A F1 chegava ao Grande Prêmio de Mônaco em 1997 com várias
equipes fazendo alterações em seus carros, particularmente Williams, Tyrrell e
Stewart. Na Arrows, os problemas eram outros. A aposta em trazer o então
campeão Damon Hill estava se mostrando um retumbante fracasso, com o inglês não
terminando nenhuma prova e o carro se mostrando muito ruim. Havia boatos de que
Damon estava a ponto de abandonar o time por falta de resultados. Fora isso, a
Williams comemorava a primeira vitória de Frentzen na F1 em Ímola e via nisso a
possibilidade do alemão ganhar confiança e finalmente mostrar o porquê de sua
contratação, quando tinha a fama de poder andar no nível de Schumacher com um
carro competitivo.
Na quinta-feira, primeiro dia de treinos livres, Johnny
Herbert surpreendeu ao ficar com o melhor tempo, mas o inglês da Sauber teve
que se conformar com a sétima posição no sábado. Michael Schumacher fez uma
grande volta quando faltavam vinte minutos para o fim do treino, mas seria
superado pelo motivado Frentzen. O ferrarista ainda tentou uma última volta
voadora, mas atrapalhado pelo tráfego em sua volta de aquecimento, Schumacher não
iniciou sua volta antes da bandeirada e se conformou com o segundo lugar. Era a
primeira pole da carreira de Frentzen e também a primeira dobradinha germânica
na primeira fila na F1. Villeneuve não andou bem Mônaco novamente e chegou a
sofrer um pequeno acidente no final da classificação. A Jordan surpreendia ao
colocar seus dois carros entre os seis primeiros, enquanto o então atual
vencedor Panis ficava numa decepcionante 12º posição, mas não poderia acusar a
Bridgestone, que tinha em Barrichello como melhor representante entre os dez
primeiros. Berger chegava ao fundo do poço com a 17º colocação e a Benetton
enfrentava uma crise enorme para Flavio Briatore descascar.
Grid:
1) Frentzen(Williams) - 1:18.216
2) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.235
3) Villeneuve(Williams) - 1:18.583
4) Fisichella(Jordan) - 1:18.665
5) Coulthard(McLaren) - 1:18.779
6) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.943
7) Herbert(Sauber) - 1:19.105
8) Hakkinen(McLaren) - 1:19.119
9) Alesi(Benetton) - 1:19.263
10) Barrichello(Stewart) - 1:19.295
Ao contrário do que normalmente ocorre, os céus em Monte
Carlo não estavam ensolarados e no lugar do sol para fazer desta corrida ao
lado do Mediterrâneo um dos mais belos locais de corrida no calendário, as
nuvens estavam carregadas em todo o final de semana e no dia 11 de maio de 1997,
mas até então todas as sessões foram realizadas com pista seca. No warm-up a
Williams pôs seus dois carros na ponta, mas faltando meia hora para a largada,
a chuva se fez presente. Todas as equipes resolveram utilizar pneus
intermediários. Menos duas: Williams e McLaren. Utilizando pneus slicks, a
Williams queria repetir a vitória de 14 anos antes, quando Keke Rosberg venceu em
Mônaco ao ser mais esperto na hora de escolher os pneus numa corrida realizada
sob clima incerto. De última hora, David Coulthard ainda resolveu utilizar
pneus intermediários e o apagar das cinco luzes vermelhas provaria que o
escocês estava certo. Largando na pole, Frentzen foi facilmente ultrapassado
por Schumacher e Fisichella, da Jordan. Além de largar com os pneus errados,
Villeneuve ainda teve problemas de embreagem, caindo ainda mais pelo pelotão.
Mas ainda havia mais.
Schumacher disparou na frente, enquanto seu compatriota
Frentzen o ajudava ao segurar vários carros por praticamente uma volta.
