terça-feira, 6 de maio de 2014

História: 30 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1984

Uma semana após o triunfo de Michele Alboreto em Zolder, os tifosi se animaram com o sucesso do italiano da Ferrari e partiram como se fossem a uma romaria para Ímola verem o Grande Prêmio de San Marino. Vítima constante de quebras de motores naquele início de 1984, a BMW resolve testar um novo tipo de gasolina na Brabham de Nelson Piquet e os resultados não foram o esperado, fazendo com que o atual campeão Piquet fosse à Ímola, zerado em pontos, sem nenhuma novidade para tentar mudar a sua situação. A grande polêmica do final de semana era a briga entre a equipe Toleman e a fornecedora italiana Pirelli. Acusada de ceder pneus de má qualidade para a pequena esquadra inglesa, a Pirelli se recusou a entregar seus pneus para a Toleman na sexta-feira, que já tinha feito um acerto com a Michelin. Um acordo mediado por Bernie Ecclestone fez com que a Toleman participasse normalmente do final de semana em Ímola, mas a partir da próxima prova, em Dijon, a Toleman já estaria calçada com a Michelin.

A sexta-feira foi debaixo de muita chuva e os tempos de sábado definiram o grid para domingo. Como havia acontecido há algum tempo, a briga pela pole ficou entre Nelson Piquet e Alain Prost, com o brasileiro conseguindo a vantagem sobre o francês com apenas um décimo de vantagem. Por sinal, era a décima pole de Piquet na F1. O novo herói dos tifosi Alboreto teve vários problemas mecânicos no sábado e conseguiu apenas o 13º tempo, o mesmo acontecendo com Tambay e os dois carros da Lotus. Para a Toleman, os problemas continuaram com Ayrton Senna tendo sérios problemas em seu carro e quando estava pronto, já no final da classificação, uma chuva molhou a pista e Senna não se classificou para a corrida, algo que nunca mais voltaria a se repetir.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:28.517
2) Prost (McLaren) - 1:28.628
3) Rosberg (Williams) - 1:29.418
4) Warwick (Renault) - 1:29.682
5) Lauda (McLaren) - 1:30.325
6) Arnoux (Ferrari) - 1:30.411
7) Winkelhock (ATS) - 1:30.723
8) Cheever (Alfa Romeo) - 1:30.843
9) Fabi (Brabham) - 1:30.950
10) Patrese (Alfa Romeo) - 1:31.163

O dia 6 de maio de 1984 estava muito nublado e mesmo com o tempo chuvoso nos dias anteriores, a previsão era de pista seca em todas as 60 voltas da corrida. Durante o warm-up (lembram dele?) Prost tem problemas em seu carro e por isso larga com o carro reserva, algo no qual ele não se arrependeria. Os dois protagonistas da primeira fila largam bem, ao contrário de Rosberg (que abandona ainda na segunda volta) e Lauda, que ficam praticamente parados no grid e perdem várias posições. Na corrida até a Tamburello, Prost consegue efetuar a ultrapassagem sobre Piquet, enquanto que na freada para a Tosa, Eddie Cheever, que havia largado mal, acerta a traseira de Tambay, quebrando a suspensão do francês da Renault e fazendo-o abandonar. 

Imediatamente Prost imprime um ritmo forte e abre de Piquet, que era seguido de perto por Derek Warwick. Após cair para décimo na largada, Lauda força vindo de trás e marca a volta mais rápida da prova. Em oito voltas o austríaco já havia ganho quatro posições e estava na zona de pontuação, enquanto Prost abria 1s por volta sobre Piquet. Alboreto, que havia feito uma largada espetacular, comboiava o companheiro de equipe Arnoux na quinta posição, mas logo teria a companhia de Lauda, que voava na pista. Na 12º volta Lauda tenta ultrapassar Alboreto por fora na Villeneuve, mas o austríaco só completa a manobra na Piratella. Com Lauda muito mais rápido, Arnoux não coloca muita oposição ao austríaco e na volta seguinte Lauda já estava em quarto e se aproximando de Warwick, que nesse momento estava mais de 4s atrás de um tranquilo Piquet.

