Se há algo para chamar a atenção nas vitórias de Sebastian Vettel, é que elas normalmente tem uma marca. Por sinal, muito parecida com a marca de Jim Clark e Ayrton Senna. O alemão da Red Bull assume a ponta, dispara na frente e depois administra a vantagem para quem vem atrás. E foi exatamente isso que Vettel fez em Sakhir em sua segunda vitória consecutiva no Bahrein. Mesmo o alemão não largando na pole como normalmente faziam os supracitados pilotos, Vettel rapidamente assumiu a ponta da corrida para vencer de forma categórica e se garantir ainda mais na ponta do campeonato, que tem na Lotus um adversário interessante, pois mesmo sem um grande desempenho em classificação o time comandado por Eric Bouiller se garante num ótimo ritmo de corrida onde não se gasta pneus e ainda é rápido o suficiente para colocar dois pilotos no pódio e Raikkonen em segundo no campeonato, relativamente perto de Vettel.
A corrida foi belíssima e com várias disputas, principalmente envolvendo o mexicano Sérgio Pérez. Logo nas primeiras curvas foi mostrado o que se veria pela frente. Rosberg não largou tão bem e Alonso assumiu a ponta para perdê-la mais à frente para Vettel. Os três proporcionaram uma disputa de tirar o fôlego nas duas primeiras voltas, mas quando a Mercedes de Rosberg saiu do caminho, a corrida se definiu para Vettel, mesmo que de outra maneira. A corrida se desenhava para uma disputa direta entre o alemão e Alonso, mas um estranho problema na asa traseira móvel da Ferrari destruiu as chances do espanhol, que foi aos boxes duas vezes para tentar encontrar um paliativo para o problema e estaria prejudicado sobremaneira para o resto da prova, pois precisando ganhar posições, Alonso não poderia mais usar a asa traseira móvel. Vettel, contudo, nada tinha a ver com os problemas do seu principal rival. O alemão da Red Bull se aproveitou da rápida ultrapassagem sobre Rosberg e quando Alonso ainda tinha um carro, digamos, saudável, o alemão já tinha quase 3s sobre o piloto da Ferrari. Quando Alonso foi embora, a diferença só fez aumentar para quem vinha em segundo, chegando aos 30s em determinados momentos da prova. Vettel sobrou e chegou a sua 28º vitória na carreira, superando as 27 de Jackie Stewart que por muito tempo foi recorde na história da F1. Com o fim do primeiro tour asiático, Vettel tem uma liderança boa no campeonato e com Alonso já tendo dois azares no campeonato, o tetra não parece nada deveras complicado para Sebastian. Já Mark Webber não terá muito o que comemorar no seu 200º GP.O australiano chegou a namorar com o pódio, mas Webber parece destruiu seus pneus mais rápidos do que os demais e acabou apenas em sétimo, após uma briga encarniçada com Hamilton e levar uma ultrapassagem na última volta de Pérez. Parece que a tão falada vingança sobre Vettel corre o risco de nunca acontecer.
Largando em 8º e 11º, o destino da Lotus no Bahrein se assemelhava bastante com o da Malásia, quando pontou com seus dois pilotos nas posições intermediárias. Porém, o time aurinegro conta com um fator que poucas equipes tem hoje: o pouco desgaste de pneus. Assim como na vitória em Melbourne, Raikkonen chegou ao segundo lugar sem grandes problemas com uma parada a menos e após seu segundo pit, chegou a reclamar com o seu engenheiro, pois seu pneu ainda estava bom. Kimi não mandou seu engenheiro ficar calado, mas conseguiu um bom segundo lugar que o deixa nessa mesma posição no campeonato com um carro que ainda necessita melhorar, e muito, em ritmo de classificação, pois em corridas, como também provou Grosjean em uma prova em que teve mais trabalho, mas conseguiu um comemorado terceiro lugar, tem um dos ritmo mais constante e, melhor, que cuida muito bem dos pneus. Outra equipe que vem gastando pouco a borracha é a Force India. O time de Vijay Mallya (ou Singh, como Galvão disse antes da largada...) fez sua melhor corrida nos últimos tempos e proporcionou a Paul di Resta seu melhor resultado na carreira, mesmo que o pódio ter ficado tão perto. Com o toque em Felipe Massa na primeira volta, Adrian Sutil não conseguiu brigar por pontos, mas a Force India provou que hoje ocupa o lugar da Sauber como a equipe que incomoda os grandes em determinadas situações e o pódio, que não vem desde 2009 para o time hindu, virá em breve.
