domingo, 28 de abril de 2013

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1973

Após as três primeiras corridas no hemisfério sul da temporada de 1973, a F1 ficou quase dois meses sem corridas, mas nem por isso faltou ação, com Jackie Stewart vencendo o International Trophy em Silverstone e Peter Gethin faturando a Corrida dos Campeões em Brands Hatch. Eram tempos de corridas extra-campeonato, que praticamente marcavam o início da fase européia da temporada da F1. Na metade de 1973 ocorreria a mudança de regulamento em que a FIA prometia carros mais seguros, mas que se mostrariam bem diferentes dos bólidos de 1972. O atual campeão Emerson Fittipaldi vinha dominando a temporada com duas vitórias nas corridas sul-americanas, enquanto Stewart dava o troco com um triunfo na África do Sul. A luta prometia polarizar os dois pilotos ao longo da temporada. Naqueles tempos o Grande Prêmio da Espanha tinha uma alternância entre os circuitos de Jarama (anos pares) e Montjuich (anos ímpares). Circuito urbano montado em Barcelona, Mountjuich tinha como característica magoar bastante com os carros durante a corrida e sua última edição em 1971 teve apenas seis carros recebendo a bandeirada.

Os dois principais candidatos ao título tinham problemas em seus carros durante os treinos. Jackie Stewart chegou a bater duas vezes no guard-rail durante os treinos (uma na sexta e outra no sábado) e foi superado pelo seu companheiro de equipe François Cevert, algo não muito comum naquele início de temporada 1973. Enquanto Emerson Fittipaldi sofria com as adaptações que seu Lotus sofria com os novos regulamentos e conseguia apenas o sétimo lugar no grid, Ronnie Peterson sorria e o sueco foi o mais rápido tanto na sexta como no sábado, garantindo a pole, logo à frente da McLaren de Hulme, que vinha se apresentando muito bem na Espanha. 

Grid:
1) Peterson (Lotus) - 1:21.8
2) Hulme (McLaren) - 1:22.5
3) Cevert (Tyrrell) - 1:22.7
4) Stewart (Tyrrell) - 1:23.2
5) Revson (McLaren) - 1:23.4
6) Ickx (Ferrari) - 1:23.5
7) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:23.7
8) Regazzoni (BRM) - 1:24.1
9) Hailwood (Surtees) - 1:24.2
10) Beltoise (BRM) - 1:24.2

O dia 29 de abril de 1973 estava ensolarado e quente em Barcelona, o que poderia indicar uma corrida ainda mais difícil em Montjuich. Segundo Emerson Fittipaldi, três fatores faziam daquela corrida muito desgastante. A primeira eram duas ondulações que faziam as rodas traseiras se erguerem do chão em alta velocidade e isso fazia com que o motor aumentasse de repente de rotação, desgastando motor e semi-eixo. Outro problema seriam os freios, muito exigidos nas curvas lentas, além da estreiteza do circuito de rua catalão. Na bandeirada de largada, Peterson disparou na frente, trazendo consigo Hulme e Stewart, que havia superado seu companheiro de equipe. Quem havia feito a melhor largada tinha sido Niki Lauda, que pulara de 11º para sexto no arranque inicial, mas ainda durante a primeira volta Emerson ultrapassa o piloto da BRM, fechando o que seria o primeiro pelotão daquela corrida.

Na frente, Peterson disparava na frente, seguido por Hulme, Stewart, Cevert, Beltoise e Emerson Fittipaldi, mas o piloto da Lotus ultrapassou o francês ainda na segunda volta, não deixando que o pelotão da frente se distanciasse, apesar de que Peterson, numa pilotagem espetacular, começasse a se destacar dos demais. Ainda na terceira volta Stewart deixou a McLaren de Hulme para trás, mas o escocês não pôde igualar o ritmo de Peterson e se isolou em segundo, com Hulme, Cevert e Emerson andando muito próximos, mas sem ultrapassagens. Um pequeno acidente ocorrido na 17º volta, aparentemente sem importância para o desenrolar da corrida, acabou por definir a prova, como se veria mais tarde. O italiano Andrea de Adamich bateu seu Brabham no guard-rail após a ponta de eixo do seu carro quebrar. Porém, pedaços de metal e de fibra se espalharam no local. Três voltas depois Hulme foi aos boxes trocar um pneu furado pelos estilhaços do carro de Adamich. Na volta 26, com o carro totalmente desequilibrado, Cevert acaba sendo superado por Emerson e também entra nos boxes para trocar seus pneus. Outra vítima da batida de Adamich!

Com pista livre, Emerson começa a descontar a desvantagem de 17s que tinha para Stewart, que a essa altura tinha sérios problemas de freios. Porém, Emerson começa a ver sua Lotus perder mais e mais equilíbrio. Na verdade, o trio Hulme, Cevert e Fittipaldi foram os primeiros a passarem pela cena do acidente de Adamich e todos, sem exceção, estavam com os pneus furados. Porém, Emerson resolve arriscar e fica na pista, mesmo com o risco de um acidente. Porém, o brasileiro é baforado pela sorte grande. Na 45º volta, com trinta para o final, um dos freios dianteiros de Stewart explode e o escocês ainda conseguiu se recuperar de um acidente, mas estava fora da prova. A Lotus agora fazia dobradinha, com Peterson fazendo uma corrida impecável até então e com 35s de vantagem sobre Emerson Fittipaldi, tendo que se equilibrar com um pneu furado e agora sofrendo a ameaça da Brabham de Carlos Reutemann.

Para desespero de Ronnie Peterson, o câmbio do seu Lotus o deixou na mão quando faltavam 16 voltas, dando a liderança para Emerson, mas para desespero da Lotus, Emerson perdia 2s por volta com relação a Reutemann e quando faltavam dez voltas, apenas 4s separavam os dois pilotos sul-americanos, mas provando que Deus é mesmo brasileiro, o argentino encostou sua Brabham com o semi-eixo quebrado, deixando Emerson, com um pneu furado, com a corrida na mão. François Cevert era o segundo colocado, apesar de sua parada não-programada, e mesmo andando 8s mais rápido do que o líder, estava quase uma volta atrasado e pouco pôde fazer para estragar a festa brasileira, que tinha o reforço da tripulação no navio-escola Custódio de Mello, que fez uma festa enorme quando Emerson Fittipaldi cruzou a linha de chegada para conquistar sua terceira vitória em quatro corridas até então. Naquele início da relação entre o Brasil e a F1, não faltava quem criticasse Emerson Fittipaldi por falta de combatividade e a comparação com o agressivo Ronnie Peterson acentuava essa impressão. Porém, Emerson sempre pilotou com a cabeça e numa prova difícil como aquele em Barcelona, Fittipaldi dosou sorte e talento para conquistar uma vitória magnânima. Com um início de campeonato como aquele, poucos duvidavam de um bicampeonato com certa facilidade de Emerson em 1973, mas o resto da temporada mostraria o contrário.

Chegada:
1) E.Fittipaldi
2) Cevert
3) Follmer
4) Revson
5) Beltoise
6) Hulme



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