domingo, 31 de agosto de 2014

Jogo dos erros

Numa disputa equilibrada e particular entre dois pilotos numa corrida, faz com que ambos corram no limite do limite deles e da máquina, fazendo com que os erros apareçam, mesmo que essa disputa seja de altíssimo nível como o de hoje entre Marc Márquez e Jorge Lorenzo. Protagonistas do Grande Prêmio da Inglaterra desde a primeira curva, Lorenzo e Márquez dominaram a corrida de hoje em Silverstone, que foi decidida por erros de ambos no final da corrida e por uma manobra agressiva de parte a parte, tanto atacando, como defendendo.

Como forma de tentar se manter à frente de Márquez, desde o ano passado Jorge Lorenzo faz largadas agressivas, tentando ficar na frente nas primeiras voltas e tentando se manter à frente do compatriota da Honda. Saindo da primeira fila, Lorenzo foi bem por dentro e assumiu a ponta na primeira curva, tendo a incômoda companhia de Márquez, mas ao contrário de outras ocasiões, Marc não foi para cima imediatamente, preferindo ficar estudando as trajetórias de Lorenzo a corrida inteira, enquanto o piloto da Yamaha fazia das tripas, coração para se manter na frente, correndo pendurado o tempo todo. Faltando sete voltas para o fim, Márquez fez a volta mais rápida da corrida e foi para cima com tudo, mas foi um pequeno erro de Lorenzo que fez o piloto da Honda assumir a ponta pela primeira vez, mas algumas voltas mais tarde foi a vez de Márquez, tentando abrir vantagem para Lorenzo, 'embarrigar' a curva Stowe e deixar Lorenzo passar. As últimas voltas prometiam eletrizantes e os dois espanhóis entregaram isso com uma sequencia agressiva nos esses antes da reta Wellington, com Márquez chegando a encostar sua roda dianteira no cotovelo de Lorenzo e o piloto da Yamaha recolhendo sua moto para não bater em Márquez na segunda perna do esse. Faltando duas voltas e com Lorenzo perdendo tempo em sua recolhida, Marc Márquez partiu impávido rumo a décima primeira vitória neste ano e mostrando que o quarto lugar em Brno quinze dias atrás foi mais um percalço do que uma repentina queda de desempenho do espanhol.

Lorenzo aceitou bem a derrota ao cumprimentar Márquez na volta de desaceleração, mas o espanhol da Yamaha parece meio que sem saber o que fazer para bater o compatriota melhor equipe e com a confiança lá no alto. Completando o pódio, Valentino Rossi teve que lutar muito para garantir o terceiro lugar numa briga à três com Pedrosa e Doviziozo, surpresa do dia ao manter um bom ritmo com a Ducati a corrida inteira. Após seu triunfo em Brno, Pedrosa voltou a exibir o desempenho opaco de outras provas esse ano, enquanto Rossi comemorava o recorde de corridas na principal categoria do Mundial de Motovelocidade, superando hoje Alexandre Barros.

Mesmo pequenos erros definindo a prova de hoje, o alto nível da MotoGP novamente se destacou e vimos outra corrida de perder o fôlego, com Marc Márquez sabendo também ser agressivo quando necessário e consolidando seu bicampeonato antecipado. Algo bem possível matematicamente e respondendo o péssimo narrador do Sportv, Guto Nejaim, que indagou antes da largada: "Será que é possível Marc Márquez vencer o campeonato com antecedência?" Sem comentários. 

Merecido!

Se havia alguém, nos últimos anos, que merecia vencer o título da Indy, este era Will Power. Dominador nos circuitos mistos, o australiano da Penske, que teve 'educação' no automobilismo inglês, patinava nos ovais. Entre 2010 e 2012, Power chegou na última etapa do ano com grandes chances de ser campeão, mas em todas essas ocasiões a disputa pelo título era realizada num circuito oval e Will acabava sucumbindo ao seu calcanhar de Aquiles, conquistando um incrível e inconveniente tri-vice. O problema de Power era claro. Se ele corresse minimamente bem nos ovais, ele estaria com a mão no título, pois o australiano nunca deixou de andar bem na rua ou nos autódromos. Em 2013, quando esteve longe da briga pelo título, Power melhorou consideravelmente nos ovais, vencendo duas corridas nesse tipo de circuito, incluindo o local da decisão do título deste ano, em Fontana, de propriedade de Roger Penske, dono da equipe de Power e vindo de um longo jejum na Indy.

Porém a vida de Power não começou nada bem no final de semana decisivo, pois com um carro muito ruim no treino classificatório, ele teve que se contentar com a penúltima colocação no grid, enquanto que Helio Castroneves, praticamente o único que poderia lhe tirar a taça, conseguia a pole. Os velhos fantasmas, com certeza, voltaram a atormentar a vida de Will Power. Seria o quarto vice em cinco anos? Contudo, os erros passados tinham que servir para dar uma lição e Power não se importou muito com sua incômoda posição e foi escalando o pelotão com a calma de que sabia que aquela prova se tratava de uma maratona de 500 Milhas. Para completar, o terceiro fator da briga pelo campeonato, o surpreendente Simon Pagenaud, tinha problemas de dirigibilidade do seu carro e era logo uma carta fora do baralho. A disputa era diretamente entre os dois pilotos da Penske.

Enquanto isso, Helio Castroneves usava a sua experiência nesse tipo de corrida para ficar nas primeiras posições o tempo todo e dar o bote nas famosas 'cinquenta voltas finais'. Juan Pablo Montoya, Ed Carpenter e a dupla da Ganassi se revezaram na ponta da corrida com Castroneves numa prova rápida e com apenas uma bandeira amarela. Talvez o sério acidente do russo Aleshin tenha feito que o pessoal pegasse leve nesse sábado à noite. Power já estava no top-5 no momento decisivo da prova, chegou a beliscar a ponta da corrida na relargada, mas o seu merecido título veio por um erro do veterano Castroneves. O brasileiro entrou forte demais nos boxes em sua última parada e acabou tocando na faixa branca, causando uma punição que o fez perder uma volta. Foi a senha para Will Power diminuir seu ritmo, apenas levar seu Penske rumo a bandeirada e com a nona posição, finalmente comemorar seu primeiro título na Indy. Numa grande recuperação da Ganassi, após um início claudicante de campeonato, Tony Kanaan comandou a dobradinha da equipe vencendo em Fontana com Dixon, que fez um espetacular final de campeonato, chegando em segundo e pulando para terceiro no campeonato.

Além de Power, Roger Penske também quebrou um tabu de oito anos sem título, o que é bem incômodo para alguém que tem a considerada melhor equipe da Indy há décadas. Power liderou a equipe desde 2010 e sempre bateu na trave, assim como foi o caso de Helio Castroneves ano passado. Agora com os dois na disputa, finalmente Penske voltou a comemorar o título e ainda com dobradinha, algo que não acontecia desde 1994 com as lendas Al Unser Jr e Emerson Fittipaldi. Com mais essa derrota no campeonato, Helio Castroneves soma a incrível marca de quatro vice-campeonatos, acho que algo inédito no automobilismo mundial para quem não tem nenhuma conquista no currículo. Igual ao ano passado, quando teve a faca e o queijo na mão, Castroneves sucumbiu nas corridas finais e mesmo Power não tendo um desempenho daqueles, particularmente nas duas últimas corridas, o australiano pôde comemorar. 

Se para Helio mais esse revés pode ser um golpe numa carreira já muito extensa e praticamente toda ela na melhor equipes dos Estados Unidos, para Will Power pode ser a senha de um futuro prodigioso na Indy. Livre da pressão do primeiro título (os americanos já ameaçavam chamar de maldição), Power poderá correr mais tranquilo a partir de 2015, quando a Indy mudará sua cara com os novos kits aerodinâmicos. Sem pensar demais nos títulos perdidos, Will Power poderá finalmente deslanchar e comprovar a todos que é mesmo o melhor piloto da Indy nos últimos tempos.

sábado, 30 de agosto de 2014

Que pena...

Faleceu ontem o antigo Campeão Mundial de Rally, Björn Waldegard, aos 70 anos. Apesar dos rallys serem muito populares da Europa, apenas em 1979 a FIA estabeleceu um Campeonato Mundial de pilotos e correndo com um Ford Escort, Waldegard derrotou o finlandês Hannu Mikkola e se tornou o primeiro campeão. Waldegard teve uma carreira longa no WRC, aposentado-se apenas em 1992, sendo que sua vitória no Rali Safári dois anos deixou o sueco como o mais velho a vencer uma etapa do Mundial. Um piloto histórico no rally, mas também do esporte a motor. Uma pena. 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

História: 20 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1994

O medo ainda assolava a F1 quando o circo chegou em um dos seus mais tradicionais palcos e numa das curvas mais icônicas da história. Spa-Francorchamps era (e ainda é) sinônimo de F1 em seu estado puro. E a famosa curva Eau Rouge era (e também ainda é) sinônimo de Spa-Francorchamps. Porém, tudo parecia ser perigoso demais em 1994 após todos os acidentes e mortes daquela temporada e a Eau Rouge foi modificada a pedido da GPDA, ganhando uma fechada chicane no lugar do fluído e histórico esse em alta velocidade colina acima.

Mas se a GPDA foi capaz de modificar a Eau Rouge, não foi capaz de modificar o inclemente clima belga e todos os treinos foram debaixo de muita água, tornando o circuito de Spa muito perigoso. No finalzinho do treino de sexta-feira, a chuva cessou por alguns minutos e um trilho seco foi formado. Rubens Barrichello, na difícil missão de tentar, na visão dele, dar alegria que Senna dava aos brasileiros até Ímola, arriscou colocar pneus slicks e a aposta do brasileiro deu certo, ficando com a pole provisória. Schumacher também apostou nos slicks no final daquele treino, mas não foi capaz de superar Rubens. Havia ainda o treino de sábado, pensou a maioria dos pilotos. Contudo, a uma hora de treino no sábado se deu com muita chuva e ninguém foi capaz de melhorar o tempo de Rubens Barrichello, que entrava na história, aos 22 anos de idade, como o poleman mais jovem da história da F1 até aquele momento. Hakkinen retornava à F1 com um razoável oitavo lugar, enquanto o novato do dia, o belga Philippe Adams, mostrava que só estava no grid da F1 pelo tamanho de sua carteira, ficando em último lugar no grid, 6.7s atrás do seu companheiro de Lotus, Johnny Herbert. 

