domingo, 6 de abril de 2008

Oh! Saudades


Após doze anos de separação, uma corrida como a de hoje mostra que a cisão entra a CART (hoje Champ Car) e a IRL foi uma besteira monumental. Ao contrário da semana passada, as equipes da Champ Car passaram por cima do desconhecimento do chassi e andaram igual para igual com as equipes da IRL e Graham Rahal, da Newman-Hass-Lanigan, venceu sua primeira prova na F-Indy unificada, já que não participou da primeira etapa, por causa de um acidente nos testes.

A etapa em St. Petersburg foi agitada pela chuva no início, pelo secamento da pista no meio e pela estratégia no final. Foi a típica corrida maluca que tudo mundo gosta de ver e prega os olhos na tela. Tony Kanaan liderou o ínicio da prova, mas estratégia errada de sua equipe o deixou para trás, juntamente com Hélio Castroneves, que o seguia de perto. Com a pista secando, apesar das nuvens negras prontas para despejar mais chuva, vários pilotos arriscaram colocar pneus slicks e foi assim que Enrique Bernoldi e, principalmente, Ernesto Viso foram para frente, com destaque para o venezuelano, que estréia nos Estados Unidos.

No final, com o abandono do desastrado Ryan Briscoe, Graham Rahal se aproveitou de uma estratégia diferente para liderar no final e agüentar bem os ataques de Castroneves, que fez várias ultrapassagens no final. Tony Kanaan foi na balada do piloto da Penske e garantiu o lugar no pódio, enquanto Vitor Meira se envolvia num acidente com o novato Franck Perera, para revolta do brasiliense. Bernoldi andou na frente e chegou num ótimo sexto lugar para sua pequena equipe, enquanto Bruno Junqueira abandonou discretamente e Mário Moraes só foi visto colocando a ruinzinha da Danica Patrick para fora da pista.

Porém, o que me deu saudades foi ver equipes como Newman-Hass e Penske brigando pela ponta novamente, uma corrida bem disputada e com alto nível técnico. Para completar, o filho de um dos pilotos mais carismáticos do auge da F-Indy, Bobby Rahal, venceu a prova, se tornando o mais jovem piloto a vencer na história da Indy. Por que será que demoraram tanto para reunificar hein?

Até quando?


Frases como "Felipe calou a boca dos críticos", "Massa dá a volta por cima rumo ao título" e até mesmo o Galvão dizendo que "essa foi para as pessoas que quiseram tirar o Felipe da Ferrari" povoarão sites, jornais e revistas nos dias subseqüentes ao Grande Prêmio do Bahrein, mas a vitória do Massa confirma algo que venho observando desde que o brasileiro chegou na Ferrari: a sua incrível inconstância. Seu triunfo de hoje foi incontestável, sem ter o que pôr, nem o que colocar. Vitórias como a de hoje motivam a torcida e dá muita moral para Massa, mas essas "voltas por cima" não produzem um campeão e se quiser ser conquistar um campeonato, Massa terá que evitar "calar a boca dos críticos" e realizar provas como a de hoje em, pelo menos, 90% da temporada. E os 10% de corridas ruins já foram gastos por Felipe!

A corrida de hoje foi muito parecida com a da Malásia, com as parcas emoções acontecendo no início da prova e grande parte da corrida sendo uma grande procissão de alta velocidade, com raríssimas ultrapassagens ocorrendo na pista. Porém, se houve um diferencial com relação as duas primeiras corridas de 2008, foram os primeiros erros claros de largada. E foram decisivos para a grande moleza vista por Massa hoje. Kubica e, principalmente, Hamilton erraram redondamente na partida e praticamente entregaram a corrida fácil para Massa, que ainda deve estar com cheiro do seu desodorante em seu macacão vermelho. O único momento, e ainda assim muito de leve, de perigo à vitória de Felipe foi a ultrapassagem de Raikkonen em cima de Kubica na segunda volta. Com o finlandês na segunda posição, ficou a promessa de uma disputa entre os pilotos ferraristas, contudo Massa tinha a corridas nas mãos e apenas administrou da primeiro a última volta. Raikkonen, ao contrário de todos os testes em Sakhir neste final de semana, andou no mesmo ritmo de Felipe, mas Kimi foi atrapalhado duas vezes por retardatários, em especial Kazuki Nakajima e teve que se conformar com a segunda posição.

Massa venceu a prova e seus primeiros pontos o colocaram na sexta posição na Classificação, nove pontos de desvantagem para o seu companheiro de equipe Raikkonen, que já pinta como favorito ao título. Hoje não deu para vencer? Chego em segundo então! É assim que um campeão faz em situações como a de Kimi hoje, não precisando de corridas salvadoras. A BMW mostrou que é, sem sombra de dúvidas, a terceira equipe de ponta deste Mundial e a primeira vitória se aproxima a passos largos. Kubica foi o único capaz de andar minimamente próximo das Ferraris durante a prova, mas sua aproximação em cima de Kimi no final da prova foi por pura precaução dos vermelhos, que reduziram a rotação dos motores para chegarem até o fim. Porém, não há como negar a evolução da marca bávara, que assumiu hoje a liderança do Mundial de Construtores pela primeira vez na curta vida da equipe e vê em Robert Kubica um campeão em potencial. Já pensou esse polonês numa Ferrari?

