sexta-feira, 4 de março de 2011

História: 10 anos do Grande Prêmio da Austrália de 2001


Após o fim do jejum ferrarista na temporada anterior, o mundo queria saber se Michael Schumacher cumpriria sua promessa de estabelecer uma dinastia na F1 nos anos seguintes. Junto ao seu fiel companheiro Rubens Barrichello, a Ferrari era a clara favorita para 2001, juntamente com a eterna rival McLaren, que também mantinha seus dois pilotos, Mika Hakkinen e David Coulthard.

Porém, o que mais chamava a atenção naquele início de temporada era os novos pilotos que estreariam na F1. Sem contar Luciano Burti, que tinha feito apenas uma prova no ano 2000 pela mesma Jaguar pelo qual correria (já sabendo que seria demitido e por isso abandonou o barco cedo...) em 2001, haviam mais quatro estreantes. Isso significava quase 25% do grid. Porém, aqueles jovens e imtrépidos pilotos não seriam estreantes qualquer. Três deles marcariam a F1 nos próximos anos, se tornando estrelas do circo. O 'excluído' foi o brasileiro Enrique Bernoldi. Apoiado até certo ponto na carreira pela Red Bull, ele havia conquistado um título na F-Renault Inglesa e o vice-campeonato na F3 Inglesa antes de sofrer um acidente de trânsito e ter sua carreira interrompida. Após duas temporadas apagadas na F3000 ele estrava pela pequena Arrows, ainda com o forte suporte da Red Bull. Porém, o jovem paranaense não queria exatamente esse cockpit. Pela teoria, seu lugar seria na Sauber, principal equipe que tinha apoio da Red Bull, mas Peter Sauber preferiu um jovem finlandês que tinha na carreira não mais do que 23 corridas de F-Renault no currículo e o título inglês da categoria. A F1 se assustou quando soube do anúncio do então desconhecido Kimi Raikkonen como segundo piloto da Sauber, mas havia o bom precedente de Jenson Button no ano anterior. No entanto o passo gigantesco entre a F-Renault e a F1 era grande demais e a FIA emitiu apenas uma super-licensa temporária a Kimi. Rapidamente ele ganharia a sua carteira definitiva...

Talvez a estréia mais discreta seria de Fernando Alonso. Com apenas 19 anos de idade, ele entraria para a história como um dos mais jovens pilotos a estrear na F1, mas o espanhol tinha suas credenciais. Um título na F-Nissan em 1999 e uma boa temporada na F3000 o fizeram ser sondado até mesmo pela Ferrari, mas seu principal atributo era ser empresariado por Flavio Briatore, chefão da equipe Benetton-Renault. Na nanica equipe Minardi, que tinha sido comprada a pouco tempo por Paul Stoddart, Alonso apenas ganharia experiência antes de subir rumo a Renault nos anos seguintes. Porém, a mais esperada das estréias era de Juan Pablo Montoya. Após passar feito um furacão pelos Estados Unidos, com direito a um título na CART e uma vitória nas 500 Milhas de Indianápolis, o atrevido colombiano chegaria na F1 pela porta da frente, estreando pela promissora Williams-BMW, talvez a única equipe capaz de fazer frente a dominação Ferrari-McLaren. Restava a pergunta: Montoya seria Mario (sucesso) ou Michael (fracasso) Andretti?

Porém, aquele tempo ainda era das Ferraris e McLarens e como não poderia deixar de ser, Michael Schumacher conseguiu outra pole mesmo capotando seu carro na sexta-feira. O único novato a superar seu companheiro de equipe foi Fernando Alonso, enquanto os demais foram superados pelos seus vizinhos de box mais experientes.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:26.892
2) R.Barrichello (Ferrari) - 1:27.263
3) Mika Hakkinen (McLaren) - 1:27.461
4) H.H. Frentzen (Jordan) - 1:27.658
5) R.Schumacher (Williams) - 1:27.719
6) D.Coulthard (McLaren) - 1:28.010
7) J.Trulli (Jordan) - 1:28.377
8) J.Villeneuve (BAR) - 1:28.435
9) O.Panis (BAR) - 1:28.518
10) N.Heidfeld (Sauber) - 1:28.615

O dia 4 de março de 2001 estava nublado em Melbourne, mas isso não impediu que mais de 128.000 pessoas invadisse Albert Park para acompanhar o início da temporada 2001 de F1. Na temporada anterior Mika Hakkinen tinha se caracterizado por verdadeiras largadas relâmpagos, mas Schumacher se aperfeiçoou e se manteve facilmente na ponta, no entanto o finlandês estava no seu encalço, enquando Barrichello largava mal.

