O circuito de Spa-Francorchamps tem toda uma mística, que é capaz de dobrar até Bernie Ecclestone, que vez ou outra tenta tirar a prova do calendário, mas nunca dá certo. A corrida de não foi tão louca como a do ano passado, mas não pode ser considerada normal, com vários carros e pilotos andando o que não faziam há anos. Fisichella e BMW que o digam. Provando que em Spa há uma magia toda especial, Raikkonen provou que foi um dos que beberam dessa poção mágica e venceu pela quarta vez nesta pista, mostrando que a Ferrari, mesmo pensando só em 2010, ainda tem algo a mostrar.
Como era de se esperar, a prova em Spa foi bem melhor do que as últimas, mas sem grandes emoções já caracterizaram essa tradicional pista. Mas a tradicional entrada do safety-car não tardou a aparecer com um acidente no meio do pelotão ainda na primeira volta, que alijou da disputa o líder do campeonato mundial, Jenson Button, além do atual campeão mundial e os dois guris da turma atual. Raikkonen, favorito absoluto antes da corrida pela estratégia e pelo seu histórico na pista, foi logo mostrando suas credenciais e pulou sexto para terceiro na largada, ganhou mais uma posição após a Eau Rouge e deixou Fisichella para trás após a relargada, assumindo a liderança, da onde não sairia mais. Foi uma belíssima exibição do finlandês, mas provavelmente ele teve muito mais trabalho que o imaginado, com Fisichella sempre muito próximo de sua Ferrari. Com essa vitória, Kimi chega ao quinto posto no campeonato, atrás apenas dos contendores ao título, provando que sua provável saída da Ferrari é mais pela sua maneira de ser, do que propriamente seu talento. Bem ao contrário de Badoer, que largou e chegou em último e provavelmente sairá da Ferrari após apenas duas corridas sofríveis pela escuderia.
O que a Force Índia achou na semana entre Valencia e Spa, nunca saberemos, mas o que a equipe de Vijay Mallya fez hoje entrou para a história da F1 como uma das maiores reviravoltas de uma equipe nos últimos tempos. De cabeça, me lembro da March em 1990, que chegou a não se classificar no GP do México para quase ganhar na corrida seguinte, na França. Pois foi quase dessa maneira que a FI fez. Cadeira cativa na última fila, a equipe se associou a McLaren-Mercedes e foi evoluindo ao longo do ano, até chegar ao nível que está hoje, andando constantemente entre os dez mais rápidos com seus dois pilotos e conseguindo um pódio. Simplesmente marcando os primeiros pontos da equipe! Se surpresa bastante não fosse o suficiente, quem conseguiu isso foi Giancarlo Fisichella, que nas últimas provas dava sinais claros que seria aposentado pela falta de desempenho, enquanto Adrian Sutil fazia as honras da casa. Com 223 GPs disputados, Fisichella não apenas encaçapou Sutil na corrida, onde o alemão foi atrapalhado por um toque na primeira curva e não pontuou, como perseguiu de perto Raikkonen e corrida toda, sempre a 1s ou menos do finlandês. Em várias oportunidades parecia que Fisichella era o mais rápido, mas o kers da Ferrari não permitia um algo mais do italiano. Demonstrando o quanto a F1 virou de cabeça para baixo em pouco tempo, Fisichella até mostrou um certo descontentamento em não ter conseguido ultrapassar Kimi, mesmo com um carro mais rápido. Isso com um Force Índia, atrás de uma Ferrari.
Muita gente falou que Barrichello acabaria sendo campeão após sua vitória consagradora em Valencia, mas o belo currículo de Rubinho tem algo indelével: sua falta de consistência em grandes apresentações. Sempre que consegue uma ótima corrida, Rubens não repete a mesma atuação nas provas seguintes. Isso já aconteceu em várias oportunidades nos últimos 17 campeonatos e se repetiu hoje. Claro que o problema de hoje pode ter sido alheio ao brasileiro, mas isso acaba minando até mesmo sua confiança, apesar das negativas de Rubinho. O problema na largada se repetiu e mesmo mudando a estratégia, Barrichello pouco apareceu após fazer o dever de casa em ultrapassar os café-com-leite Badoer e Nakajima, além de um problemático Trulli. No final da prova, quando podia tentar algo contra um lento Kovalainen, o motor Mercedes, indestrutível até então, começa a soltar fumaça nas duas últimas voltas e Barrichello teve que se contentar com a sexta posição, com o motor em chamas. Foram três pontos importantes, claro, mas que mostra que a apresentação em Valencia não foi regra, mas exceção. A sorte que Rubens teve em terminar a prova, faltou a Button ainda na primeira volta. Atingido por um carro ainda não identificado, o inglês zerou pela primeira vez no ano e tem seu título, dado como favas contadas e poucos meses, mais do que ameaçado. Pelo que vem andando, Button já começa a ser tirado do rol de favoritos, com sua vantagem caindo corrida a corrida. A coisa ainda não ficou preta para o inglês por que seus adversários não estão tão consistentes a ponto de tirar uma grande diferença para ele.