A grande decepção deste final de semana foi, com certeza, Lewis Hamilton. E se o queridinho não vai bem, toda a McLaren afunda junto. Mesmo com a melhor volta da corrida ficando para Heikki Kovalainen no final, o finlandês não conseguia acompanhar o ritmo de Nick Heidfeld após levar uma ultrapassagem até mesmo desmoralizante do alemão da BMW no início da prova. Kova chegou a ser levemente pressionado pela Toyota de Jarno Trulli, mas com uma estratégia diferente acabou disparando no final e chegando, mais uma vez, à frente de Hamilton, empatando com o primeiro piloto da equipe no Campeonato de Pilotos. Após o seu problema na largada, Hamilton se alojou atrás da Renault. "De quem será?" pensou Hamilton. Quando viu que era seu "amado" ex-companheiro de equipe, Hamilton viu tudo vermelho e cometeu a grande barbeiragem do dia, ao acertar a traseira da Renault do espanhol e jogar sua corrida fora. Hamilton fez sua obrigação ao ultrapassar carros como Super Aguri e Force India, mas demorou algumas vezes em efetuar a manobra sobre carros tão lentos e teve que se contentar com uma obscura décima terceira posição, levando voltas de Ferrari e BMW. Essa é a segunda péssima corrida consecutiva do inglês, que não apenas perdeu a liderança do campeonato, como vê a superioridade da Ferrari e chegada forte da BMW. Sem contar Kovalainen mordendo seus tornozelos!

O "resto" da F1 não foi dos mais animados e Jarno Trulli, mais uma vez, liderou a "segunda divisão" com uma boa sexta posição, logo atrás das três equipes grandes (menos Hamilton). A Toyota mostrou grande evolução em comparação ao ano passado e Timo Glock completou sua primeira prova nessa sua reestréia na F1, mas fora dos pontos. Mark Webber fez uma boa largada e se aproveitando de ter largado com a estratégia que lhe desse na telha, fez o seu dever de casa e marcou pontos pela segunda corrida consecutiva, na sétima posição. Bem ao contrário do seu companheiro de equipe. Após uma primeira volta muito confusa por causa do forte vento que trouxe areia para dentro da pista, Coulthard foi uma das vítimas dos vários toques e parou nos boxes. Em ante-penúltimo, Coulthard passou a ser pressionado pela Honda de Jenson Button e numa disputa bem britânica, o escocês se esqueceu de olhar nos retrovisores mais uma vez e acertou o seu quase compatriota, tirando-o da corrida e depois David se arrastou na pista, chegando na penúltima posição. Foi o segundo acidente polêmico de David em apenas três corridas. Passou da hora de Coulthard se aposentar.

E falando em aposentadoria, Barrichello fez uma prova bem discreta hoje e mostrou que a chance que lhe foi dada em Melbourne de marcar pontos pode ter sido única. Prestes a bater o recorde de Riccardo Patrese, Barrichello segue sua sina de não marcar pontos e corre o sério risco de não se aposentar, mas, isso sim, ser aposentado! Após levar a pancada de Hamilton ainda na segunda volta, Alonso parecia ter seu Renault ainda mais desequilibrado e sofreu a prova toda, tendo que brigar com a Toyota de Timo Glock, com alguns lances de emoção, mas após perder a posição para o alemão nos boxes, não conseguiu mais ultrapassar o tedesco e teve que se conformar com a décima posição, sofrendo muita pressão de Barrichello no final, pela primeira vez não marcando pontos em 2008. Algo que deve se repetir bastante vezes, se a Renault continuar assim. Nelsinho Piquet sinalizou problemas de câmbio ainda na volta de apresentação e não dá para identificar se a sua rodada não foi por esse motivo, mas o abandono foi, com certeza, pelo câmbio. Porém, Nelsinho vem andando no ritmo de Alonso nas últimas provas e mostrou evolução, mas o carro que tem não lhe permite muitos sonhos.

Ao contrário dos tempos conseguidos nos treinos livres, a Williams mostra que está longe de ser a terceira e até mesmo a quarta força do campeonato. Rosberg marcou o último pontinho deste Grande Prêmio, mas foi um dos primeiros a parar e teve sorte que a briga entre Glock e Alonso ter entretido os dois, pois ficou longe do Williams. Kuzuki Nakajima vem mostrando que puxou ao pai no pior sentido, pois não mostrou velocidade e atrapalhou Raikkonen e Kubica em oportunidades chaves da corrida e ainda levou uma bela ultrapassagem de Hamilton no final da prova, quando levava uma volta de Heidfeld. Pouca velocidade e pouco jeito. Bourdais fez uma corrida discretíssima e só foi visto quando foi ultrapassado por Piquet no início da prova, enquanto Vettel acabou sendo a única vítima terminal da primeira volta, mas a Toro Rosso terá que estrear logo o seu carro novo, se quiser andar mais à frente. Fisichella fez uma grande largada e andou boa parte da prova à frente de Barrichello, mas foi ultrapassado no primeiro pit-stop e por lá ficou, ficando à frente de Hamilton, Nakajima e cia. Boa corrida de Fisico! Ao contrário de Sutil, único que levou duas voltas na corrida e vem fazendo uma temporada pavorosa! Como parâmetro, o alemão chegou atrás das duas Super Aguri!

Com relação a transmissão da corrida de hoje, claro que não vi a cara do trio Galvão-Reginaldo-Burti, mas deu para sentir um sorrisinho de revanche na cara dos três, principalmente em Galvão e Burti, que em várias oportunidades deram a entender que a belíssima corrida de Felipe era para mim e para todas as pessoas que criticaram Felipe após Sepang. Agora fica a pergunta: Quando Massa errar, terei que passar a mão na cabeça dele? No way! Falando em Massa, bem que ele poderia ter se casado com alguém mais simpática, concordam? Reginaldo Leme lembrou durante o pódio que a sexta vitória de Massa o igualava a Jacky Ickx e Gilles Villeneuve, mas comparar Felipe Massa com essas duas lendas, mesmo com o mesmo número de triunfos, é o mesmo que comparar Jesus Cristo com Genésio!