Barrichello largou muito bem e já estava na sexta posição quando atacou Herbert
na Loews ainda na primeira volta e efetuou a ultrapassagem. Ralf Schumacher só
ultrapassou o lento Frentzen no final da primeira volta, mas o estrago estava
feito. Muitos falam que as primeiras voltas do GP de Mônaco de 1997 foi uma das
mais sensacionais da carreira de Michael Schumacher e não sei bem por que isso
nunca foi muito divulgado. Talvez por Fisichella, num Jordan, estar em segundo,
mas com um carro que não era melhor do pelotão e numa pista molhada, condição
inédita naquele final de semana, Schumacher imprimiu um ritmo alucinante a
ponto de ter absurdos 22.1s de vantagem sobre o italiano na quinta volta! Na
frente, a corrida já estava decida a favor do ferrarista.
Quem vinha muito rápido era Rubens Barrichello e havia um
fator a ajudá-lo. Anos antes, a Bridgestone perdeu uma corrida no Japão debaixo
de muita chuva e desde então os japoneses haviam se dedicado a sempre construir
bons pneus para este tipo de condição. Mesmo tendo nas mãos um carro da
estreante Stewart, Barrichello rapidamente ultrapassou Frentzen e partiu para
cima de Ralf, mas como o alemão errou na Loews, o brasileiro corria em
terceiro, mas 1s mais rápido do que Fisichella. Na sexta volta, de forma tranqüila,
Barrichello assumiu o segundo lugar e se não era mais rápido do que o líder
Schumacher, ninguém estava mais rápido do que o piloto da Stewart atrás dele,
que se consolidava num ótimo segundo lugar. Mais atrás, McLaren e Williams se
arrependiam amargamente de suas escolhas de pneus. Ainda na primeira volta
Coulthard, mesmo com pneus intermediários, não modificou o setup do seu carro e
sem aderência, perdeu o controle do seu carro no final da reta do túnel e
abandonou. Imediatamente, vários pilotos que vinham atrás da McLaren tiraram o
pé, mas com pneus slicks, Hakkinen não pôde frear e acabou batendo na traseira
da Benetton de Alesi, mas se o francês teve condições de continuar, o finlandês
abandonou ali mesmo, voltando aos pits ao lado de Coulthard. Rapidamente
caindo, Frentzen e Villeneuve foram aos pits colocar pneus intermediários ainda
nas primeiras voltas, balançando negativamente a cabeça enquanto a Williams corrigia
a besteira que fizera, porém, os dois pilotos acabariam se envolvendo em
acidentes e abandonariam uma prova em que tinha tudo para vencer.
A corrida se estabelece com Schumacher mais de um minuto na
frente de Barrichello e este mais de 20s de vantagem sobre Fisichella, que
vinha sobre pressão forte de Panis e Irvine. Essa disputa seria decidida nas
paradas de Box, com vantagem para Irvine, fazendo-o subir ao terceiro lugar
depois de largar em 15º. Fisichella perdeu muito tempo e fez com que Mika Salo
subisse ao quinto lugar. O finlandês estava fazendo um ótimo final de semana,
mas sua surpreendente posição tinha no fato de que ele e sua equipe, a Tyrrell,
resolveram não fazer nenhuma parada, graças ao baixo consumo do motor Ford ED.
Com os pneus em frangalhos, economizando combustível ao máximo e ainda
enfrentando o incremento da chuva no final, Salo conseguiu um resultado
espetacular. O aumento da chuva fez com que Schumacher desse um susto na
Ferrari e em seus torcedores quando errou na St. Devote e passasse reto. Com
uma enorme vantagem na frente, Schummy parou o carro, deu um cavalo de pau e
retornou a corrida para vencer com quase 30s de vantagem sobre Barrichello, que
conseguia o seu melhor resultado do ano e da Stewart. Jackie ficou bastante
emocionado com o segundo lugar e Barrichello mostrava novamente que na chuva,
ele podia se sobressair. Só não precisava da infame sambadinha na frente do príncipe Rainier. Porém, nem mesmo Barrichello e seu talento na chuva
poderiam impedir Schumacher vencer de forma atordoante em Monte Carlo,
mostrando que na chuva e em condições traiçoeiras, o alemão era o melhor piloto
do pelotão quinze anos atrás.
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Irvine
4) Panis
5) Salo
6) Fisichella
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