sexta-feira, 31 de julho de 2009

História: 15 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1994


Mesmo sem um grande piloto na F1, o público alemão sempre compareceu em massa ao seu Grande Prêmio anual e Bernie Ecclestone chegou a afirmar que esperava que um alemão fizesse sucesso na F1. Michael Schumacher era a realização do sonho do dirigente inglês, mas o enorme sucesso do alemão trouxe ainda mais gente a Hockenheim e alguns problemas extras. Por causa da controvérsia de Silverstone, onde Schumacher foi desclassificado após uma manobra infeliz na volta de apresentação, a torcida alemã elegeu a equipe Williams como vilã e vários carros da equipe foram atacados durante o final de semana. Damon Hill chegou a dizer, dias depois, que tinha sido ameaçado por torcedores alemães e que a todo momento levava sustos quando fogos de artíficios eram atirados ao ar.

Ainda em continuação ao trauma de maio, a FIA impôs mais algumas medidas de segurança nos carros, com a diminuição da asa traseira e também a introdução da polêmica placa de madeira embaixo dos carros. Com o intuito de diminuir o ar que passava por baixo dos carros e diminuir o efeito-solo, a FIA fez com que os carros fossem extremamente difíceis de guiar, mesmo o veloz circuito de Hockenheim não impusesse uma pilotagem mais complicada aos pilotos. E foi assim que a Ferrari, conhecida pelo seu motorzão V12 nos treinos, conseguiu uma dobradinha nas longas retas do circuito alemão. Correndo em casa pela primeira vez com a condição de favorito, Schumacher ficou apenas em quarto, mas prometia muito mais para a corrida. Principalmente não ultrapassar ninguém na volta de apresentação!

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:43.582
2) Alesi (Ferrari) - 1:44.012
3) Hill (Williams) - 1:44.026
4) Schumacher (Benetton) - 1:44.268
5) Katayama (Tyrrell) - 1:44.718
6) Coulthard (Williams) - 1:45.146
7) Blundell (Tyrrell) - 1:45.474
8) Hakkinen (McLaren) - 1:45.487
9) Frentzen (Sauber) - 1:45.893
10) Irvine (Jordan) - 1:45.911

O dia 31 de julho de 1994 estava claro e perfeito para uma corrida de F1, como era comum nessa época do ano na Alemanha. Por causa de suas enormes retas, Hockenheim era conhecido por ser uma prova com poucos carros no final, por causa do enorme esforço dos motores ao longe de uma corrida debaixo do calor. O que ninguém sabia, porém, era que a corrida teria tão poucos pilotos logo no início!

A largada foi uma verdadeira carnificina, com vários carros se envolvendo em acidentes em diferentes pontos da pista. No final do pelotão, Alessandro Zanardi faz uma belíssima largada, mas tem o azar de encontrar pela frente o trapalhão Andrea de Cesaris pela frente e os dois italianos acabaram saindo da pista antes da primeira curva, levando consigo a dupla da Minardi, Pierluigi Martini e Michele Alboreto. Os quatro italianos foram os primeiros abandonos. Quando o pelotão se aproximava da primeira curva, Hakkinen e Mark Blundell se tocam e a McLaren do finlandês roda na frente de todo mundo, fazendo com que todo mundo freie forte, mas Coulthard acaba atingido por Hakkinen. Blundell freia forte e assim é atingido com força por Irvine pela traseira, fazendo com que Frentzen também atinja o inglês da Tyrrell. Sem ter para onde ir Rubens Barrichello acaba batendo em Frentzen, enquanto mais atrás Johnny Herbert tira o pé e é acertado pela McLaren de Martin Brundle. Se não bastasse toda a pancadaria na primeira curva, Jean Alesi tem o motor quebrado ainda na primeira grande reta, fazendo com que onze (!) carros não completassem a primeira volta!

Berger, um verdadeiro especialista em Hockenheim, disparava na frente, enquanto Ukyo Katayama, que havia feito uma ótima largada, estava em segundo, pressionado por Schumacher. O alemão não esperou muito e ultrapassou o japonês ainda na primeira volta, na freada para a segunda chicane. Hill estava em quarto e claramente não queria perder contato com seu rival pelo campeonato e tentou emular Schumacher na freada seguinte. O resultado era um acidente entre ambos e Hill tendo que ir aos boxes com a suspensão avariada. Como Coulthard se arrastava rumo aos boxes com a asa dianteira quebrada, a Williams ocupava a indigna penúltima e última posições...

Berger e Schumacher tinham uma boa vantagem sobre Katayama, mas o japonês tinha afetado sua suspensão pelo toque com Hill e abandonou a corrida na quinta volta, fazendo com que apenas 13 carros ainda estivessem correndo. A Ligier surpreendia com uma boa atuação dos seus carros, com Panis em terceiro e Bernard em quarto, mas isso era causado pelos vários acidentes até então. E não seria o último. Na volta 15, Jos Verstappen vai aos boxes para a primeira de suas duas paradas nos boxes e o que seria um pit-stop normal, aconteceu um dos maiores sustos daquela temporada. A volta dos reabastecimentos a F1 trazia o fantasma de um incêndio a uma parada de box e quando o holandês encostou seu Benetton, a mangueira de reabastecimento não encaixou direito e vários litros de gasolina jorraram no carro. Ainda quente, grandes labaredas subiram rapidamente e foi um corre-corre danado, com todos pensando nos vários feridos. Por incrível que pareça, apenas cinco mecânicos estavam ligeiramente queimados, com Verstappen queimando o rosto por estar, no momento, com a viseira aberta. Investigações posteriores disseram que a Benetton tinha retirado de forma deliberada um filtro da mangueira de reabastecimento, fazendo com que a equipe ganhasse segundos preciosos nos pit-stops, mas também tornando a operação bastante perigosa. A FIA ainda estava de olho em irregularidades da Benetton em Ímola e na desclassificação de Schumacher, mas quando a entidade ameaçou punir a equipe, Flavio Briatore veio com um dossiê incriminando todas as equipes, fazendo com que a FIA recuasse e a Benetton fosse apenas admoestada pelo incidente.

Provando que o dia definitivamente não da Benetton, apenas quatro voltas após o incidente nos boxes e os mecânicos ainda usavam rodos para limpar o pit, o Benetton de Michael Schumacher apareceu com o motor quebrado. Correndo em casa e esperando vencer, o alemão parecia extremamente desapontado enquando entrava nos boxes para abandonar. Apenas na volta 19, as emoções desta animada corrida alemão cessaram. Praticamente sem adversários diretos, Berger passeou por Hockenheim e venceu de forma bastante tranqüila. Atrás dele, várias surpresas. A anos sem um bom resultados, a Ligier voltava ao pódio em dose dupla com Panis em segundo e Eric Bernard em terceiro. Atrás da dupla da Ligier, vinham as duplas de Footwork e Larrousse, com Christian Fittipaldi conseguindo um bom quarto lugar. Foi uma das corridas mais marcantes daquele ano triste na F1, com uma série de acidentes, polêmicas e outro susto para aquela temporada.

Chegada:
1) Berger
2) Panis
3) Bernard
4) Fittipaldi
5) Morbidelli
6) Comas

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Virou rotina?


Falar o que sinto aqui, seria chover no molhado. Ou ir ao post sobre a saída da Honda da F1 no final de 2008. A saída repentina e surpreendente da BWM da F1 no final desta temporada dá continuidade a uma preocupante rotina: se equipes não estão saindo, ameaçam sair. Essa bomba no esporte a motor de hoje mostra que Mosley tem um pouco de razão quando falava de uma categoria amplamente dominada por montadoras. Vejamos a BMW. Quando estrou como equipe própria na F1 em 2006, a BMW traçou metas para seu futuro a curto prazo e foi batendo esses objetivos com sobras, mas em 2008, com uma temporada pífia, marcou uma reunião de emergência numa quarta-feira aparentemente normal e simplesmente disse a Mario Theissen, "Vocês não estão ganhando e não bateu a meta que lhe impomos, por isso não nos interessa continuar na F1. Estamos fora!" E assim a equipe BMW Sauber se desfez, deixando mais de 600 funcionários com um futuro nebuloso e dois pilotos muito bons no mercado, sendo que Kubica, uma talento nato, deverá causar um verdadeiro terremoto no já animado mercado de pilotos. Agora nos resta saber como será o futuro da F1 e de suas equipes. A Toyota disse que 'não será a próxima', ou seja, poderá haver mais desistências daqui para frente. Um grid que poderia chegar a 26 carros, corre o risco de minguar ainda mais. Esse tipo de rotina, de dúvidas e retiradas, nunca é boa para nenhuma corporação. Ainda mais para um esporte.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Enquanto isso, no domingo...


Esse final de semana foi pródigo em eventos no esporte a motor. Com a proximidade do verão europeu, muitas categorias aproveitaram este final de semana para fazerem suas últimas etapas antes do período de férias.

A MotoGP foi a Inglaterra com a expectativa de ver novamento o 'quarteto fantástico' dominar mais uma etapa, mas como em Donigton Park, e isso serve de aviso para a F1 em 2010, chove bastante, o que se viu foi uma série de erros dos pilotos que dominaram o campeonato até aqui. Rossi, Lorenzo, Stoner e Pedrosa deram o lugar para Andrea Doviziozo, obscuro companheiro de equipe de Pedrosa na Repsol Honda, que venceu com muitas dificuldades. A pista sem condições fixas de aderência transformou a escolha de pneus antes da largada num verdadeiro teste de adivinhação e foi nesse momento que o primeiro dos favoritos pareceram. Stoner arriscou pneus para tempo de chuva e como resultado, acabou na última posição, levando uma volta dos líderes. O início da prova foi empolgante, com Lorenzo, Rossi, Doviziozo e Toni Elias brigando pela ponta, mas aos poucos esses pilotos foram caindo (literalmente!) e o único que sobrou foi Doviziozo, mas com o aumento da chuva, os não menos surpreendentes Colin Edwards e Randy de Puniet encostaram no italiano no final da prova e corrida se tornou dramática, mas Dovi se segurou na ponta e conquistou sua primeira vitória na MotoGP, talvez segurando sua vaga na equipe oficial da Honda. Edwards conseguiu uma bela ultrapassagem sobre De Puniet na última curva e ficou com o segundo posto. Rossi ainda conseguiu voltar à pista após cair e terminou num bom quinto lugar, levando-se em conta as péssimas exibições de Lorenzo (caiu sozinho quando liderava), Pedrosa (irreconhecível na chuva) e Stoner.

Ainda houve as disputas do Mundial das 125cc, com vitória do líder do campeonato Julian Simon, e das 250cc, com a vitória do também ponteiro do certame, Hiroshi Aoyama. Já no Mundial de Superbike, a Aprilia conseguiu sua primeira vitória após a volta da sua equipe oficial com o fóssil Masssimiliano Biaggi, com o impressionante Ben Spies vencendo na segunda bateria.