Grid:
1) Barrichello (Jordan) - 2:21.163
2) Schumacher (Benetton) - 2:21.494
3) Hill (Williams) - 2:21.681
4) Irvine (Jordan) - 2:22.074
5) Alesi (Ferrari) - 2:22.202
6) Verstappen (Benetton) - 2:22.218
7) Coulthard (Williams) - 2:22.359
8) Hakkinen (McLaren) - 2:22.441
9) Frentzen (Sauber) - 2:22.634
10) Martini (Minardi) - 2:23.236

Quando Rubens Barrichello acordou naquele dia 28 de agosto de 1994 em Spa, ele provavelmente esperava abrir a cortina do quarto do seu hotel e ver o tempo fechado e chuvoso dos últimos dias, mas mostrando o quão maluco é o clima na região das Ardenas, havia sol forte e imediatamente o brasileiro da Jordan sabia que suas parcas chances de vitórias se acabaram antes mesmo da largada, mas havia um sério problema para todos os 26 pilotos que largaram naquele dia, pois seria a primeira vez que eles correriam com piso seco em Spa naquele final de semana. Na luz verde, Barrichello permanece heroicamente na ponta, segurando o rojão de um Schumacher babando na apertada Source. Mais atrás, Alesi ficava bem por dentro e assumia a terceira posição, enquanto Irvine caía de quarto para oitavo.

Havia a expectativa da freada da 'chicane' Eau Rouge, mas os pilotos passaram sem problemas pelo local claramente improvisado, mas vendo o que tinha acontecido com seu companheiro de equipe metros atrás, Barrichello sabia que não teria muitas chances e foi ultrapassado por Schumacher na Le Combes e por Alesi na freada da Bus Stop ainda na primeira volta. Tudo dentro do script e Schumacher, em sua pista favorita e especial pela estreia e primeira vitória na F1, pôde abrir vantagem, ainda mais quando Alesi abandona tristemente com o motor quebrado ainda na segunda volta, ao mesmo tempo em que Damon Hill assumia a segunda posição. Como era de se esperar, Barrichello é ultrapassado por Coulthard e Hakkinen, mas se estabiliza na quinta posição, enquanto que no Brasil, inebriado com a expectativa de uma vitória de Rubinho, alimentado por ele mesmo e por parte da imprensa coxinha, muitas pessoas desligavam a TV e chamavam Barrichello de 'Pé-de-Chinelo' e dizem que ele nunca seria um novo Senna. Essa cobrança perseguiu o brasileiro em praticamente toda a sua carreira.

Enquanto Schumacher passeava no bosque com seu Benetton e tinha 15s de vantagem sobre Hill, Barrichello era pressionado por Frentzen na briga pela quinta posição. Ao contrários das outras posições, Rubens esboça resistência frente aos ataques do alemão da Sauber e na décima volta, induz Frentzen ao erro ao fazer o alemão forçar na freada da 'chicane' Eau Rouge e o piloto da Sauber acaba batendo e abandonando a prova. Porém, a vida de Barrichello não estava ganha ainda, pois quem se aproximava dele era Berger, que tinha largado numa má posição no grid com sua Ferrari e agora se recuperava bem na prova, mas o austríaco também seria outro abandono ferrarista pelo mesmo motivo de Alesi na volta 12. Jean Todt já deveria estar correndo atrás do telefone da Peugeot, seu antigo empregador e que teve muito sucesso anos antes no Endurance e no Rally. Após todos os líderes terem feito suas paradas, Schumacher, sem saber, decidia o Grande Prêmio da Bélgica na volta 18 ao entrar muito forte numa zebra alta, perder o controle do seu Benetton e derrapar em cima de outra zebra alta. Schumacher não perde muito tempo, ao redor de 6s, e continua com uma liderança folgada, na frente de Coulthard, com Hill em terceiro após perder a posição para o seu companheiro de equipe durante a primeira rodada de paradas. O pole Barrichello termina sua prova uma volta depois quando ele se atrapalha ao colocar uma volta em Jean-Marc Gounon, batendo na barreira de pneus e acabando seu final de semana de sonhos.

Na segunda rodada de paradas, Schumacher e Hill param na mesma volta e com isso David Coulthard liderava pela primeira vez na carreira uma corrida de F1. O escocês faz seu pit-stop logo em seguida e retorna à pista em segundo, mesma posição que ocupava antes da sua parada, mas Hill começa a pressionar o seu jovem companheiro de equipe. Apenas nas voltas finais foi que Coulthard deixou Hill passar atendendo a uma ordem de equipe, mas a Williams não teria seus dois pilotos no pódio quando Coulthard diminui drasticamente seu ritmo com problemas de câmbio. O escocês é alcançado por Mika Hakkinen e Jos Verstappen, que o ultrapassa sem problemas, mas o inglês Mark Blundell acaba se animando demais com a quinta posição certa e acaba saindo da pista, ficando mesmo em sexto lugar. Schumacher recebeu a bandeirada e comemorou bastante sua vitória, mas... Depois da corrida os comissários de pista foram medir a prancha de madeira que tinha sido implantada debaixo dos carros como medida para diminuir a velocidade dos carros nas curvas. A prancha de Schumacher estava abaixo da espessura permitida devido a sua espetacular rodada na corrida e por isso o alemão foi desclassificado, dando a vitória para Damon Hill, que encostava ainda mais no campeonato. Porém, essa desclassificação de Schumacher custaria ainda mais caro para o alemão, pois o piloto da Benetton ainda estava sendo julgado pela desclassificação do Grande Prêmio da Inglaterra e com mais esse problema, o alemão da Benetton recebeu uma desproporcional suspensão de duas corridas. Conta-se que essa punição foi mais política do que técnica. Com Schumacher 21 pontos na frente do campeonato e o alemão ainda não tendo o carisma que viria a ter no futuro, essa suspensão foi um meio artificial da FIA em deixar o campeonato mais emocionante no final. E ainda dizem que Schumacher ganhou aquele campeonato roubado... Uma curiosidade foi que a desclassificação de Schumacher significou a subida do seu companheiro de equipe Jos Verstappen ao pódio, seu segundo consecutivo, mas seu último na F1, o mesmo acontecendo com os pilotos holandeses. Quem sabe no futuro o filho de Jos, Max Verstappen, quebre esse tabu...

Chegada:
1) Hill
2) Hakkinen
3) Verstappen
4) Coulthard
5) Blundell
6) Morbidelli

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O vetado

Para muitos, ele foi um dos melhores pilotos da F1 a não conseguirem uma vitória na categoria, muito pelas escolhas que Derek Warwick fez ao longo de sua extensa carreira na F1 e outras por ter incomodado demais. Nem tanto pelo seu talento, mas pela simpatia e carisma que esse inglês tinha com seus pares e com todo o pessoal da F1. Tendo feito um bom trabalho em equipes médias, Warwick fazia uma carreira ascendente até ser protagonista de umas grandes polêmicas envolvendo Ayrton Senna fora das pistas. Completando sessenta anos hoje, iremos conhecer um pouco mais da carreira de Derek Warwick.

Derek Stanley Arthur Warwick nasceu no dia 27 de agosto de 1954 em Alresford, na Inglaterra. Vindo de uma família que era ligado aos carros (a Warwick Trailers), o pequeno Derek começou nas corridas bem cedo e de uma forma não muito usual. Ele começou na Stock Car inglesa, mas essa categoria nada tem a ver com a versão americana ou brasileira de Stock, com seus carros mais parecidos com os carros de midjet americanos, com as corridas sendo realizadas em pista de terra. Com apenas 16 anos Derek venceu o campeonato inglês da 'stock' em 1971 e dois anos depois, em pleno estádio Wembley, se tornou campeão mundial da categoria. A habilidade em correr em carros de grande potência e pouca aderência fez com que Warwick se sentisse preparado para ir aos monopostos, estreando na F-Ford 1600 em 1975 e conseguindo um vice-campeonato no ano seguinte, fazendo graduar-se na tradicional F3 Inglesa em 1977, onde ainda utilizando o patrocínio familiar e com um Chevron, Warwick consegue um promissor terceiro lugar. O título era o objetivo de Derek Warwick na F3 Inglesa em 1978, mas teria que enfrentar dois brasileiros extremamente promissores: Chico Serra e Nelson Piquet.

Foi uma temporada emocionante e dominada pelos três pilotos, particularmente Warwick e Piquet, que já tinham um ano de experiência na F3. Naquela época haviam dois campeonatos de F3 e Warwick faturou o Vandervell Cup com quatro vitórias, deixando Piquet com o vice-campeonato, enquanto Piquet dava o troco no BP Cup, com Warwick ficando com o vice também com quatro triunfos. No entanto, Warwick vê seu rival na F3 se destacar mais do que ele e Piquet estreia na F1 ainda em 1978, se transferindo para a forte equipe Brabham em 1979, enquanto o inglês ainda fazia uma escala na F2. O primeiro ano de Derek Warwick seria na equipe Theodore e os resultados do inglês não impressionam muito, conquistando apenas um quinto lugar em Mugello. Porém, os bons resultados do começo da carreira de Warwick não foram esquecidos e o inglês foi contratado pela promissora equipe Toleman de F2 em 1980. O time de Ted Toleman tinha planos de entrar na F1 em breve e para ganhar experiência, iria construir seu próprio chassi de F2 a partir de 1980. Seu primeiro piloto, Brian Henton, ficou com o vice-campeonato em 1979 pela Toleman e confirmando as expectativas, juntamente com o bom carro construído pela Toleman, Henton foi campeão europeu de F2 em 1980. Com um ano de experiência, Derek Warwick faz uma ótima temporada e completou algumas dobradinhas com Henton, conseguindo uma vitória em Silverstone e ficando com o vice-campeonato. Continuando a ascensão da equipe, a Toleman constrói seu primeiro carro de F1 em 1980 e faz sua estreia na categoria no ano seguinte, tendo como seus pilotos os dois primeiros colocados do Europeu de F2 em 1980. Seria a estreia de Derek Warwick na F1. Contudo, estreando não apenas um novo chassi, mas também o motor Hart turbo, a primeira temporada da Toleman seria de muito aprendizado e várias não-classificações ao longo do ano. Warwick mostrava talento a ponto da Toleman lhe ceder um carro-teste, mais leve, para a última corrida da temporada em Las Vegas e de forma surpreendente o inglês consegue lugar na última fila do grid e finalmente fazia sua primeira corrida na F1, mesmo que abandonando precocemente com problemas de câmbio.

