Nem nos seus sonhos mais selvagens, Pastor Maldonado esperava vencer antes de completar uma temporada e meia na F1 com uma Williams claudicante, lutando desesperadamente para ao menos sonhar com seus tempos de glória, que a cada dia fica mais distante. Porém, Maldonado se aproveitou de um final de semana em que tudo deu certo a ele e para seu time, que já mostrado que havia construído um bom carro em 2012, ano em que poderá ser marcado pelo incrível equilíbrio. Maldonado não vinha fazendo muito de diferente do que havia feito antes no ano, mas já no terceiro treino livre, o venezuelano mostrou que a Williams estava forte, mas brigar pela pole era muito desvaneio. Ir para o Q3 era mais plausível. Porém, Maldonado conseguiu o melhor tempo no Q2 e na última parte do treino, brigou com Hamilton até o final, sendo superado pelo inglês. Então, Maldonado percebeu que aquele final de semana seria especial. Hamilton foi punido por a McLaren não ter acertado nas contas do combustível e Pastor largaria na ponta pela primeira vez na carreira da F1. Contudo, ao seu lado, teria o piloto da casa, o bicampeão Fernando Alonso, à bordo de uma Ferrari. Parecia muito para Maldonado e mesmo perdendo a ponta para o asturiano na largada, Maldonado esteve irreconhecível pelo lado bom. Antes conhecido por ser um piloto atabalhoado, o venezuelano soube usar a estratégia como sua aliada e sendo cerebral ao extremo, retomou a ponta e conseguiu segurar o ímpeto de Alonso para assegurar sua primeira vitória na F1, além da Venezuela. Claro que o ditador-populista Hugo Chávez se aproveitou, mas não vamos politizar o momento de Maldonado e da Williams, que comemorava os 70 anos de Frank Williams. Pastor Maldonado passou de nível aos olhos dos críticos da F1, onde saiu de um simples piloto-pagantes desastrado a um piloto vencedor de corridas e cerebral, quando necessário. Porém, antes de falar do futuro de Pastor, ele provou sua astúcia quando, durante o incêndio nos boxes da Williams, colocou seu primo de 12 anos nos ombros e o tirou do perigo. Um verdadeiro herói do dia.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Figurão(ESP): Brasileiros
Sei que é a segunda vez em apenas cinco corridas em que o(s) protagonista(s) desta coluna aparecem aqui, mas não houve escapatória possível para Felipe Massa e Bruno Senna entrarem nesse infame espaço. Se em Melbourne eles aqui estiveram por causa da comparação com seus companheiros de equipe, em Barcelona a diferença se tornou abismal, principalmente no caso da Williams, onde Senna havia se recuperado e Maldonado foi o vencedor. Desde os primeiros treinos a diferença entre os pilotos tupiniquins e seus respectivos companheiros de equipe já era grande e na Classificação se tornou ainda mais maior, com Senna rodando bisonhamente enquanto tentava desesperadamente passar ao Q2 e não conseguindo, enquanto Pastor Maldonado brilhava na ponta do Grid, conseguindo a pole após a punição de Hamilton, mas o piloto da Williams ainda assim brigou de igual para igual com o campeão de 2008. Na Ferrari, foi mais do mesmo, Massa levando 0.6s de Alonso no Q2 e não passando ao Q3. Na corrida, Maldonado e Alonso dominaram a corrida, com o venezuelano conseguindo uma vitória histórica para a Williams. Já Felipe Massa levava uma volta do seu companheiro de equipe e se conformava com a 15º posição, enquanto Bruno teve sua tarde abreviada com o abandono no começo da prova, ao ser abalroado por Michael Schumacher, mas o ritmo do brasileiro não previa algo muito melhor do que estava fazendo. Se Massa continua com seu destino sendo o olho da rua em Maranello no final da temporada (ou antes) independente do segundo lugar de Alonso em Barcelona, Bruno terá que conviver com um companheiro de equipe que já venceu neste ano e que tem o mesmo carro de um vencedor de corrida em 2012. Com resultados irregulares, Maldonado motivadíssimo (e ainda pagando a conta...) e um Valteri Bottas impressionando nas sextas-feira, Senna corre o risco de ter destino semelhante ao de Massa. Se as coisas não melhorarem, corremos o risco de termos de assistir a F1 na SporTV num futuro próximo...