Nesse momento, gostaria de ser uma formiga no deserto barenita para assistir a reunião pós-corrida da McLaren. Antes da prova Martin Whitmarsch reclamou que o novato Pérez estava muito bonzinho demais nas disputas na pista e que isso estava fazendo-o perder posições muito facilmente. Pois o mexicano entendeu o recado e fez uma das corridas mais aguerridas dos últimos tempos, brigando com quem fosse por posições, ultrapassando e sendo ultrapassado sempre batalhando, colocando seu carro lado a lado e até mesmo tocando rodas com seus adversários. O problema dentro do clima da McLaren foi que Pérez teve como parceiro principal desse seu show o companheiro de equipe Jenson Button, que chegou a ficar irritado no rádio e jogou o rótulo de gentleman para o alto e colocou Pérez para fora da pista em uma determinado momento. O fato foi que a McLaren melhorou bastante do desastroso primeiro Grande Prêmio e Pérez poupou mais os pneus do que Button, que fez uma parada extra no final e fechou a zona de pontuação. Mas deverá reclamar do jovem e impetuoso companheiro de equipe. A Mercedes viveu o drama de ver o pole position perder rendimento em toda a corrida e quase fechando a zona de pontuação. Nico Rosberg só perdeu para Pérez no quesito aguerrimento, mas na maioria das vezes estava defendendo com unhas e dentes sua posição, contudo, o alemão acabaria perdendo a parada e com os pneus cada vez mais desgastados nessas disputas, perdia ainda mais rendimento. Para piorar a situação de Nico, Lewis Hamilton saiu um pouco de suas características e passou a corrida inteira meio que desaparecido, reclamando do carro via rádio, e isolado no pelotão intermediário. Porém, o fato de ter andando tanto sozinho pode ter ajudado a salvar os pneus e Hamilton veio muito forte no final e acabou vencendo Webber na batalha pela quinto lugar e marcando mais pontos no campeonato, mas se quiser brigar por algo mais sério daqui para frente, Ross Brawn e cia. necessita urgentemente melhorar o ritmo em corrida, pois na classificação está claro a melhora.
Se no ano passado Alonso brigou pelo título com um carro inferior graças a confiabilidade e constância da Ferrari, 2013 se prova bem o contrário. Hoje, Fernando tem um carro tão bom quanto a Red Bull, mas problemas pequenos vem minando sua briga com Vettel. Na corrida do Bahrein, um estranho problema na asa traseira móvel destruiu a prova do espanhol, mas provando sua genialidade, Alonso ainda salvou oitavo lugar, enquanto Massa fez outra corrida pobre, mas atrapalhada definitivamente com dois furos de pneus. No pelotão intermediário, Pastor Maldonado ficou em 11º, mas a Williams nem de longe briga como fazia no ano passado, enquanto a Sauber está na mesma toada, substituída pela Force India como equipe que pontua e em 2013, está praticamente com apenas um piloto, pois Esteban Gutierrez vem fazendo uma temporada de estreia para esquecer até agora. Daniel Ricciardo não conseguiu repetir a bela corrida da semana passada, mas em sua disputa interna com Vergne, vem levando vantagem, já que o francês abandonou. Ainda falando em disputas, entre as nanicas, a Caterham evoluiu com a chegada de Heikki Kovalainen como piloto de testes, mas Bianchi ainda faz a diferença no braço.
Se a Mercedes tem hoje o melhor carro em ritmo de classificação e a Lotus tem o melhor ritmo na corrida, a Red Bull (juntamente com a Ferrari, quando saudável) tem o melhor equilíbrio e quem vem se aproveitando disso é Vettel, que conseguiu sua segunda vitória em quatro corridas e se torna grande favorito ao tetracampeonato, mas ainda haverá muita corrida pela frente.
Um comentário:
Vettel disse que não estava forçando.
Nele eu acredito, no Alonso não.
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