Tendo já um ano de experiência, o patrocínio fundamental da Candy, a Toleman entrava mais forte em 1982, mesmo que a chegada do patrocínio tenha significado a saída de Henton da equipe e a chegada do italiano Teo Fabi. Porém, para Warwick significava que agora era ele o primeiro piloto da Toleman. Após conseguir largar na África do Sul, Warwick não consegue classificar seu carro para as duas primeiras corridas americanas (Brasil e Long Beach), fazendo com que a Toleman retire seu carro de algumas provas para conseguir melhorar o seu carro com mais calma e esmero. Isso parece funcionar quando Warwick consegue uma corrida esplêndida em Zandvoort e marca a volta mais rápida da corrida, mas o inglês abandonaria com problemas mecânicos. Porém, o melhor ainda estava por vir. A próxima corrida do calendário seria em Brands Hatch, casa de Warwick e da Toleman. Numa prova sensacional de recuperação, Derek Warwick conseguiu fazer várias ultrapassagens e brigava pela segunda posição com vários pilotos de ponta da época até abandonar tristemente com outro problema mecânico. Conta a lenda que a Toleman tinha colocado menos combustível do que o necessário para aparecer lá na frente e tentar conseguir algum patrocinador, mas para Warwick, aquela prova em Brands Hatch significou também seu cartão de visitas na F1. Derek terminaria sua primeira corrida na F1 duas semanas mais tarde em Paul Ricard, mas o inglês acabaria a prova fora dos pontos e mesmo com todos os esforços, a Toleman terminaria zerada mais uma vez no campeonato. Permanecendo fiel a Ted Toleman, Warwick fica mais um ano na equipe e com um carro bem diferente do ano anterior (até mesmo pelos novos regulamentos da F1...), Derek consegue um impressionante quinto lugar no grid do Grande Prêmio do Brasil, primeira corrida de 1983, mas o inglês não repete o mesmo desempenho na corrida e fica fora dos pontos.

Derek consegue mostrar sua velocidade e põe seu carro várias vezes no top-10 no grid em 1983, batendo com facilidade seu conceituado companheiro de equipe, Bruno Giacomelli. Porém, a terrível confiabilidade do Toleman-Hart roubava pontos importantes de Warwick, mas a simpatia dele e da equipe fez com que todo o paddock vibrasse quando Derek cruzou a linha de chegada do Grande Prêmio da Holanda, já no final da temporada, em quarto lugar, marcando os primeiros pontos da Toleman e do inglês. Após sentir o gostinho de marcar pontos, Warwick chega entre os seis primeiros nas três corridas restantes do campeonato de 1983, terminando o campeonato em 14º com nove pontos. Essa boa exibição do inglês no final da temporada chama a atenção das equipes maiores e Warwick estava bem cotado no final de 1983. No entanto, o futuro de Derek só foi consumado após a rumorosa saída de Alain Prost da Renault, abrindo espaço para o inglês na equipe que acabara de se sagrar vice-campeã mundial. A Renault era uma equipe muito forte, extremamente nacionalista (Warwick era apenas o segundo piloto não-francês na equipe) e traumatizada pelas perdas de campeonato nos últimos anos. A equipe mudou tudo para 1984, trazendo como parceiro de Warwick o francês Patrick Tambay, primeiro piloto no coração da equipe, mas Warwick mostrou suas credenciais logo na primeira corrida de 1984, quando largou em terceiro, sua melhor posição de grid na F1, superando Tambay. Durante a corrida, Warwick brigou o tempo todo pela ponta, liderou algumas voltas e numa dessas disputas, acabou tocando em Niki Lauda, que faria o inglês abandonar a corrida nas voltas finais com a suspensão quebrada quando estava em segundo. Contudo, o primeiro pódio de Warwick não tardaria a acontecer e numa prova de sobreviventes em Kyalami, o inglês chegou em terceiro, atrás das duas McLarens. E esse foi o grande problema de Warwick e os demais pilotos daquele ano: o domínio da McLaren em 1984. Derek teve pouco espaço para tentar a vitória, chegando em segundo lugar em Zolder e Brands Hatch. Mesmo machucando a perna num acidente no Grande Prêmio da França, o primeiro ano de Warwick numa equipe grande havia sido promissor, ficando em sétimo no campeonato, superando com o dobro de pontos seu mais experiente companheiro de equipe Tambay. 

Isso era um lado da moeda. O outro era que a Renault não tinha uma vitória na F1 pela primeira vez desde 1979 e como era uma empresa estatal francesa, havia pressões para que a cara aventura (a Renault era a equipe que mais investia na F1 naquela época) do time amarelo e negro fosse terminada. Nessa época, a Williams precisava de um piloto para o lugar do francês Jacques Laffite, que não teve uma passagem nada auspiciosa na equipe Williams, e estava retornando para a Ligier. Já tendo Keke Rosberg como primeiro piloto, os patrocinadores ingleses pressionaram Frank Williams para ter um piloto inglês na equipe e com isso Frank entrou em negociações com o piloto número um da Inglaterra na época. Para quem pensou em Nigel Mansell, errou feio. Quase trinta anos depois, é complicado imaginar que Derek Warwick era considerado o melhor piloto da ilha no final de 1984, mas o fato era esse. A Williams, estreando o motor Honda turbo, teve uma temporada conturbada e cheio de abandonos em 1984 e Warwick, se lembrando dos seus complicados anos na Toleman, onde vivia retornando aos boxes a pé, preferiu declinar do convite de Frank Williams e ficar mais um ano na Renault. Este seria a grande escolha errada de Derek Warwick, digna de se entrar na categoria 'bad moves ever'. Com Mansell sobrando na Lotus, Frank Williams se viu obrigado a contratar o piloto 'numero 2' da Inglaterra para 1985, com o jovem Ayrton Senna entrando no lugar de Mansell. Essa seria a primeira vez que Senna entraria, mesmo que indiretamente, na vida de Warwick. E não demoraria muito para entrar novamente. Com a Renault ameaçando abandonar constantemente o programa de F1, a equipe tem suas torneiras de dinheiro fechadas e faz uma temporada para esquecer em 1985. Warwick marca pontos apenas três vezes, ficando longe do seu bom desempenho em 1984, enquanto vê Mansell, o piloto que o substituiu na Williams, vencer duas corridas no final de 1985, enquanto o time de Frank Williams provava estar bastante promissor para 1986. Para piorar, no final da temporada a Renault realmente fecha as portas e Warwick tem caminho livre para negociar com quem quisesse, enquanto boa parte do pessoal técnico da Renault se transfere para a Ligier.

Alguns boxes ao lado, a Lotus tinha um problema parecido que a Williams no final de 1984. Ayrton Senna confirma tudo que dele se espera e toma a equipe como um furacão, mas o problema era que a Lotus tinha em Elio de Angelis um antigo e adorado primeiro piloto bastante descontente em ser escanteado após se dedicar tantos anos para a equipe comandada por Peter Warr. Chateado, o italiano quase dar uns tapas em Senna após o Grande Prêmio da África do Sul e desiludido, De Angelis abandona a Lotus após seis anos na equipe. Já tendo Senna como estrela, a John Player Special, principal patrocinadora da Lotus, pressiona Warr a contratar um piloto inglês. Com Warwick no mercado e o inglês sendo reconhecidamente um bom piloto, a escolha parecia lógica, principalmente por causa da nacionalidade de Derek. No final de 1985, Warwick chega a vestir o macacão preto da JPS e dá algumas voltas com o Lotus negro de número 11. Quando Warr foi contar a novidade para Ayrton Senna, a resposta do brasileiro foi surpreendente e caiu como uma bomba no colo de Warr. Senna diz que não aceitava Derek Warwick como companheiro de equipe, com o argumento (suspeito, diga-se de passagem) de que a Lotus não tinha condições de dar dois bons carros a eles. A realidade era que Senna tinha mais receio da simpatia de Warwick do que do talento do inglês. Simpático e querido por todos na F1, Warwick poderia fazer com que a Lotus trabalhasse para ele, tirando de Senna o direito de ser o centro das atenções da Lotus. O fato foi que Derek Warwick foi vetado por Senna na Lotus e com a maioria dos lugares da F1 ocupados naquela momento, o inglês não tinha para onde ir em 1986, tendo que acertar com a Jaguar no Mundial de Marcas. Porém, o estrelismo de Senna deixou a imprensa inglesa uma arara com ele, o criticando sempre que podia e exaltando Derek Warwick. Senna chega a indicar o seu amigo Mauricio Gugelmin, que havia acabado de conquistar a F3 Inglesa, para a vaga na Lotus, mas a JPS exige um piloto inglês e o inexpressivo Johnny Dumfries foi contratado para ser o segundo piloto da Lotus ou, como disse Clive James no filme oficial da temporada 1986, 'o escravo de Ayrton Senna'.