Com a F1 se aproximando da temporada européia, o campeonato vai ficando tão emocionante como no ano passado, mas se a McLaren não se recuperar nas próximas provas, o campeonato poderá se tornar um show solo da Ferrari, pois ainda não vejo a BMW em condições de enfrentar a scuderia de Maranello por um campeonato. E se o campeonato se tornar um match-race entre Raikkonen e Massa, pela constância de um e o pisca-pisca de outro, sou mais Kimi!

sábado, 5 de abril de 2008

Por um nariz!


Estava tudo dando certo para Felipe Massa. O piloto da Ferrari não apenas comprovava a superioridade da equipe, como também estava léguas à frente dos demais pilotos, até mesmo Kimi Raikkonen. Na Q2, onde os carros podem andar com pouco combustível, Massa não precisou de pneus moles para ser meio segundo mais rápido do que qualquer piloto, de qualquer equipe. Somente um erro ou uma estratégia diferente poderiam tirar a pole de Felipe. Mas quando a fase não é boa, as coisas parecem não conspirar muito a favor e Felipe conseguiu errar em sua volta mais rápida e ainda viu Kubica marcar a primeira pole da BMW, graças, provalmente, a um carro mais leve. Juntando tudo isso, Kubica superou Massa por menos de três centésimos de segundo. Ou seja, por um nariz!

A cara feia de Massa nas fotos após o Classificação de sábado não é maior do que a própria cara feia de Kubica! Quando meu pai viu Kubica pela primeira vez a primeira impressão que teve foi exclamar: Oh, ventão! Mas da mesma maneira que tem um narizinho para lá de avantajado, Kubica vem mostrando que seu talento, decantado por muitos, é mais do que genuíno e tem o pé pesado. O polônes vem sendo o melhor Qualificador deste ano, colocando seu BMW na primeira fila pela segunda vez em três corridas e mesmo não sendo tão veloz em ritmo de prova, Kubica vem mostrando que pode dar muito trabalho daqui para frente. Na minha opinião, o verdadeiro ritmo da BMW é o de Heidfeld, que ficou logo atrás de McLaren e Ferrari, mas o alemão teve problemas nas duas últimas partes da Classificação e chegou a recolher o seu carro na Q3. Porém, o mais embaraçoso é ter levado seis décimos do seu companheiro de equipe, mesmo, teoricamente, ter um carro mais pesado.

Felipe Massa e a Ferrari pareceram aquele personagem da "Escolinha do Professor Raimundo", que sempre acertava as duas primeiras perguntas, mas quando era para "tirar o dez", dizia algo totalmente sem nexo e acabava com o famoso zero do famoso personagem de Chico Anysio. Massa dominou os treinos em Sakhir de uma forma até mesmo assombrosa, deixando Raikkonen e os demais pilotos no chinelo, mas um erro lhe custou a segunda pole da temporada e uma vitória parecia estar mais do que certa. Mesmo sabendo que seu carro, teoricamente, está bastante pesado, a cara feia de Massa se deve ao pequeno erro que o tirou a posição de honra amanhã. Porém, se Massa usar a cabeça avantajada dele, ele deverá vencer sem muitos dramas amanhã, pois a outra Ferrari, do opaco Kimi Raikkonen, pelo menos neste final de semana, saíra apenas na quarta posição.

A McLaren pode não ter dominado como fez em Melbourne, mas ao menos não fez um papel tão feio como previsto. Mesmo após ter sofrido um acidente muito forte ontem, Hamilton conseguiu um lugar na segunda fila e ficou a menos de dois décimos da briga pela pole. O inglês também vem mostrando ser muito forte nas Classificações, mas suas travadas podem prejudicar bastante seus pneus e, principalmente, os freios, muito exigidos no desértico circuito do Bahrein. Kovalainen andou na frente de Hamilton em todo o final de semana, mas foi outro que na hora do "vamos ver", foi superado pelo companheiro de equipe, mas vale ressaltar que o finlandês normalmente está largando com mais combustível do que Hamilton e hoje pode ter acontecido o mesmo.

Na briga pelo resto, Williams e Toyota brigaram pela sétima posição e o italiano, na melhor temporada dele em anos, superou Nico Rosberg, que tinha andado muito forte no dia de ontem. Jenson Button e Fernando Alonso, que conseguiram seus passaportes para a Q3 com muito sacríficio, não foram um fator determinante na última parte da Classificação e dividirão a quinta fila. Os companheiros de equipe de ambos, Nelsinho e Rubinho, ficaram próximos dos seus colegas de teto, mas não conseguiram supera-los na Q2. Porém, Nelsinho vem mostrando que está se acostumando cada vez mais com a F1 e em boa parte desse final de semana andou na frente de Alonso. Talvez a maior experiência de Alonso lhe valeu o melhor tempo na Q2, já que o espanhol sabe extrair mais do carro em uma situação crítica.

A Red Bull vem sendo a grande decepção até agora, com Mark Webber ficando de fora pela segunda vez em três provas da Q3, algo bastante incomum, e David Coulthard contando com a vexame de ter ficado ainda na Q1. Porém, Sebastien Bourdais finalmente andou na frente do seu xará Vettel e colocou o carro da Toro Rosso na Q2, ao contrário do seu jovem companheiro de equipe. Se Timo Glock ao menos ficou próximo de passar para a Q3, Nakajima ficou longe de acompanhar Nico Rosberg e largará bem atrás do seu companheiro de equipe, apesar do japonês ter andado próximo do alemão dos treinos livres. A Force India continua seu destino de ficar próximo de passar para a Q2 e não conseguir. Fisichella já coloca um 3 a 0 na cabeça de Sutil, que nem de longe vem repetindo suas boas atuações do ano passado. A Super Aguri só apareceu na bandeira vermelha provocada por Takuma Sato e fez o japonês ser superado pela primeira vez no ano por Anthony Davidson, que em compensação andou até mesmo próximo de Sutil.