domingo, 13 de maio de 2012
O presente de Frank
Com sua aparência cada vez mais frágil, Frank Williams não vai
mais a todas as corridas como antigamente, mesmo após seu sério acidente no
começo de 1986. Convicto e teimoso, Sr Frank viu sua equipe gloriosa se tornar
um time médio e no ano passado, viveu sua pior temporada em 35 anos de F1. O
destino da equipe Williams parecia circular, quando começou pequena, se tornou
grandiosa para depois voltar ao patamar do início de sua passagem na F1. Porém,
como nem tudo na vida é definitivo, a Williams construiu um belo carro após sua
péssima temporada em 2011 e mesmo com dois pilotos-pagantes, o time vinha
fazendo uma temporada regular, já marcando mais pontos nessas quatro primeiras
corridas do que a temporada passada inteira. Então chegamos à Barcelona, pista
onde os grandes carros fazem a diferença. Frank, completando 70 anos, foi à
Espanha e viu Maldonado se beneficiar da punição de Hamilton e largar na pole.
Ao contrário de Hülkenberg em 2010, o até então criticado venezuelano foi
rápido o tempo inteiro, mas Pastor teria a calma para se manter na briga? A
resposta foi dada com uma magnífica exibição de Maldonado, que mesmo perdendo a
ponta para Fernando Alonso na largada, fez da estratégia sua aliada e venceu
com categoria, inserindo seu nome na história da F1 e da gloriosa Williams, que
não vencia desde 2004. Porém, o melhor que não foi uma vitória circunstancial.
Foi uma vitória na pista!
A corrida em Barcelona não chegou a ser tão ou mais
emocionante do que nas outras provas deste ano, mas para a média espanhola, até
que não foi mal. Os quatro primeiros do grid chegaram nas quatro primeiras
posições, apenas com Kimi Raikkonen invertendo posição com Romain Grosjean,
desta vez sem jogo de equipe. A briga pela ponta foi um jogo estratégico e isso
era esperado desde sábado. Largando melhor, Alonso assumiu a ponta e parou uma
volta antes de Maldonado, aproveitando-se da volta que teve com pneu novo para aumentar
sua diferença para o piloto da Williams. Ter o pneu novo uma ou duas voltas
antes do adversário na pista era essencial. E foi isso que Maldonado fez para
retomar a ponta na segunda rodada de paradas. O venezuelano se aproximou de
Alonso antes da segunda parada, antecipou seu pit-stop, marcou a volta mais
rápida e saiu com boa vantagem sobre o ferrarista para não mais perder a prova.
A corrida foi tensa na sua metade final sob a ótica do que poderia fazer
Maldonado, piloto reconhecidamente rápido, mas propenso a erros, como se viu na
Austrália, quando rodou e bateu sozinho numa briga com o próprio Alonso. Mas
Maldonado foi perfeito, agüentou bem uma última tentativa de aproximação de
Alonso e venceu pela primeira vez na F1 e também pela Venezuela, devendo fazer
com que Hugo Chávez decrete feriado amanhã. Uma coisa que chamou a atenção foi
a frieza de Maldonado no rádio e no pódio. Isso poderá significar que Maldonado
não se contentará com essa vitória. Ele quererá mais! Desde Nigel Mansell um
piloto não exercia tão bem o fator casa como Fernando Alonso. Correndo em
Barcelona Alonso já havia feito corridas além do potencial do seu carro em
outras oportunidades e o piloto da Ferrari conseguiu isso de novo em Montmeló,
levando a Ferrari ao segundo lugar no grid e na corrida, brigando bastante com
Maldonado a corrida inteira. Ficou claro que a Ferrari deu um passo à frente
após os testes em Mugello, mas foi muito mais o braço de Alonso que fez o
espanhol reassumir a ponta do campeonato. Contudo, os brasileiros companheiros
de equipe de Maldonado e Alonso terão um dia para esquecer, entrando num lugar
parecido após o Grande Prêmio da Austrália, quando abandonaram juntos após um
acidente, enquanto seus vizinhos de Box faziam boa corrida. Bruno Senna teve
uma atuação ridícula, levando-se em conta que seu companheiro de equipe venceu
a prova com méritos. Senna largou muito atrás, não conseguiu ultrapassar a
Caterham de Kovalainen e se envolveu num acidente esquisito com Schumacher,
onde ele mudou, sutilmente, de trajetória duas vezes e acabou abalroado pelo
alemão, que fez questão de chamar o brasileiro de ‘idiota’ para todo mundo
ouvir. O que vai ter de viúva reclamando... Após sua boa corrida no Bahrein,
Massa voltou a mediocridade de antes e enquanto via Alonso reassumir a
liderança do campeonato com um carro ruim, mas conseguindo isso em casa e sem contar
com a ajuda da sorte, o brasileiro levou uma volta do companheiro de equipe no
final da prova. Mesmo sem a penalização de não diminuir a velocidade em
bandeira amarela, dificilmente Massa pontuaria e é sempre constrangedor levar
uma volta do companheiro de equipe.