Contudo, Derek Warwick não ficaria muito tempo longe da F1, mas pelo pior dos motivos. Durante um teste particular em Paul Ricard, Elio de Angelis sofre um terrível acidente e morre, deixando um espaço livre na Brabham. Como as demais corridas do calendário da F1 não batiam com o Mundial de Marcas, Derek Warwick é contratado pela Brabham, mas conta-se que Bernie Ecclestone só escolheu Warwick por que o inglês foi o único piloto disponível a não ligar para ele logo após a morte de Elio de Angelis. Porém, o novo Brabham BT55 se mostrava muito avançado para a época e com sérios problemas de alimentação no motor BMW, além de instável nas curvas, o carro se mostra difícil demais de guiar, ainda mais para Warwick, que não conhecia muito bem o carro e acabou o ano sem pontos, mas com um contrato com a Arrows para os anos seguintes. Mesmo tendo vencido uma corrida em Silverstone pela Jaguar, o objetivo de Warwick permanecia sendo a F1, mas o veto de Ayrton Senna foi decisivo para sua carreira, pois ele nunca mais conseguiria uma chance numa equipe grande na categoria. Logicamente Derek Warwick fica extremamente magoado com Senna, mas as pazes seriam feitas em 1991, num momento muito dolorido para o inglês. Seu irmão mais novo, Paul, começava a brilhar nas categorias de base inglesas e já estava na F3000 Inglesa quando acabou morrendo num forte acidente em Oulton Park. Ayrton Senna seria o primeiro a mandar condolências para  um devastado Derek Warwick, que perdoou o brasileiro. 

Usando o conhecimento que tinha do motor BMW turbo, Warwick fez temporadas decentes com a Arrows, que usava o motor Megatron, que nada mais era que um motor BMW de uma versão anterior. Como estava numa equipe média, Warwick tinha que se conformar em marcar pontos quando os pilotos das equipes grandes abandonavam. Em 1988, um problema na válvula pop-off do motor turbo de Warwick foi resolvido e o inglês consegue vários bons resultados. Em Monza, Warwick estava colado no seu companheiro de equipe Eddie Cheever, mas recebe ordens de não atacar o americano e foi Cheever que subiu ao pódio em terceiro lugar na ocasião. Com quatro quartos lugares em 1988, Warwick repete sua melhor posição no campeonato (sétimo) e o fim da era turbo quase dá a Warwick sua sonhada primeira vitória duas vezes em 1989. A primeira foi no Grande Prêmio do Brasil. Largando em oitavo, Warwick fazia uma corrida correta e estava em terceiro lugar no terço final da prova, tendo à sua frente Mansell (que estreava seu problemático câmbio semi-automático) e Prost (com problemas de embreagem e tendo que andar devagar, pois não podia fazer um necessário segundo pit-stop). Quando Warwick faz sua segunda parada, a Arrows demora longos 17s para devolver o inglês à pista e ele cai para sexto. Com Mansell tendo que fazer uma parada não
programada por causa de problemas no câmbio semi-automático e com Prost tendo problemas em seu McLaren, simulações posteriores provaram que se tivesse tido um pit-stop básico por parte da Arrows, mesmo sem ter sido o mais rápido da corrida, Warwick teria sido o vencedor da prova em Jacarepaguá. A outra grande chance seria em Montreal, numa corrida debaixo de muita chuva. Warwick estava pilotando muito bem numa pista encharcada e fazendo suas paradas na hora correta, o inglês liderava a prova no final quando foi ultrapassado por Senna, mas Derek estava mantendo o terceiro colocado Boutsen à distância quando teve o seu motor quebrado. Faltando três voltas, Senna teve seu motor quebrado e foi Boutsen quem conseguiu sua primeira vitória na F1, enquanto Warwick via mais uma vez sua primeira vitória lhe escorrer entre os dedos. Numa temporada equilibrada e mesmo desperdiçando essas oportunidades valiosas, Warwick marca pontos com alguma regularidade, chamando a atenção, novamente, da Lotus. Quatro anos depois, Derek Warwick finalmente assina com a Lotus, que teria por trás o projeto do novo motor Lamborghini e as expectativas eram boas.

No entanto, aquela Lotus onde desembarcou Derek Warwick era bem diferente da onde ele quase pilotou em 1986. Desde a saída de Senna em 1987 a Lotus entrou numa espiral descendente e o final da parceira com a Honda apenas diminuía ainda mais o tamanho do que já foi a grande Lotus. Warwick teria ao seu lado o novato Martin Donnelly, piloto muito promissor a quem Warwick ajuda bastante, mas durante os treinos para o Grande Prêmio da Espanha de 1990, Donnelly sofre um terrível acidente e tem sua promissora carreira encerrada naquele momento. A  forte imagem de Donnelly jogado no meio da pista, amarrado no seu banco e com o pé retorcido horrorizou a F1, mas Warwick liderou a equipe para continuar adiante e participou da corrida espanhola normalmente, mesmo que o resultado tenha sido bem parecido com as demais provas naquele ano: um abandono. Durante o Grande Prêmio da Itália, exatamente vinte anos após a morte de Jochen Rindt na curva Parabolica, Warwick deu um susto enorme quando bateu no mesmo local ainda na primeira volta e com a maior tranquilidade, o inglês saiu dos destroços do seu carro, deu uma olhadinha para ver se não vinha carro e correu para os boxes para pegar o carro reserva! Era mais uma mostra da tenacidade de Derek Warwick, mas isso não significou a renovação do seu contrato com a Lotus,
onde o próprio Warwick não queria mais ficar, ou o contrato com outro time. O inglês sai da F1 aparentemente de forma definitiva, indo para o Mundial de Marcas. Assim como ocorreu em 1986, Warwick acha abrigo na TWR Jaguar e consegue três vitórias (Silverstone, Monza e Nürburgring) em 1991, conseguindo um contrato com a Peugeot, melhor equipe da época no Endurance, para 1992. Com vitórias em Silverstone, Suzuka e, principalmente, nas 24 Horas de Le Mans, Derek Warwick se sagra Campeão Mundial de Marcas ao lado de outro ex-piloto de F1, Yannick Dalmas. Mas quem disse que Warwick era um ex-piloto de F1? De forma surpreendente, Derek assina com a Footword para 1993, que nada mais era do que a continuação da Arrows para ajudar a desenvolver o novo FA14, porém, o fraco motor Mugen-Honda não ajuda a causa da equipe e de Warwick, fazendo do quarto lugar em Hungaroring do inglês, não por coincidência uma pista onde o motor não era muito exigido, o único bom momento da equipe e do piloto. Já contando com 39 anos de idade, esse foi o canto do cisne do inglês, que em doze anos na F1, fez 146 corridas, duas melhores voltas, quatro pódios e somou 71 pontos.

Após sua aposentadoria na F1, Derek Warwick passou a se dedicar ao Turismo e o então forte BTCC. Em 1995 ele foi piloto da equipe oficial da Alfa Romeo, que tinha sido campeã no ano anterior, mas Derek faz uma temporada sofrível. Após um ano sabático, Warwick retornou ao BTCC fazendo a dupla função de piloto e chefe de equipe oficial da Vauxhall. No final de 1998 Warwick abandonou definitivamente a vida de piloto, chefiando sua equipe até 2001. Após uma breve aparição na defunta GP Masters, Derek Warwick é chamado como comissário convidado das corridas atuais de F1, além de ser dono de concessionárias de carros em Jersey, onde mora. Derek foi um daqueles típicos pilotos 'se'. Sua recusa em ir para a Williams em 1985 e seu posterior veto de Senna atrapalhou o que poderia ser uma carreira vitoriosa na F1. Mas como o 'se' não joga, Derek Warwick fez uma carreira decente nos seus anos na F1, conseguindo respeito numa das épocas mais competitivas da categoria.

Parabéns!
Derek Warwick

terça-feira, 26 de agosto de 2014

História: 30 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1984

Com a temporada de 1984 chegando ao fim, o mercado de transferência na época estava muito agitado e a principal notícia era a transferência de Ayrton Senna, o novato-sensação do ano, para a Lotus no lugar de Nigel Mansell. Contudo, Senna tinha um contrato de dois anos com a Toleman e os chefes da equipe inglesa não estavam nada satisfeitos com a quebra do contrato e o clima entre o brasileiro e sua equipe no momento se tornou péssimo, com o problema perigando ir para a justiça. Após tentar Derek Warwick e não conseguir, a Williams tinha em mãos a chance de ter um piloto inglês em 1985 com Nigel Mansell dando sopa no mercado, mas o grande rumor em Zandvoort, lugar do Grande Prêmio da Holanda, era a possível transferência de Niki Lauda para a Renault em 1985. O austríaco estava insatisfeito com o tratamento que estava recebendo da McLaren desde a chegada do político Alain Prost e Niki ficou ainda mais irritado quando Ron Dennis lhe propôs uma renovação de contrato com metade do seu salário até então. As conversas de Niki Lauda com Gerard Larrousse, chefe da Renault, já estariam até mesmo avançadas.

A McLaren tinha boas chances de garantir o título de Construtores em Zandvoort e vide o grande desempenho da equipe em 1984, o triunfo entre as equipes era apenas uma formalidade. Na sexta-feira Nelson Piquet foi o mais rápido, mostrando novamente o quão rápido era seu Brabham-BMW, mas no sábado, no segundo treino classificatório, Alain Prost superou o brasileiro em três décimos e ficou com sua terceira pole no ano, tendo o brasileiro ao seu lado na primeira fila. Niki Lauda era apenas sexto colocado, enquanto a Ferrari tinha outro final de semana para esquecer, com Alboreto em nono e Arnoux apenas em décimo quinto no grid.

