terça-feira, 21 de maio de 2013

História: 35 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1978

Para o Grande Prêmio da Bélgica de 1978, Colin Chapman estrearia seu novo carro, o Lotus 79 ou MK4. O modelo anterior, o 78, já tinha mostrado muito potencial e um ano antes Mario Andretti havia feito a pole em Zolder com uma boa vantagem sobre o segundo colocado, mas foi o próprio ítalo-americano quem deu mostras de tamanha era a diferença do carro novo para o antigo. 'Andando com este carro, o modelo anterior parece um ônibus londrino'. O carro teria a novidade da época, o efeito-solo, ainda mais aperfeiçoado e com isso, os problemas de tração do antigo da carro da Lotus estavam praticamente resolvidos. O que ninguém sabia naquele final de maio de 1978 era que a história estava sendo contada a partir daquele momento.

O potencial do novo Lotus 79 fica claro quando Mario Andretti repete a dose e marca a pole-position com quase 1s de vantagem sobre a Ferrari de Carlos Reutemann. Ronnie Peterson ainda estaria correndo com o velho Lotus 78 e a diferença abissal de 1.72s mostrava muito bem a diferença entre os dois carros. Porém, por muito pouco Andretti não consegue essa pole histórica. Não se esquecendo de suas origens, Mario tentou convencer Colin Chapman a participar do Pole Day em Indianápolis naquele mesmo sábado, onde gastaria 100 mil dólares para comprar uma passagem de ida-e-volta num Concorde para ainda participar da corrida. Chapman convence Andretti que aquilo era muito cansativo, além de ser uma loucura! Um acidente forte de Alan Jones no sábado deixou todos assustados, mas o australiano da Williams correria normalmente no domingo, mesmo com o braço direito com uma forte luxação. Emerson teve sérios problemas com seu Copersucar, mas como ele era um dos oito pilotos a usarem os pneus especiais de treino da Goodyear (os outros eram Niki Lauda, John Watson, Mario Andretti, Ronnie Peterson, Jody Scheckter, James Hunt e Patrick Depailler), o brasileiro ainda conseguiu um bom 15º lugar. Mas que iria lhe proporcionar a corrida mais curta de sua carreira no domingo.

Grid:
1) Andretti (Lotus) - 1:20.90
2) Reutemann (Ferrari) - 1:21.69
3) Lauda (Brabham) - 1:21.70
4) Villeneuve (Ferrari) - 1:21.77
5) Scheckter (Wolf) - 1:22.12
6) Hunt (McLaren) - 1:22.50
7) Peterson (Lotus) - 1:22.62
8) Patrese (Arrows) - 1:23.25
9) Watson (Brabham) - 1:23.26
10) Jabouille (Renault) - 1:23.58

O dia 21 de maio de 1978 estava nublado, mas com pista seca e em ótimas condições para uma corrida de F1. A largada é um dos momentos mais tensos de uma corrida e mesmo grandes nomes da história da F1 podem cometer erros nesse momento crucial e causar um verdadeiro caos. Andretti larga sem problemas, mas ao seu lado Reutemann vê sua Ferrari patinar quando engatou a segunda marcha, enquanto Scheckter, que havia queimado a largada bem discretamente, acabou batendo em Lauda, que foi colhido pela McLaren de James Hunt. Hunt vai para cima de Reutemann, que freia, mas acaba obstruindo a passagem de Jacques Laffite que freia para não bater, fazendo o mesmo Emerson Fittipaldi, mas o brasileiro é atingido pela Ensign de Ickx. Mesmo com tantos toques, apenas Lauda, Hunt e Fittipaldi abandonam apenas alguns metros após a luz verde. Porém, eram três campeões do mundo fora da prova.

Livre dos problemas da largada, Andretti dispara na ponta, seguido por Villeneuve, Scheckter, Peterson, Patrese, Watson e Reutemann. O ritmo do piloto da Lotus era espantoso, quase 1s mais rápido do que Villeneuve. Scheckter passa a ter problemas elétricos em seu carro e na décima volta recolhe aos boxes para tentar sanar o problema e ainda trocar o bico do seu carro, avariado pelos inúmeros toques na largada. O sul-africano volta à pista apenas para testar seu carro, enquanto Peterson cola em Villeneuve na briga pelo segundo lugar. Os dois agressivos e lendários pilotos tiveram problemas nas últimas provas e seria interessante mais esse encontro entre Villeneuve e Peterson, sendo que o sueco era o ídolo de Gilles antes dele entrar na F1. Enquanto isso, Watson entra nos boxes para uma longa parada por problemas em seu Brabham. O quarto colocado Patrese tem problemas em sua suspensão e sai da pista na volta 31, abandonando a prova no local, enquanto Depailler e Laffite duelam pelo quinto lugar, com vantagem para o último.

A corrida fica tranquila com Andretti 15s à frente de Villeneuve e este 5s à frente de Peterson, quando o canadense tem um furo lento no pneu dianteiro esquerdo de sua Ferrari. Quando o pneu finalmente dechapa, Gilles vai aos boxes trocá-lo na volta 40, caindo para o sexto lugar. Com isso a Lotus fazia dobradinha, com Carlos Reutemann, em uma corrida de espera, ficando em terceiro lugar. Laffite fica num solitário quarto lugar, enquanto Villeneuve ultrapassa um problemático Depailler para ficar em quinto, enquanto o francês da Tyrrell abandonaria algumas voltas mais tarde. Nesse momento, os pneus passam a ser um problema para os pilotos, com a borracha se desgastando mais do que o normal e os pilotos tendo que fazer paradas não-programadas. O segundo colocado Peterson faz seu pit-stop na volta 51, enquanto Andretti recebe ordens para diminuir o ritmo, mas ainda assim tem 20s de vantagem sobre Reutemann. O sueco cai para quarto, mas rapidamente inicia uma empolgante recuperação para as últimas vinte voltas.

Com pneus novos, Peterson demorou não mais do que cinco voltas para ultrapassar Laffite e partir para cima de Reutemann, que começava a ter problemas com seus pneus. Após marcar a volta mais rápida da corrida, Peterson deixa um impotente Reutemann para trás e a Lotus novamente fazia uma dobradinha. Com os pneus novos, Peterson ainda ensaiou uma aproximação em Andretti, mas o americano tinha tudo sobre controle e a certeza de que a Lotus não deixaria que a briga acontecesse, já que era o primeiro piloto da equipe. Era a primeira dobradinha da Lotus desde 1973 e a 66º vitória do time capitaneado por Colin Chapman na F1. Porém, a briga pelo terceiro lugar era bem menos amistosa e nas últimas voltas Laffite encostou em Reutemann para tentar ficar com o último lugar do pódio. Na última volta, Laffite colocou de lado na reta oposta, porém Reutemann fechou a porta na freada da chicane e atingiu a Ligier de Laffite, que bateu forte no guard-rail e saiu falando cobras e lagartos do argentino. Com o acidente de Laffite, quem assumiu o quarto lugar foi Villeneuve, que marcava seus primeiros pontos na F1. Com essa vitória Andretti não apenas assumia a liderança do campeonato, como demonstrava que, com a superioridade do seu novo carro, era o favorito destacado para o título.

Chegada:
1) Andretti
2) Peterson
3) Reutemann
4) Villeneuve
5) Laffite
6) Pironi

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