Seguindo a série 'melhores da década', agora vamos relembrar as melhores corridas desta década e mais uma vez não vou fazer uma votação, mas não deixará de serem escolhas subjetivas. Desta vez, escolherei uma corrida de cada ano e mostrar o porquê desta prova ter sido tão especial.
Grande Prêmio da Alemanha de 2000
A espera pela primeira vitória de Rubens Barrichello na F1 já ganhava ares novelescos. Uma musiquinha inventada pela Jovem Pan fazia sucesso com o refrão "Sempre atrás do alemão/É o Rubinho!", que deixou o próprio piloto brasileiro irritado. Não seria na prova do 'alemão' que Barrichello tiraria o dedo e venceria sua primeira prova, ainda com uma Classificação complicada, quando seu carro ficou parado quando saía dos boxes e uma chuva forte se abateu em Hockenheim. Largando em 18º, pouco se podia esperar de Barrichello. Porém, havia a perspectiva de chuva. Rubens fazia uma baita corrida vindo de trás, mas as nuvens carregadas chegavam a Hockenheim, enquanto Hakkinen liderava facilmente a dobradinha da McLaren, para desespero de Schumacher, que havia abandonado na primeira curva. Então um ex-funcionário da Mercedes entra na pista e provoca um safety-car. Ironia que o torcedor não apenas protestou contra a montadora, como atrapalhou os pilotos da Mercedes. Rubens era agora terceiro e próximo da dupla da McLaren quando a chuva caiu forte na reta dos boxes. Contudo, a parte da floresta ainda estava seca. Parar ou não parar? Os pilotos da McLaren o fizeram. Barrichello não. Bravamente o piloto da Ferrari segurava seu carros nas condições traiçoeiras e conseguia sua emocionante 1º vitória. E a Jovem Pan teve que inventar uma nova música...
Grande Prêmio do Brasil de 2001
Pilotos vindo dos Estados Unidos não era exatamente uma novidade na F1 e por isso ninguém ficou muito emocionado com a chegada do rápido Juan Pablo Montoya. Em Interlagos, o colombiano faria que todos prestassem atenção nele. Usando a prodigiosa potência do motor BMW, Montoya pegou o vácuo de Michael Schumacher após uma relargada e fez uma clássica ultrapassagem sobre o alemão no Esse do Senna. Logo na sua terceira corrida, Montoya liderava uma prova de F1, mas um desastrado Jos Verstappen botava tudo a perder quando, como retardatário, jogou Montoya para fora da pista. Schumacher reassumia a liderança, mas a chuva se fez presente e o alemão acabou por rodar duas vezes, entregando a vitória para David Coulthard, que não passava de um mero coadjvante até então.
Grande Prêmio da Alemanha de 2002
Schumacher ganhar uma corrida em 2002 com sua imbatível Ferrari não chegava a ser novidade, mas a luta pelas demais posições nessa corrida entraram para a história. Barrichello, Montoya, Raikkonen e Ralf Schumacher brigaram palmo a palmo pela 2º posição, com destaque para a sensacional briga entre Raikkonen e Montoya, que ficaram cinco curvas lado a lado até que o colombiano tomou conta da situação. Mesmo com a tristeza pelo fim do antigo circuito de Hockenheim, essa prova fez com que todos nos lembrasse da magia da F1 ainda poderia acontecer em autódromos projetados por Hermann Tilke.
Grande Prêmio do Brasil de 2003
Novamente Interlagos. Novamente a chuva. E novamente uma bela corrida. A disputa em Interlagos entrou para a história como uma das corridas mais confusas da história, cheia de acidentes, reviravoltas, dramas e confusões. A curva do Sol, com um verdadeiro rio passando por ela, virou um estacionamento de ferro-velho, com sete carros se acidentando no local, inclusive gente como Montoya e Schumacher. Para delírio do público brasileiro, Barrichello fazia uma ótima corrida e após ultrapassar Coulthard, o brasileiro liderava a sua prova caseira com chances de vencer, mas uma incrível pane seca o deixou na mão. Quando a multidão já deixava o autódromo, Mark Webber bate forte na Curva do Café, deixando pedaço de Jaguar em todos os lugares. Ignorando as bandeiras amarelas, Fernando Alonso, sensação daquele ano, bate numa roda e estampa seu Renault no muro. Bandeira vermelha. Quem venceu? Fisichella, que acabara de ultrapassar Raikkonen, pensava que era ele, mas a cronometragem dá a vitória do finlandês. Apenas dez dias depois, se percebe o erro e Fisichella vence pela 1º vez na carreira, com o trófeo entregue apenas em Ímola.
Grande Prêmio da Itália de 2004
Monza nunca havia visto chuva em sua tradicional prova. Em 2004, talvez com as mudanças climáticas do tal aquecimento global, isso começou a mudar e a prova italiana viu pista molhada após quase 50 anos de corridas em Monza. Porém, isso não impediu da Ferrari mostrar sua superiodidade em cima de equipes ainda tateando na pista que secava e deu a Barrichello sua primeira vitória no ano.
