domingo, 27 de novembro de 2011

Fim de feira

E assim acabou a temporada 2011 da Formula 1. Bem longe das tumultuadas corridas do começo do ano, quando as equipes ainda tateavam os novos pneus, mas com a mesma equipe dominando. Claro que o vencedor foi diferente, Mark Webber, mas a Red Bull conseguiu mais uma dobradinha em Interlagos e fecha o ano de forma espetacular, com seus dois pilotos mostrando bem quem é a melhor equipe da atualidade. Enquanto Webber tirou o dedo e venceu com direito a melhor volta, Vettel se manteve confortavelmente em segundo mesmo com um problema no câmbio.

Desde o começo do final de semana todos se focaram na chuva que cairia durante a corrida. Passou a sexta-feira, o sábado, domingo de manhã e nada da chuva aparecer. Mesmo com as nuvens escuras em direção a represa, como fala Galvão, a chuva não deu as caras e talvez por isso a corrida não foi tão agitada como se imaginava. A Red Bull nadou de braçada, primeiro com Vettel, depois com Webber. Mesmo com um câmbio novo, Vettel teve problemas na caixa de marchas ainda no início da prova e não fez seu script normal, onde dispara, administra e só por brincadeira, consegue a melhor volta da corrida, também para mostrar quem manda. O alemão perdia rendimento com a perda progressiva da 2º e 3º marchas, tendo que deixar Webber assumir a primeira posição e passar o bastão ao australiano, que assumiu a ponta e continuou o show da Red Bull, com Mark disparando, administrando e conseguindo a melhor volta no final. Isso mostra a capacidade de Webber, mas por várias circunstâncias, essa demonstração veio de forma tardia, lhe garantindo apenas o 3º lugar no Mundial de Pilotos. Vettel não estava como Senna em 1991, como chegou a comentar no rádio, mas sua perseverança durante a prova mostrou que ele não é do tipo que desiste fácil e se manteve em segundo, tendo que superar todas essas adversidades. Não foi uma vitória como as onze desse ano, mas essa prova em Interlagos talvez seja tão marcante para Vettel como um dos seus vários triunfos desse ano.

Jenson Button confirmou o vice-campeonato com mais uma corrida cerebral, mas o inglês foi merecedor da posição no campeonato com mais um pódio e uma corrida pensada. Ultrapassado de forma até mesmo vexatória por Alonso, Button não se assustou e ele tratou de segurar o ímpeto de Hamilton. Conseguido este objetivo inicial, Button passou a se concentrar em Alonso. Todos sabem que a Ferrari não gosta muito dos pneus com banda branca e quando o espanhol calçou esses pneus, Button, também com os pneus médios, partiu para cima de Alonso e ultrapassou o asturiano usando a asa traseira na reta oposta e reconquistou o terceiro lugar. Não falta gente quem compara Button com Alain Prost e a cada diz que passa, as semelhanças com o francês ficam mais claras. Se a Red Bull teve um script esse ano, a Ferrari também passou pelo seu. Alonso fazia mais que o carro lhe permitia e assumiu boas posições, na frente de um ou dois carros de McLaren e Red Bull. Porém, quando Alonso colocava os pneus duros do final de semana (esse fato foi mais concreto com os pneus médios) no final da corrida, o espanhol sempre perdia rendimento e alguma posição. Foi assim em Interlagos, após um início de corrida forte, onde Alonso ultrapassou de forma arrojada Button no Laranjinha, mas ficou sem pai nem mãe quando foi atacado pelo próprio inglês no final da prova com pneus médios. Foi uma baita derrota para Alonso e para a Ferrari, pois se brigava pelo vice-campeonato antes da corrida, Alonso saiu de Interlagos em quarto lugar no campeonato, com a Ferrari claramente como terceira força do campeonato, atrás de Red Bull e McLaren. Felipe Massa foi discretíssimo, mesmo escolhendo uma estratégia diferente de duas paradas, mas como a Ferrari é claramente a terceira força do campeonato, o brasileiro não foi atacado pelos que vinham atrás e ainda se livrou de se estranhar novamente com Hamilton, quando este, também apagado pelo o que fez na sexta-feira e em Abu Dhabi, quando o piloto da McLaren quebrou o câmbio. Assim como a Ferrari, Hamilton espera ansiosamente por 2012!