Não falta muito, mas a Lotus ainda não conseguiu colocar em
prática toda a crença que o time comandado por Eric Bouiller vencerá uma
corrida esse ano. O time fez uma prova discreta no início, mas foi
impressionante como Raikkonen imprimiu um ritmo muito forte no final a ponto de
chegar menos de 4s atrás de Maldonado e colado na traseira de Alonso. Grosjean
fez uma prova correta e ficou em quarto, sem ser atacado ou ter que atacar
alguém. O time anglo-francês tem um ótimo carro e conseguiu seu segundo pódio
consecutivo, mas parece faltar algo na estratégia para levar o time finalmente
a vitória. Após os dois carros da Lotus, abriu-se um abismo para as demais
equipes. Kobayashi, em uma ótima corrida, voltando a ser o Koba-mito de sempre
ao fazer várias ultrapassagens, ficou mais de um minuto atrás do vencedor. E
atrás da Sauber do japonês, vinham times vencedores nesse ano, como Mercedes,
Red Bull e McLaren, dando uma idéia de como esses times ficaram para trás em
termos de desenvolvimento ou como seus carros não são tão bons assim. Não devemos
nos esquecer que se um carro anda bem em Barcelona, ele será competitivo em
todas as outras pistas e levar mais de um minuto da Williams, Ferrari e Lotus
devem estar fazendo engenheiros de Mercedes, Red Bull e McLaren arrancarem os
cabelos. Vettel fez uma boa corrida de recuperação após sua punição junto a
Massa e fez várias ultrapassagens no final da prova, provando que, se não tinha
carro para lutar pela ponta, ao menos poderia ficar mais próximo da Lotus.
Porém, o terrível desempenho de Webber, ficando fora dos pontos pela primeira
vez no ano após outra largada ruim, mostra bem que a Red Bull, melhor carro nos
últimos três anos, ainda precisa remar muito para chegar ao patamar de antes.
Kobayashi, normalmente obscurecido por Sergio Perez fez uma baita corrida e
voltando a mostrar a agressividade que o fez ser admirado em todo mundo,
enquanto Perez teve um pneu furado logo na primeira volta e abandonou por uma
trapalhada de sua equipe. A Mercedes teve uma corrida longe da perspectiva de
brigar pela ponta costumeiramente após a vitória de Rosberg na China. Após perder
Schumacher logo no início da prova, Rosberg fez uma prova discretíssima, só
aparecendo quando perdeu posição para Koba e Vettel no final da prova, provando
estar totalmente sem pneus. A McLaren fez uma prova discreta, mas Hamilton
conseguiu levar seu carro, com apenas duas paradas, ao sétimo lugar depois de
largar em último e ainda teve pneus para pressionar Rosberg na última volta,
que tinha uma parada a mais do que ele. Após sua vitória na primeira corrida do
ano, Button não foi o brilhante piloto de Melbourne e o fato de chegar atrás de
Hamilton, que largou em último, mostra o quão mal foi Button hoje.
Das equipes médias, a Force India marcou pontos novamente,
desta vez com Nico Hülkenberg, que segurou a última posição pontuável dos
ataques ferozes de Mark Webber até a última volta. O alemão necessitava de uma
reviravolta em sua situação dentro da equipe, pois Paul di Resta superou-o
algumas vezes em 2012, mas em Barcelona o escocês foi bastante discreto. O duo
da Toro Rosso andaram a corrida inteira juntos, com Vergne superando Ricciardo
mais uma vez, mas ambos não lutaram por pontos no final da corrida. Caterham,
Marussia e HRT fizeram o papel de sempre, mas com Narain Karthikeyan tendo
largado de favor por ter ficado muito atrás na Classificação, chegando a
atrapalhar Maldonado antes de abandonar, enquanto Charles Pic foi penalizado
por atrapalhar Alonso enquanto o espanhol tentava ganhar tempo frente a Maldonado.
