domingo, 11 de maio de 2014

Aos 47 do 2º tempo

Quando o reabastecimento foi reintroduzido na F1 em 1994, a categoria buscava algo que a Indy tinha e ainda tem até hoje: a dinâmica das estratégias. Aquela emoção se vai ou não ter combustível até o final, pilotos arriscando nas estratégias, mesmo que algumas vezes isso signifique ficar parado com pane seca nas voltas finais, mas também pode resultar na glória de um bom resultado inesperado. A F1 acabou com o reabastecimento, mas a Indy continua garantindo a emoção das voltas finais de suas corridas. Ontem em Indianápolis vimos isso novamente, com Simon Pagenaud e Ryan-Hunter-Reay, se arrastando para salvar combustível, superando Helio Castroneves, que voava por ter etanol para dar e vender. O francês ganhou pela primeira vez no ano coroando um ótimo final de semana no circuito misto de Indiana, onde liderou treinos livres e sempre se manteve nas primeiras posições.

A corrida no circuito misto de Indianápolis, talvez a maior novidade da temporada da Indy, começou tensa pelo assustador acidente na largada, quando o surpreendente pole Sebastian Saavedra ficou parado no grid e foi atingido, de raspão, pelo compatriota Carlos Múnoz, e em cheio pelo russo Mikhail Aleshin. Imediatamente veio a lembrança da morte de Riccardo Paletti no GP do Canadá em 1982, mas como a segurança dos carros de trinta e dois anos mudou bastante, Aleshin saiu do carro saudando o público e a corrida seguiu normalmente, com Hunter-Reay liderando nas primeiras voltas, mas ultrapassado pelo novato do ano, o inglês Jack Hawsworth, que ponteou a prova com enfase e não deu chance a pilotos em equipes melhores do que a sua. Porém, a diferença entre a pequena equipe de Hawsworth (Bryan Herta) e as demais apareceu no decorrer da prova, nos pit-stops e nos momentos das paradas e o inglês caiu para uma injusta sétima posição, mas Jack demonstra ser um piloto mais do que capaz de andar nas primeiras posições na Indy.

A corrida caminhava sem muitos sobressaltos, com o único destaque para um surto de Pastor Maldonado em Scott Dixon quando o neozelandês tentou uma ultrapassagem para lá de otimista em cima de Will Power e acabou fora da pista. No entanto, quando começou as bandeiras amarelas, aconteceu algo que é comum nas corridas americanas: bandeira amarela chama bandeira amarela. Inclusive com outro acidente assustador, quando Martin Plowman perdeu uma freada, bateu forte numa zebra e caiu em cima do carro de Franck Montagny. Por incrível que pareça, mesmo tirando as quatro rodas do chão, Plowman ainda continuou na prova. E foi nesse momento que as estratégias se misturaram e garantiu a emoção do final da corrida. O aniversariante Helio Castroneves fez um início de prova discreto, usando os pneus duros, mas quando passou a utilizar os pneus macios, o brasileiro da Penske passou a galgar posições e estava na ponta nas voltas finais, mas ainda com uma parada a fazer. Pagenaud e Hunter-Reay, mais atrás, não parariam mais, mas teriam que economizar até a última gota de combustível para conseguir seus objetivos.

Quando Helio fez sua parada, juntamente com Sebastien Bourdais, ele estava entre um e dois segundos mais rápido do que Pagenaud e Hunter-Reay. O brasileiro ainda se aproximou no final, mas Pagenaud conseguiu uma vitória no último momento e com bastante emoção para a sua equipe, considerada média na Indy, mas o francês vem evoluindo a olhos vistos, enquanto Hunter-Reay aproveitou uma corrida conturbada de Power para ficar apenas um ponto do australiano na briga pelo campeonato, com Pagenaud logo atrás. Com a Andretti recebendo todas as atenções da Honda, Hunter-Reay vem se aproveitando para se tornar um dos destaques nesta temporada, com a Penske tentando se defender dos ataques do americano. Com o erro bisonho de Dixon, a Chip Ganassi ainda se encontra um pouco atrás, mas nunca é aconselhável descartar a equipe do velho Chip e a raposa felpuda Dixon, mas chama a atenção como Tony Kanaan vem andando mal até agora com a Ganassi. 