Mesmo com a histórica pole de Kubica ter sido, muito provavelmente, conseguida através de um carro bastante leve, não dá para negar toda a velocidade e talento do polonês. Porém, sigo com a impressão que a vitória é de Massa. Não me perguntem o porquê, mas tô com isso na cabeça e também no que o Galvão vai dizer, já começando por hoje, quando comparou a situação vivida por Massa esse ano e Hamilton ano passado. A minha resposta para isso é muito simples: Hamilton ao menos chegou brigando pelo título no final, enquanto um piloto que erra duas vezes no começo dificilmente chegará no final do campeonato almejando algo.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Opinião minha


Tenho uma sensação que Massa vencerá no domingo. Não tem nada a ver pelo melhor tempo conquistado hoje, é apenas um feeling. No ano passado Massa apanhou da imprensa italiana por muito menos e deu a volta por cima e acho, apanhando até mais, ele pode vencer no Bahrein, repetindo o feito de 2007.

Num treino dominado pela Ferrari e não assistido por mim, a única coisa que pode ser dita é que os vermelhos dominarão no desértico circuito e acho que Massa deverá vencer. Não é prognóstico à Eurico Miranda. É apenas um achismo. E esse é o grande problema de Massa. Ele não tem uma constância, sempre tendo que "calar a boca dos críticos" e depois decepcionar novamente. Quando a coisa aperta para o brasileiro, vem uma vitória salvadora e tudo volta aos conformes. Isso pode levantar a torcida, mas não produz um campeão e Kimi sorri á vontade com isso.

Uma das chances de Massa para uma reviravolta no campeonato seria uma reação da McLaren, algo que está bem difícil de acontecer, principalmente após a pancada de Hamilton hoje à tarde. Como falou Alonso em sua entrevista ao jornal espanhol As, a McLaren vive em torno de Hamilton e se o queridinho não andar bem... Hasta la vista, baby!

A BMW andou mal novamente, o que não é uma grande novidade nesse começo de ano, mas Kubica mostrou que a equipe bávara tem chances de voltar a incomodar, pois o polonês foi sexto no dia de hoje, quando o normal da BMW é ficar de décimo para trás. Posição essa ocupada constantemente pela Renault de Alonso, que sofreu um acidente besta durante os treinos e ainda ficou atrás de Nelsinho, que aos poucos começa a andar no mesmo nível do seu colega de equipe. Enquanto isso, Barrichello vê a Honda se aproximar, aos poucos, do nível alarmante do ano passado.

Quando cheguei em casa, assisti a reprise do "Redação Sportv" para ver o resumo dos treinos livres e vi um exultante Lito Cavalcanti praticamente cravando Felipe Massa como vencedor após sua grande volta na segunda sessão de treinos. Pesquisando com mais calma na internet, percebe-se que Massa treinou com pouquíssimo combustível, enquanto Raikkonen treinou com acerto de corrida. Não vou pelo ufanismo do Lito - que na emoção disse "não vi erro de Massa em Sepang" (ai,ai,ai) -, mas tendo a concordar com ele. Mas como eu já disse, é apenas um sentimento.

Porém, o grande assunto deste final de semana segue sendo as aventuras sexuais de Max Mosley. Como já tinha dito, o problema desse escândalo não é a apelação sexual do caso, mas a falta de moral de Max terá a partir de agora. Quando a FIA aplicar uma punição em alguém, quem não pensará em Max com o bumbum de fora dizendo : "Come on, kick my ass, bicht!"? As equipes alemãs e japonesas praticamente já pediram a cabeça de Mosley num bandeja de prata, mesmo pedido foi feito pela ADAC, representante alemã na FIA, enquanto o princípe do Bahrein praticamente mandou Mosley ficar em casa nesse fim de semana. As coisas estão só piorando para o lado de Max...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Christian

É irônico quando o filho de um dos maiores especialistas em segurança de automóveis se torne um piloto de corridas, mas Christian Danner se tornou mais uma esperança alemã dos anos 80 e mesmo sem ter o brilho do contemporâneo Stefan Bellof, Danner entrou para a história do automobilismo ao se tornar o primeiro campeão do Campeonato Europeu de F3000, mas isso não garantiu uma passagem brilhante na F1. Completando 50 anos no dia de hoje, vamos conhecer um pouco mais da carreira de Danner.

Christian Danner nasceu no dia 4 de abril de 1958 em Munique, Alemanha. Desde cedo o pequeno Christian tinha contato com carros, pois seu pai, o Professor Max Danner, era um dos maiores especialistas em segurança automobilística, foi o pioneiro nos estudos de "crash-tests" e fez várias campanhas para a segurança nas estradas. Por isso que foi irônico ver Christian Danner se tornar um piloto de corridas, mesmo que tardiamente. Ao contrário do habitual, Danner começou a correr em carros de turismo, nos Campeonato Europeu e Alemão de Renault 5 Turbo, aos 19 anos de idade. Nos pequenos carros, Christian era conhecido por ser um piloto muito agressivo e por sofrer alguns acidentes (mais ironia...), mas conseguiu um segundo lugar no seu primeiro Campeonato Alemão, em 1977.

