com os pneus médios, sendo uma presa fácil para Button e ainda foi acossado por Hamilton na volta final. Ainda bem que Alonso se manteve em 3º, pois os tifosi mereciam um piloto seu no pódio. Massa fez mais uma corrida burocrática, mesmo conseguindo várias ultrapassagens após o toque com Webber no início da prova. Mas com uma Ferrari em mãos, ultrapassar Maldonado, Pérez e Di Resta é mais do que uma obrigação.


O ponto alto da corrida foi a emocionante briga entre Lewis Hamilton e Michael Schumacher, com vantagem do piloto da McLaren. Por metade da corrida, todas as atenções estavam voltadas na forma como Schumacher se defendia de Hamilton e o inglês tentava a ultrapassagem em praticamente todo final de reta. Por várias vezes, os dois estiveram perto de se chocarem, com os pneus a centímetros de um toque. Tudo isso a 330 km/h! Mostrando a velha garra, Schumacher não se abriu a porta para Hamilton no temido Curvão e pôs o inglês na grama, além de ter imitado Vettel e passou o piloto da McLaren por fora no Curvão, numa demonstração que, mesmo se divertindo, Schumacher também pode divertir o público com uma exibição poucas vezes visto pelo alemão. Afinal, estávamos acostumados com Schummy disparando na ponta... Hamilton também deu show, mostrando agressividade em suas tentativas, mas mostrando a prudência que todo campeão deve exibir e Hamilton já devia ter aprendido. A ultrapassagem já com mais de 20 voltas transcorridas fechou uma das melhores disputas dos últimos anos.


Com vários carros abandonando, muitos pilotos vieram de trás para marcar pontos, em especial Jaime Alguersuari, que parece gostar de largar em 18º após ter ficado pelo caminho no Q1. O espanhol repetiu a exibição segura e ganhou onze posições para ser o sétimo colocado e para melhorar as coisas, seu companheiro de equipe e rival Buemi foi apenas 10º. Paul di Resta saiu de uma seca que já durava muito tempo e pontuou novamente, enquanto Sutil abandonou ainda no começo da prova, mas com problemas mecânicos, o mesmo acontecendo com os dois carros da Sauber, que fez a Force India ultrapassar o time suíço na classificação do Mundial de Construtores. O detalhe foi que Sergio Pérez se preparava novamente para fazer apenas uma parada, mas seu carro não deixou. Bruno Senna tirou lacre e pontuou pela primeira vez na F1, com o brasileiro usando a cautela para não repetir o erro de Spa. Antes do acidente da primeira curva, que envolveu seu companheiro de equipe Petrov, que usou um capacete homenageando o time de hóquei do Lokomotiv, dizimado em um acidente aéreo essa semana, Bruno já havia largado mal e para não receber nenhum toque, perdeu ainda mais posições, lhe possibilitando que trocasse os pneus e a estratégia, que acabaria sendo crucial em sua corrida. Se aproveitando dos abandonados e ultrapassagens os lentos carros da Williams (em outro final de semana decepcionante...), Bruno já estava no pelotão intermediário quando fez sua última parada nas voltas finais. Já em 10º, pressionava Buemi e aproveitando os pneus macios, ultrapassou o suíço no final da reta dos boxes numa freada no limite, que parece ter pego Buemi totalmente de surpresa. Os primeiros pontos de Bruno podem lhe ajudar psicologicamente, mas o piloto não se afobar, como em determinadas tentativas de ultrapassar Buemi, que assustaram a todos!


Ao contrário do que muitos imaginavam, as duas zonas de em que as asas traseiras podem ser abertas não banalizou as manobras de ultrapassagem e ainda protagonizou belas disputas, como entre Hamilton e Schumacher. Lá na frente, Vettel acompanhava tudo soberano, arriscando quando nem era necessário, mas pensando unicamente em vencer, se esquecendo do campeonato que já praticamente seu. Podemos estar apreciando o surgimento de um novo Schumacher, um novo alemão capaz de quebrar recordes. E capaz de dar espetáculos, como o de Schumacher hoje.

sábado, 10 de setembro de 2011

Fácil, fácil...




É até difícil achar palavras para comentar mais uma pole de Sebastian Vettel. Até mesmo seus adversários estão impressionados com tamanho domínio do jovem alemão que, com apenas 24 anos, já superou o número de poles de dois mitos da F1: Nelson Piquet e Niki Lauda. Vettel conseguiu a sua 25º pole de forma acachapante, colocando praticamente meio segundo sobre Lewis Hamilton, que definiu o piloto da Red Bull como 'mega rápido'.