Esse foi apenas um ensaio geral para este mês de maio em Indianápolis. Um dia depois da boa corrida no misto, as equipes já se prepararam para mudar o acerto dos carros e focarem no grande prêmio da temporada: as 500 Milhas de Indianápolis. 

sábado, 10 de maio de 2014

Os intocáveis

Um segundo. Essa foi a diferença da Mercedes para o melhor do resto, a Red Bull de Daniel Ricciardo, o carro que todos diziam ser o melhor da temporada, mas sem um motor à altura. Se Barcelona é a pista onde os melhores carros mais se destacam, 2014 será mesmo um afazeres doméstico entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, com o inglês cada vez mais em vantagem. No terceiro treino livre Rosberg colocou uma boa vantagem sobre Hamilton, que nunca venceu em Barcelona e dizia que o companheiro de equipe tinha certa vantagem em determinados setores da pista espanhola. Porém, quando chegou o momento onde o talento e a velocidade eram imprescindíveis, Hamilton mais uma vez superou Nico e parte na pole amanhã, numa pista tradicionalmente onde o primeiro colocado no grid é o primeiro a ver a bandeirada uma hora e meia depois.

Foi um treino marcado por duas bandeiras vermelhas e uma pergunta a ser feita logo nos primeiros minutos de Q1: Será Pastor Maldonado o pior piloto a já ter vencido uma corrida na história da F1? Não me recordo de um piloto tão errático a já ter ganho uma prova como o venezuelano. Quando se espera que o amadurecimento signifique a diminuição dos erros, como aconteceu de certa forma com Andrea de Cesaris, piloto com o qual Maldonado começa a ser comparado, com Pastor as besteiras permanecem intactas, mesmo sabendo o venezuelano que pneus duros e frios não tem aderência alguma no começo da volta de aquecimento em um treino. E falando em amadurecimento, será que o presidente Maduro assiste F1 e vê seu farto investimento indo para o muro corrida sim, corrida não? A outra bandeira vermelha foi provocada por um problema no carro de Sebastian Vettel no Q3. Superado pelo companheiro de equipe de forma sintomática, Vettel partiu para o desespero e mesmo a Red Bull ter anunciado que a troca de chassi fora programado, isso cheira a um pedido do alemão, que sofreu com uma série de problemas de noviciado do novo chassi e largará numa péssima posição amanhã numa corrida onde o lugar onde você larga praticamente define o se domingo.

Daniel Ricciardo continuou seu bom momento e será o melhor do resto, à frente de Valtteri Bottas, sendo que essa posição deveria ter sido de Felipe Massa se ele não errasse em sua última volta no Q3. Esse é o perigo de uma única tentativa no Q3... Também ao contrário do seu companheiro de equipe, Romain Grosjean deu uma demonstração de melhora da Lotus ao colocar seu carro em quinto, melhor posição disparada do time que mais sofreu com a mudança de regulamento. Correndo em casa, Alonso amargou a sua primeira derrota para Raikkonen num grid, mas o mais preocupante foi a Ferrari ter ficado quase 2s atrás da Mercedes, indicando outra corrida dificílima para os italianos.

Já a Mercedes permanece intocável. Somente uma hecatombe poderá impedir uma dobradinha dos tedescos e com Hamilton numa fase esplendorosa, onde está muito confiante com o carro que tem, o inglês tem tudo para conseguir sua quarta vitória consecutiva e dependendo da posição de um desesperado Nico Rosberg, assumir a posição no qual Lewis já deveria estar: na ponta do campeonato. 