Um exemplo claro é a Red Bull. Quando Mark Webber vinha com tudo para cima de Button, o australiano tem duas corridas muito ruins e deixa de marcar por duas corridas consecutivas. Se em Valencia ele pode culpar o carro, desta vez ele se atrapalhou com a equipe dentro dos boxes ao quase provocar um acidente com Heidfeld após sua saída de pit e teve que pegar uma punição mais tarde. Resultado? Outro nono lugar e zero ponto na sua conta. Já Sebastian Vettel, com sérios problemas com os motores que tem a disposição até o final do campeonato, foi dado como carta fora do baralho, mas o alemão deixou a agressividade de lado e numa corrida estratégica, terminou a prova belga no pódio e com uma tentativa de se aproximar dos líderes, marcou a melhor volta da corrida. Se Vettel der conta que com apenas velocidade não se vence campeonato e repetir exibições como a de hoje, ele poderá brigar mais seriamente pelo título. Nem que seja o de 2010.
A moribunda BMW fez a corrida do ano em 2009 e provou que suas mudanças no carro, que ficaram prontas em Valencia, mas que apenas foram vistas em sua totalidade em Spa, ficaram boas o suficiente para colocar Kubica e Heidfeld de volta a zona de pontuação com alguma consistência. Kubica chegou à frente de Heidfeld novamente, mesmo com o alemão tendo largado à sua frente. O polonês dificilmente ficará sem cockpit na próxima temporada, algo a ser observado pelo alemão ainda. Já a equipe mais ameaçada no momento de sair da F1, a Toyota, foi a grande decepção de hoje. Após ser ultrapassado por uma BMW, Trulli se envolveu num toque na confusão da primeira curva e teve que ir aos boxes trocar o bico, mas o italiano nunca mais teve ritmo para fazer algo de bom e acabou abandonando logo depois. Glock era a esperança da equipe, mas um erro no reabastecimento pôs tudo a perder e o alemão passou segundos preciosos esperando ter seu carro reabastecido, enquanto os mecânicos lamentavam profundamente, pois sabiam que isso faria com que Glock não marcasse pontos, algo que se confirmaria no final da prova. Muito mais para uma equipe que precisa provar algo para se manter em 2010.
A McLaren teve seu principal piloto, Hamilton, envolvido num acidente ainda na primeira volta e por isso teve que se contentar com Kovalainen. Ou seja, não poderia esperar muita coisa mesmo. Mas o finlandês ainda beliscou três pontinhos com o sexto lugar graças a sua estratégia de pit. Quem também conseguiu pontos suados foi a Williams, com Rosberg tendo que se defender sua oitava posição dos ataques de Mark Webber no final. Com seu nome ligado cada vez mais a McLaren em 2010, Rosberg corre o risco de deixar a Williams órfã de bons pilotos, pois Nakajima é uma grande enganação. Alonso fazia sua tradicional corrida em que anda mais do que o carro, mas um incidente que ninguém viu na hora acabou com a corrida do espanhol. Quando estava fazendo sua parada, os mecânicos perceberam que a calota da roda dianteira esquerda estava quebrada e isso atrasou definitivamente a equipe, que mandou Alonso encostar uma volta depois. Quando Sutil rodou na primeira curva, ele acabou batendo exatamente na roda dianteira esquerda do espanhol, empenando a peça e destruindo os sonhos de pontuação do espanhol, algo bem provável no momento em que fazia uma bela corrida. Grosjean, coitado, ficou na confusão da primeira volta e o Galvão, na ânsia de defender Nelsinho, já desconfia do talento do rapaz. Por sinal, a Globo falou em sua transmissão que Briatore estaria sendo investigado pela FIA por decisões polemicas, como ter mandado Nelsinho bater de propósito em Cingapura para beneficiar Alonso, que acabou vencendo aquela corrida. Lembro-me que muita gente especulou isso na época, mas na pura gozação. Contudo, se isso for sério, poderá causar sérias repercussões dentro da própria Renault, eternamente ameaçada pela cúpula da montadora de sair da F1.
Quando foi perguntado sobre suas chances de título, Vettel disse que o campeonato desse ano está meio maluco. Só não razão completa ao jovem alemão, pois eu corrigiria dizendo que está maluco e meio! O campeonato desse ano está imprevisível e com um equilíbrio impressionante, com vários pilotos se revezando nas vitórias e com equipes andando muito bem numa corrida e pessimamente na seguinte. Difícil prever algo para Monza. Será que Button se recupera? Quem vai andar melhor, Brawn ou Red Bull? McLaren irá voltar ao topo, ou dará ser lugar a recuperada Ferrari? A Force Índia continuará nesse ritmo? Outra equipe entrará na briga pela vitória? Ninguém sabe ao certo, mas num ano complicado na F1, vemos um dos campeonatos mais disputados e imprevisíveis da história.