Grande Prêmio do Japão de 2005
Alonso havia acabado de conquistar o título e os pilotos foram a Suzuka totalmente sem pressão. Para completar, a chuva no sábado coloca o grid de cabeça para baixo e os favoritos Schumacher, Alonso e Raikkonen largam de 11º para trás. Foi a senha para a melhor corrida no seco dos últimos tempos. Sem muitas responsabilidades com relação ao campeonato, mas com carros nitidamente superiores aos que vinham a sua frente, Raikkonen e Alonso partiram para cima dos seus adversários de forma sensacional, realizando ultrapassagens de tudo quanto era jeito. Raikkonen abriu a penúltima volta em segundo, logo atrás de Fisichella. O italiano liderou a prova inteira e estava bem despreocupado quando levou uma ultrapassagem antológica do finlandês na última volta. Raikkonen, saindo em 18º, vencia sua 7º corrida do ano, com Alonso, tendo sido punido, chegaria em quarto após outra ultrapassagem emocionante sobre Mark Webber também nas voltas finais.
Grande Prêmio da Hungria de 2006
Corrida em Hungaroring era sinal de corrida ruim. Sempre foi assim, principalmente com pista seca. Porém, no auge do verão húngaro, a chuva se fez presente em Budapeste e nos proporcionou uma das melhores corridas da década, com várias ultrapassagens e uma zebra do tamanho do poderio da Honda naquele momento. Por causa de punições altamente discutíveis, Schumacher e Alonso largariam em posições intermediárias. Sempre lembramos da 1º volta de Senna em Donington/93, mas o que Schummy e Nano fizeram naquele dia deixa o feito de Senna, no mínimo igualado. Debaixo de chuva e muito spray, Alonso saiu de 15º no grid para cruzar a primeira volta em 6º e Schumacher saiu de 11º para 4º. E isso sem abandonos! Raikkonen liderou no início, mas acabou batendo na traseira do retardatário Vitantonio Liuzzi. Alonso assumia a liderança quando o sol já se fazia aparecer, mas uma porca mal colocada após um pit-stop pôs o espanhol no muro. Schumacher tentava se manter com pneus intermediários em pista seca, mas acabou por perder rendimento e acabaria abandonando no final. Para quem sobrou a vitória? Jenson Button também havia largado mal (14º), mas se aproveitou das oportunidades para vencer pela primeira vez na carreira.
Grande Prêmio da Europa de 2007
Mais uma vez a chuva nos proporcionou uma corrida épica. Choveu tanto em Nürburgring neste dia que a bandeira vermelha se fez presente uma vez após o abandono de cinco carros no mesmo local. O estreante Markus Winkelhock, na minúscula Spyker, liderava a corrida naquele momento! Quando a corrida reiniciou e a pista secava, Felipe Massa parecia que venceria com os pés nas costas, mas a chuva acabou por voltar nas voltas finais e todos os pilotos tiveram que trocar seus pneus. Alonso começa a atacar Massa e em duas voltas emocionantes, inclusive com toques entre Ferrari e McLaren, o espanhol tirou a vitória certa do brasileiro. Na ante-sala do pódio, Alonso e Massa discutem feio e por muito pouco não rola tapa. Em 2010, eles serão companheiros de equipe na Ferrari...
Grande Prêmio do Brasil de 2008
Uma decisão de campeonato sendo definida na última curva da última volta já coloca uma corrida na história da F1. De forma bem resumida, isso foi o que aconteceu em Interlagos em 2008. Quem agradeceu foi Lewis Hamilton, que tirou do vencedor Felipe Massa a chance de conquistar um título em casa.
Grande Prêmio da Bélgica de 2009
A história de David vs Golias normalmente não se aplica na científica F1, mas a Force India provou que esses contos de fadas ainda são possíveis. A equipe hindu não havia marcado um ponto sequer quando chegou a Spa, mas numa reviravolta raramente vista, Giancarlo Fisichella deu a pequenina Force India sua primeira pole e se não fosse o Kers da gigante Ferrari de Kimi Raikkonen na corrida, o italiano teria conseguido a surpreendente vitória. E sem chuva, algo normal na Bélgica. Fisichella iria para a Ferrari na corrida seguinte e nunca mais repetiria a performance de Spa.
5 comentários:
Essa foi e década que eu realmente vi.
Me lembro perfeitamente da vitória do Rubinho,lembro da porrada do Alonso em Intrelagos e da do Fisico quando rebeu o troféu antes do GP de Imola.
Agora te pergunto JC.
Qual foi a melhr crrida da década???
(pra mim foi Hockenheim 00 mesmo,mas Australia 02 também foi boa.)
Gostei!
Mas eu trocaria Alemanha-2000 por Japão-2000
e Europa-2007 por Brasil-2007
Na minha opinião, cravaria Brasil/2008!
Faltou o GP da Italia de 2006 quando o Schumacher ganhou pela ultima vez em solo sagrado.
bela retrospectiva amigo!
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