terça-feira, 6 de maio de 2014

História: 30 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1984

Uma semana após o triunfo de Michele Alboreto em Zolder, os tifosi se animaram com o sucesso do italiano da Ferrari e partiram como se fossem a uma romaria para Ímola verem o Grande Prêmio de San Marino. Vítima constante de quebras de motores naquele início de 1984, a BMW resolve testar um novo tipo de gasolina na Brabham de Nelson Piquet e os resultados não foram o esperado, fazendo com que o atual campeão Piquet fosse à Ímola, zerado em pontos, sem nenhuma novidade para tentar mudar a sua situação. A grande polêmica do final de semana era a briga entre a equipe Toleman e a fornecedora italiana Pirelli. Acusada de ceder pneus de má qualidade para a pequena esquadra inglesa, a Pirelli se recusou a entregar seus pneus para a Toleman na sexta-feira, que já tinha feito um acerto com a Michelin. Um acordo mediado por Bernie Ecclestone fez com que a Toleman participasse normalmente do final de semana em Ímola, mas a partir da próxima prova, em Dijon, a Toleman já estaria calçada com a Michelin.

A sexta-feira foi debaixo de muita chuva e os tempos de sábado definiram o grid para domingo. Como havia acontecido há algum tempo, a briga pela pole ficou entre Nelson Piquet e Alain Prost, com o brasileiro conseguindo a vantagem sobre o francês com apenas um décimo de vantagem. Por sinal, era a décima pole de Piquet na F1. O novo herói dos tifosi Alboreto teve vários problemas mecânicos no sábado e conseguiu apenas o 13º tempo, o mesmo acontecendo com Tambay e os dois carros da Lotus. Para a Toleman, os problemas continuaram com Ayrton Senna tendo sérios problemas em seu carro e quando estava pronto, já no final da classificação, uma chuva molhou a pista e Senna não se classificou para a corrida, algo que nunca mais voltaria a se repetir.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:28.517
2) Prost (McLaren) - 1:28.628
3) Rosberg (Williams) - 1:29.418
4) Warwick (Renault) - 1:29.682
5) Lauda (McLaren) - 1:30.325
6) Arnoux (Ferrari) - 1:30.411
7) Winkelhock (ATS) - 1:30.723
8) Cheever (Alfa Romeo) - 1:30.843
9) Fabi (Brabham) - 1:30.950
10) Patrese (Alfa Romeo) - 1:31.163

O dia 6 de maio de 1984 estava muito nublado e mesmo com o tempo chuvoso nos dias anteriores, a previsão era de pista seca em todas as 60 voltas da corrida. Durante o warm-up (lembram dele?) Prost tem problemas em seu carro e por isso larga com o carro reserva, algo no qual ele não se arrependeria. Os dois protagonistas da primeira fila largam bem, ao contrário de Rosberg (que abandona ainda na segunda volta) e Lauda, que ficam praticamente parados no grid e perdem várias posições. Na corrida até a Tamburello, Prost consegue efetuar a ultrapassagem sobre Piquet, enquanto que na freada para a Tosa, Eddie Cheever, que havia largado mal, acerta a traseira de Tambay, quebrando a suspensão do francês da Renault e fazendo-o abandonar. 

Imediatamente Prost imprime um ritmo forte e abre de Piquet, que era seguido de perto por Derek Warwick. Após cair para décimo na largada, Lauda força vindo de trás e marca a volta mais rápida da prova. Em oito voltas o austríaco já havia ganho quatro posições e estava na zona de pontuação, enquanto Prost abria 1s por volta sobre Piquet. Alboreto, que havia feito uma largada espetacular, comboiava o companheiro de equipe Arnoux na quinta posição, mas logo teria a companhia de Lauda, que voava na pista. Na 12º volta Lauda tenta ultrapassar Alboreto por fora na Villeneuve, mas o austríaco só completa a manobra na Piratella. Com Lauda muito mais rápido, Arnoux não coloca muita oposição ao austríaco e na volta seguinte Lauda já estava em quarto e se aproximando de Warwick, que nesse momento estava mais de 4s atrás de um tranquilo Piquet.