Grid:
1) Prost (McLaren) - 1:13.567
2) Piquet (Brabham) - 1:13.872
3) De Angelis (Lotus) - 1:13.883
4) Warwick (Renault) - 1:14.405
5) Tambay (Renault) - 1:14.566
6) Lauda (McLaren) - 1:14.866
7) Rosberg (Williams) - 1:15.117
8) Laffite (Williams) - 1:15.231
9) Alboreto (Ferrari) - 1:15.264
10) Fabi (Brabham) - 1:15.338

O dia 26 de agosto de 1984 amanheceu ensolarado nas dunas de Zandvoort, o que indicava um belo dia de corridas para o tradicional circuito holandês. Contudo, mesmo tradicional e estando no calendário da F1 desde os primórdios da categoria, o circuito de Zandvoort já mostrava alguns sinais de envelhecimento em sua estrutura, particularmente nos boxes, que eram muito apertados mesmo numa F1 nem com um décimo do tamanho que tem hoje em dia. Para aumentar essa sensação, o warm-up foi interrompido quando parte da estrutura do paddock quebrou, derrubando uma escada e machucando várias pessoas no local. Isso foi o início do fim do tradicional Zandvoort na F1. Porém, a pista ainda era muito apreciada pelos pilotos e quando a ação começou, foi Piquet que largou melhor do que Prost e estava em primeiro na tomada da mítica curva Tarzan, com o francês da McLaren sendo seguido por Tambay, Rosberg e De Angelis. Porém, Prost não tinha muito do que reclamar da largada, pois Lauda sai muito mal na luz verde e cai para décimo primeiro.

Enquanto Hesnault e Cheever batem durante a primeira volta e perdem muito tempo, Piquet tenta abrir uma pequena diferença para Prost, que fica em compasso de espera, meio que sabendo da parca confiabilidade do conjunto Brabham-BMW em 1984, enquanto Lauda inicia mais uma de suas famosas corridas de recuperação e ao final da primeira volta já ultrapassa a Ferrari de Alboreto. As primeiras voltas viram um Keke Rosberg andando muito forte, ultrapassando De Angelis e Tambay para assumir o terceiro lugar já na sexta volta, mas estando 4s atrás de Prost. Enquanto isso, Lauda já assumia o sexto lugar e partia para cima de Tambay e De Angelis, que corriam juntos. Não demoram três voltas para Lauda ultrapassar os dois e assumir por pouco tempo o quarto lugar, pois Nelson Piquet continuava sua rotina de retornar aos boxes à pé após mais quebra do motor BMW. Enquanto retornava aos boxes, Piquet dava de ombros para a câmera, como que dizendo 'o que eu posso fazer? Faço minha parte, mas o motor não deixa...'

Prost assumia uma liderança sólida, enquanto Rosberg já era acossado por Lauda na luta pela segunda posição. O austríaco ultrapassa Rosberg no mesmo ponto da maioria de suas ultrapassagens, na freada da curva Tarzan, mas estando 8s atrás do seu rival no campeonato, Lauda continua forçando e aos poucos, tira a diferença para o seu companheiro de equipe. Mais atrás, Elio de Angelis atacava definitivamente Tambay pelo quarto lugar. O italiano tentava ultrapassar o francês enquanto negociava as ultrapassagens com os retardatários, mas ambos se atrapalhavam bastante com os carros mais lentos, principalmente quando foram ultrapassar o já desclassificado Manfred Winkelhock (por ter largado no lugar errado). Teo Fabi fazia uma boa corrida de recuperação com seu Brabham após largar em décimo, mas o italiano erra na freada da Tarzan, roda e cai para 14º na volta 22. Lauda finalmente encosta em Prost na luta pela primeira posição, mas querendo mostrar que estava tudo sob controle, o francês faz a volta mais rápida da corrida quando Lauda estava menos de 1s atrás e começa a abrir novamente. Correndo em sexto lugar, Jacques Laffite tem seu motor quebrado na volta 23 e com o óleo espalhado na pista, faz Warwick rodar e abandonar junto com o francês da Williams. Isso fazia Arnoux subir ao sexto lugar, mas logo seria ultrapassado por Mansell, que estava louquinho para mostrar serviço e consolidar o contrato mais do que bem-vindo com a Williams em 1985. No jogo de gato e rato na frente, Prost consegue abrir 5s em cima de Lauda, enquanto Tambay vai aos boxes com problemas de câmbio e perde várias posições, mas fica ainda na prova.

Lauda tinha dificuldades em lhe dar com o tráfego, enquanto De Angelis passa de caçador a caça ao ser atacado pelo seu companheiro de equipe Mansell na luta pelo quarto lugar. Rosberg fazia uma corrida solitária em terceiro, mas diminui bastante seu ritmo para poupar combustível, permitindo a aproximação rápida da dupla da Lotus. Para complicar, Alain Prost se aproximava dos três para colocar uma volta, o que deixaria os dois carros da McLaren como únicos a estar na mesma volta. Se aproveitando da confusão, Mansell efetua uma manobra ousada em cima de Elio de Angelis e ultrapassa o italiano por fora na curva Tarzan. Na volta seguinte, desta vez por dentro, Mansell freia no limite, controla seu Lotus de forma maravilhosa, chega a tocar na Williams de Rosberg e finalmente chega ao terceiro lugar. Rosberg fica irritado com Mansell, seu quase confirmado futuro companheiro de equipe, e mesmo levando uma volta de Prost, o finlandês ultrapassa o francês da McLaren de volta para tentar dar o troco em Mansell, com quem já tinha tido problemas em Dallas, mas quando vê que o ritmo de Mansell era muito forte e se lembra de poupar gasolina, Rosberg diminui seu ritmo e se conformar com o quarto lugar. Faltando dez voltas, Arnoux vai aos boxes de supetão para trocar pneus e quando volta à pista, bate em Thierry Boutsen, fazendo os dois saírem da pista, mas continuam na prova. Outra prova do quão antiquado estava ficando Zandvoort...

As posições ficam estáticas no final e Prost vence pela quinta vez em 1984, dando a nona vitória para a McLaren, que iguala o recorde da Lotus em 1978 e vence o Mundial de Construtores pela primeira vez desde 19...74! Lauda cortou metade do déficit que tinha para Prost, mas ainda assim termina 10s atrás do companheiro de equipe, esquentando ainda mais a briga pelo título entre eles. Mansell comemora seu segundo pódio no ano, enquanto Keke Rosberg, mesmo poupando o que dava de combustível, acabou com pane seca na penúltima volta, entregando o quarto lugar a De Angelis. Mesmo rodando, Teo Fabi marca pontos pela segunda corrida consecutiva, um verdeira feito para a terrível confiabilidade do seu carro, enquanto Tambay se arrastava rumo ao sexto lugar. Dias mais tarde, com a confirmação do banimento da Tyrrell do campeonato, Prost ganharia mais um ponto, deixando a diferença entre os dois rivais do campeonato em meio ponto a favor de Lauda. Um campeonato à dois e para lá de emocionante!

Chegada:
1) Prost
2) Lauda
3) Mansell
4) De Angelis
5) Fabi
6) Tambay

Panca da semana

Thomas Enge escapou bem essa espetacular capotagem no Mundial de GT. Ou será Blancpain Series?

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Figura(BEL): Daniel Ricciardo

Se os pilotos da Mercedes, dona do melhor carro da F1 atualmente, não estão se entendendo e com isso vão desperdiçando pontos e vitórias, Daniel Ricciardo não tem nada com isso e com uma pilotagem impecável, vai capitalizando os entreveros e problemas de Rosberg e Hamilton ao longo deste ano. Se voltarmos no tempo, mais especificamente em janeiro, quando a Red Bull arrancava os cabelos pela falta de potência do motor Renault, Spa era um circuito em se diminuir os danos para seus dois pilotos. Porém, o desenvolvimento da equipe, do carro e da própria Renault fez com que uma estratégia arriscada fosse colocada em prática em Spa com a Red Bull andando com uma asa traseira diminuta, para ganhar alguma velocidade na reta, mesmo que isso significasse sérios problemas no segundo setor, onde o downforce era essencial. Com isso, uma cena inimaginável se fez presente com os carros da Red Bull sendo os mais rápidos na freada da Les Combes. Ricciardo cometeu um pequeno erro na chuvosa classificação e ficou quinto, duas posições atrás do seu companheiro de equipe Vettel. Com a pista seca, Ricciardo fez um começo de corrida decisivo, pois ultrapassou Alonso com decisão ainda nas primeiras voltas e se aproveitou de um erro de Vettel para assumir a segunda posição, ficando logo atrás do problemático Mercedes de Nico Rosberg, que estava com a asa dianteira avariada pelo polêmico toque com Hamilton. Tendo que antecipar sua parada para reparar os danos, Rosberg cedeu a primeira posição à Ricciardo e o australiano não largou mais essa posição, disparando na frente e nem mesmo um sprint final de Rosberg, com pneus novos e macios, mas com uma parada a mais, foi suficiente para tirar a terceira vitória de Daniel Ricciardo na temporada e a segunda consecutiva. Com esse resultado, Ricciardo solidifica o terceiro lugar no campeonato, mas o surpreendente é Daniel estar relativamente próximo do segundo colocado Hamilton e do australiano ter apenas uma vitória a menos do que o líder do campeonato Rosberg. Para quem foi a Spa marcar o maior números de pontos possíveis, o desempenho de Ricciardo faz que não apenas ele, mas toda a Red Bull abrir um grande sorriso na boca. Menos Sebastian Vettel...