No outro lado do Atlântico, a Indy fazia mais uma etapa num circuito de rua canadense, apesar da pista de Edmonton lembrar bastante o circuito improvisado de Cleveland, que era realizado numa pista secudária de aeroporto. E como acontecia nos bons tempos da Indy, a Penske dominou num circuito misto, apesar de que a equipe quisesse que outro piloto vencesse. Will Power foi trazido a equipe na expectativa da condenação de Helio Castroneves no início do ano, mas como o brasileiro foi inocentado, Power ficou praticamente parado. Para nãp deixa-lo totalmente na mão, a Penske prometeu lhe dar um terceiro carro, principalmente nos circuitos mistoos, especialidade do australiano. Power já havia andado bem em outras oportunidades, mas em Edmonton, o terceiro piloto da Penske não tomou conhecimento dos seus companheiros de equipe e encaçapou ambos, ficando com a pole e dominando toda a prova. Por sinal, sem muitas emoções. De forma rara, houve poucas bandeiras amarelas e isso fez com que as trocas de posição ocorressem nos boxes, mas com Power sempre à frente. A melhor ultrapassagen ocorreu já no fim da prova, quando Helinho ultrapassou Dixon, que conseguiu meter sua Ganassi no meio do domínio penskiano, de forma bela e agressiva, quando o brasileiro aproveitou um retardatário e ultrapassou a ambos. Um possível jogo de equipe foi por água abaixo quando Tomas Scheckter bateu no muro a duas voltas do fim e Power pôde comemorar. No entanto, a corrida não isenta de sustos e Tony Kanaan provou que sua fase é mesmo horrível, com o baiano tendo que sair correndo do seu carro em chamas.

E falando em Indy, a Nascar partiu para sua segunda corrida mais tradicional do ano, nas 400 Milhas de Indianápolis. Se sentindo a vontade numa pista em que já venceu, Juan Pablo Montoya dominou a prova por inteiro e tinha tudo para conquistar sua primeira vitória num oval na Nascar quando queimou um radar nos boxes durante um pit e acabou punido. Sua reação ao saber da punição foi, ao mesmo tempo, hilário e dramático. "Eu juro pelos meus filhos e pela minha mulher que não fui rápido nos boxes..." Quem não tem nada com isso foi os pilotos da equipe Hendrick, que dominam a temporada. O veteraníssimo Mark Martin era o eterno 2º colocado e quando assumiu a liderança, era favorito a vencer, mas uma bandeira amarela nas últimas voltas fez com que o atual tricampeão Jimme Johnson partisse para cima de Martin na última relargada e o piloto do carro de número 48 não tomou conhecimento do seu companheiro de equipe e venceu pela 3º no ano.

Foi um final de semana de muitas corridas, com nove etapas dos principais campeonatos do mundo sendo realizadas no mesmo dia, por isso, prato cheio para quem gosta!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Figura (HUN): Equipes grandes

Foi um ano difícil para as duas grandes, mas somente McLaren e Ferrari teriam condições de dar uma volta por cima tão grande, como demonstrado neste final de semana magiar. Após terem ficado em posições desagradáveis ao longo desta temporada, em que não raro ficaram pelo caminho do Q1 e uma passagem para o Q3 já era motivo de alegria. Ninguém duvidava do talento de Hamilton, Massa, Raikkonen e Kovalainen, mas os quatro estiveram longe de brigar por posições nos quais estavam acostumados em 2009, mas dois modelos mal-feitos, uma temporada cheia de surpresas e sem treinos faziam com que um ano inteiro sem vitórias para Ferrari e McLaren era algo bastante palpável, mas nunca devemos duvidar dessas duas gigantes. A base de muito trabalho e competência, as duas não apenas deram a volta por cima, como dominaram o Grande Prêmio da Hungria, com Hamilton voltando a vencer após dez meses (seu primeiro pódio no ano), com Raikkonen ficando em segundo e Kovalainen nos pontos. Afora o triste acidente de Massa, o final de semana húngaro pode ter marcado a volta das grandes ao topo da F1.

Figurão (HUN): Brawn

O início exuberante e a perspectiva de um surpreendente título conquistado com facilidade deu lugar a apreensão de uma equipe sem recursos contra outras equipes com muito dinheiro e com seus pilotos se aproximando. A Brawn está passando pelo seu pior momento da sua curtíssima vida e nem a possibilidade de uma ótima corrida no curto e apertado circuito de Hungaroring fez com que a equipe de Ross Brawn voltasse aos bons tempos do início de ano. Após duas corridas 'frias', em que foi aniquilada pela rival mais próxima, a Red Bull, a Brawn tinha esperanças de melhoras no normalmente quente circuito húngaro, mas o que se viu foi um passo... para trás! Além de, novamente, ter ficado atrás da Red Bull, a Brawn ainda foi ultrapassada por McLaren, Ferrari e a Williams de Nico Rosberg, com Jenson Button se esforçando ao máximo para conseguir um pálido sétimo posto no final da corrida, enquanto Barrichello, envolvido involutariamente no grave acidente de Felipe Massa, esteve longe da zona de pontuação e parece ter dado definitivamente adeus ao distante sonho do título. Para não ter o mesmo destino, Button precisará que a Brawn melhore muito mais, pois do jeito que está, a enorme liderança virará pó em menos tempo do que a equipe foi formada.

domingo, 26 de julho de 2009

A voltas das grandes


Respeito é bom e quem é grande sempre o merece. McLaren e Ferrari penaram nas primeiras corridas do ano e não foi raro ver as duas maiores equipes da F1 ficando nas últimas posições, brigando entre si para não ficarem para trás. Ficar no Q1 e lutar para entrar no Q3 foi uma constante para Hamilton, Massa, Raikkonen e Kovalainen. No travado e não tão quente circuito de Hungaroring, prateados e vermelhos voltaram aos bons tempos e de forma até surpreendente (quanta ironia!), dominaram o Grande Prêmio da Hungria, com Lewis Hamilton voltando a vencer após quase um ano sem vitória, trazendo consigo a única Ferrari na pista. Das 'atuais' grandes, apenas a Red Bull marcou presença no pódio, enquanto a Brawn demonstrou que definitivamente está em uma acentuada queda.

A corrida húngara, conhecida pela absoluta falta de ultrapassagens, até mostrou algumas, principalmente no início da corrida, quando Button ultrapassou Nakajima e outras durante as primeiras paradas dos pilotos. Alonso fez seu brilhareco, mas foi Hamilton quem dominou a corrida na Hungria, com um ritmo totalmente avassalador enquanto esperava Alonso fazer sua prematura e programada parada. O inglês da McLaren lembrou seus bons tempos e não foi incomodado em nenhum momento e na primeira vez que visitou o pódio, foi logo para o lugar mais alto. A McLaren vinha mostrando sua evolução ao longo das últimas corridas, mas golpes de azar, principalmente de Hmailton, fez com que os resultados não aparecessem. Porém, na primeira vez em que não teve uma corrida problemática, Hamilton nao deu chances a ninguém e até mesmo Kovalainen, que está com pé fora da McLaren, fez uma corrida ao menos digna, terminando a prova em quinto, mas chegando a ameaçar Mark Webber em determinados momentos.
Kimi Raikkonen fez uma largada agressiva, pulou para quarto e definiu sua segunda posição no primeiro pit-stop, quando capitalizou uma parada ruim de Mark Webber e pulou para segundo, conquistando o melhor resultado da Ferrari em 2009. O finlandês fez uma corrida correta e discreta, bem ao seu estilo e a segunda posição é mais um sinal da evolução da equipe vermelha, apesar de uma investigação após a corrida podendo acarretar uma punição a Kimi pelos movimentos do ferrarista na largada, algo que, sinceramente, não vi nada demais. Quanto a situação de Massa, o enorme fluxo de informação por causa da internet podem causar algumas situações esquisitas, como foi o caso do estado de saúde de Felipe Massa. Enquanto os médicos do Hospital Militar de Budapeste davam notícias mais sombrias, os brasileiros que acompanhavam Massa traziam notícias mais leves, fazendo com quem acompanhava ficasse sem entender mais nada, perdido com tantas informações conflitantes. O que podemos afirmar com certeza é a gravidade do caso do brasileiro e a torcida para que ele saía dessa.


A Red Bull tinha a pinta de favorita da corrida e a boa largada de Webber, permanecendo na terceira posição após a largada era um indício claro que a vitória estava próxima. O que a RBR e ninguém na F1 esperava era o ritmo da McLaren de Hamilton e Webber viu a sua segunda vitória na temporada indo para o espaço no momento em que Lewis disparava à sua frente. Para piorar, uma pequena hesitação na primeira parada fez com que o australiano perdesse a briga para Raikkonen, que virou pela 2º posição após o problema com Alonso. O terceiro lugar e mais um pódio para Webber não foi tão mal, principalmente com a péssima exibição de Vettel. Já está ficando até comum as largadas ruins do alemão, com Sebastian caindo para sétimo na primeira volta e com Vettel sem muita gana para brigar por outras posições. Como desgraça pouca é bobagem, um aparente problema na suspensão fez com que Vettel abandonasse mais uma corrida nessa temporada e viu, pela primeira vez no ano, Webber ficar à sua frente no Mundial de Pilotos. Com a batalha pelo campeonato se afunilando e Mark Webber numa ótima fase, não demorará que a Red Bull escolherará um piloto a brigar pelo título. E hoje, este seria Webber, apesar de ninguém duvidar do talento de Vettel.

O que está ocorrendo com a Brawn era algo previsível e acho que demorou até demais para acontecer. Sem muito dinheiro em caixa, a equipe de Ross Brawn não teria como desenvolver seu carro no ritmo das demais e o resultado é o que vimo em Hungaroring, com seus dois pilotos lutando para marcar pontos, onde mais uma vez Button se deu melhor e o inglês conseguiu mais dois pontinhos na sua briga com a Red Bull. A situação da Brawn fica ainda mais crítica quando vemos outras equipes se metendo entre ela e a Red Bull. Ferrari e McLaren estão, no mínimo, no mesmo ritmo da Red Bull e brigarão pela vitória em outras provas, fazendo com que Button perda ainda mais pontos para seus rivais redbullnianos, fazendo com que um campeonato que já parecia nas mãos, escorra por entre os dedos e amarelo-cheguei de Ross Brawn e Jenson Button, já que Rubens Barrichello, décimo hoje, parece estar totalmente fora do páreo.

A Williams foi a única que se manteve sólida nessa aparente mudança no campeonato. Quando Brawn e Red Bull dominavam, a Williams de Rosberg marcava bons tempos. Hoje, com McLaren e Ferrari dando as cartas, novamente Rosberg marcou bons pontos com a quarta posição e o jovem alemão já aparece num bom quinto lugar no Mundial de pilotos. Apesar do pouco investimento, a Williams dá um show de competência, aliado ao bom momento de Nico Rosberg, inclusive podendo levar o alemão a McLaren em 2010. Kazuki Nakajima até que largou numa boa posição, mas foi ultrapassado por Button no final da primeira volta e se manteve anônimo até aparecer na briga pela última posição pontuável, juntamente com Trulli e Barrichello. O japonês ficou no meio do sanduíche e fora dos pontos, mas Nakajima está longe de manter o nível de Rosberg. A Toyota mostra que precisa urgentemente melhorar seu ritmo nas Classificações, pois em ritmo de corrida a equipe provou, mais uma vez, que está muito bem. Principalmente com Glock! O alemão largou na tímida 13º posição e com uma estratégia inteligente (novamente!), adiou suas paradas e após chegar a ocupar a seguunda posição, terminou em sexto, colado em Kovalainen. E se não tivesse ficado empacado em Raikkonen, provavelmente ficaria à frente da McLaren quando saiu da sua segunda parada de boxes, já no final da corrida. Trulli também correu com uma tática parecida, mas acabou atrás do companheiro de equipe, mesmo largando à frente de Glock. Conhecido por ser um piloto extremamente difícil de ser ultrapassado, o italiano da Toyota segurou seu pontinho dos ataques de Nakajima e Barrichello, mas Trulli vê seu companheiro de equipe cada vez melhor e sua posição, ameaçada.