O treino classificatório em Monza foi até de certa forma monótono, com o estranho acidente de Pastor Maldonado como a única 'emoção' deste sábado. Por sinal, o venezuelano conseguiu uma ótima recuperação ao conseguir passar ao Q2 mesmo após o susto. Vettel já tinha sido o mais rápido no terceiro treino livre e massacrou seus adversários com requintes de crueldade, conseguindo melhorar ainda mais seu tempo em sua segunda tentativa, enquanto Hamilton, Button e Alonso não o fizeram. Esses quatro pilotos, com a adição de Kubica, são ótimos pilotos de uma geração dourada, mas Vettel consegue ser ainda superiores a eles com seu Red Bull RB8, que já pode ser considerado um dos grandes carros da história.


Amanhã, a tendência é de mais um domínio de Vettel, já que tem um carro bem mais rápido do que os demais e a estratégia não alterará tanto assim o andamento da corrida. Pode ser outra vitória tranquila para o alemão, assim como foi o treino de hoje.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Na história!




Poucas ultrapassagens foram tão reprisadas como essa. Esta pode ser considerada o GP da Hungria de 1986 da Indy.


Com seu companheiro de equipe, Jimmy Vasser, já como campeão, Alessandro Zanardi surpreende ao conseguir uma série de vitórias nas corridas finais de 1996 após uma temporada obscura, mas em Laguna Seca, o italiano, mesmo tendo um carro mais rápido, não conseguia ultrapassar Bryan Herta e assumir a liderança. O californiano era um especialista da pista de Laguna Seca e ainda lutava pela primeira vitória na Indy. Quando a bandeira branca foi mostrada, parecia que Zanardi estava conformado com a 2º colocação e Herta venceria naquele 8 de setembro de 1996.


Zanardi estava até longe de Herta quando ambos se aproximaram da curva do Saca-Rolha, uma das mais complicadas e espetaculares curvas do mundo. Mesmo no final de uma reta, ali não era propriamente um ponto de ultrapassagem. Mas Zanardi entrou para a história do automobilismo com uma das mais célebres ultrapassagens já vistas ao enfiar seu carro por dentro, sair pelo acostamento e ainda segurar o primeiro lugar, para espanto do mundo. Aquilo iniciou uma sequencia impressionante de Zanardi, que dominaria a Indy nos próximos dois anos com uma pilotagem vistosa e emocionante, enquanto a carreira de Bryan Herta, uma das poucas esperanças americanas na Indy quinze anos atrás, estava praticamente terminada.

História: 15 anos do Grande Prêmio da Itália de 1996

Monza é o lar espiritual da Ferrari e os tifosi invadem o Autódromo Nazionale todos os anos, ainda mais em 1996 com a contratação de Michael Schumacher. Esse era mais um fator para que os torcedores italianos acreditassem em um milagre e a Ferrari pudesse derrotar os então imbatíveis Williams.

Após ficar com o melhor tempo na sexta-feira, Michael Schumacher voltou à realidade no sábado e Damon Hill dava um passo importantíssimo rumo ao título ao ficar com a pole, principalmente com Jacques Villeneuve tendo problemas em acertar seu carro e ainda sofrer um acidente que o fez perder tempo de pista, inclusive tendo um pequeno entrevero com Pedro Paulo Diniz, que o teria atrapalhado. O canadense ainda conseguiu arrancar um bom segundo lugar no grid, mas com um carro nitidamente desequilibrado. Durante os treinos, um carro da Minardi arrancou um pedaço de concreto da primeira chicane e os pilotos passaram a cortar a primeira chicane. Para evitar esse problema, o diretor de corrida Roger Lane-Nott resolveu colocar pneus nas extremidades da chicane para evitar que isso aconteça. Essa idéia traria sérias conseqüências na corrida.

Grid:
1) Hill(Williams) – 1:24.204
2) Villeneuve(Williams) – 1:24.521
3) Schumacher(Ferrari) – 1:24.781
4) Hakkinen(McLaren) – 1:24.939
5) Coulthard(McLaren) – 1:24.976
6) Alesi(Benetton) – 1:25.201
7) Irvine(Ferrari) – 1:25.226
8) Berger(Benetton) – 1:25.470
9) Brundle(Jordan) – 1:26.037
10) Barrichello(Jordan) – 1:26.294

O dia 8 de setembro de 1996 estava quente e ensolarado em Monza para mais um Grande Prêmio da Itália. A largada em Monza é crítica por causa da primeira chicane (ainda mais com outro obstáculo...) e quando as luzes apagaram, Damon Hill consegue uma ótima largada e se mantém na frente, mas quem surpreende é Jean Alesi, que faz uma largada estupenda e na freada para chicane pula para primeiro. Largando de sexto! Villeneve se assusta com o rápido avanço de Alesi e acaba errando, indo para a grama, mas o canadense acabaria perdendo somente uma posição. Na segunda chicane, Alesi comete um pequeno erro e Hill volta à liderança e mais atrás Schumacher lutava para se recuperar após uma péssima largada e cair para sexto. Depois da Segunda de Lesmo, Alesi parecia pronto para passar Hill na Variante Ascari, mas o inglês joga duro e mesmo por fora, segura o ímpeto do francês.