Fazer isso com Alonso na Espanha é fatal...
A temporada 2012 está se mostrando uma das mais sensacionais
da história da F1. Em meus muitos anos em que assisto a F1, não me lembro de
uma temporada onde um carro que não marcou pontos na prova anterior, vencer a seguinte
com um piloto-pagante. E já se pode afirmar que não há favorito para a próxima
corrida em Mônaco. Sem eufemismo ou querendo vender o produto F1. Vettel venceu
com categoria no Bahrein, mas hoje chegou um minuto atrás do vencedor. Alonso
tinha uma carroça nas mãos nas provas anteriores, mas levou seu carro ao pódio
com méritos, por sinal, os mesmos que fazem da Lotus como candidata a vencer
uma corrida esse ano. Cinco corridas, cinco vencedores diferentes com cinco
carros diferentes. Schumacher pode reclamar a vontade, mas os pneus Pirelli
estão tornando a F1 muito mais competitiva e emocionante, a ponto de Frank
Williams completar 70 anos com uma vitória.
sábado, 12 de maio de 2012
Chávez sorri
Enquanto assistia, pelo celular e sem som, o final do treino de Classificação para a corrida na Espanha e vi o então pole Lewis Hamilton estacionando sua McLaren no meio da pista de Montmeló na volta de desaceleração, me lembrei na hora de uma cena parecia ocorrida em Montreal dois anos antes, quando o mesmo Hamilton ficou com a pole, mas tinha colocado tão pouco combustível, que havia ficado parado na pista e a FIA resolveu que isso estava proibido. Na hora pensei na punição a Hamilton. Dito e feito.
O inglês da McLaren teve seu tempo cassado e largará em último, proporcionando uma das poles mais surpreendentes dos últimos tempos, ainda mais em condições normais e numa pista como a de Barcelona, conhecida por favorecer os melhores carros da temporada. Pastor Maldonado vinha tenho um final de semana discreto até então, mas o venezuelano se sobressaiu na Classificação, ficando com o melhor tempo no Q2 e sendo o mais rápido até a espetacular volta de Hamilton, mais de 0.5s mais rápido do que o piloto da Williams. Com a punição de Hamilton, não apenas Maldonado consegue sua primeira pole na F1, como também um venezuelano conseguiu esse feito pela primeira vez e corrobora que a Williams tem mesmo um ótimo carro para este ano. Fernando Alonso ficar com o segundo lugar não seria surpreendente, se não fosse a fase atual da Ferrari, mas o asturiano provou mais de uma vez que em sua casa, ele tira algo mais, como fez em 2008 com a claudicante Renault. Falando em Renault, sua sucessora, a Lotus, ficou com as duas posições seguintes, fazendo com que as duas equipes bicho-papão, McLaren e Red Bull, ficassem para trás. Button e Webber ficaram pelo Q2, enquanto Vettel nem completou volta no Q3, preferindo ficar preservar jogos de pneus novos para amanhã. Ao contrário dos seus companheiros de equipe, os brasileiros tiveram um dia para esquecer. Enquanto Maldonado conseguia um resultado histórico, Bruno Senna rodava bisonhamente enquanto tentava classificar seu carro, reconhecidamente excelente, rumo ao Q2 e não conseguindo seu objetivo. As câmeras procurando Valteri Bottas, finlandês terceiro piloto da Williams, já deu o sinal que Senna necessita urgentemente repetir suas atuações na China e na Malásia. Já Felipe Massa passou ao Q2, mas foi o último colocado, ficando muito atrás de Alonso.
Nunca nos últimos tempos uma largada será dada com tamanha indefinição para saber quem será seu vencedor. Quem larga na frente normalmente tem a preferência para ser considerado o favorito, mas eleger Maldonado não é uma escolha lógica para seu passado cheio de incidentes. Mesmo a Ferrari dando um passo a frente, Alonso sabe que não teria chances de brigar, enquanto a Lotus, considerado carro mais consistente do ano, poderia surpreender com seus dois carros na segunda fila. Mas nem Raikkonen, tampouco Grosjean deram pinta de vencedores até agora. Amanhã pode até não ser uma corrida emocionante, mas tende a ser surpreendente!