Alonso sabia que sua liderança era meramente ilusória e sua parada extremamente cedo provou o que todos imaginavam, mas ninguém poderia imaginar a experiente equipe Renault, com dois títulos relativamente recentes, errar de forma tão bizonha em uma pit-stop e acabar com a corrida de Alonso. Por sinal, a cena do pneu saindo do carro de Alonso lembrou o acidente de ontem de Massa e o de Surtees na semana passada. A reação de Alonso era típica de "o que posso fazer?", e o espanhol sabe muito bem o que fazer... Nelsinho Piquet fez mais uma corrida discreta, nessa que pode ser sua última na F1. O brasileiro está claramente brigado com Flavio Briatora e até a TV já percebeu isso, quando focalizou Nelsinho, Nelsão e Briatore indo embora numa sequencia bem esclarecedora de como Nelsinho é tratado dentro da Renault. A BMW segue com seu martírio e a Force India voltou à últimas posições. Jaime Alguersuari fez uma ótima prova de estreia, onde não errou (ao contrário do seu nove vezes mais experiente companheiro de equipe), chegou a ficar perto de outros carros e ainda chegou à frente de Buemi. Não foi um espetáculo de velocidade, mas o jovem espanhol escreveu a história da F1 com dignidade hoje.

A corrida na Hungria pode ter sido um marco na F1. A volta de McLaren e Ferrari provam que elas virão muito fortes em 2010 e que Brawn e Red Bull estão tendo uma chance que dificilmente terão novamente. O título ficará entre os pilotos destas equipes em 2009, mas ninguém duvida que as grandes estão de volta!

sábado, 25 de julho de 2009

Susto


Uma semana antes da morte de Henry Surtees, um acidente com uma mecânica parecida deu um enorme susto em todos na Hungria. Por sinal, foi acidente parecido com vários outros. No final do Q2, Felipe Massa vinha se aproximando da curva 4 quando uma mola se desprendeu do carro de Rubens Barrichello e acertou em cheio o capacete do piloto da Ferrari. No Grande Prêmio da França de 1972, uma pedra lançada pelo carro de Emerson Fittipaldi atingiu o capacete do promissor austríaco Helmut Marko e este perdeu a vista de um olho. Com os dois pedais apertados e provavelmente inconsiente, Massa atingiu a barreira de pneus em cheio e deixou todos com o coração na mão. Assim como no Grande Prêmio da Inglaterra de 1999, quando Schumacher quebrou a perna. O acidente de Surtees ainda estava fresco na cabeça do todos, mas ninguém queria lembrar disso.

Agora á fácil falar, mas no primeiro replay vi que uma pela tinha atingido a cabeça de Felipe (se falasse que vi uma mola, podem me chamar de mentiroso), mas isso não diminuía a gravidade do acidente que, pelas informações de momento, não parece nos ter dado mais do que um enorme susto. A segurança da F1 e dos seus periféricos (como o capacete que salvou a vida de Massa hoje) estão cada vez melhores, mas nunca nos devemos esquecer que um carro a mais de 200 km/h sempre representa perigo para as pessoas envolvidas. A morte de Henry Surtees foi um aviso terrível disso e a F1 tem que pensar sempre que imprevistos como esse podem ocorrer. Galvão Bueno, que eu critiquei semana passada, foi muito bem hoje, mostrando a dramaticidade do momento sem ser muito piegas ou demonstrar desespero, ao contrário do Reginaldo Leme, que 'enxergou' Felipe Massa se levantando da sua Ferrari sozinho.

Como havia acontecido em outro evento triste para a F1 e para os brasileiros (San Marino/94), esse susto fez com que a F1 saísse um pouco dos eixos e a desorganização imperasse. Os computadores saíram do ar no final do Q3 e mesmo sem saber ao certo como estava Massa, foi hilário ver Alonso e os demais pilotos totalmente perdidos, sem saber em qual posições estavam ao final dos treinos. O espanhol acabou com um apertada pole, em cima dos reais e prováveis favoritos para a corrida de amanhã, Vettel e Webber. Isso não deixa de ser ainda mais uma arma de Briatore contra Piquet que, mesmo com um carro similar, não passou da 15º posição. Infelizmente, Piquetzinho foi um dos principais algozes de si mesmo dentro da Renault. A McLaren mostrou que seu desempenho nos treinos de sexta foram um reflexo nítido da sua melhora, enquanto a Ferrari parece ter ficado um pouco para trás.

Talvez assustada com o incidente de Barrichello, a Brawn atrasou a saída de Button no Q3, mas em nenhum momento a equipe demonstrou ser capaz de brigar pela ponta com a Red Bull e como vários carros cresceram nessa segunda metade de campeonato, será bastante complicado ver Button segurar a liderança do Mundial se as coisas permanecerem assim. Após o elogio, a crítica ao Galvão. Me lembro que o nosso querido narrador sempre elogia a F3 Inglesa como um celeiro de campeões, pois de lá 'saíram grandes pilotos como Senna, Piquet e Fittipaldi'. Pois bem, na sua crítica a estreia precipitada de Jaime Alguersuari na F1, na qual concordo plenamente, Galvão falou que não conhecia o espanhol e que a F1 estava se nivelando por baixo. Para quem não sabe, Jaime Alguersuari é o atual Campeão Inglês de F3, o mais jovem da história, e ainda estava fazendo um bom campeonato na World Series. Claro que a crítica a Alguesuari por ter estreado na F1 sem a mínima experiência no carro é válida, mas o jovem espanhol já tem uma certa fama pelas categorias de base da Europa, mostrando um certo desconhecimento de Galvão pelo que está ocorrendo em outras categorias.

A perspectiva para amanhã é de uma corrida modorrenta como sempre, com Alonso tentando se manter na ponta, mas como deve estar leve, acabará abrindo caminho para os pilotos da Red Bull, que estão muito equilibrados no momento, com Vettel e Webber andando muito próximos. Resta a Brawn tentar diminuir o prejuízo com relação a sua rival. E a nós, torcer para o completo reestabelecimento de Felipe Massa.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

História: 10 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1999


Com Michael Schumacher definitvamente de fora da contenda pelo título após o alemão quebrar a perna durante o Grande Prêmio da Inglaterra, poucos duvidavam de que a McLaren levasse o título daquele ano, não importando que Eddie Irvine, eterno segundo piloto da Ferrari, estivesse com os mesmos números de pontos de Schumacher. Inclusive, Ron Dennis foi um dos detratores de Irvine.

O circuito de Zeltweg não tinha mais o brilho do antigo traçado, mas ainda tinha características próprias, que eram as fortes freadas e uma média alta de velocidade (nada em comparação aos 256 km/h de média do pole Piquet em 1987). A McLaren dominou todos os treinos e marcou uma dobradinha com Hakkinen à frente de Coulthard. Com todas as atenções ficando para si, Irvine provou alguma força e ficou logo atrás dos dominantes carros prateados. O novo piloto da Ferrari, Mika Salo, estava longe de Irvine, demonstrando a política da Ferrari com relação a seus pilotos. Um tinha tudo, o outro, as sobras.

Grid:
1) Hakkinen (McLaren) - 1:10.954
2) Coulthard (McLaren) - 1:11.153
3) Irvine (Ferrari) - 1:11.973
4) Frentzen (Jordan) - 1:12.266
5) Barrichello (Stewart) - 1:12.342
6) Herbert (Stewart) - 1:12.488
7) Salo (Ferrari) - 1:12.514
8) R.Schumacher (Williams) - 1:12.515
9) Villeneuve (BAR) - 1:12.833
10) Wurz (Benetton) - 1:12.850

O dia 25 de julho de 1999 estava nublado na pequena cidade de Spielberg, mas não havia perspectiva de chuva. David Coulthard tinha sido preterido dentro da McLaren no ano anterior e como Hakkinen não fazia uma temporada brilhante em 1999, o escocês sentiu que podia brigar com o companheiro de equipe pelo título, apesar da McLaren claramente ainda gostar mais do então campeão Hakkinen. Não houve grandes problemas na largada, com Hakkinen mantendo a ponta, apesar da pressão de Coulthard. Na curva 2, Coulthard colocou por dentro de Hakkinen de forma surpreendente, mas Mika fica na sua linha. Então o inacreditável aconteceu. Os dois pilotos da McLaren, com o melhor carro disparado no pelotão, ainda na primeira volta, se tocam e o líder do Mundial, Mika Hakkinen, roda na frente do pelotão, escapando milagrosamente de levar um toque, mas ficando em último ao final da primeira volta.

Apesar das caras feias nos boxes da McLaren, Coulthard ainda se mantinha em primeiro, com Barrichello se aproveitando da confusão para subir para segundo, seguido por Irvine, Frentzen e Salo. Tentando capitalizar a besteira que havia feito, Coulthard abria, em média, 1s por volta em cima de Barrichello, que mantinha uma distância segura para Irvine. O irlandês fazia uma prova discreta e poucos podiam imaginar que ele pudesse brigar por algo nessa corrida. Lá atrás, Hakkinen fazia várias ultrapassagens e tentava diminuir o prejuízo, mas o finlandês sabia que sua corrida praticamente havia acabado. Enquanto o pesadelo de Coulthard e da McLaren começava...

O escocês começa a perder tempo com retardatários e após um ritmo alucinante no começo, Coulthard estaciona sua liderança nos 13s em cima de Barrichello. Para desespero da McLaren, a diferença de Coulthard diminuía volta a volta, com Rubinho se aproximando da McLaren, trazendo Irvine, 3s atrás. Quando Coulthard e Barrichello param, Ross Brawn lembra a Irvine que ele tinha que imitar Schumacher e o irlandês responde com uma série espetacular de voltas rápidas e quando o ferrarista faz sua parada cinco voltas depois de Coulthard, Irvine liderava a corrida com 2s de vantagem em cima do piloto da McLaren!

Hakkinen continuava sua espetacular corrida de recuperação e após a primeira rodada de paradas, o finlandês estava em quarto lugar, pressionando Barrichello, com o brasileiro não repetindo o mesmo ritmo de antes da parada. O piloto da Stewart seria facilmente ultrapassado e acabaria abandonando voltas mais tarde, mas Hakkinen não teria chances de alcançar a vitória. A vitória seria decididade entre Irvine e Coulthard

O pífio desempenho de Coulthard faz com que o piloto da McLaren tentasse a liderança de qualquer maneira e a segunda rodada de paradas era esperada com ansiedade. Salo tem sua parada antecipada e fica algum tempo à frente de Coulthard, atrapalhando o escocês, mas Irvine tinha problemas nos freios e sua vantagem caí de 4 para 3s em poucas voltas. Quandos os dois britânicos completaram sua paradas, Coulthard rapidamente acabou com a desvantagem de 2s que tinha para Irvine e faltando três voltas para o fim ele colou na traseira da Ferrari. Pela forma que havia chegado em Irvine, todos pensavam que Coulthard ultrapassaria o irlandês, mas Eddie permaneceu na frente e acabaria vencendo pela segunda vez na temporada. Foi um duro golpe em cima da McLaren e Irvine provava que tinha condições de substituir Michael Schumacher a altura na luta da Ferrari para sair do seu jejum que completava 20 anos.