Figurão(BEL): Mercedes

Não faltam elogios à equipe germânica ao fato de deixarem seus dois pilotos lutarem abertamente pelo campeonato deste ano, fato esse ajudado pelo amplo domínio imposto pela Mercedes frente aos demais. Contudo, o nível de beligerância entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg chegou a um ponto em que Toto Wolff, Niki Lauda e Paddy Lowe terão muito trabalho para dar um basta aos rompantes de um e de outro até o final da temporada. Que o título já está ganho pela Mercedes, tanto de pilotos como de construtores, este ano é algo de 'quando', não mais de 'se', mas eventos como os ocorridos em Spa deverão ser evitados para esse 'quando' venha o mais rápido possível. O toque de Nico Rosberg em Lewis Hamilton ainda na segunda volta da corrida estragou uma dobradinha prateada que eram favas contadas, mas o pior disso tudo foi ter deixado o ambiente irrespirável dentro do box da Mercedes, com seus dois pilotos em estado de guerra e deixando o futuro dos dois pilotos em suspenso. Hamilton foi o maior prejudicado no episódio ao ter que praticamente abandonar a corrida e ficar quase trinta pontos atrás do seu nominalmente rival no campeonato, que terminou a prova em segundo. Irritado, Lewis saiu contando para toda a imprensa o resultado da reunião pós-corrida e acusou Rosberg de ter batido nele de forma proposital. Rosberg, lógico, negou as afirmações do seu 'companheiro' de equipe, mas a Mercedes deu a entender que Nico fez algo inaceitável em sua atitude neste domingo. Enfim, para quem esperava um campeonato modorrento, disputado por dois amigos de forma cordial e sem muitos problemas, provavelmente está surpreso com o que aconteceu até agora e para alegria de Bernie Ecclestone, colocou um tempero todo especial para as corridas finais, que fará o público esperar ansiosamente pelos próximos capítulos desta briga que já entrou na história da F1. Contra as Redes Sociais, Bernie 'curtiu'. Já a Mercedes não curtiu nem um pouco... 

domingo, 24 de agosto de 2014

Zicados

A Penske não vence na Indy desde 2006 e isso para um chefe de equipe competitivo como Roger Penske deve ser muito incômodo. Nos últimos anos os pilotos da Penske brigaram pelo título, mas sempre algo acontecia nas corridas finais com eles e eis que o vice-campeonato aparecia como resultado final para a Penske e o jejum continuava. Em 2014, dificilmente o título sairá do seio da equipe Penske, mas em Sonoma, seus pilotos que brigam diretamente pelo título, Will Power e Helio Castroneves, fizeram o máximo para estragar suas corridas no apertado (e sacudido por um terremoto...) circuito da Califórnia.

Power tinha tudo para sair de Sonoma com uma mão e três dedos no título. Largando na pole, Power viu pelo retrovisor Castroneves se envolver num incidente na famosa curva 2 da pista californiana e ter a corrida estragada a partir daí. Nem toda a babação pachequista da dupla do Bandsports fez com que Castroneves saísse das últimas posições, fazendo outra corrida péssima num momento decisivo. Contudo, para sorte (ou menos azar...) de Helio, na metade da corrida foi a vez de Power estragar sua prova quando rodou sozinho logo após uma relargada. Piloto mais rápido do dia, Power chegou a ficar atrás de Castroneves, mas conseguiu recuperar um pouco do seu prejuízo, mas corre sério risco de ser punido após cruzar a bandeirada em nono, mas ultrapassando Justin Wilson quando metros antes havia uma bandeira amarela. Do jeito que está a zica dos pilotos da Penske, não duvido nada Power ser punido...

Numa corrida onde a estratégia de combustível foi essencial e deixou vários carros parados antes e depois da bandeirada, Scott Dixon e a Chip Ganassi mostraram sua magia e venceram uma corrida onde era Power o maior merecedor da vitória. Ryan Hunter-Reay fez uma estratégia parecida, mas acabou atrás do neozelandês, mas o bom resultado do americano da Andretti deve ser tarde demais para o campeonato. Dos que lutam pelo título, mesmo que de longe, o melhor foi Simon Pagenaud, que cruzou em terceiro graças a pane seca de Mike Conway na última volta, sendo que o próprio francês parou sem etanol poucos metros depois, o mesmo destino teve Justin Wilson, Charlie Kimball e Will Power.

Agora o campeonato vai para a Fontana, um superoval onde a experiência pode ser um fator à favor de Castroneves, mas é bom lembrar que o vencedor desta prova no ano passado foi justamente Power. Com a pontuação dobrada, será interessante ver como se comportarão os pilotos da Penske e será um aperitivo do que veremos em Abu Dhabi no final do ano e diga-se de passagem, não estou vendo nenhum fã da Indy rasgando as vestes como muita gente que gosta da F1 fez com a polêmica regra da pontuação dobrada na última prova. Será uma corrida imprevisível e o título segue em aberto, ainda mais com dois pilotos tão zicados em disputa pelo título como Power e Castroneves. 

Tenso

Há certas corridas que apesar de não se tão emocionante dentro da pista, pode trazer muitos desdobramentos fora delas. O Grande Prêmio da Bélgica teve a vitória surpreendente, mas ao mesmo tempo merecida de Daniel Ricciardo, a terceira do australiano, sendo que foi o segundo triunfo seguido do piloto da Red Bull. Ao lado de Ricciardo, um desconfortável Nico Rosberg encarava vaias no pódio e deverá encarar um desafio ainda pior quando chegar aos boxes da Mercedes, além da fúria de Lewis Hamilton, praticamente tirado da corrida pelo alemão ainda na segunda volta e com isso, Rosberg aumentou sua vantagem no campeonato ainda mais.

O clima instável de Spa se firmou no momento da largada, mesmo alguns pingos vistos na volta de apresentação e Kevin Magnussen, outro personagem da corrida, chegou a avisar isso via rádio. Nico Rosberg novamente largou mal e chegou na Eau Rouge em terceiro, atrás de Hamilton e Vettel. Com uma asa muito pequena que fez brotar muita velocidade no carro da Red Bull, Vettel partiu para cima de Hamilton no final da reta Kemmel e acabou fora da pista, trazendo Nico Rosberg para segundo e aparentemente mais rápido do que seu companheiro de equipe. Exatamente no mesmo local, na volta seguinte, Rosberg tentou a manobra, mas um pequeno toque mudou toda a corrida da Mercedes. Nico bateu seu bico na roda traseira esquerda de Hamilton, imediatamente furando o pneu do inglês e quebrando parte do bico do seu próprio carro, o que causou problemas no desempenho do Mercedes de Nico. Porém, o grande prejudicado na história foi Hamilton, que andou praticamente uma volta com três pneus, estragando seu assoalho e deixando detritos em toda a pista. Com o carro prejudicado e sem o esperado ritmo forte que o seu carro tem, Hamilton passou a corrida inteira se lamentando e pedindo para abandonar a prova, só fazendo no final. Enquanto saía do seu carro, Lewis era observado por toda a cúpula da Mercedes e falou algo que a cara de Toto Wolff indicava ser palavras que trariam problemas para a Mercedes no futuro próximo. 

Enquanto Rosberg tentava levar seu carro a uma volta que a sua estratégia não fosse tão prejudicada, Ricciardo ganhava uma posição de Alonso e se aproveitou de um pequeno erro de Vettel para assumir a segunda posição da corrida. Com a Mercedes à meia-boca, Ricciardo colou em Rosberg, mas com o alemão fazendo uma parada prematura devido ao problema na asa dianteira dele, Ricciardo passou a fazer uma corrida solitária, onde imprimiu um forte ritmo que nenhum piloto chegou a ameaça-lo de verdade rumo a terceira vitória de Daniel em 2014 e a segunda consecutiva do australiano da Red Bull, fazendo que os sorrisos voltassem à Red Bull. Menos de um integrante. Sebastian Vettel teve outra corrida esquecível esse ano neste domingo. Tendo problemas na sexta-feira, Vettel não teve muito tempo de pista seca e era claramente mais lento que Ricciardo hoje, tanto que após seu erro no começo da corrida, passou a ficar longe do companheiro de equipe. Mesmo numa estratégia semelhante ao de Ricciardo, Vettel teve que fazer uma terceira parada onde colocou pneus macios novos que o fez ganhar posições no final da prova na marra e o deixou num desconsolado quinto lugar, a mesma posição no campeonato, mas muito longe de Ricciardo. Tanto na corrida, como no campeonato. 

Quando a maré está ruim, até um pedaço de pneu fica preso na antena do carro de Rosberg. O alemão teve que mudar sua estratégia para diminuir os danos pelo toque que deu em Hamilton no começo da corrida e mesmo fazendo uma corrida empolgante com os pneus novos e macios no final da prova, o máximo que Nico conseguiu foi aparecer no mesma take da bandeirada de Ricciardo, mas o problema foi que esse leve toque em Hamilton fez com que a Mercedes perdesse outra corrida, a segunda consecutiva, sendo que no sábado, a Mercedes andou 2s mais rápido do que qualquer carro. Valtteri Bottas conseguiu outro pódio em 2014 com uma corrida agressiva, usando bastante a potência do motor Mercedes, particularmente na grande reta. Porém, a Williams ainda se mostra com resquícios de equipe média para pequena do ano passado. Felipe Massa foi um dos prejudicados pelos restos de pneu que Hamilton deixou na pista e reclamava com a equipe que havia algo errado em seu carro. O brasileiro, que largara junto com Bottas, despencava pelotão abaixo com tempos ruins e era ultrapassado por quem se aproximava. Veio o primeiro pit-stop e nada. E tome Massa reclamando do carro, mas somente na segunda parada que a Williams 'achou' o detrito preso debaixo do carro do brasileiro e, voi là, Massa passa a andar com um ritmo parecido com o de Bottas lá na frente. O problema era que Massa já estava distante da zona de pontuação e ficou zerado nesse final de semana, enquanto a Ferrari marcou pontos com seus dois carros, atrapalhando a Williams na briga pelo terceiro lugar no Mundial de Construtores. E se continuar dessa forma, cometendo pequenos erros decisivos, a Williams irá perder dos italianos.
Kimi Raikkonen parece ter um caso especial com Spa Francorchamps. Tendo já vencido quatro vezes na pista belga, Kimi superou o mau carro da Ferrari e sua própria má fase para fazer sua melhor corrida no ano e ficar em quarto, após ser superado pelo superior Williams de Bottas já no final da corrida. Pela primeira vez no ano Raikkonen superou Alonso em corrida e por pouco não conseguiu seu primeiro pódio, o que pelos últimos resultados do finlandês, seria um grande feito. Mas Kimi e Spa parecem ser feitos um para o outro. Já Alonso teve uma corrida conturbada, onde ficou em cima de cavaletes no começo da volta de apresentação que lhe valeu uma punição. Porém, Alonso teve uma disputa acirradíssima com Kevin Magnussen no final da prova que eu sinceramente esperava que o espanhol iria sair no braço com o jovem piloto da McLaren. Colocado para fora da linha ideal, e algumas vezes fora da pista, por Kevin, Alonso estava claramente nervoso pelas defesas nada discretas do dinamarquês, que fez Alonso ser ultrapassado por Vettel e Button nas voltas finais. Quando Magnussen colocou Alonso na grama, praticamente definiu sua punição depois da prova. Kevin também não poupou seu companheiro de equipe Button numa das disputas e fez o inglês perder uma posição para Vettel, o que significou pontos perdidos para a sua equipe. Talentoso, Magnussen é, mas suas defesas de posição foram um pouco exageradas e isso é um indício que trazer pilotos tão jovens, vide Max Verstappen em 2015, pode ser uma faca de dois gumes.