Com uma primeira volta prá lá de animada, os pilotos se aproximam pela segunda vez da primeira chicane, onde pneus tinham sido colocados na véspera e provocaria vários abandonos. Logo no início da segunda volta, Villeneuve comete outro erro e bate nos pneus, deixando um bem no caminho de Coulthard, que bateu neste pneu, roda e teve que abandonar. O canadense não escapa impune e tem a suspensão afetada, mas continuaria na prova, mesmo que sem ritmo para lutar por alguma coisa de boa na corrida. Na volta seguinte, é a vez de Alesi bater nos pneus e para desespero de Ron Dennis, mais um piloto da McLaren é prejudicado e Mika Hakkinen tem que ir aos boxes para trocar a asa dianteira. O finlandês faria uma ótima corrida de recuperação a partir desse momento. O drama da barreira de pneus improvisada já ganhava contornos folclóricos, com comissários de pista correndo desesperados para consertar os estragos que os pilotos produziam praticamente a cada passagem, mas ainda não havia terminado.

Na quinta volta, foi a vez de Damon Hill cometer um erro na mesma primeira chicane ao bater nos pneus e abandonar. O inglês ficou nitidamente desesperado com o seu erro quando liderava a corrida sozinho e velhos fantasmas vieram à tona. Hill poderia perder outro título com o melhor? Naquele momento, os torcedores em Monza estavam mais entretidos com a briga pelo primeiro lugar, entre o antigo e o atual ídolo da Ferrari. Mesmo com apenas uma vitória, Jean Alesi trazia à tona para os tifosi uma garra similar ao de Gilles Villeneuve, mesmo sem o mesmo talento e destreza do pai de Jacques, que se arrastava na pista. Por isso, muitos italianos não foram a favor da contratação do frio Michael Schumacher, mas o tempo ajudou a ver que o alemão poderia ser um astro ferrarista e antes de acabar seu primeiro ano na Ferrari, Schummy já havia conquistado os torcedores italianos. A corrida fica estática neste momento, com poucas ultrapassagens e apenas Frentzen (que fora anunciado como substituto de Hill na Williams em 1997) abandonando da mesma forma do líder do campeonato: batendo nos pneus da primeira chicane. Mesmo destino tendo Irvine, que corria tranqüilo em terceiro.

Como Schumacher não atacava Alesi e o alemão parecia não ter condições de fazê-lo na pista, restou a opção de efetuar na manobra de um modo que deixaria Schumacher conhecido mais tarde: ultrapassar nos boxes. Alesi parou na volta 31 e se a Benetton não fez um trabalho brilhante, fez seu dever de casa. Porém, Schumacher aumentou seu ritmo e duas voltas depois do francês, o piloto da Ferrari foi aos boxes. O pit-stop do alemão foi quase perfeito e de uma desvantagem de 0.6s, Schumacher transformou para uma liderança de 5s! A cada passagem do alemão em frente as arquibancadas de Monza, o público parecia delirar. Eram duzentas mil vozes gritando e empunhando sua bandeira vermelha no santuário de Monza. Schumacher fez o feijão-com-arroz no resto da corrida, mesmo dando um susto quando bateu de leve nos já famosos pneus da primeira chicane, mas sem conseqüências. Já no final da prova, Ricardo Rosset foi a última vítima desses mesmos pneus e se juntou aos seis outros pilotos que tinham muito o que reclamar aos organizadores da prova. Quem não tinha o que reclamar era Michael Schumacher e a Ferrari. Mesmo sem chances de título, Schummy protagonizava uma belíssima festa para os tifosi, que comemoravam a primeira vitória da Ferrari em Monza desde 1988. Mesmo frio, Schumacher não ficou imune a emoção. “Nunca em minha vida eu experimentei qualquer coisa tão incrível como essa. É até difícil de acreditar. É uma loucura. Eu nunca vi tantas pessoas com tanta emoção.”

Chegada:
1) Schumacher
2) Alesi
3) Hakkinen
4) Brundle
5) Barrichello
6) Diniz