Chegada:
1) Irvine
2) Coulthard
3) Hakkinen
4) Frentzen
5) Wurz
6) Diniz

domingo, 19 de julho de 2009

Vá com Deus, Henry


Fico imaginando o que sentiam as pessoas que cobriam o automobilismo no tempo de John Surtees. Além de falar das emoções das corridas, os jornalistas normalmente lamentavam a morte de um piloto no final de semana. E a morte nas pistas não escolhiam ninguém, pois levava jovens e velhos, talentos e outros nem tanto. Pois John Surtees teve a sorte e a competência de ter passado por essa terrível época com apenas um sério acidente de Esporte-Protótipo em 1966 com algumas fraturas. Big John foi campeão seis vezes de moto e uma de F1, pela Ferrari. Se tornou construtor na F1, mas sem o mesmo sucesso. Se aposentou definitivamente das pistas para voltar com força total no começo desta década para acompanhar seu filho, Henry, no automobilismo.

Talvez o velho John nunca imaginaria ter que lhe dar com a morte nas pistas novamente. Os tempos são outros e na F1, em que se morriam pilotos praticamente todo ano, já fazem quinze anos do terrível final de semana em Ímola. Mas nem todo o aparato de segurança de carros e pistas, no qual John Surtees lutou tanto no final dos anos 60, foi capaz de poupar a vida do seu filho Henry, de apenas 18 anos, nessa tarde, em Brands Hatch. Foi um acidente de certa forma estúpido, pois uma roda sair voando em direção à pista após se desprender de um carro e atingir a cabeça de um piloto acontece uma em um milhão. Mas aconteceu hoje com Henry.

A morte de Henry Surtees, confirmada às 20:00 de Londres, chama a atenção pela juventude do inglês e pelo sobrenome que carrega. E após 15 anos da morte de Senna, mais uma vez um carro da Williams é envolvido num acidente fatal numa categoria top. Mas como achar culpados? O que o pobre do Jack Clarke, que bateu no muro e viu sua roda que matou Henry ir para o meio da pista, poderia fazer?

Hoje sinto o que muitos jornalistas da época de John Surtees sentiam após um final de semana de corridas. Falar da emoção nas pistas, mas lamentar a morte de um piloto no mesmo dia.

História: 40 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1969


A temporada de 1969 da F1 ainda estava na metade, mas ninguém duvidava que Jackie Stewart seria o campeão. A combinação entre o escocês e o carro Matra-Ford tinha se mostrado praticamente imbatível naquele ano e as outras equipes tentavam algo diferente para derrotar Stewart. Sempre na vanguarda da tecnologia na F1, Colin Chapman tentava dar outro pulo de geto com um carro com tração nas quatro rodas e o modelo 63 estaria pronto em Silverstone, para Graham Hill e o terceiro piloto John Miles, mas outras equipes também viam que esse processo poderia dar certo e Matra e McLaren também apresentavam modelos com a mesma idéia de Chapman. Não foi no final de semana inglês que ficou provado que essa novidade não daria certo, no que seria o primeiro grande erro de Chapman na F1.

Enquanto seus companheiros de equipe sofriam com o novo equipamento, Jochen Rindt permanecia com o confiável Lotus 49 e se aproveitando de um forte acidente de Stewart na sexta-feira (a corrida seria realizada no sábado), o austríaco conquistava sua quinta pole na carreira. Os pilotos que estavam imcumbidos a guiar os novos carros com tração nas quatro não estavam nada satisfeitos com o que viam e Graham Hill desistiu do carro ainda nos treinos, o entregando a Jo Bonnier, que largaria em último, tendo ao lado na última fila Jean-Pierre Beltoise, que viu seu carro sendo dado a Stewart para que o escocês pudesse marcar o segundo melhor tempo da Classificação e o francês teria que largar com problemático 4x4. Na penúltima fila, Derek Bell e John Miles. Ambos com os carros com a nova tecnologia!

Grid:
1) Rindt (Lotus) - 1:20.8
2) Stewart (Matra) - 1:21.2
3) Hulme (McLaren) - 1:21.5
4) Ickx (Brabham) - 1:21.6
5) Amon (Ferrari) - 1:21.9
6) Surtees (BRM) - 1:22.2
7) McLaren (McLaren) - 1:22.6
8) Rodríguez (Ferrari) - 1:22.6
9) Siffert (Lotus) - 1:22.7
10) Courage (Brabham) - 1:22.9

O dia 19 de julho de 1969 estava nublado e a presença da chuva nas corridas inglesas não seria nenhuma novidade, apesar da pista ainda estar seca. Apesar de ainda não ter conquistado grandes resultados na F1, ninguém duvidava do talento de Rindt e todos apontavam o jovem austríaco como um rival a altura para Stewart, mas Jochen sempre teve equipamentos que não estavam à sua altura e quando chegou a Lotus, a equipe passava por um momento de transição. Largando na pole, Rindt tinha chances de lutar mais diretamente com Stewart, mesmo o escocês correndo com o carro de Beltoise.

Na largada, Rindt permanece na ponta, trazendo consigo Stewart. Seria o início de uma batalha épica que duraria praticamente a corrida toda! Stewart havia vencido as corridas de 1969 com imensa facilidade e na Espanha chegou a colocar duas voltas no segundo colocado McLaren, mas em Silverstone ele finalmente teria um rival no seu nível. O Lotus 49 parecia funcionar extremamente bem em Silverstone, como nas duas temporadas anteriores em que a equipe de Colin Chapman dominou a F1. Rindt aproveitava o potencial que tinha nas mãos e agora brigaria diretamente com Stewart por uma vitória na F1. Praticamente com a mesma idade, Stewart e Rindt haviam brigado muito em corridas de F2 e os resultados eram equilibrados, com vitórias para ambos os gênios. Enquanto Stewart já chegou na F1 numa equipe grande, Rindt penou por algumas temporadas em equipe menores, mas finalmente havia chegado numa equipe grande (Lotus) e enfrentaria o velho rival e amigo na F1 por uma vitória.

Não demorou e o duo Rindt e Stewart desapareceu na frente, fazendo com que seus adversários fossem apenas coadjuvantes na corrida. Hulme se manteve em terceiro até abandonar na volta 19, fazendo com que seu companheiro de equipe e chefe Bruce McLaren assumisse a posição, mas o neozelandês não resistiria a outro jovem talento da época. Jacky Ickx tinha feito uma má largada e cruzou a primeira volta em décimo, mas o belga começou uma grande corrida de recuperação, ultrapassando Jo Siffert, Graham Hill, Piers Courage e Chris Amon em voltas consecutivas, assumindo sexta posição. Após ultrapassar a Ferrari de Pedro Rodriguez, que estreava na scuderia na F1 naquela tarde, Ickx partiu para cima das duas McLarens, mas com o abandono de Hulme, o piloto da Brabham teve que lidar apenas com McLaren, que ultrapassou na volta 27, permanecendo em terceiro até o fim da tarde. Ou, pelo menos pensaria assim.

Lá na frente, Rindt e Stewart imprimiam um ritmo avassalador, dominando a corrida como poucas vezes se viu. Mesmo assim, os dois trocavam de posição e nem assim perdiam tempo com relação aos demais. Os retardatários iam e vinham e nada podia deter Rindt e Stewart na sua batalha alucinante pela ponta da corrida. Rindt liderava a maior parte da corrida, trazendo Stewart sempre fungando no seu cangote, mas os deuses do automobilismo, tão bondosos com os grandes talentos, mas também capazes de grrandes injustiças ao logo da história, fez com que a asa traseira da Lotus de Rindt sofresse um colapso, fazendo com que o austríaco fosse aos boxes já no final das 84 voltas da corrida. Isso praticamente entregava a vitória a Stewart. Mesmo perdendo mais de 30s nos boxes, Rindt voltou à pista ainda em segundo, tamanho era a diferença que ele e Stewart tinham colocado sobre os demais, mas o Lotus 49 ainda estava avariado e Rindt teve que voltar aos boxes consertar um vazamento de combustível, caindo para quarto. Stewart venceria pela sexta vez em sete corridas e já tinha uma mão e meia no trofeu de campeão. Porém, naquele dia frio de julho em Silverstone, a F1 confirmava que a categoria tinha outro gênio das pistas, capaz de rivalizar com Stewart num futuro próximo se tiver um carro bom e confiável. O nome dele era Jochen Rindt.

Chegada:
1) Stewart
2) Ickx
3) McLaren
4) Rindt
5) Courage
6) Elford

Briga interna


Se na F1 a Red Bull pode perder o campeonato deste ano por causa da briga interna entre seus pilotos, na MotoGP esse problema dificilmente irá ocorrer. Apesar de Rossi e Lorenzo se pegarem em praticamente todas as corridas, a superioridade da marca japonesa sobre as demais faz com que os dois companheiros de equipe briguem entre si sem serem ameaçados por ninguém no campeonato, com Rossi e Lorenzo praticamente dominando o campeonato. Para azar do espanhol.

Lorenzo é do tipo piloto lutador, que eleva seu corpo ao máximo para conseguir o melhor resultado possível. Dono de inúmeras quedas desde que estreou na MotoGP ano passado, Lorenzo sempre supera as dores para conseguir vitórias ou resultados inesperados. Esse é praticamente a única coisa que admiro nesse espanhol marrento e arrogante. Ainda se recuperando do seu acidente dos treinos para o Grande Prêmio dos Estados Unidos em Laguna Seca, Lorenzo fez outra prova em que lutou bravamente com Valentino Rossi e, mais uma vez, foi derrotado. Rossi, mesmo com apenas 30 anos, só está correndo pela pressão que está levando de Stoner e, principalmente, Lorenzo. Valentino tem que brigar com alguém em praticamente todas as corridas e em Sachsenring não foi diferente. O italiano largou bem e confirmou a vantagem da pole, mas foi ultrapassado por Stoner para logo depois retomar a ponta. Então o italiano passou a ser pressionado por Lorenzo na parte final da corrida, inclusive sendo ultrapassado pelo companheiro de box, mas conseguiu a ultrapassagem derradeira na penúltima volta e se segurou como pôde até a bandeirada. A diferença entre os pilotos da Yamaha foi de menos de um décimo.

Com isso, Rossi começa a disparar no campeonato e sua vantagem psicológica sobre Lorenzo foi vista no pódio, com o espanhol com uma cara de que apanhou e não gostou. Por isso surgem rumores que Jorge Lorenzo quer sair da Yamaha para ser primeiro piloto de uma equipe da Honda em 2010. Quem não tem nada com isso é Rossi, cada vez mais próximo do seu nono título mundial. Após a surpreendente vitória em Laguna Seca, Pedrosa fez uma prova discreta na Alemanha, um ano após seu sério acidente, mas sempre se manteve próximo da liderança, terminando a corrida menos de 2s atrás das Yamahas. Após tantos acidentes, Pedrosa parece estar recuperando sua forma e poderá brigar pelo título. Mas não esse ano! Stoner ainda sofre com sua gastrite e após um início fulminante de corrida, o australiano da Ducati pareceu sentir o ritmo e paulatinamente foi perdendo terreno para os líderes e terminou num solitário quarto lugar. Ainda com chances de conquistar o título, Stoner precisa de uma reação urgente para se meter na briga interna da Yamaha.