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Que pena!
Essa noite foi marcada pela morte de uma lenda do esporte a motor americano e mundial: Carroll Shelby faleceu hoje em Dallas aos 89 anos de idade. Shelby foi tudo o que se pode imaginar dentro da indústria automobilística, inclusive sendo piloto de F1 e vencendo as 24 Horas de Le Mans em 1959 com a Aston Martin, empresa com que trabalhou intensamente na década de 50. Nos anos 60, Shelby criou o mítico Shelby Cobra, um dos carros mais bonitos e cultuados de todos os tempos. Quando passou a trabalhar na Ford, criou o Mustang Shelby GT500. Quem assistiu ao filme 60 Segundos, sabe do que estou falando. Trabalhou ainda na Oldsmobile e Dodge, onde ajudou a criar o não menos lindo Viper. Foi uma pessoa que trabalhou para os carros e corridas até praticamente o fim da vida. Vá com Deus, Shelby.
História: 15 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1997
A F1 chegava ao Grande Prêmio de Mônaco em 1997 com várias
equipes fazendo alterações em seus carros, particularmente Williams, Tyrrell e
Stewart. Na Arrows, os problemas eram outros. A aposta em trazer o então
campeão Damon Hill estava se mostrando um retumbante fracasso, com o inglês não
terminando nenhuma prova e o carro se mostrando muito ruim. Havia boatos de que
Damon estava a ponto de abandonar o time por falta de resultados. Fora isso, a
Williams comemorava a primeira vitória de Frentzen na F1 em Ímola e via nisso a
possibilidade do alemão ganhar confiança e finalmente mostrar o porquê de sua
contratação, quando tinha a fama de poder andar no nível de Schumacher com um
carro competitivo.
Na quinta-feira, primeiro dia de treinos livres, Johnny
Herbert surpreendeu ao ficar com o melhor tempo, mas o inglês da Sauber teve
que se conformar com a sétima posição no sábado. Michael Schumacher fez uma
grande volta quando faltavam vinte minutos para o fim do treino, mas seria
superado pelo motivado Frentzen. O ferrarista ainda tentou uma última volta
voadora, mas atrapalhado pelo tráfego em sua volta de aquecimento, Schumacher não
iniciou sua volta antes da bandeirada e se conformou com o segundo lugar. Era a
primeira pole da carreira de Frentzen e também a primeira dobradinha germânica
na primeira fila na F1. Villeneuve não andou bem Mônaco novamente e chegou a
sofrer um pequeno acidente no final da classificação. A Jordan surpreendia ao
colocar seus dois carros entre os seis primeiros, enquanto o então atual
vencedor Panis ficava numa decepcionante 12º posição, mas não poderia acusar a
Bridgestone, que tinha em Barrichello como melhor representante entre os dez
primeiros. Berger chegava ao fundo do poço com a 17º colocação e a Benetton
enfrentava uma crise enorme para Flavio Briatore descascar.
Grid:
1) Frentzen(Williams) - 1:18.216
2) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.235
3) Villeneuve(Williams) - 1:18.583
4) Fisichella(Jordan) - 1:18.665
5) Coulthard(McLaren) - 1:18.779
6) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.943
7) Herbert(Sauber) - 1:19.105
8) Hakkinen(McLaren) - 1:19.119
9) Alesi(Benetton) - 1:19.263
10) Barrichello(Stewart) - 1:19.295
Ao contrário do que normalmente ocorre, os céus em Monte
Carlo não estavam ensolarados e no lugar do sol para fazer desta corrida ao
lado do Mediterrâneo um dos mais belos locais de corrida no calendário, as
nuvens estavam carregadas em todo o final de semana e no dia 11 de maio de 1997,
mas até então todas as sessões foram realizadas com pista seca. No warm-up a
Williams pôs seus dois carros na ponta, mas faltando meia hora para a largada,
a chuva se fez presente. Todas as equipes resolveram utilizar pneus
intermediários. Menos duas: Williams e McLaren. Utilizando pneus slicks, a
Williams queria repetir a vitória de 14 anos antes, quando Keke Rosberg venceu em
Mônaco ao ser mais esperto na hora de escolher os pneus numa corrida realizada
sob clima incerto. De última hora, David Coulthard ainda resolveu utilizar
pneus intermediários e o apagar das cinco luzes vermelhas provaria que o
escocês estava certo. Largando na pole, Frentzen foi facilmente ultrapassado
por Schumacher e Fisichella, da Jordan. Além de largar com os pneus errados,
Villeneuve ainda teve problemas de embreagem, caindo ainda mais pelo pelotão.