Quando Lauda já ameaça ultrapassar Warwick, um pouco de fumaça escapa da traseira da McLaren de Niki: o motor Porsche havia quebrado. Porém, esse não seria o único problema da McLaren. Prestes a colocar uma volta em Thierry Boutsen na Rivazza, Prost roda sozinho, mas continua na prova. "Tive muita sorte em não ter deixado o motor morrer", diria Alain depois da prova. Um problema eletrônico fazia com que Prost tivesse dificuldades nas freadas, fazendo com que o francês tivesse que adaptar sua pilotagem a partir dali, mas aparentemente o ritmo de Prost não é afetado, tanto que sua diferença para Piquet aumentava, enquanto Warwick novamente pressionava o brasileiro, efetuando a ultrapassagem na volta 22, mas Piquet não desiste e continua próximo ao inglês da Renault. René Arnoux faz sua parada na volta 22 e volta em sexto, mas duas voltas mais tarde, a parada de Alboreto se arrasta, com o italiano conversando com Mauro Forghieri sobre problemas na Ferrari que fariam o italiano abandonar, para tristeza dos tifosi que lotaram o Autodromo Enzo e Dino Ferrari. Enquanto Arnoux e Fabi brigavam pela quarta posição, Piquet retomava o segundo posto de Warwick, mas sua desvantagem para Prost era de 31s na volta 30, fazendo com que Prost fizesse sua parada tranquilamente e retornar ainda na primeira posição, com 10s de vantagem sobre Piquet.

Com pneus novos e após se livrar de Fabi, René Arnoux dá um pouco de alegria para os tifosi e parte para cima de Warwick, assumindo o terceiro lugar na 40º volta, numa audaciosa manobra na Tamburello. Warwick tem que tirar o pé, pois o computador de bordo de seu Renault mostrava que o consumo de combustível estava muito alto e ele perdeu contato com Arnoux, que agora pressionava Piquet pelo segundo posto. Resistindo aos ataques de Arnoux, Piquet faz a volta mais rápida da corrida, mas na volta seguinte o brasileiro entra nos boxes com muita fumaça saindo do motor BMW. Era o quarto abandono de Piquet em quatro corridas e para aumentar a frustração da Brabham, Teo Fabi, que nessa altura se aproximava de Warwick, entrou nos boxes momentos depois com o mesmo problema. "Eles tem que consertar isso", esbravejou Piquet após mais essa frustração. Enquanto isso na pista, os pilotos viviam problemas de consumo de combustível, um drama usual em Ímola. Andando o mais devagar possível, Warwick é facilmente ultrapassado pelos italianos Andrea de Cesaris e Elio de Angelis. Tentando dar o primeiro pódio a Ligier depois de dois anos, De Cesaris tenta resistir aos ataques de Elio e isso se mostraria fatal, pois Andrea acabaria sem combustível quando faltavam duas voltas. Para não ter que dar outra volta, Warwick permite que Prost lhe coloque uma volta e os dois pilotos cruzam assim a linha de chegada. Arnoux tentava dar um pequeno consolo aos torcedores italianos ficando em segundo lugar. Para maior frustração de Andrea de Cesaris, Elio de Angelis fica sem combustível na última volta, mas garante um lugar no pódio. Foi uma demonstração soberba de Prost, que mostrou que a McLaren tinha o melhor carro de 1984, enquanto sua segunda vitória lhe garantia a liderança do campeonato.