Nas 125cc, Simon prestou atenção nas placas desta vez e conseguiu uma vitória dominante, sem ser importunado por ninguém em toda a prova alemã, bem ao contrário das 250cc. Marco Simoncelli largou na pole e após ultrapassar o surpreendente Alex Debon, não foi mais ultrapassado, mas o italiano sempre teve Debon como uma perigosa sombra e a animada briga pelo terceiro lugar, protagonizada por Hiroshi Aoyama, Álvaro Bautista e Hector Barberá fez com que os três se aproximassem dos dois primeiros e os cinco primeiros colocados chegaram colados na bandeirada, com Bautista conseguindo a ultrapassagem sobre Aoyama no finalzinho da prova e quase fez o mesmo com Debon. Simoncelli se aproximou bastante da batalha pela liderança entre Aoyama e Bautista, começando a sonhar com o bicampeonato, mas quem merece mesmo o título é Aoyama. Nitidamente com uma moto inferior, o japonês da Honda está dando um show nas pistas e a forma como defendeu o 3º lugar hoje por toda a corrida mostra como Aoyama está preparado para subir para a MotoGP. E ser mais um a tentar se meter na briga da Yamaha pela título.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Williams - 30 anos da 1º vitória

Em continuação ao relato da histórica primeira vitória da Williams na F1, um resumo do Grande Prêmio da Inglaterra de 1979. Com comentários de Leo Batista e Reginaldo Leme!

O que acham de Rubinho lá fora

Os defensores de Rubens Barrichello no Brasil (algo raro de se ver...) sempre defenderam o ídolo dizendo que apenas no Brasil o piloto é achincalhado. Com tantas presepadas ditas ao longo dos anos, não foi difícil para os estrangeiros "enxergarem" outro tipo de "talento" que Rubinho tem. Abaixo, uma homenagem ao nosso "brasileirinho contra esse mundo todo".


quarta-feira, 15 de julho de 2009

História: 30 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1979


Quinze dias após a incrível disputa protagonizada entre Gilles Villeneuve e René Arnoux, os dois traquinas foram chamados pelos líderes da GPDA, Niki Lauda e James Hunt, para uma conversa sobre o que tinham feito na estreita pista de Dijon. Os dois experientes pilotos deram uma verdadeiro sermão para nos dois novatos, dizendo que a batalha que fizeram na França deporia contra a segurança dos pilotos perante ao público. Com uma personalidade desconcertante, Arnoux olhou para as duas estrelas e disse que eles não poderiam fazer o mesmo, "pois vocês já teriam tirado o pé". René saiu da sala, enquanto Villeneuve apenas ria. Foi apenas a continuação de um momento histórico da F1.

Com a corrida inglesa em Silverstone, a F1 respirava história e até mesmo a mudança dela. Com a Renault conquistando sua primeira vitória na F1 com Jean-Pierre Jabouille, os motores turbo venciam pela primeira vez. Além disso, a então emergente Williams crescia a olhos vistos, liderada pelo australiano Alan Jones. A equipe tinha sido a mais rápida em testes antes do final de semana e Jones, mesmo com a rapidíssima pista de Silverstone favorecendo os motores turbo, ficou com a pole, mais de meio segundo mais rápido do que Jabouille. Nelson Piquet surpreendia não apenas por superar Lauda, como ter colocado seu problemático Brabham em 3º.

Grid:
1) Jones (Williams) - 1:11.88
2) Jabouille (Renault) - 1:12.48
3) Piquet (Brabham) - 1:12.65
4) Regazzoni (Williams) - 1:13.11
5) Arnoux (Renault) - 1:13.29
6) Lauda (Brabham) - 1:13.44
7) Watson (McLaren) - 1:13.57
8) Reutemann (Lotus) - 1:13.87
9) Andretti (Lotus) - 1:14.20
10) Laffite (Ligier) - 1:14.37

O dia 14 de Julho de 1979 estava ensolarado, ao contrário do que normalmente ocorre na Inglaterra, e o tempo estava perfeito para uma corrida de F1. Ao contrário do que vinha acontecendo, os pilotos de Ferrari e Ligier não estariam dominando o início da prova e duas equipes novas e sem tradição (Williams e Renault) largariam na frente. A Williams permanece na ponta na largada, mas foi Regazzoni quem pulou à frente, com Jones colado na segunda posição. Os motores turbo ainda tinha o famoso retardo no turbo em baixa rotação e os dois franceses caem posições, mas isso logo cessaria. Quando os três primeiros colocados chegaram na reta Hangar, Regazzoni ficou no centro da pista, enquanto Jones ficou pela direita e Regazzoni à esquerda. Numa manobra bonita, os três disputaram a freada, com Jones ficando por dentro, seguido por Jabouille e Regazzoni.

Nelson Piquet ainda chegou a pressionar Regazzoni, mas a falta de experiência do brasileiro fez com que ele rodasse ainda no início da segunda volta, abandonando uma corrida promissora. Isso deixava os três primeiros bem destacados à frente, com Lauda liderando o segundo pelotão, mas logo o austríaco seria superado por Arnoux e Villeneve, mas ambos não estavam batalhando pela posição. Para o pesar dos ingleses. Laffite liderava um animado pelotão que tinha ainda Lauda, Scheckter e Reutemann, mas logo Lauda entraria nos boxes para abandonar. Mesmo já contando com uma vitória, Jones não era presença constante nas primeiras posições e a Williams muito menos, mas o australiano em seu carro branco lideravam a prova como experientes campeões. Jabouille tentava se aproximar de Jones, mas seus pneus Michelin sucumbiram e o francês foi aos boxes na volta 17 para trocar seus pneus, praticamente abandonando suas chances de vitória.

Com isso, a Williams não apenas liderava a corrida, como também fazia uma incrível dobradinha! Jabouille tem problemas no amador pit-stop da Renault e o francês tem que voltar aos boxes logo depois, superaquecendo seu motor, abandonando a corrida. Jones liderava a corrida com tranquilidade, mas na volta 39 o motor Ford Cosworth do australiano superaqueceu e Jones abandona a prova, mas ainda existia a esperança da primeira vitória da Williams, pois Regazzoni assumia a liderança. Arnoux assumia a segunda posição, com as duas Ferraris mais atrás, com Scheckter à frente de Villeneuve. No entanto, as Ferraris começam a perder rendimento no final da prova e quando Villeneuve abandona, Scheckter diminui ainda mais seu ritmo e é ultrapassado pela Tyrrell de Jarier e a McLaren de John Watson, no seu novo modelo M29.

Experiente e acostumado com as vitórias, Regazzoni apenas levou seu Williams para uma tranquila vitória, para alegria de Frank Williams, que finalmente vencia pela primeira vez na F1. Foram anos de espera para Frank e finalmente ele tinha chegado ao topo da F1. Regazzoni parecia aposentado quando saiu da Ferrari, mas o suíço deu a volta por cima e teve a primazia de ter dado a primeira vitória a Williams, apesar de algumas desavenças. Anos depois, Rega acusou a Williams de privilegiar Jones dentro da equipe. No entanto, o crescimento da Williams e da Renault era claro e evidente, assustando as tradicionais Ferrari, Lotus e Ligier. Era o início de uma mudança de forças na F1, que duraria por toda a década de 80.

Chegada:
1) Regazzoni
2) Arnoux
3) Jarier
4) Watson
5) Scheckter
6) Ickx

terça-feira, 14 de julho de 2009

Enquanto isso no domingo...


Se em Nürburgring não houve uma corrida muito movimentada, não faltou movimentação em Toronto, onde a bonita cidade canadense recebeu mais etapa da Indy. O tradicional circuito de rua de Toronto recebeu pela primeira vez, de forma unificada, a Indy e as características da pista permaneceram, com muitas bandeiras amarelas e confusões no final da reta oposta.

Quem se melhor aproveitou disse tudo foi Dario Franchitti, que mesmo largando na pole e tendo um carro sobrando, teve dificuldades pelas inúmeras oportunidades de estratégia causada pelas constantes bandeiras amarelas. O escocês se aproveitou de uma das últimas intervenções para se isolar na frente e praticamente não foi mais incomodado, vencendo mais uma vez em 2009, deixando para trás seu péssimo desempenho na Nascar no ano passado. Mesmo com as equipe vindas da Champ Car andando bem em determinados momentos, foram os carros de Chip Ganassi e Penske que dominaram as primeiras posições.

Castroneves vive uma fase estranha, pois ou bate ou ganha e em Toronto ele deu o azar de bater em Paul Tracy, que vinha fazendo uma prova surpreendente, e acabou vaiado pela torcida. Tony Kanaan está numa péssima forma e ter batido no final da corrida, quando brigava por posições intermediárias, provam o quanto o baiano está mal, assim como a Andretti-Green. Danica Patrick sendo o melhor dos quatro pilotos da equipe de Michael Andretti provam o porquê de Ganassi e Penske estaram sozinhas na briga pelo campeonato. E assim Franchitti, Ryan Briscoe (eterno segundo colocado esse ano) e Scott Dixon deverão brigar entre si pelo título de 2009.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Figura (ALE): Adrian Sutil

Claro que sua presepada na saída do seu primeiro pit-stop lhe custou os primeiros pontos em 2009 e também os primeiros pontos da Force India. Mas a recente performance de Adrian Sutil na menor equipe da F1 mostra que o alemão está mesmo numa equipe abaixo das suas habilidades. Marcado por correr muito bem em piso molhado, Sutil vem mostrando que seu desempenho está crescendo aos poucos, juntamente com a Force India e nas últimas corridas o alemão vinha colocando o carro hindu no Q2. Correndo em casa, Sutil fez ainda mais e se aproveitando as condições traiçoeiras de sábado, o piloto da Force India colocou seu carro na sétima posição no grid, mais pesado do que as Ferraris, que largaria... atrás dele! O ritmo de Sutil não diminuiu na corrida, com o alemão acompanhando a briga que ocorria à sua frente e com o carro mais pesado, ficou mais tempo na pista, onde chegou a ocupar a inacreditável segunda posição. Talvez na ânsia de voltar logo à pista, Sutil acabou trombando com Raikkonen na briga pela sexta posição, quebrando a asa dianteira e tendo que voltar aos boxes logo depois. Sutil pode ter chegado numa posição mais 'associada' a sua pequena equipe, mas sua exibição foi de piloto de ponta.

Figurão (ALE): Rubens Barrichello

A entrada de Rubens nessa sessão foi mais pelo que disse após a corrida do que fez dentro das pistas. O brasileiro vem superando Jenson Button ultimamente, mas nem isso o faz parar de criticar a sua equipe, que lhe deu uma chance de ouro na sua longa carreira. Em Nurburgring, Barrichello fez uma ótima largada e se aproveitando da sua estratégia de três paradas, o decano da categoria ficou à frente de Webber até sua primeira parada. Foi quando se percebeu que Rubinho pararia três vezes e o piloto da Brawn se perdeu. Empacado atrás de Felipe Massa, Rubens pouco fez para ultrapassar o compatriota e quando teve pista livre, houve o prooblema na mangueira de reabastecimento e a troca de posição na última parada. Talvez de cabeça quente, Barrichello soltou cobras e lagartos em cima de Ross Brawn, dizendo que a equipe mostrou como se perde uma corrida. Ora, vamos ter um pouco de auto-crítica! Nem com a melhor das estratégia Rubens Barrichello venceria neste domingo, já que as Red Bull estavam em outro nível e com o 11º melhor tempo entre os vinte que largaram, dificilmente Barrichello faria algo de bom mesmo. E outra, Barrichello deve ter autonomia para barrar qualquer estratégia que ele ache ruim, então está passando da hora de Rubinho parar de chorar e dar Graças a Deus por ainda estar num bom nível na F1.

domingo, 12 de julho de 2009

O grande voo de Webber


Durante muitos anos, Mark Webber foi um dos pilotos mais odiados pelos brasileiros, principalmente pela transmissão Global (que hoje esteve impagável), por que o australiano cometeu o ‘crime’ de ter derrotado Antonio Pizzonia, o queridinho de todos no começo da década. Webber ficou conhecido como político, anti-ético, antipático e de que era um piloto fraco e que só andava bem nas Classificações, caindo durante as corridas. O tempo passou e Webber foi evoluindo como piloto e até mesmo como pessoa, demonstrando ser um líder entre a desunida classe dos pilotos de F1. Já com 32 anos e vindo de uma recuperação traumática de um atropelamento em um evento promovido por ele mesmo, Webber parecia fadado e ter uma passagem obscura peã F1, mas a Red Bull lhe deu um ótimo carro e Mark superou todos os obstáculos acima, além de um companheiro de equipe do nível de Sebastian Vettel para conseguir sua primeira vitória na F1, 28 anos após o último triunfo de um piloto da Oceania, numa prova em que foi definitivamente o mais rápido.