Após passar três anos correndo de Renault, Danner foi convidado por Manfred Cassani para correr em um BMW M1 no Campeonato Alemão do Grupo 4 em 1980. Junto a isso, Danner também participaria de parte do Campeonato da Procar, um certame de apoio à F1 e que teve como campeão em 1979 Nelson Piquet, já com o brasileiro como piloto da Brabham. Fora das pistas, Danner tentava seguir a carreira do pai e estudava Engenharia Mecânica (gostei dele!), mas as boas atuações de Christian chamaram a atenção do chefe da BMW Motorsports, Dieter Stappert. A Alemanha sofria com a falta de talentos e mesmo sem ter qualquer experiência anterior com monopostos, Danner foi colocado na equipe oficial da BMW na F2, com um chassi March. A primeira temporada do alemão na F2 foi muito ruim, principalmente se comparado aos seus companheiros de equipe Thierry Boutsen, Corrado Fabi, Johnny Cecotto e Beppe Gabbiani.

Enquanto corria de F2, Danner também participava do Campeonato Alemão de Turismo com a BMW e quando a montadora deixou a F2 no final de 1983, Danner ficou numa encruzilhada. Ficar fiel à BMW e permanecer como piloto oficial da montadora nos Campeonatos de turismo ou continuar sua empreitada nos monopostos. Danner fez uma temporada boa em 1983 no Campeonato Europeu de F2, conquistando um segundo lugar em Hockenheim e conseguindo uma pole no velho circuito de Nürburgring quebrando o recorde para a F2 naquele circuito, lhe rendendo até um teste com a equipe Brabham-BMW. Talvez querendo um desafio maior na carreira, Danner preferiu se juntar ao chefe de equipe Bob Sparshott e disputou o que seria o último Campeonato Europeu de F2. Ao contrário do seu início de carreira, Danner se mostrava mais constante e se não mostrava uma velocidade estonteante, procurava chegar ao final de todas as corridas. Numa temporada dominada pela equipe oficial da Ralt, com motores Honda, Danner terminou em quinto lugar, num certame vencido pelo neozelandês Mike Thackwell, que derrotou seu companheiro de equipe Roberto Moreno.

No final de 1984, poucos carros participaram do Campeonato de F2 já se preparando para a nova categoria-escola do automobilismo mundial. A F3000 permitiria que os jovens pilotos da época pudessem ter contato com antigos carros de F1 e muitas equipes da F2 migraram para a nova categoria, como foi o caso da equipe de Bob Sparshott e Christian Danner. Mesmo tendo sido campeão no ano anterior da F2, Thackwell não tinha impressionado em sua passagem na F1 no início dos anos 80, quando se tornou o piloto mais jovem a disputar uma corrida na categoria, recorde até hoje não batido, e também participaria do novo campeonato, ainda como primeiro piloto da equipe Ralt. Thackwell era o favorito e realmente era o mais rápido naquele ano, inclusive vencendo a corrida inaugural em Silverstone, mas Danner usou sua constância para contrapor à Thackwell. Enquanto o neozelandês ora ganhava, ora quebrava, Danner fazia o possível para chegar nos pontos e no final do campeonato tinha apenas uma vitória em Pau, na França. E era o vice-líder, mas numa arrancada surpreendente, Danner consegue duas vitórias em Zandvoort e Donington Park e se torna o primeiro campeão da F3000.

O bom desempenho de Danner já tinha chamado a atenção dos chefes de equipe da F1 e o alemão fez sua estréia na categoria máxima do automobilismo ainda em 1985, pela equipe Zakspeed, uma escuderia totalmente tedesca. Mesmo com o título de Campeão da F3000 nas mãos, Danner só conseguiu um contrato na pequena equipe Osella para 1986. Após largar nas últimas posições em todas as corridas que participou pela equipe italiana e ter abandonado em todas, Danner recebeu o convite para substituir Marc Surer na equipe Arrows, que estava machucado após sofrer um acidente num rally. A Arrows não podia ser uma equipe de ponta, mas era bem melhor do que a Osella. Danner completa sua primeira prova em Paul Ricard e marca seu primeiro ponto na F1 no Grande Prêmio da Áustria, numa corrida que houve vários abandonos e Danner chegou três voltas atrás do vencedor Prost.

Christian Danner fazia um trabalho razoável na Arrows, mas não restavam dúvidas que o alemão vinha sendo superado constantemente pelo seu antigo companheiro de equipe Thierry Boutsen e no final de 1986 Danner foi dispensado pela equipe inglesa. Porém, Danner tinha sua nacionalidade com trunfo e voltou a correr pela Zakspeed em 1987, desta vez em tempo integral, ao lado de Martin Brundle. O carro não era veloz, mas Danner ainda consegue extrair o máximo possível do carro, conseguindo dois sétimos lugares em San Marino e na Austrália. Um pouco desiludido com a F1, Danner volta às origens e retorna ao Campeonato Alemão de turimo em 1988, enquanto testava os carros de F1 da Zakspeed. Durante o ano Danner testou o carro da Eurobrun, na tentativa da equipe em acertar o seu carro, mas nem Danner foi capaz de melhorar a carroça.

Porém, o nível de informação que Danner cedia aos engenheiros se mostrava útil para os engenheiros e em 1989 Günther Schmid trouxe Christian de volta à F1 pela sua nova equipe, a Rial. O carro era extremamente ruim e Danner não conseguiu classificar o carro para as duas primeiras provas do ano, mas o alemão conseguiu colocar seu Rial no grid para o Grande Prêmio dos Estados Unidos. Era a primeira corrida em Phoenix e o calor do deserto fez muitos estragos naquele dia, enquanto Danner apenas levava seu carro na manha, tentando se aproveitar das quebras alheias. E elas foram acontecendo aos montes, a ponto de Danner se ver na quarta posição e conseguindo o melhor resultado de sua carreira! Após conseguir um bom oitavo lugar no confuso Grande Prêmio do Canadá, Danner não classificou seu carro para mais nenhuma corrida e antes de terminar a temporada ficou claro para o alemão que estava numa cadeira-elétrica e abandonou o barco. E também a F1, com um cartel de 36 Grandes Prêmios e apenas quatro pontos.