Como era de se esperar, a prova em Spa foi bem melhor do que as últimas, mas sem grandes emoções já caracterizaram essa tradicional pista. Mas a tradicional entrada do safety-car não tardou a aparecer com um acidente no meio do pelotão ainda na primeira volta, que alijou da disputa o líder do campeonato mundial, Jenson Button, além do atual campeão mundial e os dois guris da turma atual. Raikkonen, favorito absoluto antes da corrida pela estratégia e pelo seu histórico na pista, foi logo mostrando suas credenciais e pulou sexto para terceiro na largada, ganhou mais uma posição após a Eau Rouge e deixou Fisichella para trás após a relargada, assumindo a liderança, da onde não sairia mais. Foi uma belíssima exibição do finlandês, mas provavelmente ele teve muito mais trabalho que o imaginado, com Fisichella sempre muito próximo de sua Ferrari. Com essa vitória, Kimi chega ao quinto posto no campeonato, atrás apenas dos contendores ao título, provando que sua provável saída da Ferrari é mais pela sua maneira de ser, do que propriamente seu talento. Bem ao contrário de Badoer, que largou e chegou em último e provavelmente sairá da Ferrari após apenas duas corridas sofríveis pela escuderia.
O que a Force Índia achou na semana entre Valencia e Spa, nunca saberemos, mas o que a equipe de Vijay Mallya fez hoje entrou para a história da F1 como uma das maiores reviravoltas de uma equipe nos últimos tempos. De cabeça, me lembro da March em 1990, que chegou a não se classificar no GP do México para quase ganhar na corrida seguinte, na França. Pois foi quase dessa maneira que a FI fez. Cadeira cativa na última fila, a equipe se associou a McLaren-Mercedes e foi evoluindo ao longo do ano, até chegar ao nível que está hoje, andando constantemente entre os dez mais rápidos com seus dois pilotos e conseguindo um pódio. Simplesmente marcando os primeiros pontos da equipe! Se surpresa bastante não fosse o suficiente, quem conseguiu isso foi Giancarlo Fisichella, que nas últimas provas dava sinais claros que seria aposentado pela falta de desempenho, enquanto Adrian Sutil fazia as honras da casa. Com 223 GPs disputados, Fisichella não apenas encaçapou Sutil na corrida, onde o alemão foi atrapalhado por um toque na primeira curva e não pontuou, como perseguiu de perto Raikkonen e corrida toda, sempre a 1s ou menos do finlandês. Em várias oportunidades parecia que Fisichella era o mais rápido, mas o kers da Ferrari não permitia um algo mais do italiano. Demonstrando o quanto a F1 virou de cabeça para baixo em pouco tempo, Fisichella até mostrou um certo descontentamento em não ter conseguido ultrapassar Kimi, mesmo com um carro mais rápido. Isso com um Force Índia, atrás de uma Ferrari.
Muita gente falou que Barrichello acabaria sendo campeão após sua vitória consagradora em Valencia, mas o belo currículo de Rubinho tem algo indelével: sua falta de consistência em grandes apresentações. Sempre que consegue uma ótima corrida, Rubens não repete a mesma atuação nas provas seguintes. Isso já aconteceu em várias oportunidades nos últimos 17 campeonatos e se repetiu hoje. Claro que o problema de hoje pode ter sido alheio ao brasileiro, mas isso acaba minando até mesmo sua confiança, apesar das negativas de Rubinho. O problema na largada se repetiu e mesmo mudando a estratégia, Barrichello pouco apareceu após fazer o dever de casa em ultrapassar os café-com-leite Badoer e Nakajima, além de um problemático Trulli. No final da prova, quando podia tentar algo contra um lento Kovalainen, o motor Mercedes, indestrutível até então, começa a soltar fumaça nas duas últimas voltas e Barrichello teve que se contentar com a sexta posição, com o motor em chamas. Foram três pontos importantes, claro, mas que mostra que a apresentação em Valencia não foi regra, mas exceção. A sorte que Rubens teve em terminar a prova, faltou a Button ainda na primeira volta. Atingido por um carro ainda não identificado, o inglês zerou pela primeira vez no ano e tem seu título, dado como favas contadas e poucos meses, mais do que ameaçado. Pelo que vem andando, Button já começa a ser tirado do rol de favoritos, com sua vantagem caindo corrida a corrida. A coisa ainda não ficou preta para o inglês por que seus adversários não estão tão consistentes a ponto de tirar uma grande diferença para ele.