A corrida de hoje foi, na verdade, um grande jogo de xadrez, com Red Bull e Brawn fazendo seus movimentos na medida em que se preparavam para suas estratégias pré-determinadas. Largando mais leve, a Brawn tinha que largar bem e o fez com Barrichello, proporcionando o único momento discutível de Webber, quando o australiano tocou no carro do brasileiro. Aqui vale um detalhe. Não reclamam tanto que a F1 está sem emoção, então por que punir Webber por um leve toque na lateral de um adversário? Foi perigoso? Bastante, mas toda disputa o é! Enquanto Rubens e Mark disparavam, Kovalainen segurava todo mundo, inclusive Button e Vettel, praticamente os tirando da briga pela vitória. Quando as paradas começaram, ficou claro porquê Adryan Newey tem um dos maiores salários da F1, pois, mesmo com Webber cumprindo uma punição, o australiano nunca saiu da contenda pela vitória e o australiano sempre foi o mais rápido da corrida, apenas esperando que a Brawn completasse as três paradas de Barrichello para completar a segunda dobradinha seguida, desta vez invertida, com um insuperável Mark Webber na ponta da corrida, enquanto um irreconhecível Vettel ficando em segundo. Com esse resultado, a Red Bull entra de vez na briga pelo campeonato e com os dois pilotos da marca austríaca ultrapassando Barrichello, Button terá mesmo que cuidar da ótima fase de ambos, se quiser permanecer na liderança.

O problema crônico da Brawn em aquecer os pneus ficou evidente quando, já no terço final da prova, Barrichello e Button precisaram ficar fazendo zigue-zague durante a reta, para ter os pneus ainda aquecidos. Contudo, uma boa estratégia precisa ajudar nas adversidades e Ross Brawn, cuja fama ficou justamente pela sua genialidade na ora de fazer a estratégia dos seus pilotos, vem pecando exatamente nisso, ao insistir na tática arriscada de três paradas. Quando algo ocorre com um dos seus pilotos à frente, essa tática vai para os ares e foi exatamente o que aconteceu em diferentes momentos com Button e Barrichello. Largando mal, Button ainda ultrapassou rapidamente Massa, mas ficou preso atrás de Kovalainen e quando parou, já estava mais de 10s atrás dos líderes, no caso Barrichello, que tinha feito sua parte na estratégia inicial, que era ultrapassar Webber, mas quando o brasileiro voltou à pista, ele ficou empacado atrás de Massa por várias e várias voltas, sem poder ultrapassar. Por sinal, toda vez que Barrichello tem que ultrapassar para ganhar tempo na estratégia, ele acaba ficando atrás do oponente. Um problema no reabastecimento não ajudou Rubens, que ainda se viu ultrapassado por Button na terceira parada. Com a Red Bull cada vez mais forte, não é de se admirar que a Brawn comece a favorecer Button nas corridas, como aconteceu hoje e Rubens, novamente pensando na equipe, terá que colocar isso na sua cabeça, pois hoje a única vantagem da Brawn em cima da Red Bull é justamente não haver dentro da equipe uma briga mais encarniçada pela primazia do time. Difícil é Rubens compreender isso...

Felipe Massa subiu ao pódio pela primeira vez em 2009 com uma corrida sólida, mas que foi praticamente definida com mais uma bela largada da Ferrari, graças ao Kers, ou, como diria Sebastian Vettel, o ‘botãzinho mágico’. Felipe foi rápido nos momentos certos e, ao contrário do que disse Galvão, não perdeu o segundo lugar por causa de sua parada, mas o terceiro lugar ficou de ótimo tamanho para Massa e a Ferrari, que tenho a impressão, virá fortíssima em 2010. Raikkonen abandonou quando estava logo atrás de Massa, mas sem ameaçar. O finlandês parece cada vez mais “To nem aí” com tudo e é exatamente por isso que a Ferrari está querendo se livrar dele para a entrada de Alonso já no próximo ano. Aqui vale um adendo para a presepada de Galvão Bueno na corrida. Claramente Massa não tinha chance de vencer hoje, apesar do Galvão insistir nisso, mas o pior foi ter dito que o Raikkonen venceu o Mundial de 2007 de forma circunstancial e que Felipe merecia mais aquele título. É por essas e outras que o Galvão é xingado em todos os estádios brasileiros...

Nico Rosberg foi outro destaque positivo da corrida de hoje com a 4º posição após largar em 15º. O alemão fez uma prova discreta, praticamente sem ser notado e quando a TV prestou atenção nele, Rosberg já estava nas primeiras posições, brigando com Massa e a dupla da Brawn. Com a Williams cada vez menor para seu talento, Rosberg deverá aparecer em um cockpit melhor no ano que vem, algo que Nakajima, que não comprometeu, mas também não fez nada demais, não deverá ter. A Renault definitivamente deu um passo à frente neste final de semana e Alonso teve a honra de ter feito a melhor volta da corrida, mesmo com o mico de ter rodado na volta de apresentação. Assim como ocorreu ano passado, não é descartável ver a Renault crescendo na metade final do ano e a forma como Alonso atacou Barrichello no final da corrida prova que o espanhol está com tudo. Nelsinho fez uma corrida decepcionante, em que seu nome não mencionado em nenhum momento e após a péssima largada, nas últimas posições ficou até o fim. Outro que deve estar se despedindo é Sebastien Bourdais, mas o francês parece ter deixado algo melhor para a equipe. Todos da Toro Rosso pareciam tristes com a saída do francês e insisto em dizer que não vimos na F1 o melhor de Sebastien Bourdais, para azar da própria F1.

A McLaren poderia ter um bom final de semana em 2009 finalmente, mas a ótima largada de Hamilton lhe rendeu um pneu traseiro furado na segunda curva e o inglês passou a prova andando em último, enquanto Kovalainen, também largando muito bem, fez a melhor prova dele esse ano, ao ficar muito tempo em terceiro, segurando sem muitas dificuldades a Brawn de Button. Após a sua parada, Kova ficou em oitavo e por lá ficou a prova inteira, marcando mais um pontinho para a McLaren. Surpresa maior do que o bom desempenho da McLaren foi o que fez Adrian Sutil. O jovem alemão fez a corrida da sua vida e chegou a andar em segundo, acompanhando carros de mais grife estando mais pesado, mas Sutil jogou sua corrida fora ao trombar com Raikkonen na saída dos pits, acabando com as chances de marcar pontos. Foi uma pena, mas a Force Índia está numa ótima fase e a prova disso foi as ultrapassagens de Fisichella no pelotão intermediário. A Toyota vem sendo a grande decepção desta metade de temporada, com Trulli rapidamente caindo no pelotão e Glock tendo que fazer uma corrida de recuperação após largar dos boxes. Por sinal, o alemão ainda ficou perto de beliscar um ponto. A BMW continua com seu sofrimento e nem correndo em casa resolveu seus problemas de falta de velocidade crônica, com Heidfeld e Kubica sempre andando nas últimas posições.

Se a corrida de hoje não foi um primor de emoção, pelo menos garantiu alguns indicativos para a segunda metade da temporada. A Brawn não exibe mais a mesma forma de antes e com um orçamento limitado, dificilmente terá como recuperar a exuberâncias das primeiras corridas, apesar do circuito de Hungaroring favorecer a equipe. O que pode ajudar a equipe de Ross Brawn é a subida de rendimento de outras equipes, como Ferrari, McLaren e Renault, além de Nico Rosberg em seu Williams. Se Massa ficou com o pódio hoje para corroborar com a boa fase da Ferrari, a boa Classificação da McLaren e a melhor volta de Alonso podem indicar novos ares para essas equipes. Já a Red Bull tem hoje o melhor carro da F1, mas terá que domar sua dupla, se quiser se aproximar de Jenson Button na briga pelo título. Se inicialmente Vettel era o favorito de todos, Mark Webber provou hoje que pode vencer corridas e brigar por vôos maiores.

sábado, 11 de julho de 2009

Se a corrida for assim...


Nürburgring, em seus mais de setenta anos de tradição em corridas, sempre nos trás emoção pelos mais variados motivos. Se a antiga espetacular pista foi praticamente extinta, o inconstante tempo na montanhosa região alemã é que faz a alegria dos amantes do automobilismo com corridas ou, como no caso de hoje, treinos com muita emoção. Num primeiro momento, ver Red Bull e Brawn ficando com as quatro primeiras posições podem nos indicar um treino normal, mas a chuva, fiél seguidor da emoção na F1, fez da Classificação de hoje a melhor do ano.

Como confirmou a previsão do tempo durante a semana, o sábado estava frio e a chuva se fez presente na uma hora de duração do treino, algo que ajudaria bastante a Red Bull. A pole de Mark Webber foi a prova de que o carro de Adryan Newey tem um enorme equilibrio em situações mais frias, mas o australiano teve que lutar muito no Q3 com vários pilotos para conseguir largar pela primeira vez em sua longa carreira na posição de honra na F1. Quando todos pensavam que a disputa ficaria entre a dupla da Brawn e Lewis Hamilton, Webber fez um tempo sensacional e praticamente garantiu a pole, apesar das últimas tentativas de Barrichello e Button, segundo e terceiro colocados, respectivamente. Como falou Button ontem, Webber está se tornando um piloto forte e que poderá incomodar na briga pelo campeonato, mas Vettel esteve estranhamente discreto no dia de hoje. Largando em quarto, não seria surpresa ver o alemão largando com o carro mais pesado.

A Brawn esteve melhor no frio alemão em comparação ao frio inglês e mais uma vez Barrichello superou Button, apesar de uma ótima exibição do inglês no Q2, quando tudo indicava que ele largaria nas posições intermediárias, mas Jenson mostrou porque é o líder do Mundial esse ano e, contra todas as expectativas, marcou um tempo que lhe garantiu no Q3. Button deverá estar pensando cada vez mais no campeonato e como a Red Bull parece ter o melhor carro do final de semana, uma corrida atrás de pontos poderá ser o objetivo de Button. Além da briga pela pole, a grande sacada de Barrichello foi ter esperado até o último momento para entrar na pista no Q2, correndo o risco de ficar de fora, para entrar na pista úmida com os pneus slicks e fazer o melhor tempo. As dezessete temporadas de Rubinho fizeram uma enorme diferença nesse momento. A McLaren mostrou que o melhor tempo de Hamilton na sexta-feira não foi apenas fruto de uma operação de marketing para agradar a Mercedes e hoje brigou, como nos velhos tempos, pela pole-position. Andando na chuva, talvez se esperasse um pouco mais do inglês, mas após várias corridas largando nas últimas posições, o 5º lugar de Hamilton pode ser o indício de uma melhora da equipe para essa segunda metade do campeonato e a posição de Kovalainen, em sexto, aumenta ainda mais isso.