Quando Lauda já ameaça ultrapassar Warwick, um pouco de fumaça escapa da traseira da McLaren de Niki: o motor Porsche havia quebrado. Porém, esse não seria o único problema da McLaren. Prestes a colocar uma volta em Thierry Boutsen na Rivazza, Prost roda sozinho, mas continua na prova. "Tive muita sorte em não ter deixado o motor morrer", diria Alain depois da prova. Um problema eletrônico fazia com que Prost tivesse dificuldades nas freadas, fazendo com que o francês tivesse que adaptar sua pilotagem a partir dali, mas aparentemente o ritmo de Prost não é afetado, tanto que sua diferença para Piquet aumentava, enquanto Warwick novamente pressionava o brasileiro, efetuando a ultrapassagem na volta 22, mas Piquet não desiste e continua próximo ao inglês da Renault. René Arnoux faz sua parada na volta 22 e volta em sexto, mas duas voltas mais tarde, a parada de Alboreto se arrasta, com o italiano conversando com Mauro Forghieri sobre problemas na Ferrari que fariam o italiano abandonar, para tristeza dos tifosi que lotaram o Autodromo Enzo e Dino Ferrari. Enquanto Arnoux e Fabi brigavam pela quarta posição, Piquet retomava o segundo posto de Warwick, mas sua desvantagem para Prost era de 31s na volta 30, fazendo com que Prost fizesse sua parada tranquilamente e retornar ainda na primeira posição, com 10s de vantagem sobre Piquet.

Com pneus novos e após se livrar de Fabi, René Arnoux dá um pouco de alegria para os tifosi e parte para cima de Warwick, assumindo o terceiro lugar na 40º volta, numa audaciosa manobra na Tamburello. Warwick tem que tirar o pé, pois o computador de bordo de seu Renault mostrava que o consumo de combustível estava muito alto e ele perdeu contato com Arnoux, que agora pressionava Piquet pelo segundo posto. Resistindo aos ataques de Arnoux, Piquet faz a volta mais rápida da corrida, mas na volta seguinte o brasileiro entra nos boxes com muita fumaça saindo do motor BMW. Era o quarto abandono de Piquet em quatro corridas e para aumentar a frustração da Brabham, Teo Fabi, que nessa altura se aproximava de Warwick, entrou nos boxes momentos depois com o mesmo problema. "Eles tem que consertar isso", esbravejou Piquet após mais essa frustração. Enquanto isso na pista, os pilotos viviam problemas de consumo de combustível, um drama usual em Ímola. Andando o mais devagar possível, Warwick é facilmente ultrapassado pelos italianos Andrea de Cesaris e Elio de Angelis. Tentando dar o primeiro pódio a Ligier depois de dois anos, De Cesaris tenta resistir aos ataques de Elio e isso se mostraria fatal, pois Andrea acabaria sem combustível quando faltavam duas voltas. Para não ter que dar outra volta, Warwick permite que Prost lhe coloque uma volta e os dois pilotos cruzam assim a linha de chegada. Arnoux tentava dar um pequeno consolo aos torcedores italianos ficando em segundo lugar. Para maior frustração de Andrea de Cesaris, Elio de Angelis fica sem combustível na última volta, mas garante um lugar no pódio. Foi uma demonstração soberba de Prost, que mostrou que a McLaren tinha o melhor carro de 1984, enquanto sua segunda vitória lhe garantia a liderança do campeonato.

Chegada:
1) Prost
2) Arnoux
3) De Angelis
4) Warwick
5) Boutsen
6) De Cesaris

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Analisando 1º de maio... de 2014

O SporTV fez um tremendo golaço quando teve a ideia de reprisar dez corridas da F1 entre 1984 e 1993 na íntegra, inclusive com a narração original no último dia primeiro de maio. Lógico que a homenagem foi à Senna e os vinte anos de sua morte, mas os homenageados acabaram sendo todos nós que gostamos de F1, pois entre sete da manhã e nove da noite, vimos dez corridas de F1 históricas. Eu, por exemplo, não cansei da maratona.

