domingo, 13 de novembro de 2011

À la Vettel

Quando Sebastian Vettel apareceu rodando, com o pneu traseiro direito furado, ainda nas primeiras curvas, houve a esperança de que a vitória seria bastante disputada e Abu Dhabi finalmente teria corrida disputada. Porém, Lewis Hamilton se transverteu em Vettel e dominou a corrida no emirado da mesma forma como Vettel fez ao longo do ano, jogando para escanteio sua crise dentro e fora da pista, dedicando o triunfo a sua mãe. Levando-se em conta a média das duas corridas realizadas em 2009 e 2010, a edição de 2011 da prova em Abu Dhabi foi disparada a melhor, com muitas ultrapassagens, trocos e disputas, mas não nos lembraremos da corrida realizada no crepúsculo como uma das melhores da temporada 2011, que vai chegando ao final de forma meio aborrecida.

Não restam dúvidas que Hamilton foi muito ajudado pelo problema de Vettel ainda nas primeiras curvas, já que o alemão da Red Bull já abria uma diferença considerável ainda na largada, antes de um problema ainda não identificado ter furado o pneu da Red Bull e provocado o abandono de Vettel, mas o inglês da McLaren foi sempre um dos mais rápidos no final de semana e não deu chance aos seus rivais, emulando as impecáveis corridas de Vettel. Claro que todos lembrarão os problemas que Hamilton teve ao longo do ano, mas o inglês mostrou hoje que é capaz de vencer corridas com categoria, mas sua falta de foco nos últimos tempos, principalmente devido a fatos extra-pista, fizeram com que Hamilton não nos emocionasse da mesma maneira como fez no começo de sua carreira na F1. Talvez essa vitória seja um indício de um 2012 melhor para Hamilton, o que garantiria o espetáculo das corridas no próximo ano. Jenson Button teve a corrida decidida quando foi ultrapassado de forma agressiva por Fernando Alonso ainda na primeira volta e não foi capaz de seguir o ritmo do espanhol. Apesar da ótima fase em 2011, Button não é capaz de enfrentar em nível de velocidade pura Hamilton (esse num bom dia) e Alonso, mas o inglês não perde oportunidades de fazer o máximo possível e ficou com o 11º pódio da temporada, vencendo uma disputa com Webber e Massa.

Mark Webber ficou de fora do pódio mais uma vez e não foi um pedaço de plástico no fundo do seu carro que o atrapalhou. A verdade é que após exatamente um ano de ter perdido a chance de sua vida, Webber nunca mais foi o mesmo e seu lento declínio deverá atingir o ápice no próximo ano, provavelmente sua última temporada na F1. Uma coisa que me chamou a atenção no abandono de Vettel foi o quanto ele é integrado a equipe e presta atenção nos mínimos detalhes. Primeiro, ele se irritou quando o mecânico fez aquele gesto característico de que a corrida havia terminado para ele. Depois, ao invés de trocar de roupa e ficar no seu quarto de hotel após dar um sorriso de despedida para a câmera, Vettel se agachou com os mecânicos para saber o porquê do seu abandono, procurou algo na telemetria e passou a resto da corrida no pit-wall, com os fones colocados e prestando atenção em tudo a sua volta. São pequenos gestos que mostram um piloto atrás de melhorar nos mínimos detalhes e de que podemos estar presenciando uma nova era de um piloto alemão no futuro. Alonso fez, como usual, mais do que sua Ferrari permitia e após ultrapassar Button na primeira volta, ficou sombreando Hamilton o resto da corrida, mas como o inglês não deu brechas, Alonso se conformou com o segundo lugar e se garantiu ficar numa briga mais próxima com Button pelo vice-campeonato. Pouco para o ego de Alonso, mas uma enormidade pelo carro que o espanhol tem em mãos. Já Felipe Massa brigou pelo terceiro lugar com Webber e Button, mas uma rodada já no fim da prova pôs tudo a perder e o Brasil corre o seriíssimo risco de terminar 2011 sem pódios.

A Mercedes ficou no seu lugar de sempre, mas por pouco seus pilotos põem tudo a perder com uma briga muito forte entre Rosberg e Schumacher na primeira volta, com vantagem do alemão mais jovem, que assim ficou a corrida inteira. Schumacher ainda ficou um bom tempo atrás de Sutil, mas o heptacampeão mundial conseguiu o sétimo lugar na base da estratégia. Assim como a Mercedes, a Force Índia se consolida como quinta força, mesmo que dificilmente tire a diferença de pontos para a Renault em Interlagos, com Sutil e Di Resta, este numa estratégia diferente, ficando na zona de pontos, da mesma forma que passaram pelo Q3 ontem. Já a Sauber começou a corrida tendo problemas, com seus dois carros indo aos boxes e caindo para as últimas posições, mas na base da estratégia, pôs seus dois carros logo atrás da Force Índia, com Kamui Kobayashi se utilizando melhor dos pneus e ficando com o último lugar pontuável da noite, ao superar Pérez já no final da prova. Após uma arrancada muito forte, a Toro Rosso parece ter estacionado e Buemi, coitado, parece cada vez mais próximo de ter seu lugado ejetado para a entrada de Daniel Ricciardo. A Renault é a grande decepção nesta segunda metade da temporada, com corridas sofríveis dos seus dois pilotos e nenhuma esperança de melhora para a corrida caseira de Bruno Senna, principal chamariz da corrida daqui a quinze dias. Rubens Barrichello fez uma bela corrida de recuperação e quase beliscou um pontinho, mas apesar de grande corrida hoje, sua insistência em ficar na F1 vem sendo cada vez mais injustificada. A Lotus já tem uma enorme vantagem sobre as demais equipes novatas e se prepara para chega ao pelotão intermediário, tendo a Williams como principal alvo. Porém, o time de Tony Fernandes precisa trocar de pilotos urgentemente, pois o abismo entre Kovalainen e o desmotivado Jarno Trulli já é grande demais para não se enxergar.

A corrida de hoje mostrou o quão a F1 está estanque, com as equipes ficando com seus pilotos juntos nas posições em que largaram. Após as três grandes, com Felipe Massa sempre em último lugar, vem sempre, na ordem, Mercedes, Force Índia e Sauber. Williams, Renault e Toro Rosso misturadas, bem à frente da Lotus, que também está bem na frente de Virgin e Hispania. O que resta para a prova de Interlagos é se Vettel realmente conseguirá quebrar o recorde de Mansell de poles e se a McLaren realmente já está no nível da Red Bull.

Um comentário:

Matheus Darswik I disse...

Perdoem-me os jovens admiradores de Hamilton,os que sabem compreender uma crítica de forma razoável e lógica,mas vejo este jovem como um automobilista medíocre mentalmente,de técnica comum e dotado de forte velocidade,não mais do que isto.
Um êxito simples,comum e vulnerável de um legítimo sucessor mental de Nigel Mansell.
E os jovens Fernando Alonso e Jenson Button operaram conduções espetaculares com seus limitados bólidos nesta etapa.