A qualidade de Adrian Sutil quase lhe garantiu um lugar na McLaren ao lado de Hamilton ano passado, mas o alemão acabou permanecendo na Spyker, hoje Force India. Mesmo com um carro ruim, Sutil sempre se destacava em corridas no molhado, como na China esse ano, mas a subida da equipe hindu fez do alemão a grande surpresa do sábado, com ele ficando constantemente entre os primeiros e colocando a pequena equipe pela primeira vez na história no Q3 e, como se não fosse o bastante, ficando à frente das duas Ferraris! Se no passado Sutil já esteve bem cotado, agora ver o alemão numa equipe forte em 2010 chega a ser algo bem sólido, principalmente se ele conquistar os primeiros pontos da Force India, algo que pode acontecer devido as circunstâncias deste final de semana e pelo desempenho do jovem alemão. Giancarlo Fisichella esteve longe de acompanhar Sutil e por isso este longe de fazer algo histórico para a Mercedes. Memso assim, correndo em casa, a marca da estrela de três pontas conseguiu a proeza de colocar cinco carros no top-dez!

A Ferrari fez outro treino problemático, com seus dois pilotos saindo da pista em determinados momentos e longe da briga pelas melhores posições, mas ao menos Kimi e Felipe largarão entre os dez amanhã. Como não poderia faltar, por muito pouco a Ferrari não comete outra besteira ao colocar os pneus errados no carro de Massa. A Renault também mostrou evolução, com Alonso sempre andando entre os primeiros, mas um erro do espanhol no final do Q2 pôs tudo a perder e Nano largará em 11º. Pela primeira vez na carreira na F1, Nelsinho largará na frente de um companheiro de equipe ao emular a estratégia de Barrichello no Q2 e colocar seu Renault no Q3. Pena que, muito provavelmente, essa sua recuperação virá tarde demais, já que Grosjean, após muito se aquecer fora de campo, já assinou a súmula para entrar no lugar de Barrichello daqui a duas semanas e o técnico Briatora não parece muito afim de reverter a troca. Outro na mesma situação, Sebastien Bourdais, fez outra Classificação terrível e sairá em último amanhã. Sinceramente, acho o francês um ótimo piloto e até torcia por ele, mas as circunstâncias fazem da sua dispensa algo justo. BMW e Toyota estiveram longe de empolgar, mas no caso da equipe nipônica, novamente em voltas de um anúncio de sua saída da F1, esse desempenho ruim pode ajudar a fazê-los sair mesmo.

Se a previsão de tempo acertar novamente, a corrida de amanhã poderá ser outra loteria, pois é previsto ainda mais chuva do que hoje. Então, o quarteto que vem dominando a F1 atualmente poderá ser ameaçado por outros pilotos, ótimos em chuva, ávidos por uma temporada melhor, como são os casos de Hamilton e Sutil.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1984


A F1 permanecia nos Estados Unidos e Nelson Piquet parecia iniciar mais uma recuperação rumo ao bicampeonato, apesar de Prost estar muito à frente no campeonato. Pela primeira vez na história, a F1 iria para Dallas para fazer uma corrida num circuito de rua interessante, promovido por Chris Pook, que havia sido o cicerone do Grande Prêmio de Long Beach por muitos anos e havia saído do calendário em 1983. Porém, o problema do autódromo improvisado não era a pista, mas a incrível temperatura que se fazia no Texas. Na sexta-feira, com temperaturas beirando os 35ºC, a dupla da Lotus fez o melhor tempo, com Nigel Mansell novamente à frente do seu companheiro de equipe, Elio de Angelis. Martin Brundle, correndo sob liminar pela Tyrrell, sofre um sério acidente nos treinos, quebrando os tornozelos e tendo que abandonar a temporada para tratar dos seus machucados. Conseguindo apenas o 12º tempo, Nelson Piquet queria saber se pista, os pilotos ou os carros quebrariam primeiro por causa do fortíssimo calor.

Por incrível que pareça, o calor aumentou no sábado e a Goodyear registrou a temperatura ambiente mais alto para uma corrida: 42ºC. Como dificilmente alguém melhoraria seus tempos de sexta-feira, a maioria dos pilotos preferiram ficar dentro dos seus motor homes, se refrescando no ar-condicionado. Derek Warwick, que teve problemas na sexta-feira, mostrou que tinha um ótimo acerto com o seu Renault e conseguiu o milagre de marcar o terceiro melhor tempo, enquanto Mansell garantia sua primeira pole na F1.

Grid:
1) Mansell (Lotus) – 1:37.031
2) De Angelis (Lotus) – 1:37.635
3) Warwick (Renault) – 1:37.708
4) Arnoux (Ferrari) – 1:37.785
5) Lauda (McLaren) – 1:37.987
6) Senna (Toleman) – 1:38.256
7) Prost (McLaren) – 1:38.544
8) Rosberg (Williams) – 1:38.767
9) Alboreto (Ferrari) – 1:38.793
10) Tambay (Renault) – 1:38.907

Como não poderia deixar de ser, o dia 8 de julho de 2009 estava muito quente em Dallas e isso causou problemas adicionais. A corrida foi remarcada para largar às 11:00, três horas mais cedo do que o normal, por causa do calor, e o warm-up foi programado para as 7:30, fazendo com que Jacques Laffite chegasse aos boxes de pijama. Porém, o aquecimento foi cancelado por causa de uma corrida de Can-Am, que destruiu o asfalto ainda mais, fazendo com que Lauda e Prost tentassem um boicote à corrida. Consertos de emergência foram feitos até meia hora antes da corrida e a largada aconteceria normalmente. Menos para Arnoux, que teve problemas na volta de apresentação e largaria em último.

Após tanta confusão, a corrida foi iniciada com Mansell ficando em primeiro, à frente de De Angelis e Warwick. Senna fazia uma ótima largada, se aproveitando da vaga aberta por Arnoux, e pula para quarto, mas ainda na segunda volta o brasileiro roda numa parte da pista ainda danificada por causa do calor e caí para último. O motor Renault de Elio de Angelis começa a apresentar problemas e Warwick ultrapassa o italiano, partindo para cima de Mansell, enquanto Lauda ultrapassa a segunda Lotus e parte para cima de Warwick, que não conseguia ultrapassar Mansell. Nigel usava sua tradicional garra para se manter à frente do compatriota e por causa disso segurava todo mundo, fazendo com que vários carros andassem juntos no começo da corrida. Warwick tenta ultrapassar Mansell numa pequena reta, mas fica por fora na freada e na tentativa de ficar à frente, acaba errando e batendo no muro de pneus. Lauda também tem problemas em seu motor e De Angelis assume novamente a 2ª posição. Por causa do calor extremo, os pilotos estavam ficando cansados rapidamente e cometiam erros.

Vários pilotos já tinham batido nos muros de Dallas! Os cinco primeiros colocados (Mansell, De Angelis, Lauda, Rosberg e Prost) estavam andando colados e na volta 14 Rosberg ultrapassou Lauda e partiu para cima das duas Lotus. Enquanto Prost ultrapassava seu companheiro de equipe, Rosberg deixava De Angelis para trás e partia para cima de Mansell. Com dois pilotos tão agressivos disputando a primeira posição, não poderia ocorrer outra coisa do que uma disputa quente, para delírio dos mais dos mais 90.000 expectadores que foram ao autódromo naquele dia. Na trigésima volta Prost ultrapassa De Angelis e também parte para cima de Rosberg, com Mansell fazendo das tripas coração para permanecer na ponta, enquanto o inglês raspava no muro várias vezes, numa tentativa desesperada de segurar a liderança. Rosberg tenta ultrapassar Mansell no mesmo lugar de Warwick e acaba fechado pelo inglês, algo que o finlandês reclamaria bastante após a corrida. Prost aproveita o momento de hesitação de Rosberg e assume a segunda posição, também indo para cima de Mansell. O francês se tornava o quinto piloto a assumir a 2ª posição e pressionar o piloto da Lotus. Contudo, Rosberg não se dá por vencido e ultrapassa Prost e algumas depois ele finalmente deixa Mansell para trás, com o inglês já completamente sem pneus e tendo que ir aos boxes. Mesmo com problemas no motor, Lauda e De Angelis permaneciam em 3º e 4º, enquanto a briga pela liderança se resumia a Prost e Rosberg. Arnoux fazia uma corrida notável e parecia ser o único imune ao calor e já aparecia em quarto após ultrapassar De Angelis!

Na volta 49, Prost assume a liderança da corrida e rapidamente abre 7.5s de vantagem sobre Rosberg, mas passadas uma hora e meia de corrida, o cansaço dos pilotos era enorme e os abandonos eram inevitáveis. Alboreto inaugurou uma espécie de ferro-velho de F1 ao bater no muro. Numa sequencia impressionante, Surer, Boutsen, Prost e Lauda batem no mesmo muro de Alboreto e cinco carros ficam enfileirados ao lado do muro, com todos os pilotos tentando se refrescar. Apenas oito carros permaneciam na pista e Mansell, após liderar boa parte da prova, era quinto e na última curva, ele bate no muro e quebra o semi-eixo. Desesperado em marcar pontos, Mansell sai do carro e começa a empurrar seu carro rumo a quadriculada, para delírio do público, mas o calor e o cansaço foi mais forte e Mansell acabou desmaiando sobre o pneu dianteiro direito. Keke Rosberg vencia pela primeira vez no ano e trazia consigo um ás na manga para tentar agüentar o calor. O motor Honda da Williams tinha dado tanta dor de cabeça, que o finlandês resolveu testar um novo capacete, que tinha um cooler que levava água gelada para dentro do capacete, deixando a cabeça de Rosberg fria, mesmo com o calor. Tão fria, que Rosberg nem parecia sair de uma das corridas mais quentes e dramáticas de 1984.

Chegada:
1) Rosberg
2) Arnoux
3) De Angelis
4) Laffite
5) Ghinzani
6) Mansell

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sandro







Muitas vezes, as vitórias na F1 chegam através da sorte ou da polêmica. O único triunfo de Alessandro Nannini na F1 foi baseada na segunda descrição, mas nem isso impediu que esse italiano simpático e extremamente rápido se tornasse um dos grandes pilotos no final da década de 80 e quando estava se aproximando do auge da carreira, uma tragédia fora das pistas quase põe fim a sua passagem pelas pistas. A mesma tenacidade que mostrou nas pistas, Sandro, como era conhecido, mostrou fora delas ao voltar às corridas um ano depois do seu acidente de helicóptero e se tornou uma estrela das corridas em carros de turismo. Completando cinquenta anos no dia de hoje, iremos conferir a carreira de Nannini.

Alessandro Nannini nasceu no dia 7 de julho de 1959 na cidade de Siena, proveniente de uma família rica, que ganhou dinheiro através das padarias da cidade. A irmã mais velha de Sandro, Gianna Nannini partiu para o mundo musical e se tornou uma estrela de rock na Itália, inclusive cantando a música oficial da Copa do Mundo de 1990. O interesse de Alessandro Nannini pela velocidade começou na metade da década de 70, quando ingressou no motocross e em 1978 partiu para as quatro rodas, mas ainda nas pistas de terra, comprando um Citröen Dyane e competindo no rally. No ano seguinte ele comprou um mais competitivo Lancia Stratos e mesmo conseguindo alguns bons resultados, Sandro decidiu partir para os autódromos em 1980, competindo na Fórmula Itália, onde mostrou um bom resultado em seu ano de estréia, ganhando o campeonato em 1981. Isso chamou a atenção de Giancarlo Minardi, que iria construir pela primeira vez um chassi de F2, após anos correndo com chassis comprados, e este leva Alessandro Nannini para o Europeu de F2 em 1982. O Campeonato Europeu de F2 começava seu declínio e mesmo tendo os potentes motores BMW, a Minardi tinha enormes dificuldades com a confiabilidade, mas Nannini se sobressaía quando tinha oportunidade e conseguiu um segundo lugar em Misano em 1982 e repetiu a posição em Nürburgring, ainda no velho circuito, em 1983.