Atrás das equipes top-3, o destaque ficou com Adrian Sutil, que superou a Mercedes de Nico Rosberg e ficou com a sexta posição, seu melhor resultado do ano. A Force Índia foi a equipe que mais cresceu durante o ano a ponto de superar a Mercedes, que tem o mesmo motor, mas com um investimento enorme por trás. Paul di Resta não foi tão marcante quanto Sutil, mas foi tão eficiente quanto o companheiro de equipe, marcando pontos importantes. Rosberg conseguiu um bom treino e parecia que incomodaria a Ferrari, mas quando perdeu a sexta posição para Massa, o alemão desapareceu e ainda foi ultrapassado por Sutil numa bonita briga entre os alemães. Já Michael Schumacher participou do momento mais polêmico da corrida quando furou o pneu após uma disputa com Bruno Senna e foi o brasileiro que foi punido. Foi muito interessante ver uma briga “SCH” contra “SEN” e talvez por isso os dois se animaram demais e se tocaram duas vezes, mas numa demonstração o quanto a FIA e seus comissários estão pegando pesado demais, resolveram punir Bruno, que realmente fez a curva do S do seu tio mais aberto que o necessário e tocando no heptacampeão. Mas vá lá, corrida é isso e ele não merecia a punição, que destruiu sua corrida, ficando atrás até mesmo da Lotus de Kovalainen. Uma lástima para quem queria um grande resultado para mostrar serviço para a sua equipe e ficar na F1 em 2012. Quem não tinha nada com isso era Petrov, que se aproveitou dos infortúnios do companheiro de equipe e com uma prova sólida, conseguiu marcar um pontinho com a decadente Renault, que pela última vez usou esse nome. Pela tradição da montadora francesa, essa despedida foi ainda mais melancólica...

Se não foi tão espetacular como em outros tempos, Kamui Kobayashi pelo menos foi eficaz a ponto de conseguir um nono lugar com a Sauber, que vinha decepcionando nas últimas provas, mas que conseguiu desempatar na briga com a Toro Rosso, que colocou seus dois pilotos logo atrás da zona de pontos. Dos 27 pilotos que competiram em 2011, com certeza os mais pressionados foram Jaime Alguersuari e Sebastien Buemi, que tiveram que provar que merecem um lugar na Toro Rosso e na F1, mesmo com o time sempre pensando em Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne em 2012. Alguersuari terminou a corrida e o campeonato na frente de Buemi, mas isso nem sempre é garantia de algo para eles. Ninguém sabe o que a vovó Barrichello disse a Rubens, mas se o piloto da Williams esperava por chuva, caiu do cavalo e a péssima largada foi o início do calvário do paulistano. Terminando a prova apenas em 14º, uma à frente de Schumacher, são grandes os indícios que Barrichello tenha feito hoje sua corrida final na F1. Uma pena para um piloto com uma carreira tão bonita, mesmo sem ter sido gloriosa ou vitoriosa, como alguns dizem por aí. E a boa corrida de Sutil, agora favorito para o lugar de Barrichello, não ajudou muito o brasileiro na briga por um lugar na F1 ano que vem. A Lotus, que se chamará Caterham na próxima temporada, mostra a sua evolução com seus pilotos andando cada vez mais misturados com os carros das equipes médias. No próximo ano, não deverá ser impossível um novo salto da equipe de Tony Fernandez e brigar mais forte lá na frente, enquanto Virgin e Hispania se digladiam para não ficaram com a última posição.

E assim terminou a temporada 2011 da Formula 1. Vettel foi o nome do ano, mas não levou a última corrida do ano, ficando com Webber, que saiu do zero em número de vitórias, mas não diminuiu a decepção que foi a temporada do australiano. Button e Alonso fizeram muito este ano, enquanto Hamilton e, principalmente Massa, ficaram devendo. A Mercedes ainda não chegou forte como todos esperavam e a Renault mudará de nome e de atitude para voltar aos bons tempos de Kubica, que não voltará mais em 2012. O Brasil corre o risco de ter apenas um decadente Massa no próximo ano, o que torna perigoso o futuro brasileiro na categoria. Contudo, agora a F1 descansa para se preparar para 2012. Para mim, assim como para muitos, o ano terminou hoje. O resto é só complemento. E só retornará quando os motores roncarem em Melbourne, em março de 2012. E, se Deus quiser, estaremos acompanhando tudo!

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