Chegada:
1) Prost
2) Arnoux
3) De Angelis
4) Warwick
5) Boutsen
6) De Cesaris

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Analisando 1º de maio... de 2014

O SporTV fez um tremendo golaço quando teve a ideia de reprisar dez corridas da F1 entre 1984 e 1993 na íntegra, inclusive com a narração original no último dia primeiro de maio. Lógico que a homenagem foi à Senna e os vinte anos de sua morte, mas os homenageados acabaram sendo todos nós que gostamos de F1, pois entre sete da manhã e nove da noite, vimos dez corridas de F1 históricas. Eu, por exemplo, não cansei da maratona.

Assentado a poeira, presto atenção em alguns depoimentos em redes sociais e algo me incomodou. Era um tal "essa época que era boa", "só havia corridas boas, ao contrário de agora", "meus domingos de manhã eram melhores naqueles tempos" e por aí vai. Gosto muito de história e me fascina ler e assistir grandes momentos do esporte e até mesmo da sociedade de outros tempos. Porém, temos que viver o hoje e admirar as coisas boas que acontecem no nosso mundo contemporâneo. Indo para o mundo das corridas, não tenho medo de errar que a temporada 2012 foi uma das melhores de todos os tempos e que a corrida do Bahrein deste ano não deve nada a algumas grandes provas que passaram no SporTV 2 no último dia primeiro. Se não há pilotos carismáticos como eram Senna, Piquet, Mansell e Prost naqueles tempos, não há como negar o talento de Vettel, Alonso e Hamilton. 

Outro fator foi que passaram grandes corridas num período de dez anos, mas tenho absoluta certeza de que nesse período também teve corridas chatas e enfadonhas. O Grande Prêmio do Japão de 1990, que passou na última quinta-feira por exemplo, teve apenas de bom a arte de Nelson Piquet vencer uma corrida andando mais devagar possível. De resto? Nada. Nenhuma ultrapassagem antológica ou perseguição alucinante, o que não faltou nas demais nove corridas reprisadas. Claro que havia mais momentos icônicos naquela época e essa mesma prova vencida por Piquet teve a pancada que Senna deu um Prost na primeira curva que definiu o campeonato de 1990 de forma polêmica. 

Ver essas provas também foi bom por rever algumas situações históricas, mesmo sabendo do resultado final. No Grande Prêmio do Brasil de 1991, prestei bastante atenção nas câmeras on-board de Senna e era claro que o piloto ainda tirava a mão do volante para trocar marchas com poucas voltas para o final. O McLaren se tornou um carro de uma única marcha no finalzinho da prova, faltando cinco ou seis voltas, o que não diminui o feito de Senna, pois os problemas de câmbio na McLaren começaram, pela narração dos tempos, bem antes. E falando em narração, foi flagrante que no entrevero de Suzuka em 1989, Galvão Bueno já pressentia que Senna poderia ser desclassificado. Quando Senna começou a ser empurrado pelos comissários de pista, Galvão dizia que Senna não podia cortar a chicane, que o brasileiro teria que dar a volta. Ayrton fez o contrário o que Galvão clamava no microfone e o narrador global paralisou por uns segundos e começou a exaltar o que Senna havia feito na pista, quase que como se soubesse que o amigo seria desclassificado minutos depois. Ou seja, se o Galvão sabia dessa regra, Senna com certeza sabia também. E não o fez. No auge da briga entre Reginaldo Leme e Ayrton Senna, o comentarista deu uma baita indireta no então desafeto quando no pódio em Suzuka/90, Reginaldo disse que a F1 estava feliz com o pódio com Piquet e Moreno, pois 'eles eram homens que mereciam esse momento'. Acho que os editores do SporTV, que tiveram o cuidado de cortar todas as chamadas de patrocínio e intervalos que povoaram aquelas corridas, esqueceram de cortar essa parte também...