Com certeza isso foi pouco para um piloto que tinha sido campeão de uma categoria-escola importante como a F3000 e, no futuro, o insucesso de Danner foi um dos álibis para se acabar com a categoria no final de 2004. Após sua passagem na F1, Danner se mudou para o Japão e disputou o competitivo Campeonato Japonês de F3000 pela equipe Leyton House e mesmo sendo um piloto assalariado, o alemão foi apenas décimo quarto no campeonato. Depois disso, Danner passou a ser um andarilho das corridas. Em 1991 ele voltou à BMW e foi piloto oficial da marca no Campeonato Alemão e, ainda ao lado da montadora, ganhou as 24h de Spa e Nürburgring em 1992. E foi nesse ano que Danner fez algumas corridas na F-Indy, participando de algumas provas. Em 1995 Danner é chamado pela Alfa Romeo para disputar o DTM e o alemão não faz feio, terminando o fortíssimo campeonato com duas vitórias em Helsinque e Norisring, ambos circuitos de rua. Em 1996 Christian Danner funda uma equipe na CART, em parceria com Andreas Leberle, mas a Project Indy se torna um fracasso, mesmo com Danner participando de algumas provas, inclusive marcando pontos, e ter revelado o inexpressivo Arnd Meier. Desde 2000 Danner passou a comentar F1 pelo canal de TV RTL, enquanto participava de alguns projetos de segurança da antiga companhia de seu pai, a Allianz. Em 2005 Danner fez algumas provas pelo Campeonato Italiano de F3000 e também pela malfada GP Masters Series. Hoje devidamente aposentado, Danner deve pensar que, pelos resultados que conquistou, merecesse um destino melhor na F1.

Parabéns!
Christian Danner

História: 20 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1988

"Agora vai!" Era o que os brasileiros esperavam de Ayrton Senna em sua quinta temporada na F1 e primeira numa equipe realmente grande. Após três anos relativamente bons na Lotus, mas não o suficiente para o "Padrão de qualidade Senna", o brasileiro aportava na McLaren. Apesar da equipe de Ron Dennis ter perdido de forma categórica o título de 1987 para a Williams, a equipe patrocinada pela Marlboro tinha um ás na sua manga para 1988. E não era Senna. O motor Honda era o melhor da F1 já fazia no mínimo três temporadas e com a chegada de Senna na McLaren, os japoneses se debandaram juntamente com o brasileiro e saíram da Williams, que tinha se sacrificado muito no início da parceria, e a equipe de Working passava a ser uma das favoritas. Durante a pré-temporada, a ansiosidade dos brasileiros era grande com a chegada de Ayrton na McLaren, mas ainda havia um pequeno detalhe francês: Alain Prost.

Prost já estava na McLaren desde 1984 e já tinha vencido dois títulos pela equipe. A briga prometia ser forte entre os pilotos da McLaren, mas Senna e Prost foram muito cordiais no início do relacionamento dentro do mesmo teto, mas as coisas piorariam mais tarde. Porém, nada cordial era o relacionamento entre Senna e o tricampeão Nelson Piquet naquele momento. O brasileiro ocupou o lugar de Senna na Lotus por um salário milionário e ainda teria o excelente motor Honda à sua disposição. Mesmo com o título de Piquet, todos só falavam de Senna, que estava de férias. No dia 6 de março um teste coletivo de pneus foi marcado em Jacarepaguá e Senna deu uma entrevista ao Jornal do Brasil e explicou o motivo do seu desaparecimento: "Eu tinha que dar a outros uma chance de aparecer um pouco. Afinal, não tem sentido um cara ser tricampeão e eu continuar sendo assunto. Já que ninguém gosta muito dele, o único jeito era eu sumir para que ele pudesse aparecer um pouco".

Piquet foi rápido no gatilho e a resposta veio na lata: "Senna desapareceu esses meses não foi para deixar eu aparecer. Foi para não ter que explicar à imprensa brasileira por que não gosta de mulher". A guerra estava declarada! Em pouco tempo, esse bate-boca ganhou contornos mundiais, com matérias de revistas na Itália, na França e, claro, aqui no Brasil. Até os outros pilotos que também estavam no Brasil deram sua opiniões. Quando Senna estava prestes a processar Piquet, um acordo foi feito entre os advogados dos dois e a coisa saiu da justiça, mas nunca Piquet e Senna se falariam novamente.

Voltando às pistas, outra novidade era o processo gradual de morte dos motores turbo, agora com a pressão limitada em 2.5 bar. Isso forçou a algumas equipes a procurarem motores aspirados, como foi o caso da Williams, que migrou para o motor Judd, porém o motivo foi a falta de motores disponíveis no mercado e Nigel Mansell sabia que dificilmente teria chances de brigar pelo título contra os potentes motores Honda turbo, ainda muito fortes. A Ferrari tinha terminado muito bem em 1987 e havia uma forte expectativa em cima da equipe italiana, que continuaria com Berger e Alboreto.

O novo carro da McLaren, o MP4/4, ficou pronto muito tarde e apenas um teste coletivo foi feito em Ímola e foi lá que se percebeu que o título ficaria entre Senna e Prost. Nos primeiros treinos livres no Brasil Prost superou Senna por muito pouco, mas na Classificação da sexta-feira, Senna ficou em primeiro, com seu companheiro de equipe apenas em quarto e no sábado, com muitos "Sennistas" em Jacarepaguá, o piloto da McLaren consolidou sua décima sétima pole na carreira e teria ao lado Mansell, no Williams-Judd. Seria apenas uma doce ilusão para o inglês, que largaria na primeira fila pela última vez em 1988.