Assentado a poeira, presto atenção em alguns depoimentos em redes sociais e algo me incomodou. Era um tal "essa época que era boa", "só havia corridas boas, ao contrário de agora", "meus domingos de manhã eram melhores naqueles tempos" e por aí vai. Gosto muito de história e me fascina ler e assistir grandes momentos do esporte e até mesmo da sociedade de outros tempos. Porém, temos que viver o hoje e admirar as coisas boas que acontecem no nosso mundo contemporâneo. Indo para o mundo das corridas, não tenho medo de errar que a temporada 2012 foi uma das melhores de todos os tempos e que a corrida do Bahrein deste ano não deve nada a algumas grandes provas que passaram no SporTV 2 no último dia primeiro. Se não há pilotos carismáticos como eram Senna, Piquet, Mansell e Prost naqueles tempos, não há como negar o talento de Vettel, Alonso e Hamilton. 

Outro fator foi que passaram grandes corridas num período de dez anos, mas tenho absoluta certeza de que nesse período também teve corridas chatas e enfadonhas. O Grande Prêmio do Japão de 1990, que passou na última quinta-feira por exemplo, teve apenas de bom a arte de Nelson Piquet vencer uma corrida andando mais devagar possível. De resto? Nada. Nenhuma ultrapassagem antológica ou perseguição alucinante, o que não faltou nas demais nove corridas reprisadas. Claro que havia mais momentos icônicos naquela época e essa mesma prova vencida por Piquet teve a pancada que Senna deu um Prost na primeira curva que definiu o campeonato de 1990 de forma polêmica. 

Ver essas provas também foi bom por rever algumas situações históricas, mesmo sabendo do resultado final. No Grande Prêmio do Brasil de 1991, prestei bastante atenção nas câmeras on-board de Senna e era claro que o piloto ainda tirava a mão do volante para trocar marchas com poucas voltas para o final. O McLaren se tornou um carro de uma única marcha no finalzinho da prova, faltando cinco ou seis voltas, o que não diminui o feito de Senna, pois os problemas de câmbio na McLaren começaram, pela narração dos tempos, bem antes. E falando em narração, foi flagrante que no entrevero de Suzuka em 1989, Galvão Bueno já pressentia que Senna poderia ser desclassificado. Quando Senna começou a ser empurrado pelos comissários de pista, Galvão dizia que Senna não podia cortar a chicane, que o brasileiro teria que dar a volta. Ayrton fez o contrário o que Galvão clamava no microfone e o narrador global paralisou por uns segundos e começou a exaltar o que Senna havia feito na pista, quase que como se soubesse que o amigo seria desclassificado minutos depois. Ou seja, se o Galvão sabia dessa regra, Senna com certeza sabia também. E não o fez. No auge da briga entre Reginaldo Leme e Ayrton Senna, o comentarista deu uma baita indireta no então desafeto quando no pódio em Suzuka/90, Reginaldo disse que a F1 estava feliz com o pódio com Piquet e Moreno, pois 'eles eram homens que mereciam esse momento'. Acho que os editores do SporTV, que tiveram o cuidado de cortar todas as chamadas de patrocínio e intervalos que povoaram aquelas corridas, esqueceram de cortar essa parte também...

No final, o dia primeiro de maio de 2014 foi muito divertido e, claro, de muita nostalgia. Era outra F1, mais humana e até mesmo mais carismática, mas também há virtudes na F1 atual e ao invés de ficar lamentando um tempo que não volta mais, devemos curtir o que há de bom nessa F1.

domingo, 4 de maio de 2014

Festa centenária

Hoje, uma anormalidade nas provas da MotoGP é Marc Márquez não vencer. Hoje a corrida em Jerez foi normal. O jovem da Honda não tomou conhecimento dos seus rivais e conquistou sua quarta vitória consecutivas nas quatro primeiras provas de 2014, deixando um registro de 100% na temporada em sua centésima corrida no Mundial de Motovelocidade. Ao contrário do péssimo narrador do SporTV, que reclamou do domínio exercido por Márquez, mas depois se tocou da besteira que falou e consertou, ver um piloto como Marc fazer o que está fazendo no Mundial de MotoGP com tão pouca idade é de se chamar atenção e pensar as possibilidades do espanhol no futuro. Quantos títulos ele poderá conquistar? Até onde ele poderá chegar? Quantos recordes Márquez irá quebrar?