No final, o dia primeiro de maio de 2014 foi muito divertido e, claro, de muita nostalgia. Era outra F1, mais humana e até mesmo mais carismática, mas também há virtudes na F1 atual e ao invés de ficar lamentando um tempo que não volta mais, devemos curtir o que há de bom nessa F1.

domingo, 4 de maio de 2014

Festa centenária

Hoje, uma anormalidade nas provas da MotoGP é Marc Márquez não vencer. Hoje a corrida em Jerez foi normal. O jovem da Honda não tomou conhecimento dos seus rivais e conquistou sua quarta vitória consecutivas nas quatro primeiras provas de 2014, deixando um registro de 100% na temporada em sua centésima corrida no Mundial de Motovelocidade. Ao contrário do péssimo narrador do SporTV, que reclamou do domínio exercido por Márquez, mas depois se tocou da besteira que falou e consertou, ver um piloto como Marc fazer o que está fazendo no Mundial de MotoGP com tão pouca idade é de se chamar atenção e pensar as possibilidades do espanhol no futuro. Quantos títulos ele poderá conquistar? Até onde ele poderá chegar? Quantos recordes Márquez irá quebrar?

De certa forma a corrida em Jerez foi, sim, massante, com Márquez sendo ultrapassado por Rossi na primeira volta, mas dando o troco logo em seguida e aumentando a diferença a doses maciças nas primeiras voltas para administrar logo depois. Marc Márquez está praticamente acabando com o campeonato em seu início como fez Michael Schumacher em 2004 na F1 e Michael Doohan em seus anos de domínio nas 500cc. Não havia disputa pelo primeiro lugar e as vitórias se sucediam com até certa facilidade. No auge de Valentino Rossi ainda haviam disputas pela ponta com Gibernau e Biaggi, mas Vale acabava prevalecendo, particularmente nas voltas finais, para dar um sério golpe psicológico nos rivais. Márquez o faz nas primeiras voltas, com uma pilotagem agressiva e ao mesmo tempo sem erros. Rossi lembrou os bons tempos e segurou Pedrosa nas voltas finais para ficar em segundo lugar, mesmo o segundo piloto da Honda vindo forte em sua tentativa de ficar apenas em segundo nas corridas vencidas pelo seu companheiro de equipe.

A placa mostrada a Pedrosa, quando ainda estava muito bem instalado em quarto atrás de Lorenzo (LO MEJOR), demonstra o quanto a Honda já está impaciente com Pedrosa, principalmente em comparação a Márquez. Outro que recebeu a bandeirada balançando a cabeça negativamente foi Lorenzo. Completando 200 GPs e 27 anos de idade, Jorge esperava muito mais do que um isolado quarto lugar, levando pau até mesmo de Rossi, algo que não vinha acontecendo nos últimos tempos.

Se algo de muito extraordinário não acontecer, o título de Marc Márquez é fava contadas, só esperando saber quando e onde acontecer. Em menos de um ano e meio de MotoGP, Márquez já estabeleceu um novo patamar de desempenho e se prepara para ficar entre os grandes da história da Motovelocidade.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

História: 15 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1999

Desde o final de 1997 que apenas duas equipes venciam corridas naqueles anos na F1: McLaren e Ferrari. Essa bipolaridade foi raramente quebrada na briga por vitória no final do século 20, mas algumas equipes e pilotos estavam tentando mudar isso e um deles era Rubens Barrichello. A Stewart tinha um maior apoio da Ford naquele ano, além de um motor extremamente leve e Barrichello estando em sua melhor forma até então, em sua procura por uma equipe melhor para que finalmente buscasse sua primeira vitória na F1 e brigasse pelo título. Como sempre ocorria nessa época do ano, as lembranças pela morte de Senna estavam presentes, ainda mais com cinco anos desde os trágicos acontecimentos em Ímola.

A McLaren conseguiu mais uma dobradinha com Hakkinen à frente de Coulthard, mas o diferencial foi a grande proximidade de Michael Schumacher dos carros prateados, mostrando que os tempos em que o alemão ficava quase 1s atrás da McLaren havia ficado para trás e para corroborar com essa afirmação, Irvine fechou a segunda fila com a segunda Ferrari com pouca diferença para os líderes. Jacques Villeneuve era o melhor do resto em seu BAR, enquanto Barrichello mais uma vez fazia um bom papel com seu Stewart.

