domingo, 11 de setembro de 2011

Quase bicampeão

A velocidade pura de Monza poderia atrapalhar a Red Bull devido a falta de potência de ponta do motor Renault. Em teoria. Pois Sebastian Vettel acabou com todas as teorias ao conseguir uma vitória esmagadora nas longas retas de Monza, colocando mais de 9s sobre os rivais mais próximos, que protagonizaram uma disputa animada. Vettel foi pouco focalizado durante a corrida por causa das constantes brigas da 2º posição para trás, em especial entre Hamilton e Schumacher. Até mesmo Vettel teve que fazer uma bonita ultrapassagem para reassumir a ponta, mostrando que as corridas em 2011 estão sendo ótimas, ao contrário do ano passado, onde o campeonato foi espetacular, enquanto as corridas, com algumas exceções não foram grande coisa.





A largada para o Grande Prêmio da Itália é uma das mais perigosas do calendário devido a largura da reta dos boxes, que afunila rumo a primeira chicane. Muito provavelmente isso causou o perigoso acidente de Vitantonio Liuzzi, quando o italiano que largava em último com a Hispania, foi para a grama antes da freada e sem nenhum controle, atingiu os carros de Petrov e Rosberg. Por sorte ninguém se feriu, mas o acidente poderia ter conseqüências mais graves devido a grande velocidade com quem Liuzzi atingiu os carros que estavam dez postos à frente do seu no grid. Porém, nem tudo foi de se lamentar no apagar das cinco luzes vermelhas e Alonso conseguiu uma baita saída, pulando de quarto para primeiro, numa disputa sensacional com Vettel e Hamilton. O piloto da McLaren chegou a ficar ensaduichado entre os carros de Alonso e Vettel, com o espanhol colocando as duas rodas direitas na grama. Quando o safety-car voltou aos boxes, Vettel fez sua ultrapassagem mais bonita na F1, quando meteu por fora no Curvão (apesar do Galvão teimar em dizer que era na Lesmo...), colocou as rodas esquerdas na brita e completou uma ultrapassagem audaciosa sobre nada mais, nada menos do que Fernando Alonso, correndo em casa pela Ferrari. Aquilo mostrou a gana com que Vettel correu hoje, corroborado pelas lágrimas no alto de pódio. As contas indicaram que o bicampeonato virá em Suzuka, até mesmo com possibilidades para daqui a quinze dias, em Singapura. Mesmo sem precisar se arriscar muito, Vettel mostrou a linhagem de grandes pilotos que veio e o segundo campeonato consecutivo é bastante merecido para o alemão. Webber fez uma corrida apagada, onde largou mais uma vez e quando se preparava para ganhar a posição de Massa, acabou se envolvendo em um acidente com o brasileiro. Com a asa dianteira quebrada, o australiano não conseguiu contornar a Parabolica e Webber não pontuou pela primeira vez no ano, assim como a Red Bull. Com o carro que tem em mãos, o mínimo que Webber tem que conseguir é um vice-campeonato, algo bastante ameaçado no momento.


Se Galvão falou besteira quanto à ultrapassagem de Vettel em Alonso, acertou em cheio quando disse que Button está pilotando ainda melhor do que em 2009, quando foi campeão. O inglês é um típico falso lento, que não é agressivo ao volante e parece sempre inferior aos adversários. A verdade é que a finesse de Button apareceu justamente quando o inglês conseguiu em meia volta o que Hamilton demorou meia prova: ultrapassar Schumacher. Ainda com fôlego para ultrapassar Alonso no final da prova, Button está numa ótima fase da careira e pode beliscar um vice-campeonato nesse ritmo. Quando muitos falam que a F1 é apenas negócio, deveriam assistir as primeiras voltas desta corrida. Quando Alonso apareceu nas tribunas de Monza em primeiro, parecia que a Itália havia feito um gol em final de Copa do Mundo. E este gol parecia se repetir a cada vez que o espanhol passava em primeiro, mas Alonso acabou engolido pelo ímpeto de Vettel. Correr pela Ferrari em Monza é como aquela propaganda do cartão de crédito: Não tem preço. Pena que Alonso não teve condições de segurar Vettel por muito tempo e ainda foi prejudicado pelo já famoso problema da Ferrari com os pneus médios, sendo uma presa fácil para Button e ainda foi acossado por Hamilton na volta final. Ainda bem que Alonso se manteve em 3º, pois os tifosi mereciam um piloto seu no pódio. Massa fez mais uma corrida burocrática, mesmo conseguindo várias ultrapassagens após o toque com Webber no início da prova. Mas com uma Ferrari em mãos, ultrapassar Maldonado, Pérez e Di Resta é mais do que uma obrigação.