De certa forma a corrida em Jerez foi, sim, massante, com Márquez sendo ultrapassado por Rossi na primeira volta, mas dando o troco logo em seguida e aumentando a diferença a doses maciças nas primeiras voltas para administrar logo depois. Marc Márquez está praticamente acabando com o campeonato em seu início como fez Michael Schumacher em 2004 na F1 e Michael Doohan em seus anos de domínio nas 500cc. Não havia disputa pelo primeiro lugar e as vitórias se sucediam com até certa facilidade. No auge de Valentino Rossi ainda haviam disputas pela ponta com Gibernau e Biaggi, mas Vale acabava prevalecendo, particularmente nas voltas finais, para dar um sério golpe psicológico nos rivais. Márquez o faz nas primeiras voltas, com uma pilotagem agressiva e ao mesmo tempo sem erros. Rossi lembrou os bons tempos e segurou Pedrosa nas voltas finais para ficar em segundo lugar, mesmo o segundo piloto da Honda vindo forte em sua tentativa de ficar apenas em segundo nas corridas vencidas pelo seu companheiro de equipe.

A placa mostrada a Pedrosa, quando ainda estava muito bem instalado em quarto atrás de Lorenzo (LO MEJOR), demonstra o quanto a Honda já está impaciente com Pedrosa, principalmente em comparação a Márquez. Outro que recebeu a bandeirada balançando a cabeça negativamente foi Lorenzo. Completando 200 GPs e 27 anos de idade, Jorge esperava muito mais do que um isolado quarto lugar, levando pau até mesmo de Rossi, algo que não vinha acontecendo nos últimos tempos.

Se algo de muito extraordinário não acontecer, o título de Marc Márquez é fava contadas, só esperando saber quando e onde acontecer. Em menos de um ano e meio de MotoGP, Márquez já estabeleceu um novo patamar de desempenho e se prepara para ficar entre os grandes da história da Motovelocidade.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

História: 15 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1999

Desde o final de 1997 que apenas duas equipes venciam corridas naqueles anos na F1: McLaren e Ferrari. Essa bipolaridade foi raramente quebrada na briga por vitória no final do século 20, mas algumas equipes e pilotos estavam tentando mudar isso e um deles era Rubens Barrichello. A Stewart tinha um maior apoio da Ford naquele ano, além de um motor extremamente leve e Barrichello estando em sua melhor forma até então, em sua procura por uma equipe melhor para que finalmente buscasse sua primeira vitória na F1 e brigasse pelo título. Como sempre ocorria nessa época do ano, as lembranças pela morte de Senna estavam presentes, ainda mais com cinco anos desde os trágicos acontecimentos em Ímola.

A McLaren conseguiu mais uma dobradinha com Hakkinen à frente de Coulthard, mas o diferencial foi a grande proximidade de Michael Schumacher dos carros prateados, mostrando que os tempos em que o alemão ficava quase 1s atrás da McLaren havia ficado para trás e para corroborar com essa afirmação, Irvine fechou a segunda fila com a segunda Ferrari com pouca diferença para os líderes. Jacques Villeneuve era o melhor do resto em seu BAR, enquanto Barrichello mais uma vez fazia um bom papel com seu Stewart.

Grid:
1) Hakkinen(McLaren) - 1:26.362
2) Coulthard(McLaren) - 1:26.384
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:26.538
4) Irvine(Ferrari) - 1:26.993
5) Villeneuve(BAR) - 1:27.313
6) Barrichello(Stewart) - 1:27.409
7) Frentzen(Jordan) - 1:27.613
8) Hill(Jordan) - 1:27.708
9) R.Schumacher(Williams) - 1:27.770
10) Zanardi(Williams) - 1:28.142

O dia 2 de maio de 1999 estava ensolarado e a primavera italiana prometia uma corrida sem grandes problemas climáticos. No começo do ano a BAR chegou a prometer vitórias para o Campeão Mundial de 1997 Jacques Villeneuve, mas os dirigentes da equipe devem ter esquecido que a antecessora da BAR, a Tyrrell, sequer havia marcado pontos em 1998. Na largada, a promissora corrida de Villeneuve terminou imediatamente quando seu câmbio semi-automático não encontrou marcha alguma e o canadense ficou parado no grid, abandonando ali mesmo. Hakkinen ficou na liderança à frente de Coulthard, Schumacher, Irvine e Barrichello.