Um exemplo claro é a Red Bull. Quando Mark Webber vinha com tudo para cima de Button, o australiano tem duas corridas muito ruins e deixa de marcar por duas corridas consecutivas. Se em Valencia ele pode culpar o carro, desta vez ele se atrapalhou com a equipe dentro dos boxes ao quase provocar um acidente com Heidfeld após sua saída de pit e teve que pegar uma punição mais tarde. Resultado? Outro nono lugar e zero ponto na sua conta. Já Sebastian Vettel, com sérios problemas com os motores que tem a disposição até o final do campeonato, foi dado como carta fora do baralho, mas o alemão deixou a agressividade de lado e numa corrida estratégica, terminou a prova belga no pódio e com uma tentativa de se aproximar dos líderes, marcou a melhor volta da corrida. Se Vettel der conta que com apenas velocidade não se vence campeonato e repetir exibições como a de hoje, ele poderá brigar mais seriamente pelo título. Nem que seja o de 2010.
A moribunda BMW fez a corrida do ano em 2009 e provou que suas mudanças no carro, que ficaram prontas em Valencia, mas que apenas foram vistas em sua totalidade em Spa, ficaram boas o suficiente para colocar Kubica e Heidfeld de volta a zona de pontuação com alguma consistência. Kubica chegou à frente de Heidfeld novamente, mesmo com o alemão tendo largado à sua frente. O polonês dificilmente ficará sem cockpit na próxima temporada, algo a ser observado pelo alemão ainda. Já a equipe mais ameaçada no momento de sair da F1, a Toyota, foi a grande decepção de hoje. Após ser ultrapassado por uma BMW, Trulli se envolveu num toque na confusão da primeira curva e teve que ir aos boxes trocar o bico, mas o italiano nunca mais teve ritmo para fazer algo de bom e acabou abandonando logo depois. Glock era a esperança da equipe, mas um erro no reabastecimento pôs tudo a perder e o alemão passou segundos preciosos esperando ter seu carro reabastecido, enquanto os mecânicos lamentavam profundamente, pois sabiam que isso faria com que Glock não marcasse pontos, algo que se confirmaria no final da prova. Muito mais para uma equipe que precisa provar algo para se manter em 2010.
A McLaren teve seu principal piloto, Hamilton, envolvido num acidente ainda na primeira volta e por isso teve que se contentar com Kovalainen. Ou seja, não poderia esperar muita coisa mesmo. Mas o finlandês ainda beliscou três pontinhos com o sexto lugar graças a sua estratégia de pit. Quem também conseguiu pontos suados foi a Williams, com Rosberg tendo que se defender sua oitava posição dos ataques de Mark Webber no final. Com seu nome ligado cada vez mais a McLaren em 2010, Rosberg corre o risco de deixar a Williams órfã de bons pilotos, pois Nakajima é uma grande enganação. Alonso fazia sua tradicional corrida em que anda mais do que o carro, mas um incidente que ninguém viu na hora acabou com a corrida do espanhol. Quando estava fazendo sua parada, os mecânicos perceberam que a calota da roda dianteira esquerda estava quebrada e isso atrasou definitivamente a equipe, que mandou Alonso encostar uma volta depois. Quando Sutil rodou na primeira curva, ele acabou batendo exatamente na roda dianteira esquerda do espanhol, empenando a peça e destruindo os sonhos de pontuação do espanhol, algo bem provável no momento em que fazia uma bela corrida. Grosjean, coitado, ficou na confusão da primeira volta e o Galvão, na ânsia de defender Nelsinho, já desconfia do talento do rapaz. Por sinal, a Globo falou em sua transmissão que Briatore estaria sendo investigado pela FIA por decisões polemicas, como ter mandado Nelsinho bater de propósito em Cingapura para beneficiar Alonso, que acabou vencendo aquela corrida. Lembro-me que muita gente especulou isso na época, mas na pura gozação. Contudo, se isso for sério, poderá causar sérias repercussões dentro da própria Renault, eternamente ameaçada pela cúpula da montadora de sair da F1.
Quando foi perguntado sobre suas chances de título, Vettel disse que o campeonato desse ano está meio maluco. Só não razão completa ao jovem alemão, pois eu corrigiria dizendo que está maluco e meio! O campeonato desse ano está imprevisível e com um equilíbrio impressionante, com vários pilotos se revezando nas vitórias e com equipes andando muito bem numa corrida e pessimamente na seguinte. Difícil prever algo para Monza. Será que Button se recupera? Quem vai andar melhor, Brawn ou Red Bull? McLaren irá voltar ao topo, ou dará ser lugar a recuperada Ferrari? A Force Índia continuará nesse ritmo? Outra equipe entrará na briga pela vitória? Ninguém sabe ao certo, mas num ano complicado na F1, vemos um dos campeonatos mais disputados e imprevisíveis da história.
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