Daniil Kvyat, futuro companheiro de Max na Toro Rosso, fechou a zona de pontuação numa corrida discreta, o mesmo não fazendo Nico Hülkenberg, que teve uma classificação ruim na chuva, mas com piso seco o alemão ganhou dez posições e acabou a prova em oitavo, mostrando bem o talento de Hulk. Pérez chegou a andar na zona de pontuação, mas acabou fora dela, assim como os dois pilotos da Sauber. Procurando emprego para o próximo ano, Vergne não ajudou muito sua causa ao fazer uma corrida discreta e ficar outra vez atrás de Kvyat. A Lotus teve outro final de semana para esquecer, com Maldonado abandonando ainda na primeira volta e Grosjean, totalmente sem ritmo, encostando seu Lotus no final da corrida. Bianchi também teve um final furado na primeira volta, enquanto o novato de 32 anos André Lotterer abandonou na primeira volta.

Hoje o dia foi de Ricciardo, mas os próximos dias tendem a ser preenchidos pela Mercedes. Já há um clima ruim entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton faz tempo, com a Mercedes tentando intervir aqui e ali para deixar o ambiente dentro da equipe melhor, mas depois de hoje, esse ambiente ruim pode se deteriorar ainda mais. Se Hamilton não deixou Rosberg passar na Hungria, agora o inglês sabe que poderá forçar numa disputa de posição, não ligando muito para os interesses da equipe, algo que Rosberg não o fez hoje. Controlar seus pilotos será uma tarefa árdua para Toto Wolff, Niki Lauda e cia daqui para frente. Com toda essa tensão, as próximas corridas serão bastante interessantes!  

sábado, 23 de agosto de 2014

Passeando na chuva

Após três semanas de folga, a expectativa era sobre como estaria a relação de força dentro da F1, principalmente se recordarmos que a Red Bull deu um grande salto após esse mesmo período ano passado e Vettel disparou para um recorde de nove vitórias seguidas. Lógico que não era esperado uma espetacular recuperação dos austríacos, mas que ao menos eles se aproximassem da Mercedes, ainda mais com um treino com pista definitivamente molhada. Porém, a diferença de 2.1s entre a Mercedes e o Red Bull de Vettel mostrou que o status quo da F1 permanece intacto.

Spa sem chuva é igual a todas as estrofes da musiquinha do Claudinho e Bochecha, portanto, o piso molhado visto hoje foi a coisa mais comum da história gloriosa do Grande Prêmio da Bélgica e logo no Q1 houve a surpresa da eliminação de Nico Hulkenberg, piloto reconhecidamente bom no molhado, mas sem confiança em seus freios e por isso, ficando de fora, enquanto Jules Bianchi mostra o porquê ser um piloto de ponta em potencial, ao levar sua confusa Marussia para o Q2. Nessa parte do treino, apesar de um ou outro susto, as cinco melhores equipes da atual F1 colocaram seus dez pilotos no Q3, mesmo com os esforços da Toro Rosso, principalmente com Jean-Eric Vergne tendo que mostrar serviço para ficar na F1 em 2015.

Em todas as sessões até ali, a Mercedes era muito mais rápida que as demais, mas um tímido sol na área dos boxes poderia misturar a situação, com alguém fazendo a aposta arriscada de colocar os pneus slicks, mas a pista se manteve muito molhada e a Mercedes continuou seu domínio. Ao contrário do que poderíamos supor, o maior talento de Hamilton não foi capaz de superar a ótima fase de Nico Rosberg, com o alemão conseguindo uma boa diferença sobre o inglês, que errou bastante na Surcis, mas ainda conseguiu seu lugar na primeira fila com extrema folga sobre Vettel, o melhor do resto. Mesmo tomando 2s da Mercedes, a cúpula da Red Bull comemorou, pois sabem que esse é o máximo do máximo que poderia fazer, ainda mais com a Ferrari de Alonso sempre muito bem nesse final de semana, mas o espanhol terá que se contentar com o quarto posto, separando os dois Red Bulls, enquanto Raikkonen ficou em sexto. Williams e McLaren vieram a seguir, com Massa tomando mais de 1s de Bottas, o que não é nenhuma surpresa, vide a má performance histórica do brasileiro em piso molhado.

Para amanhã, a previsão é de tempo seco e céu azul, o que requer um acerto completamente diferente de hoje. Lembrando como foi o treino de sexta-feira, a corrida será um negócio particular a ser decidido dentro da Mercedes, que nos últimos dias divulgou comunicados contraditórios dos seus pilotos, falando de uma reunião (ou não) após o polêmico GP da Hungria. Resumindo, Hamilton e Rosberg não falam a mesma língua e novamente brigarão pela vitória neste domingo. A não ser que Spa e seu clima imprevisível nos pregue uma peça novamente.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1974

Clay Regazzoni assumiu a ponta do campeonato em Nürburgring numa campanha bastante regular do suíço, deixando para trás Emerson Fittipaldi e Niki Lauda, que não pontuaram na Alemanha e agora corriam atrás do prejuízo, sendo que Lauda teria a vantagem de poder correr em casa e juntamente com sua velocidade demonstrada ao longo de 1974, era o grande favorito para a prova em Zeltweg. Nos bastidores da F1, o seriamente contundido Mike Hailwood era substituído por David Hobbs na terceira McLaren, sendo que o inglês não participa de uma prova de F1 desde... 1971! Cansado dos problemas do seu carro, Jochen Mass abandona a Surtees, mas o velho campeão de 1964 se vê sem o importante dinheiro trazido pelos patrocinadores do alemão e a equipe Surtees fica com sérios problemas financeiros. Seria o longo declínio da equipe de 'Big John'. 

Como esperado, Niki Lauda consegue a pole em sua casa, para delírio da torcida. Com essa pole, a quinta consecutiva, Lauda se igualava a Stirling Moss e Phil Hill como recordista de pole-positions consecutivas. Os carros da Brabham havia se adaptado muito bem ao rápido circuito de Zeltweg e Carlos Reutemann completava a primeira fila, com José Carlos Pace em quarto, com Emerson Fittipaldi separando os pupilos de Bernie Ecclestone, fazendo uma segunda fila toda brasileira. Também em uma temporada bastante regular, Scheckter consegue o quinto tempo, enquanto o então líder do campeonato Regazzoni fica com um decepcionante oitavo lugar.

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:35.40
2) Reutemann (Brabham) - 1:35.56
3) Fittipaldi (McLaren) - 1:35.76
4) Pace (Brabham) - 1:35.91
5) Scheckter (Tyrrell) - 1:35.94
6) Peterson (Lotus) - 1:36.00
7) Hunt (Hesketh) - 1:36.11
8) Regazzoni (Ferrari) - 1:36.31
9) Merzario (Iso) - 1:36.35
10) Hulme (McLaren) - 1:36.39

O dia 18 de agosto de 1974 estava quente e ensolarado em Zeltweg, um dia perfeito para uma corrida de F1 e com Niki Lauda na pole e com reais possibilidade de vitória, as arquibancadas estavam lotadas. Nas última posições, Jacques Laffite tem problemas com seu Iso/Williams e por isso larga com muito atraso. Quando a bandeira austríaca foi baixada, Carlos Reutemann tem os reflexos mais rápidos e ainda antes da primeira freada, o argentino já apontava na primeira posição, para tristeza da torcida austríaca que foi ao autódromo para torcer por Lauda, que ficou em segundo, seguido por Pace e por Regazzoni, após o suíço fazer uma largada sensacional saindo de oitavo para quarto. Ao contrário aconteceu com Fittipaldi, que caiu de terceiro para sétimo ao final da primeira volta.

Reutemann tentava abrir na primeira posição, mas a formação Brabham-Ferrari-Brabham-Ferrari foi terminada no final da segunda volta quando Regazzoni ultrapassou Pace e subiu para terceiro, efetivando uma bela corrida de recuperação ainda no começo da prova. Scheckter, em quinto, acompanhava os quatro primeiros no primeiro pelotão, com James Hunt liderando o segundo pelotão em sexto lugar. Scheckter ultrapassa Pace na oitava volta, mas a alegria do sul-africano só dura uma volta quando o motor do seu Tyrrell quebra e força o abandono de Scheckter, o primeiro do sul-africano desde o Grande Prêmio da Argentina e complicando a vida do então vice-líder do campeonato. Pace começa a perder rendimento e descola do pelotão principal, logo sendo alcançado pelo compatriota Emerson Fittipaldi, que juntamente com Peterson acabara de ultrapassar James Hunt. A briga entre os brasileiros é breve e Emerson assume o quarto lugar praticamente no mesmo momento em que a torcida austríaca esmorece mais uma vez quando Regazzoni ultrapassa Lauda para tomar o segundo lugar. O austríaco estava sofrendo com superaquecimento do seu motor Ferrari e não demoraria para Lauda abandonar a prova, para profundo desgosto de sua esperançosa torcida.