Apesar de uma classificação apertada, ainda na primeira volta Hakkinen abriu uma diferença de 1.7s em cima de Coulthard, que em troca abria uma boa vantagem para Schumacher na primeira Ferrari. Irvine na segunda Ferrari segurava Barrichello, que não atacava seu antigo companheiro de equipe e a corrida ficou estática nas posições, mas com os dois carros da McLaren destacados na frente. Na décima volta, Schumacher já estava 11s atrás do líder Hakkinen. Correndo no quintal da Ferrari, Mika Hakkinen poderia dar um importante golpe no orgulho dos italianos se conseguisse uma vitória em Ímola, mas próximo de completar a 17º volta, Mika passou um pouco em cima da zebra na chicane antes da reta dos boxes e Hakkinen perdeu o controle do seu McLaren, batendo no muro do lado de fora. A multidão que lotava o Autodromo Enzo e Dino Ferrari que estava quieta nesse momento, explodiu um alegria!

Coulthard assumia a ponta da corrida, mas no muro dos boxes, Ross Brawn já imaginava como Schumacher tomar o primeiro lugar de David. Quando Hakkinen bateu, Schumacher estava 3.7s atrás do escocês e então começou a tirar a diferença para o escocês e quando estava a menos de 1s, foi chamado para os boxes antes da metade da prova. O pit-stop de 6.1s com certeza não seria o suficiente para que Michael completasse a corrida pela quantidade de combustível recolocado na Ferrari, indicando uma mudança de estratégia para duas paradas. Isso significava que Schumacher teria que forçar ainda mais seu ritmo e logo o alemão marca a volta mais rápida da corrida. Quando Coulthard faz sua parada, o escocês volta apenas 6.8s atrás do alemão da Ferrari, mas David é atrapalhado por retardatários, enquanto Schumacher pilotava no limite. Em quatro voltas, essa vantagem subiu para 19s e quando dez voltas após a parada única Coulthard a vantagem chegou aos 23s, Schumacher faz sua segunda parada e retorna à pista 4.7s à frente de Coulthard, para delírio dos tifosi.

Porém, nem tudo é alegria para os italianos quando duas voltas mais tarde o motor de Irvine quebra e Frentzen, que vinha em quarto, roda do óleo do irlandês. Hill fica temporariamente em terceiro, mas com uma parada a fazer, o inglês cede a última posição de pódio para Barrichello, porém volta à pista determinado a conseguir um pódio. Lá na frente, Coulthard aumentava seu ritmo e chegou a ficar menos de 1s atrás de Schumacher, mas o escocês não estava negociando muito bem com os retardatários e novamente vê sua desvantagem subir para 5s, o que se manteria até o final. A batalha de Barrichello foi mais próxima, com Damon Hill colado na traseira da Stewart até a bandeirada. Como não poderia deixar de ser, Barrichello dedicou o terceiro lugar a memória de Ayrton Senna. Era o primeiro pódio para o que prometia ser uma grande temporada para Rubens Barrichello. Era a primeira vitória da Ferrari em Ímola desde 1983 e isso deixou os torcedores emocionados, assim como Schumacher. Com a McLaren desperdiçando oportunidades em cima de oportunidades tendo novamente o melhor carro, Schumacher e a Ferrari conseguiam resultados importantes que os colocava na ponta do campeonato.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Coulthard
3) Barrichello
4) Hill
5) Fisichella
6) Alesi

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Os últimos companheiros de equipe

Belo relato de Damon Hill e David Brabham sobre seus respectivos companheiros de equipe. Havia outro personagem que poderia falar com propriedade sobre os acontecimentos que hoje fazem vinte anos por ser a pessoa mais próxima de Senna no momento do acidente, mas que infelizmente não foi possível: Michael Schumacher.