O ponto alto da corrida foi a emocionante briga entre Lewis Hamilton e Michael Schumacher, com vantagem do piloto da McLaren. Por metade da corrida, todas as atenções estavam voltadas na forma como Schumacher se defendia de Hamilton e o inglês tentava a ultrapassagem em praticamente todo final de reta. Por várias vezes, os dois estiveram perto de se chocarem, com os pneus a centímetros de um toque. Tudo isso a 330 km/h! Mostrando a velha garra, Schumacher não se abriu a porta para Hamilton no temido Curvão e pôs o inglês na grama, além de ter imitado Vettel e passou o piloto da McLaren por fora no Curvão, numa demonstração que, mesmo se divertindo, Schumacher também pode divertir o público com uma exibição poucas vezes visto pelo alemão. Afinal, estávamos acostumados com Schummy disparando na ponta... Hamilton também deu show, mostrando agressividade em suas tentativas, mas mostrando a prudência que todo campeão deve exibir e Hamilton já devia ter aprendido. A ultrapassagem já com mais de 20 voltas transcorridas fechou uma das melhores disputas dos últimos anos.


Com vários carros abandonando, muitos pilotos vieram de trás para marcar pontos, em especial Jaime Alguersuari, que parece gostar de largar em 18º após ter ficado pelo caminho no Q1. O espanhol repetiu a exibição segura e ganhou onze posições para ser o sétimo colocado e para melhorar as coisas, seu companheiro de equipe e rival Buemi foi apenas 10º. Paul di Resta saiu de uma seca que já durava muito tempo e pontuou novamente, enquanto Sutil abandonou ainda no começo da prova, mas com problemas mecânicos, o mesmo acontecendo com os dois carros da Sauber, que fez a Force India ultrapassar o time suíço na classificação do Mundial de Construtores. O detalhe foi que Sergio Pérez se preparava novamente para fazer apenas uma parada, mas seu carro não deixou. Bruno Senna tirou lacre e pontuou pela primeira vez na F1, com o brasileiro usando a cautela para não repetir o erro de Spa. Antes do acidente da primeira curva, que envolveu seu companheiro de equipe Petrov, que usou um capacete homenageando o time de hóquei do Lokomotiv, dizimado em um acidente aéreo essa semana, Bruno já havia largado mal e para não receber nenhum toque, perdeu ainda mais posições, lhe possibilitando que trocasse os pneus e a estratégia, que acabaria sendo crucial em sua corrida. Se aproveitando dos abandonados e ultrapassagens os lentos carros da Williams (em outro final de semana decepcionante...), Bruno já estava no pelotão intermediário quando fez sua última parada nas voltas finais. Já em 10º, pressionava Buemi e aproveitando os pneus macios, ultrapassou o suíço no final da reta dos boxes numa freada no limite, que parece ter pego Buemi totalmente de surpresa. Os primeiros pontos de Bruno podem lhe ajudar psicologicamente, mas o piloto não se afobar, como em determinadas tentativas de ultrapassar Buemi, que assustaram a todos!


Ao contrário do que muitos imaginavam, as duas zonas de em que as asas traseiras podem ser abertas não banalizou as manobras de ultrapassagem e ainda protagonizou belas disputas, como entre Hamilton e Schumacher. Lá na frente, Vettel acompanhava tudo soberano, arriscando quando nem era necessário, mas pensando unicamente em vencer, se esquecendo do campeonato que já praticamente seu. Podemos estar apreciando o surgimento de um novo Schumacher, um novo alemão capaz de quebrar recordes. E capaz de dar espetáculos, como o de Schumacher hoje.

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