Carlos Reutemann controlava a corrida na ponta, mas a diferença para o segundo colocado não era superior a 2s. Emerson Fittipaldi aumentava o ritmo, trazendo consigo Ronnie Peterson e começa a se aproximar de Clay Regazzoni na briga não apenas pela segunda posição, como também pela liderança do campeonato. A corrida se aproximava da sua metade com os quatro primeiros colocados andando juntos, mas sem muita agressividade nas disputas de posição, com José Carlos Pace vendo tudo à distância em quinto lugar, enquanto Depailler já aparecia 16s depois. Na volta 31, Pace aumenta o seu ritmo, sentindo que era a hora de atacar e ultrapassa Peterson, logo se aproximando do seu compatriota Fittipaldi. Regazzoni podia vir perto de Reutemann, mas não dava sinais que poderia ultrapassar o argentino, o mesmo acontecendo com Emerson, mas que teria agora a presença incômoda de Pace. Porém, o status quo sofre uma profunda modificação quando o motor de Emerson Fittipaldi quebra na Rindt Kurve, fazendo com que Regazzoni abra um largo sorriso em baixo do capacete e do seu bigodão, pois não apenas correria sem pressão, com a única preocupação de atacar Reutemann, como também via a chance de disparar no campeonato, já que todos os seus adversários estavam fora da prova. Contudo a alegria do suíço dura muito pouco. A Ferrari de Regazzoni demonstrava problemas de dirigibilidade e logo é ultrapassado por Pace, o que significava festa para a Bernie Ecclestone, pois seus dois piloto corriam em dobradinha. Logo Regazzoni teria a companhia de Peterson, mas a sorte voltou a sorrir para o suíço da Ferrari quando Pace encosta seu Brabham nos boxes com um sério vazamento de combustível. O brasileiro tendo continuar na prova, mas acabaria abandonando na volta 41.

Na briga pela quarta posição, Jacky Ickx tenta ultrapassar Patrick Depailler na curva Texaco e os dois acabam se tocando, forçando o abandono de ambos. Com todos esses problemas, Reutemann abria 10s para a briga entre Regazzoni e Peterson, enquanto quietinho, quietinho, a raposa felpuda Dennis Hulme assumiu o quatro lugar com sua McLaren, seguido por Hunt, Watson e Brambilla. Os problemas de dirigibilidade de Regazzoni ficam claros quando é identificado um furo lento num dos seus pneus e o suíço entra nos boxes para um pit-stop, um verdadeiro evento para época, retornando à pista em sétimo. Peterson fica apenas uma volta em segundo lugar, quando ele tem uma quebra na transmissão do seu Lotus e abandona tristemente, enquanto Regazzoni tentava uma nova corrida de recuperação e faz a volta mais rápida da corrida. Com a saída de Peterson, a vida de Reutemann fica muito mais tranquila e ele recebe a bandeirada com 40s de vantagem sobre Hulme, enquanto o terceiro colocado Hunt termina um minuto atrás. Demonstrando o bom desempenho da Brabham na Áustria, John Watson completa em quarto na sua primeira vez com um Brabham numa equipe particular. Na penúltima volta Regazzoni ainda consegue ultrapassar Brambilla para marcar importantes dois pontos, enquanto italiano marcava o seu primeiro ponto na F1. Regazzoni continuava sua temporada de regularidade e com os dois pontos marcados, agora ele tinha cinco pontos de vantagem sobre Scheckter, mas como na época havia os descartes, logo Rega teria que descontar pontos dos seus piores resultados. Enquanto Reutemann comemorava e Hunt mandava beijinhos do pódio, Dennis Hulme curtia o que seria seu último pódio na F1.

Chegada:
1)  Reutemann
2) Hulme
3) Hunt
4) Watson
5) Regazzoni
6) Brambilla 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Precocidade

Vendo esse anúncio da contratação de Max Verstappen pela Toro Rosso, fico me lembrando do que fazia quando tinha 16 para 17 anos. Minha vidinha tranquila de escola, casa e eventuais festas. As conversas com os amigos, o vestibular se aproximando e as primeiras gatas aparecendo, sem contar uns pegas que tinha por aí e que não vale a pena contar os detalhes mais sórdidos nesse espaço. Fico imaginando o que está passando na cabeça do menino Max Verstappen uma hora dessa. Com 16 anos, sabendo que estará na F1 no próximo ano.

A precocidade que os pilotos estão chegando em campeonatos mundiais chega a assustar. Antes restrito ao mundo da motovelocidade (Marc Márquez caminha para o seu quatro título mundial, contando todas as categorias, com apenas 21 anos de idade), a F1 vem entrando nessa onda, mas pela primeira vez colocando um adolescente no seu cockpit como piloto principal. Kimi Raikkonen subiu para a F1 com apenas 23 corridas de F-Renault, mas o finlandês tinha na época 21 anos de idade. Max Verstappen terá 17 anos quando for alinhar seu Toro Rosso em Melbourne, tendo até um pouco mais de experiência que Kimi treze anos atrás. Naquele tempo, isso fez com que muitos jovens pilotos quisessem seguir o exemplo de Raikkonen e queimar etapas rumo à F1, mas acabando por queimar sua própria carreira. Mesmo fazendo um ótimo trabalho em sua primeira temporada completa nos monopostos, Verstappen corre esse risco, ainda mais correndo pela Toro Rosso, filial da Red Bull e comandado pelo impaciente Helmut Marko, muito conhecido por ter lançado Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo rumo ao estrelato da F1, mas também por ter acabado com as carreiras de vários jovens pilotos, sendo que a última vítima está sendo justamente quem Max irá substituir na Toro Rosso em 2015, Jean-Eric Vergne.

Max é filho de Jos 'The Boss' Verstappen, um piloto extremamente promissor no início dos anos 90, mas que por ter sido lançado cedo demais, teve sua carreira arruinada. Ironia... Contudo, Jos fez duas temporadas completas no automobilismo e chegou à F1 com 22 anos de idade, sendo que há vinte anos atrás, se podia testar à vontade, ao contrário de agora. Quando Jacques Villeneuve foi anunciado pela Williams mais ou menos nessa época em 1995, o canadense testou loucamente com o seu futuro carro e quando fez sua estreia na F1, Villeneuve logo estava brigando por vitórias por ter o melhor carro do pelotão da época. Max não terá esse luxo, tendo que se virar nos simuladores e no seu carro de F3, cujo campeonato nem lidera, mas vem fazendo um baita sucesso no forte certame europeu.

Além de Vergne, fico imaginando como não devem estar 'felizes' Carlos Sainz Jr e Antonio Felix da Costa, outros pilotos do programa da Red Bull, que se viram ultrapassado de forma espetacular e surpreendente por Max Verstappen, que uma semana atrás nem era membro da Red Bull. Irá dar certo? Na minha opinião, seria mais prudente a Red Bull dar mais cancha ao holandês, deixa-lo mais preparado para assumir a titularidade da Toro Rosso, normalmente uma cadeira elétrica e que um sem número de pilotos jovens, como Max, já se queimaram por lá. Porém, se der certo, podemos estar vendo surgir um novo talento.

domingo, 17 de agosto de 2014

Com de força

Há certos axiomas criados na Indy nos últimos anos e um deles era sobre o desempenho de Will Power em circuitos ovais. Vindo do automobilismo europeu, mais especificamente da F3 Inglesa, o australiano Power era extremamente rápido nos circuitos mistos e de rua, mas tinha claras dificuldades em ovais, que lhe valeram pontos preciosos que o brindou com um incômodo tri-vice. Contudo, Power foi evoluindo aos poucos nos ovais. Conquistou sua primeira vitória num oval no Texas em 2012. No ano passado, onde não brigou pelo título, Will conseguiu algumas vitórias em ovais no final do campeonato que o valeram uma boa posição final no campeonato de 2013.

A reta final do campeonato desta ano parecia um filme repetido para Power. Liderando com uma margem mínima no campeonato, Power teria que enfrentar um piloto que anda muito bem em ovais (Helio Castroneves) e a primeira chance do seu rival para reverter a vantagem do australiano da Penske seria no tradicional oval de uma milha de Milwakee. Como havia acontecido em 2010, 11 e 12... Contudo, Power mostrou que os erros acumulados ao longo desses anos serviram para algo e Will deu um verdadeiro show em Milwakee. Após conseguir a pole quando não havia andado muito bem nos treinos livres, Power dominou a corrida em Milwakee de forma poucas vezes vista, mesmo para especialistas em ovais. Liderando 229 das 250 voltas da corrida, Power soube rechaçar os ataques de Tony Kanaan, lidou com o erro estratégico da Penske quando o deixou na pista por tempo demais, enquanto os demais pilotos na pista, com pneus novos, eram muito mais rápidos e por último, lidou muito bem com os retardatários, um item crítico num circuito como o de Milwakee. Ou seja, Will Power foi simplesmente perfeito hoje, ganhando todos os pontos possíveis.

Montoya acabou tendo uma vantagem sobre Tony Kanaan na última rodada de paradas e conquistou uma dobradinha para a Penske, mas o terceiro integrante da equipe liderada por Roger Penske não estava muito feliz no final do dia. Numa corrida para esquecer, Castroneves não soube utilizar sua pretensa vantagem sobre Power nos ovais e mesmo largando muito bem, Helio nunca teve um carro bom o suficiente para ganhar as posições necessárias e numa prova em que a estratégia não foi tão fundamental por causa das longas sessões em bandeira verdade, Castroneves pouco pôde fazer com um carro ruim e terminou num melancólico décimo primeiro lugar. Porém, Roger Penske pode ficar mais tranquilo com relação ao campeonato, pois o maior adversário da dupla Power-Castroneves, Ryan Hunter-Reay, da equipe Andretti, sofreu um problema mecânico e ficou ainda mais atrás na pontuação do campeonato, deixando a briga pelo título quase que unicamente para Will e Helio, garantindo que a Penske sairá da longa fila de títulos.

Foi surpreendente a forma como Will Power venceu hoje e com 39 pontos de vantagem sobre seu companheiro de equipe, além de correr na próxima semana no seu terreno favorito (um circuito misto), Power começa a ver que seu sonhado primeiro título está se aproximando.