quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

História: 35 anos do Grande Prêmio da Argentina de 1977

Se existia uma vantagem dos aficionados pela F1 nas décadas de 70 e 80 era que eles não esperavam muito pelo começo da temporada. Com as pistas na Europa ainda cheias de neve, a F1 iniciava sua temporada nas calorentas Buenos Aires e São Paulo no auge do verão sul americano, em pleno janeiro. Isso significava corridas debaixo de um calor enorme e as equipes, muitas vezes sem tempo para estrear seus novos carros, apenas testavam seus novos pilotos e mediam suas possibilidades ao longo do ano.

Falando em novos pilotos, várias equipes mudaram de plantel para 1977 e Buenos Aires veria várias estréias. Ainda se recuperando do drama do ano anterior, Niki Lauda ganhava um novo companheiro de equipe no herói local Carlos Reutemann, enquanto Clay Regazzoni teria que se conformar com a pequena Ensign. Depois de três temporadas de relativo sucesso, Jody Scheckter deixou a Tyrrell para apostar no novo projeto de Walter Wolf e sua nova equipe que usava seu nome. O canadense milionário havia contratado Harvey Postlethwaite, que já era conhecido por construir bons carros com pouco investimento, como era o caso da Hesketh. O campeão James Hunt começava 1977 ainda num bom ritmo da temporada anterior e conseguia a pole position do Grande Prêmio da Argentina. O piloto da McLaren, para muitos não merecedor do título de 1976, provava que tinha talento suficiente para ser considerado um dos grandes.

Grid:
1) Hunt(McLaren) – 1:48.68
2) Watson(Brabham) – 1:48.96
3) Depailler(Tyrrell) – 1:49.13
4) Lauda(Ferrari) – 1:49.73
5) Mass(McLaren) – 1:49.81
6) Pace(Brabham) – 1:49.97
7) Reutemann(Ferrari) – 1:50.02
8) Andretti(Lotus) – 1:50.13
9) Pryce(Shadow) – 1:50.65
10) Nilsson(Lotus) – 1:50.66

O dia 9 de janeiro de 1977 amanheceu quente nas margens do Rio Prata e Buenos Aires foi em peso, como sempre acontecia nos anos anteriores, para torcer para ‘Il Lole’ Reutemann, mesmo o argentino ficando bem atrás de Lauda no grid. Mas quem teve um início de dia bem quente foi mesmo Mario Andretti. O americano viu sua nova Lotus 78 ter um problema com o extintor de incêndio durante o warm-up e com o carro destruído, Andretti pegou o carro de Gunnar Nilsson e pôde participar da corrida normalmente, enquanto o sueco teria que esperar por Interlagos para estrear em 1977. Com apenas 21 carros no grid, a largada foi dada com Watson, que re-estreava na Brabham, assumindo a primeira posição, tendo James Hunt logo atrás. Depailler larga muito mal, permitindo a Lauda assumir o 3º lugar.

A primeira volta se complementou com os dois britânicos liderando a corrida, mas com Hunt pressionando bastante Watson. Na 11º volta, o então atual campeão assumiu a ponta da corrida e mais atrás Andretti ultrapassava Lauda, que perdia rendimento, sendo também ultrapassado por Mass e José Carlos Pace. O brasileiro da Brabham fazia uma boa corrida, de espera. Mais atrás, outro que fazia uma corrida de recuperação era Jody Scheckter e seu novíssimo Wolf. O sul-africano estava em oitavo lugar quando frustrou a torcida argentina ao ultrapassar Carlos Reutemann e comboiar Lauda, até ultrapassar a outra Ferrari, que abandonaria ainda na volta 20. Mostrando o bom momento da McLaren, Jochen Mass ultrapassa Andretti para chega ao terceiro lugar, mas o alemão acaba errando oito voltas depois e abandonaria no local. Essa foi a diferença entre Mass, um bom piloto, e as demais feras da época...

James Hunt fazia uma corrida soberana e partia rumo a uma bela vitória quando sua McLaren tem uma falha na suspensão traseira, fazendo com que o inglês abandonasse a prova. Isso fez com que Watson retomasse a liderança e para alegria de Bernie Ecclestone, Pace completava a dobradinha da Brabham, mas o brasileiro vinha claramente mais rápido do que o companheiro de equipe e assumiu a ponta da corrida na volta 34. Depois de um ano difícil com a adaptação ao motor Alfa Romeo, Pace teria a recompensa com um bom carro em 1977 que o fez voltar a liderar uma corrida, algo que não fazia desde 1975. Scheckter fazia uma corrida espetacular na estréia de sua equipe e já estava se aproximando de Watson, em terceiro lugar, quando o irlandês abandonou quando faltavam doze voltas para o fim. Um segundo lugar já estava bom demais para um time que sequer existia poucos meses antes, mas o calor portenho faria suas vítimas e proporcionaria uma das maiores zebras da história da F1.

José Carlos Pace nunca foi muito fã da preparação física e era até mesmo forte demais para correr num monoposto, não raro o brasileiro perdendo rendimento nos finais de corrida. Numa prova quente como aquela em Buenos Aires, não foi surpresa ver Pace perder rendimento de forma absurda nas voltas finais. Pace liderou até quando faltavam seis das 53 voltas previstas para o Grande Prêmio da Argentina, quando foi ultrapassado com facilidade por Scheckter. O piloto da Brabham quase perde o segundo lugar para Reutemann, que subia ao pódio em casa pela primeira vez. Mesmo com a decepção com o segundo lugar de Pace, o Brasil não tinha muito do que reclamar, pois Emerson Fittipaldi levou seu Copersucar a um ótimo quarto lugar, mostrando algum potencial do carro. Mas quem não tinha mesmo do que reclamar era Jody Scheckter e a Wolf. Ninguém poderia imaginar que sul-africano pudesse levar sua jovem equipe a uma vitória em sua temporada inicial, ainda mais na primeira corrida do ano. Era a primeira vez na história da F1 que uma equipe estreante venceria em seu debute, algo só alcançado 32 anos depois pela Brawn nas mãos de Jenson Button. 1977 já começava histórico e muito ainda tinha por vir...

Chegada:
1) Scheckter
2) Pace
3) Reutemann
4) Fittipaldi
5) Andretti
6) Regazzoni

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