Grid:
1) Hakkinen(McLaren) - 1:26.362
2) Coulthard(McLaren) - 1:26.384
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:26.538
4) Irvine(Ferrari) - 1:26.993
5) Villeneuve(BAR) - 1:27.313
6) Barrichello(Stewart) - 1:27.409
7) Frentzen(Jordan) - 1:27.613
8) Hill(Jordan) - 1:27.708
9) R.Schumacher(Williams) - 1:27.770
10) Zanardi(Williams) - 1:28.142

O dia 2 de maio de 1999 estava ensolarado e a primavera italiana prometia uma corrida sem grandes problemas climáticos. No começo do ano a BAR chegou a prometer vitórias para o Campeão Mundial de 1997 Jacques Villeneuve, mas os dirigentes da equipe devem ter esquecido que a antecessora da BAR, a Tyrrell, sequer havia marcado pontos em 1998. Na largada, a promissora corrida de Villeneuve terminou imediatamente quando seu câmbio semi-automático não encontrou marcha alguma e o canadense ficou parado no grid, abandonando ali mesmo. Hakkinen ficou na liderança à frente de Coulthard, Schumacher, Irvine e Barrichello.

Apesar de uma classificação apertada, ainda na primeira volta Hakkinen abriu uma diferença de 1.7s em cima de Coulthard, que em troca abria uma boa vantagem para Schumacher na primeira Ferrari. Irvine na segunda Ferrari segurava Barrichello, que não atacava seu antigo companheiro de equipe e a corrida ficou estática nas posições, mas com os dois carros da McLaren destacados na frente. Na décima volta, Schumacher já estava 11s atrás do líder Hakkinen. Correndo no quintal da Ferrari, Mika Hakkinen poderia dar um importante golpe no orgulho dos italianos se conseguisse uma vitória em Ímola, mas próximo de completar a 17º volta, Mika passou um pouco em cima da zebra na chicane antes da reta dos boxes e Hakkinen perdeu o controle do seu McLaren, batendo no muro do lado de fora. A multidão que lotava o Autodromo Enzo e Dino Ferrari que estava quieta nesse momento, explodiu um alegria!

Coulthard assumia a ponta da corrida, mas no muro dos boxes, Ross Brawn já imaginava como Schumacher tomar o primeiro lugar de David. Quando Hakkinen bateu, Schumacher estava 3.7s atrás do escocês e então começou a tirar a diferença para o escocês e quando estava a menos de 1s, foi chamado para os boxes antes da metade da prova. O pit-stop de 6.1s com certeza não seria o suficiente para que Michael completasse a corrida pela quantidade de combustível recolocado na Ferrari, indicando uma mudança de estratégia para duas paradas. Isso significava que Schumacher teria que forçar ainda mais seu ritmo e logo o alemão marca a volta mais rápida da corrida. Quando Coulthard faz sua parada, o escocês volta apenas 6.8s atrás do alemão da Ferrari, mas David é atrapalhado por retardatários, enquanto Schumacher pilotava no limite. Em quatro voltas, essa vantagem subiu para 19s e quando dez voltas após a parada única Coulthard a vantagem chegou aos 23s, Schumacher faz sua segunda parada e retorna à pista 4.7s à frente de Coulthard, para delírio dos tifosi.