Mas ainda havia mais.
Schumacher disparou na frente, enquanto seu compatriota
Frentzen o ajudava ao segurar vários carros por praticamente uma volta.
Barrichello largou muito bem e já estava na sexta posição quando atacou Herbert
na Loews ainda na primeira volta e efetuou a ultrapassagem. Ralf Schumacher só
ultrapassou o lento Frentzen no final da primeira volta, mas o estrago estava
feito. Muitos falam que as primeiras voltas do GP de Mônaco de 1997 foi uma das
mais sensacionais da carreira de Michael Schumacher e não sei bem por que isso
nunca foi muito divulgado. Talvez por Fisichella, num Jordan, estar em segundo,
mas com um carro que não era melhor do pelotão e numa pista molhada, condição
inédita naquele final de semana, Schumacher imprimiu um ritmo alucinante a
ponto de ter absurdos 22.1s de vantagem sobre o italiano na quinta volta! Na
frente, a corrida já estava decida a favor do ferrarista.
Quem vinha muito rápido era Rubens Barrichello e havia um
fator a ajudá-lo. Anos antes, a Bridgestone perdeu uma corrida no Japão debaixo
de muita chuva e desde então os japoneses haviam se dedicado a sempre construir
bons pneus para este tipo de condição. Mesmo tendo nas mãos um carro da
estreante Stewart, Barrichello rapidamente ultrapassou Frentzen e partiu para
cima de Ralf, mas como o alemão errou na Loews, o brasileiro corria em
terceiro, mas 1s mais rápido do que Fisichella. Na sexta volta, de forma tranqüila,
Barrichello assumiu o segundo lugar e se não era mais rápido do que o líder
Schumacher, ninguém estava mais rápido do que o piloto da Stewart atrás dele,
que se consolidava num ótimo segundo lugar. Mais atrás, McLaren e Williams se
arrependiam amargamente de suas escolhas de pneus. Ainda na primeira volta
Coulthard, mesmo com pneus intermediários, não modificou o setup do seu carro e
sem aderência, perdeu o controle do seu carro no final da reta do túnel e
abandonou. Imediatamente, vários pilotos que vinham atrás da McLaren tiraram o
pé, mas com pneus slicks, Hakkinen não pôde frear e acabou batendo na traseira
da Benetton de Alesi, mas se o francês teve condições de continuar, o finlandês
abandonou ali mesmo, voltando aos pits ao lado de Coulthard. Rapidamente
caindo, Frentzen e Villeneuve foram aos pits colocar pneus intermediários ainda
nas primeiras voltas, balançando negativamente a cabeça enquanto a Williams corrigia
a besteira que fizera, porém, os dois pilotos acabariam se envolvendo em
acidentes e abandonariam uma prova em que tinha tudo para vencer.
A corrida se estabelece com Schumacher mais de um minuto na
frente de Barrichello e este mais de 20s de vantagem sobre Fisichella, que
vinha sobre pressão forte de Panis e Irvine. Essa disputa seria decidida nas
paradas de Box, com vantagem para Irvine, fazendo-o subir ao terceiro lugar
depois de largar em 15º. Fisichella perdeu muito tempo e fez com que Mika Salo
subisse ao quinto lugar. O finlandês estava fazendo um ótimo final de semana,
mas sua surpreendente posição tinha no fato de que ele e sua equipe, a Tyrrell,
resolveram não fazer nenhuma parada, graças ao baixo consumo do motor Ford ED.