Grid:
1) Senna(McLaren) - 1:28.096
2) Mansell(Williams) - 1:28.632
3) Prost(McLaren) - 1:28.782
4) Berger(Ferrari) - 1:29.026
5) Piquet(Lotus) - 1:30.087
6) Alboreto(Ferrari) - 1:30.114
7) Boutsen(Benetton) - 1:30.140
8) Patrese(Williams) - 1:30.439
9) Capelli(March) - 1:30.929
10) Nakajima(Lotus) - 1:31.280

O dia 3 de abril estava diferente no Rio de Janeiro. Ao contrário dos anos anteriores, o forte calor carioca deu lugar a um dia frio e nublado, mas não havia chuva. A torcida esperava por mais uma largada forte de Senna, uma de suas marcas registradas, mas quando os carros já estavam preparados para a largara, o piloto da McLaren levanta seus braços e os balança, indicando que seu carro estava com problemas. Mais atrás, a March de Ivan Capelli também estava soltando muita fumaça. Um engrenagem do câmbio da McLaren de Senna tinha engripado quando o brasileiro colocou a primeira marcha e o sonho de uma vitória de Senna em sua estréia ficava muito distante. Ayrton correu para os boxes com o intuito de pegar o carro reserva. Essa situação era claramente irregular e já tinha acontecido durante o Grande Prêmio da Itália de 1986, quando Alain Prost ficou parado no grid e pegou a McLaren reserva para largar e acabou levando a bandeira preta. Enquanto ninguém lembrava Senna desse detalhe, ele estava no final dos boxes esperando a segunda largada.

Com Senna fora, Mansell assumia a pole-position do Grande Prêmio do Brasil, mas o inglês não aproveitou a situação e foi ultrapassado por Prost e Berger ainda antes da primeira curva. Aquela imagem era bem conhecida na retina do carioca: Prost na frente e disparando. Enquanto o francês escapava na frente, as posições no pelotão dianteiro eram as mesmas, com Berger cada vez mais distante em segundo, seguido por Mansell, Piquet, Alboreto e Boutsen. Mais atrás, Senna fazia sua obrigação com um carro nitidamente superior aos demais. Após levar um susto quando saía dos boxes, já que Maurício Gugelmin estreou na F1 vendo seu câmbio quebrar poucos metros após a largada e Senna quase atingiu o piloto da March quando ele encostava na grama, Ayrton começa uma impressionante corrida de recuperação.

Senna completou a primeira volta em 21º lugar, enquanto uma volta depois ele já aparecia em 18º. Na volta 13 ele tinha Alboreto na sua alça de mira. Senna ultrapassou o italiano na curva 1 e depois de outras três voltas ele já tinha deixado para trás Boutsen. Foi uma ultrapassagem reveladora, como que mostrando o quanto a McLaren era superior ao resto, quando Senna ultrapassou o piloto da Benetton ainda no meio da reta oposta e ainda dando tempo para ultrapassar um retardatário.

A próxima vítima era o inimgo Piquet. Apesar das brigas e confusões envolvendo os dois mitos, Senna e Piquet nunca se enroscaram dentro da pista, havendo até um grande respeito mútuo entre eles. Sabendo que Senna tinha um carro infinitamente superior ao seu, Piquet não coloca grandes obstáculos e deixa a McLaren ir embora. Quando Mansell abandona na volta 18, Senna já aparecia numa incrível terceira posição e se aproximando da Ferrari de Berger. Os pilotos começam a entrar nos boxes para trocarem os seus pneus e Senna caí para sexto. Quando se preparava para um novo ataque, Senna recebeu a bandeira preta na volta 31 e o brasileiro foi aos boxes cumprir a penalização.

Se Prost estava inalcansável naquele dia frio de abril e Berger estava num tranqüilo segundo lugar, ainda havia briga pelo lugar mais baixo do pódio. Piquet, ainda se aclimatando ao péssimo Lotus 100T, parou uma segunda vez quando estava em terceiro e saiu dos boxes em quinto, logo atrás de Boutsen e Derek Warwick, da Arrows. Boutsen começava a ter problemas com seu carro e era alcançado por Warwick. Que era alcançado por Piquet. Quando o inglês ia dar o bote no piloto da Benetton, Piquet se aproveita e faz uma dupla ultrapassagem no final da reta oposta, na frente do público, que urrava com a manobra do tricampeão!

Porém, esse foi o último ato de relevância do Grande Prêmio do Brasil daquele ano. Prost fez apenas o necessário para chegar em primeiro lugar pela quinta vez no circuito de Jacarepaguá e se transformava no "Rei do Rio". Berger reclamava da sua Ferrari pelo domínio exercido pela McLaren, mas nada podia ser feito, enquanto Piquet completava o pódio. Mal sabia o tricampeão que esse seria um dos poucos pódios na sua defesa pelo título. E mal sabíamos nós que após um início tão ruim de campeonato, Senna ainda daria um show no resto do ano!

Chegada
1) Prost
2) Berger
3) Piquet
4) Warwick
5) Alboreto
6) Nakajima

quarta-feira, 2 de abril de 2008

História: 30 anos do Grande Prêmio Estados Unidos-Oeste


Após as primeiras corridas no hemisfério sul, a F1 ia para uma das corridas mais populares do calendário da época: Long Beach. A corrida californiana tinha se iniciado em 1976 e mesmo com poucas corridas no currículo, as ruas ao lado da praia chamavam a atenção de um público que normalmente não acompanha a F1, que era o povo americano. Porém, antes da F1 se debandar para os Estados Unidos, o tradicional International Trophy foi realizado em Silverstone debaixo de muita chuva e revelou dois pilotos para o futuro. Um era Derek Daly, que impressionou com um anêmico Hesketh e com o bom resultado na corrida fora do campeonato ganhou o lugar que era de Eddie Cheever. A outra revelação nem era tão jovem assim, mas o finlandês Keke Rosberg, pela primeira vz correndo em um F1, levou o incipiente Theodore à vitória na corrida inglesa. Se Daly não passou de um piloto regular, Rosberg se tornou um dos pilotos mais carismáticos dos anos 80.