Porém, nem tudo é alegria para os italianos quando duas voltas mais tarde o motor de Irvine quebra e Frentzen, que vinha em quarto, roda do óleo do irlandês. Hill fica temporariamente em terceiro, mas com uma parada a fazer, o inglês cede a última posição de pódio para Barrichello, porém volta à pista determinado a conseguir um pódio. Lá na frente, Coulthard aumentava seu ritmo e chegou a ficar menos de 1s atrás de Schumacher, mas o escocês não estava negociando muito bem com os retardatários e novamente vê sua desvantagem subir para 5s, o que se manteria até o final. A batalha de Barrichello foi mais próxima, com Damon Hill colado na traseira da Stewart até a bandeirada. Como não poderia deixar de ser, Barrichello dedicou o terceiro lugar a memória de Ayrton Senna. Era o primeiro pódio para o que prometia ser uma grande temporada para Rubens Barrichello. Era a primeira vitória da Ferrari em Ímola desde 1983 e isso deixou os torcedores emocionados, assim como Schumacher. Com a McLaren desperdiçando oportunidades em cima de oportunidades tendo novamente o melhor carro, Schumacher e a Ferrari conseguiam resultados importantes que os colocava na ponta do campeonato.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Coulthard
3) Barrichello
4) Hill
5) Fisichella
6) Alesi

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Os últimos companheiros de equipe

Belo relato de Damon Hill e David Brabham sobre seus respectivos companheiros de equipe. Havia outro personagem que poderia falar com propriedade sobre os acontecimentos que hoje fazem vinte anos por ser a pessoa mais próxima de Senna no momento do acidente, mas que infelizmente não foi possível: Michael Schumacher.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1974

As três primeiras corridas da temporada de F1 de 1974 viu um domínio de McLaren e Ferrari, com Carlos Reutemann em seu Brabham correndo por fora. Após a prova em Kyalami, houve a tradicional corrida fora do campeonato em Brands Hatch, a Tourist Throphy, que foi vencida de forma surpreendente por James Hunt no seu Hesketh. A chegada da F1 à Europa através do reformado circuito de Jarama promoveu algumas estreias, como o novo Tyrrell 007, que seria guiado na Espanha apenas por Jody Scheckter, enquanto Patrick Depailler teria que guiar o antiquado 006. O novo Lotus 76 havia decepcionado deveras Ronnie Peterson e Jacky Ickx nos testes a ponto da experiente dupla ter suplicado a Colin Chapman para voltar ao veterano Lotus 72. Em Jarama, a Lotus levaria os dois modelos. Mesmo tendo uma boa temporada com Reutemann, a Brabham ainda corria atrás de investimentos e apenas por isso Bernie Ecclestone demitiu Richard Robarts, que tinha havia se mostrado um piloto fraco de qualquer maneira, e promoveu a estreia de Rikky van Opel, herdeiro da marca de carros Opel e milionário. Porém, tão fraco quanto Robarts. A Shadow contrata Brian Redman para o lugar do falecido Peter Revson. 

Correndo com o Lotus 76, Peterson fica com o tempo mais rápido na sexta-feira, mas o sueco reclamava de problemas crônicos no câmbio do seu novo carro e não melhora seu tempo no dia seguinte. No sábado, Niki Lauda mostra sua ótima fase e consegue o que seria sua segunda pole na F1, superando Peterson por apenas três centésimos de segundo. As três primeiras filas são inteiramente dominadas por Ferrari, Lotus e McLaren, enquanto Merzario mostrava a boa forma do Iso-Marlboro ao ficar entre os dez primeiros, enquanto Von Opel largaria na última fila. 

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:18.44
2) Peterson (Lotus) - 1:18.47
3) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.78
4) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:19.25
5) Ickx (Lotus) - 1:19.28
6) Reutemann (Brabham) - 1:19.37
7) Merzario (Iso-Marlboro) - 1:19.54
8) Hulme (McLaren) - 1:19.66
9) Brambilla (March) - 1:19.81
10) Scheckter (Tyrrell) - 1:19.86

O dia 28 de abril de 1974 estava chuvoso e isso seria um desafio a mais aos pilotos e equipes, pois até aquele momento todos os treinos foram com pista seca. Antes da largada, o diretor de prova Conde Villapadierna foi conversar com todos os pilotos sobre os procedimentos de largada, enquanto o Rei Juan Carlos passeava pelo grid tendo Jackie Stewart como anfitrião. A largada se deu sem maiores problemas e mesmo tendo erguido muita fumaça na primeira fila, Peterson foi quem largou melhor e assumiu a ponta da corrida, ficando à frente das duas Ferraris, com Lauda ainda na frente de Regazzoni. Apesar das reclamações, a dupla da Lotus correu naquele dia com o modelo 76.