Na quinta volta, a tragédia. Villeneuve tentava ultrapassar Ralf Schumacher na curva 3, mas errou os cálculos da manobra e acertou a traseira da Williams em cheio. O BAR do canadense alçoou voo e bateu com violência na grade de proteção. Na transmissão da Globo, Ricardo Zonta, desafeto de Villeneuve, ainda brincou com o acidente quando as coisas não estavam tão claras. Villeneuve e Ralf Schumacher saíram ilesos dos seus carros apesar da destruição dos seus bólidos, mas uma ambulância teimava em ficar no local do acidente, enquanto o safety-car diminuía a velocidade dos carros. Infelizmente, o comissário de pista Graham Breveridge de 52 anos acabaria falecendo mais tarde, enquanto sete expectadores eram feridos levemente. Seis meses após a morte de um bombeiro em Monza, a F1 via outra morte no circo, porém, essa foi a última até este momento.

Na relargada, Schumacher se manteve na ponta e nunca deixou Hakkinen se aproximar e a vida do alemão só melhorou na volta 26, quando Mika teve a suspensão dianteira de sua McLaren quebrada e saiu forte da pista. Meses mais tarde, o bicampeão falou que esse forte acidente, no mesmo país que havia sofrido o mais sério acidente de sua carreira cinco anos antes, o fez começar a pensar na aposentadoria. Restava a briga pelo segundo lugar. Barrichello batalhava com Frentzen pelo posto e numa tentativa atabalhoada do brasileiro, o piloto da Jordan foi para fora da pista, enquanto Barrichello continuava com sua Ferrari avariada. Frentzen criticaria bastante Barrichello nos dias seguintes, mas o alemão ainda completaria a corrida entre os seis primeiros. Isso foi o sinal para Coulthard acelerar e ganhar a posição do brasileiro nos boxes, após uma Classificação apagada do escocês.

Schumacher não foi incomodado nas 58 voltas da corrida e iniciava 2001 da mesma forma como em 2000: vencendo. Como não poderia deixar de ser, ele conquistava mais um recorde ao marcar a 42º volta mais rápida de uma corrida em sua já longa carreira e empatava com o então recordista Prost. Dos novatos, Kimi Raikkonen se aproveitou da punição de Olivier Panis, que estreava na BAR, e marcou seu primeiro ponto logo em sua primeira corrida, mostrando sua maturidade precoce, além de sua velocidade exuberante. Com uma Minardi ainda mais mambembe do que nos outros anos, Alonso se destacou ao não largar na última fila e superar com facilidade seu bem mais experiente companheiro de equipe Tarso Marques. Numa corrida madura, Alonso chegou até o fim, em 12º e ainda à frente da péssima Benetton de Fisichella. Montoya também fez uma prova sólida e atrasando ao máximo sua parada, chegou a correr em 2º e caminhava para também marcar pontos, mas seu motor BMW estourou na volta 40. Como que adivinhando o que iria acontecer no futuro para aqueles quatro estreantes, Bernoldi foi o mais opaco, sofrendo um acidente apenas na 2º volta da corrida. Schumacher vencia novamente, pela 45º vez, mas sem perceber via nascer aqueles pilotos que viriam a ser seus maiores adversários na carreira num futuro não muito distante. Enquanto Montoya, Raikkonen e Alonso serão sempre lembrados na história como a "Class 2001", há dez anos atrás.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Coulthard
3) Barrichello
4) Heidfeld
5) Frentzen
6) Raikkonen

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