Como a corrida em Long Beach tinha se tornado extremamente popular na F1, muitos pilotos e equipes foram para a Califórnia e havia 31 inscritos. Como o grid só seria formado por 22 carros, uma sessão de pré-classificação foi feito na sexta-feira pela manhã e algumas equipes já tiveram que arrumar as malas, como eram o caso de Rosberg e Daly. Como a Arrows era uma equipe nova, Patrese e Rolf Stommelen também participaram dessa pré-classificação e, como esperado, foram em frente. Porém, Patrese mostrava que seu destino não era acordar cedo e colocou seu carro entre os dez primeiros do grid, que foi dominado por Ferrari e Brabham, com a Lotus ficando um pouco mais para trás desta vez. Mas não restavam dúvidas que as três equipes dominariam a corrida de domingo.

Grid:
1) Reutemann(Ferrari) - 1:20.636
2) Villeneuve(Ferrari) - 1:20.836
3) Lauda(Brabham) - 1:20.937
4) Andretti(Lotus) - 1:21.188
5) Watson(Brabham) - 1:21.244
6) Peterson(Lotus) - 1:21.474
7) Hunt(McLaren) - 1:21.738
8) Jones(Williams) - 1:21.935
9) Patrese(Arrows) - 1:22.006
10) Scheckter(Wolf) - 1:22.163

O dia 2 de abril de 1978 começou com céu limpo e um típico calor da Califórnia, para delírio dos 75.000 ianques que lotaram as arquibancadas improvisadas. Na largada, Watson saí muito bem vindo de quinto e na primeira curva os quatro carros de Ferrari e Brabham ficam emparelhados. O público prendeu a respiração e Mario Andretti apenas observava, esperando um acidente que lhe desse a liderança de presente na frente dos seus compatriotas. Watson mergulha por dentro, atravessando seu Brabham, e força Reutemann a alargar a curva e quem se aproveita da manobra kamikaze de Watson foi o novato Villeneuve, que vinha logo atrás de Watson e saiu da primeira curva em primeiro. Watson pula para segunda, enquanto Lauda vinha logo atrás e Reutemann era o maior prejudicado, caindo para quarto.

Villeneuve vinha fazendo uma corrida surpreendente para um novato e liderava com categoria na frente de pilotos com uma eternidade a mais de experiência. Mais atrás, Alan Jones levava seu Williams a uma excelente sexta posição, ficando logo atrás de Andretti, enquanto James Hunt e Ronnie Peterson brigavam pela sétima posição, observados de perto por Scheckter e Depailler. Na terceira volta Hunt bate e abandona. Lá na frente, as posições permaneciam inalteradas até a nona volta, quando o motor Alfa Romeo de Watson lhe prega mais uma peça e o irlandês abandona tristemente. Agora Villeneuve era pressionado por Lauda e Reutemann. E o canadense impressionava pela forma como não se sentia incomodado em ter dois dos melhores pilotos do pelotão atrás de si, com dois carros similares.

Mais atrás, Jones continuava surpreendendo e na volta 18 deixou a Lotus de Andretti para trás e aparecia em quarto. O australiano não era considerado um fora-de-série, mesmo com sua surpreendente vitória no Grande Prêmio da Áustria no ano anterior, e todos começaram a ficar de olho em Jones em seu pequeno Williams branco. Na volta 27 a pressão sobre Villeneuve diminui quando Niki Lauda perde os freios e passe reto numa escapatória, acabando com a corrida do austríaco. A Ferrari era a dona da corrida e nem metade da corrida tinha sido completada. Mas havia dois poréns.

Primeiro era a grande exibição de Alan Jones, que se aproximavas das duas Ferraris e a outra era a impetuosidade juvenil de Villeneuve. O canadense vinha se comportando como um coroinha numa Primeira Comunhão, mas não demorou para ele aprontar. Na volta 39, com Reutemann engatado em seu câmbio, Villeneuve se aproxima da Shadow de Clay Regazzoni e a Renault de Jean-Pierre Jabouille, que brigavam pela décima primeira posição. Sem querer perder tempo, Villeneuve coloca por dentro em cima de Regazzoni e o toque é inevitável. A Ferrari chegou a voar com o toque, mas o carro pousou sem muitos problemas sobre uma barreira de pneus, mas a corrida de Villeneuve estava acabada. A Ferrari perdia a possibilidade de dobradinha e ainda havia a chance de perder a vitória!

Jones se aproximava perigosamente de Reutemann e durante a perseguição, já tinha marcado a volta mais rápida da corrida, a primeira tanto do australiano, quanto da Williams. Seria uma história linda de um pequeno (Williams-Jones) batendo num grande (Ferrari-Reutemann), mas a asa dianteira do carro projetado por Patrick Head quebra subitamente. Para complicar, o australiano tem problemas de pressão de combustível. O conto de fadas de Jones tinha terminado e o australiano perderia cada vez mais rendimento. Andretti, fazendo uma corrida discreta em sua terra natal, ultrapassa Jones e termina em segundo. Patrick Tambay vinha fazendo uma boa corrida até sofre um acidente na volta 74, faltando seis para o fim da corrida, quando o piloto da McLaren estava em quarto. Com esse resultado, o campeonato passa a ficar embolado, com Reutemann assumindo a liderança em conjunto com Andretti, cada um com duas vitórias. A Lotus ainda não tinha começado sua dominação em 1978.

Chegada:
1) Reutemann
2) Andretti
3) Depailler
4) Peterson
5) Laffite
6) Patrese