A pista estava bem encharcada e um forte spray prejudicava a visibilidade dos pilotos, fazendo-os terem bastante cuidado nas primeiras voltas. Peterson liderava com 1s de vantagem sobre seu antigo companheiro de equipe na F2 Lauda, enquanto Ickx, considerado o Rei da Chuva, vinha em quarto, à frente de Emerson Fittipaldi. Os cinco primeiros colocados andavam próximos, mas sem ataques entre si. Na décima volta a chuva cessa e nesse momento Emerson Fittipaldi tinha problemas em seu McLaren, cujo motor falhava em certas rotações e por isso o brasileiro da McLaren era acossado por Scheckter. Com a pista melhorando, Peterson começa a abrir uma certa vantagem para as duas Ferraris, enquanto Fittipaldi era ultrapassado por Scheckter. Mais atrás, Hans Stuck mostrava seus bons dotes em piso molhado e ganhava muitas posições após largar em 14º. 

Na décima oitava volta, com a pista cada vez mais seca, pilotos e equipe teriam que fazer algo que só ocorria nas corridas dos anos 70 quando era estritamente necessário: pit-stops. Stuck foi o primeiro a faze-lo e logo todos os pilotos correram aos seus boxes para colocar pneus slicks em pit-stops rudimentares e que vendo hoje, tem até uma certa dose de comédia, mas que definiu os rumos da corrida espanhola. Antes de sua parada, Peterson já era assediado por Lauda graças a problemas de motor no novo Lotus 76 e o tempo parado nos pits pioraria o problema, mas o piloto da Ferrari tem problemas em sua parada, que dura longos 35s. Peterson abandona logo depois com o seu motor superaquecido e com todos os pilotos com pneus slicks, quem liderava no final da volta 24 era Ickx, seguido por Lauda, Regazzoni, Redman, Schenken e Stuck. Porém, a alegria do veterano belga dura apenas uma volta, pois Ickx retorna aos boxes devido a um vazamento de óleo em seu motor que ocasionou o seu abandono. Lauda liderava com 20s de vantagem sobre Regazzoni e quando Redman e Schenken retornaram aos boxes, Stuck estava num sólido terceiro lugar.

Na volta 38 Merzario sai da pista e bate forte no guard-rail, ferindo levemente quatro fotógrafos que estavam no local. Lauda aumentava sua vantagem sobre Regazzoni, enquanto mais atrás Emerson Fittipaldi via sua McLaren melhorar de desempenho com pista seca e o brasileiro se aproximava de Stuck. Após marcar a volta mais rápida da corrida, Emerson ultrapassa Stuck para garantir um lugar no pódio, mas à essa altura o paulistano estava uma volta atrás de Lauda, que fazia uma corrida soberba e apenas a outra Ferrari estava na volta do líder. Faltando seis voltas para as noventa programadas, o limite de duas horas foi estourado e com isso Niki Lauda recebeu a bandeirada do que foi sua primeira vitória na F1. Luca di Montezemolo acenava para os seus dois pilotos ao lado do diretor de prova, comemorando uma dobradinha impressionante da Ferrari em Jarama após quase dois anos sem vitória para a casa de Maranello, mas quem viu aquela conturbada prova de quarenta anos atrás tinha a certeza que um novo campeão havia surgido: Niki Lauda.

Chegada:
1) Lauda
2) Regazzoni
3) E.Fittipaldi
4) Stuck
5) Scheckter
6) Hulme

Panca da semana