Com os pneus em frangalhos, economizando combustível ao máximo e ainda
enfrentando o incremento da chuva no final, Salo conseguiu um resultado
espetacular. O aumento da chuva fez com que Schumacher desse um susto na
Ferrari e em seus torcedores quando errou na St. Devote e passasse reto. Com
uma enorme vantagem na frente, Schummy parou o carro, deu um cavalo de pau e
retornou a corrida para vencer com quase 30s de vantagem sobre Barrichello, que
conseguia o seu melhor resultado do ano e da Stewart. Jackie ficou bastante
emocionado com o segundo lugar e Barrichello mostrava novamente que na chuva,
ele podia se sobressair. Só não precisava da infame sambadinha na frente do príncipe Rainier. Porém, nem mesmo Barrichello e seu talento na chuva
poderiam impedir Schumacher vencer de forma atordoante em Monte Carlo,
mostrando que na chuva e em condições traiçoeiras, o alemão era o melhor piloto
do pelotão quinze anos atrás.
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Irvine
4) Panis
5) Salo
6) Fisichella
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Sonho interrompido
Tenho uma teoria pela mágoa de Rubens Barrichello para com Michael Schumacher. Me lembro quando começou-se a falar da ida de Rubens à Ferrari no segundo semestre de 1999 e muitos imaginavam o que Rubinho, em ótima fase na Stewart, iria fazer com os italianos a partir do ano 2000. A imagem de Ayrton Senna chegando na McLaren em 1988 e colocando Alain Prost no bolso veio à mente na hora. Rubinho colocaria Schumacher no bolso? Tenho quase certeza absoluta que Rubens Barrichello tinha isso na cabeça. Iria para a Ferrari ser Campeão Mundial e dedicar seu título à Senna e todos os brasileiros sofridos e oprimidos pelo sistema injusto e imperialista.
Contudo, Rubens levou um baita capote de Schumacher nos seis anos em que conviveram na Ferrari e o sonho de título foi para o beleleu. Na cabeça de Rubens, a não-conquista do título da F1 deixou o Brasil mais triste e decepcionou milhões de pessoas, que clamavam por alegrias vindas do esporte. A Ferrari trouxe Schumacher para ser seu salvador da pátria e o alemão exigiu isso por contrato, mas o alemão também era mais rápido e mais completo que TODOS os demais pilotos naquele iniciozinho de milênio na F1. Incluindo Barrichello. Ver sua chance de ser campeão pela Ferrari, por sinal, algo inédito para um brasileiro, destruída por Schumacher transformou o alemão no maior vilão do mundo para Barrichello, que passou a acusá-lo de tudo o que se pode imaginar. Sujo, egoísta, mal-educado, sacana, egocêntrico...
O principal evento na cabeça de Rubens desta rixa irá completar dez anos neste sábado, na famosa troca de posição no Grande Prêmio da Áustria de 2002. Rubinho foi o mais rápido em todo final de semana. Me lembro até que a diferença que ele colocou no Schumacher no grid era uma das maiores que o então tetracampeão havia levado na carreira. Rubinho dominou toda a corrida, mas recebeu a famigerada ordem de equipe e o resultado todo mundo viu. Desde então, Barrichello acha que Schumacher, seu vilão (Esqueleto, Satan-Goss, Darth Vader, Carlinhos Cachoeira...), será sempre lembrado por isso, não pelos sete títulos mundiais, as 90 vitórias e outros recordes na F1.
Recentemente saiu uma entrevista de Barrichello na Playboy e o brasileiro fez questão de fazer ressurgir esse tema na mídia. Schumacher é um piloto sujo, que quis matá-lo naquela disputa na Hungria/2010, é injusto e que a Ferrari o protegia de tudo e de todos, como na Áustria/2002. Quando o Linha de Chegada era um bom programa de automobilismo (hoje não é mais), Rubens deu várias entrevistas para o Reginaldo Leme e vivia dizendo que Schumacher era seu amigo, que ele fazia arroz e caipirinha para o alemão e etc. À Playboy, diz que Schumacher não quis sua amizade, a Ferrari o ameaçou enquanto pedia para sair do caminho em Zeltweg dez anos atrás e por aí vai.
Não sou psicólogo, mas Rubens Barrichello, desde que viu seu sonho de título destruído pelo 'vilão' Schumacher, passou a ter o alemão como algo obsessivo, como uma pessoa odiada. Além disso fazer mal a alma, Schumacher está agora mais preocupado com os pneus que usa na F1 e provavelmente não está nem aí do que Barrichello está dizendo. Se fosse Rubens, me preocuparia muito mais com sua corrida em Indianápolis do que remexer no passado.
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