Enquanto corria na F2, Nannini também iniciava uma boa carreira no Mundial de Esporte-Protótipo, sendo contratado pela equipe Lancia Martini em 1982, estreando com um bom segundo lugar em Mugello, ao lado de Corrado Fabi. Num campeonato dominado pela Porsche, Nannini conseguia apenas resultados regulares, apesar de seu talento ser inerente a todos, como na vitória em Kyalami em 1984, ao lado de Riccardo Patrese. No entanto, a melhor exibição de Nannini com estes carros foi nas 24 Horas de Le Mans de 1982, quando liderou a maior parte da prova, ao lado de Martin Wollek, mas acabou abandonando com problemas de câmbio. Quando Minardi resolve lançar sua equipe na F1 em 1985, a escolha natural recai em Nannini, mas por incrível que pareça, o italiano tem o pedido de Superlicensa caçada e tem que passar a temporada de 1985 toda correndo no Mundial de Esporte-Protótipo e testando os carros da Toleman. Quando finalmente é agraciado com a Superlicensa, Nannini pode finalmente estrear na F1 pela Minardi em 1986, tendo ao seu lado Andrea de Cesaris. Mesmo tendo a mesma idade, De Cesaris era muito mais experiente e apesar de ser temerário atrás do volante, ninguém contestava a velocidade do italiano. Seria um belo teste para Nannini.

Porém, os carros da Minardi ainda sofriam com a pobre confiabilidade, a ponto de Nannini ver a bandeirada de chegada apenas na penúltima corrida, no México, quando terminou a prova em 14º. No entanto, durante as Classificações, Nannini consegue se sobressair a De Cesaris e por isso fica mais um ano na Minardi. De Cesaris saí da equipe e no seu lugar entra o espanhol Adrian Campos, que é facilmente derrotado por Nannini durante o ano, mas o problema de confiabilidade do carro persiste, fazendo com que o italiano só recebesse a bandeirada apenas um vez novamente, em 11º, na Hungria. Porém, Nannini se faz ser notado por boas atuações, como na Alemanha e em Portugal, quando estava em sétimo e oitavo, respectivamente, quando abandonou. A equipe Benetton se tornava uma equipe grande e vendo a habilidade de Nannini, o contrata para 1988. Essa seria a grande chance do italiano!

Tendo ao lado o belga Thierry Boutsen, o contraste de estilo dos pilotos da Benetton fica claro, com Nannini mais agressivo, enquanto Boutsen era bem mais suave. A Benetton tinha um contrato com a Ford, que lhes daria o motor Cosworth aspirado, antes da proibição do turbo em 1989. Contudo, o maior problema da Benetton foi o domínio avassalador da McLaren em 1988, com a equipe conquistando várias dobradinhas ao longo da temporada, sobrando, normalmente, apenas um lugar no pódio. Isso deixava a terceira posição uma briga acirrada entre os pilotos de Ferrari, Williams, Lotus e Benetton. Em comparação a Boutsen, Nannini era mais rápido nas Classificações, mas Boutsen era mais constante em ritmo de corrida. Alessando mostrava que tinha condições de brigar de igual para igual com os grandes pilotos da época, como demonstrou em Ímola, onde marcou seu primeiro ponto com um sexto lugar, mas a Benetton o deixou na mão algumas vezes e sua agressividade custou alguns pontos. Sua melhor exibição foi em Silverstone, onde sobreviveu a uma rodada numa pista muito molhada para conseguir seu primeiro pódio, em terceiro.

Nannini fez algumas corridas positivas no final do ano, inclusive com uma brilhante terceiro lugar em Jerez, numa corrida em que chegou a ultrapassar Ayrton Senna. Para 1989, Nannini seria o primeiro piloto, já que Boutsen tinha se transferido para a Williams, e Johnny Herbert ainda era um novato praticamente desconhecido. Porém, a temporada não começou bem para a Benetton com o atraso dos novos chassis e do novo motor Ford, mas isso não impediu algumas boas exibições do italiano. Após uma corrida discreta no Brasil, Nannini conseguiu um pódio em San Marino em terceiro lugar, o melhor não-McLaren da corrida, e após um oitavo lugar em Mônaco, ele conseguiu um quarto lugar no México. Em Phoenix, Sandro sofreu um forte acidente no warm-up que o fez abandonar a corrida quando estava em 3º e em Montreal ele resolve trocar seus pneus durante a volta de apresentação e quando volta à pista, a largada não tinha sido dada e o italiano acabaria desclassificado por causa da confusão. A volta à Europa e vinda do novo carro faz com que Nannini melhore sua performance, conseguindo pontos de forma regular, inclusive com um terceiro lugar na Inglaterra, imitando o resultado do ano anterior. Após uma corrida decepcionante em Jerez, Nannini vai ao Japão como coadjuvante da emocionante e polêmica disputa entre os pilotos da McLaren.

Senna e Prost duelavam pelo título com direito a diversos truques. Prost tinha sido mais constante durante o ano e era o favorito ao título, mas ninguém poderia duvidar de Senna. A corrida em Suzuka era uma das mais tensas de todos os tempos, já que ambos haviam declarado antes da prova que não aliviariam se ocorresse uma disputa direta. Largando em quarto, Nannini fazia uma prova correta e após uma briga com as Ferraris, ele se encontrou um tranquilo terceiro lugar quando os carros vermelhos abandonaram. Sentindo que era impossível se aproximar das duas McLarens e nem era incomodado por ninguém, Nannini diminuiu o ritmo e apenas esperava pela bandeirada. Quando abria a antepenúltima volta, Nannini se achou em primeiro! Senna e Prost tinham se envolvido na sua famosa colisão, com Prost ficando pelo caminho e Senna voltando à pista como um louco. Num ritmo até 3s mais lento que os líderes, Nannini foi surpreendido por um Senna enlouquecido e foi ultrapassado até com facilidade pelo brasileiro na penúltima volta. Mas havia um problema. Senna tinha cortado a chicane e todos esperavam uma punição e o pódio era atrasado de forma estranha. Minutos depois, Nannini aparece feliz com sua surpreendente e polêmica primeira vitória.

Com um segundo lugar em Adelaide, Nannini acabaria a temporada de 1989 em sexto lugar e a perspectiva para 1990 eram ótimas com as chegadas de John Barnard e Nelson Piquet. Nannini fica muito amigo do tricampeão. Como tinha acontecido no ano anterior, a Benetton atrasou o seu novo carro e Sandro só pontuou na terceira corrida do campeonato, com um terceiro lugar em Ímola, ainda marcando a volta mais rápida da corrida. Nannini lideraria o Grande Prêmio do Canadá, mas um pneu furado pôs tudo a perder. Foi uma primeira metade claudicante, mas em Hockenheim a temporada de Nannini decolou. Largando com os pneus mais duros, Alessandro Nannini partiu para uma estratégia de não parar e por isso liderou a corrida alemã por várias voltas, mesmo sendo pressionado por Senna. Após ser atrapalhado por um retardatário, Sandro é ulrapassado pelo brasileiro, mas termina a prova em segundo. Em Hungaroring, Nannini faz uma ótima corrida, andando por várias voltas em segundo, sempre próximo do líder Boutsen. Senna havia tido um pneu furado e após uma boa corrida de recuperação, pressionava Nannini no final da prova. Numa manobra, no mínimo, otimista, Senna tentou a ultrapassagem em uma chicane e jogou Sandro para fora da corrida de forma até desavergonhada!

Nannini consegue em bom quarto lugar em Spa e quando era um dos mais rápidos em Monza, tem problemas de freios e se envolve numa cena de pastelão com Piquet, com ambos os pilotos da Benetton entrando nos boxes ao mesmo tempo. No GP da Espanha, Nannini retorna ao pódio com um terceiro lugar e com uma folga de três semanas para a corrida no Japão, ele resolve voltar à Itália para descansar. Enquanto se aproximava da fazenda dos pais na pequena cidade de Belriguardo, próximo a Siena, o helicóptero de Nannini sofre uma pane e cai, ferindo outras três pessoas sem gravidade, mas Sandro estava seriamente machucado. Nannini foi submetido a uma microcirurgia para um reimplante de antebraço. Flávio Briatore, na época chefe de equipe de Nannini, ficou chocado, assim como toda a F1. Nannini, segundo especulações, havia acabado de rejeitar uma proposta de US$ 4 milhões para se transferir para a Ferrari, que ainda tentava tirar Alesi da Williams, mas o italiano preferiu trocar o sonho de correr pela Scuderia por um contrato mais longo com Briatore. O dirigente perdeu a sua maior aposta, mas acharia um alemão no ano seguinte. Um tal de Michael Schumacher. Apesar do sucesso na cirurgia de reimplante em seu antebraço, a carreira de Alessandro Nannini na F1. Foram 76 Grandes Prêmios, uma vitória, duas melhores voltas, nove pódios e 65 pontos conquistados.

Após um ano se recuperando do seu acidente, Nannini voltou às pistas no Campeonato Italiano de Superturismo pela equipe oficial da Alfa Romeo e em sua primeira corrida, ele largou em segundo. Nannini ainda venceria três corrida no seu ano de estréia, mas perdeu o campeonato para o seu companheiro de equipe Nicola Larini. Como forma de homenagem a sua força de vontade em voltar a correr, a Ferrari preparou um teste para Nannini no final de 1992, com um carro adaptado as limitações do italiano. Quando a Alfa Romeo se transferiu para o DTM em 1993, Nannini se tornou uma das estrelar do maior campeonato de turismo do mundo na época, mas a Alfa teve que adaptar um câmbio semi-automático para Nannini, que ainda quebrava bastante, impedindo que Sandro conseguisse grandes resultados. Novamente Larini venceu o campeonato, mas Nannini ainda venceu duas corridas e conseguiu várias poles. Sandro tinha tudo para ser o campeão da temporada de 1994 do DTM ao vencer as quatro primeiras corridas do ano, mas quando a Mercedes estreou o novo carro no meio do ano, a marca alemã deu a volta por cima e Nannini ficou para trás. O novo modelo Classe C era tão bom que a Alfa não pôde brigar com a Mercedes em 1995 e Nannini ficou para trás. Em 1996, o DTM acabava para o surgimento do novo ITC. Era um supercampeonato mundial, com Mercedes, Alfa e Opel brigando palmo a palmo pelas melhores posições. Nannini se tornou líder da Alfa contra a Mercedes de Bernd Schneider, que acabaria campeão, e o Opel de Manuel Reuter. Quando a Alfa e a Opel desistiram do campeonato no final de 1996, o ITC foi extinto e Nannini se transfere para a Mercedes para disputar o Campeonato Mundial de FIA-GT, ao lado do alemão Marcel Tiemann. Com problemas no modelo CLK-GTR, Nannini viu Schneider vencer o campeonato, mas o italiano ainda venceria por uma última vez em Suzuka, já no final do ano. Em setembro de 1998, com 39 anos de idade, Alessandro Nannini anunciou sua despedida das pistas. Apesar de todas as limitações que teve na carreira, Nannini sempre encarou a vida com bom humor, o fazendo uma das figuras mais populares do paddock e assim, o italiano é tão admirado dentro, como fora das pistas.
Parabéns!
Alessandro Nannini