segunda-feira, 7 de março de 2011

História: 40 anos do Grande Prêmio da África do Sul de 1971


Se o final da temporada de 1970 fosse um termômetro para o que seria 1971, tudo levava a crer que o campeonato seria decidido entre Ferrari e os novos Tyrrells. A equipe italiana havia vencido quatro das últimas cinco corridas de 1970 e Ickx quase tirou o título póstumo de Jochen Rindt, contudo, a Tyrrell apresentou seu novo carro nas corridas norte-americanas e nas mãos de Jackie Stewart mostrou um enorme potencial, conseguindo até mesmo poles para um carro praticamente novo. Sem a liderança de Rindt, a Lotus apostava que os jovens e quase estreantes Emerson Fittipaldi e Reine Wisell dessem conta do recado, sendo que o brasileiro já havia conquistado uma vitória no ano anterior, acabando com o reinado ferrarista. Infelizmente a trágica temporada de 1970 continuou em 1971 e logo em janeiro a Ferrari perdia um dos seus pilotos, com a morte de Ignazio Giunti em Buenos Aires numa prova de Esporte-Protótipos. Mario Andretti estava contratado para fazer algumas provas pelo time italiano e com o infórtunio de Giunti, ele foi chamado a Kyalami, para a primeira etapa.

Os pilotos começaram a testar seus carros na quarta-feira no circuito sul-africano e por isso o público já fazia acampamento desde a quinta-feira para acompanhar a movimentação dos carros. Infelizmente, o apartheid se fazia presente. Como o circuito fica a 120 km de Johanerburgo, nenhum negro tinha condições de chegar a Kyalami e por isso o público, muito grande, era estritamente branco. Porém, como a corrida de F1 era o maior evento da África do Sul, o público era enorme. O clima estava muito quente em Kyalami e os pneus era uma constante preocupação. Confirmando a velocidade da Tyrrell no final de 1970, Stewart marcou o tempo mais rápido do final de semana ainda na primeira sessão de treinos, não sendo superado nas outras duas sessões. O rápido e azarado Chris Amon, estreando na Matra, conseguiu um lugar na primeira fila, enquanto as Ferraris vinham logo a seguir. Mesmo com um problema na pressão de óleo no motor na sessão final de treinos, Emerson mostrou seu bom potencial ao ficar em 5º.

Grid:
1) Stewart (Tyrrell) - 1:17.8
2) Amon (Matra) - 1:18.4
3) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.7
4) Andretti (Ferrari) - 1:19.0
5) Fittipaldi (Lotus) - 1:19.1
6) Surtees (Surtees) - 1:19.1
7) Hulme (McLaren) - 1:19.1
8) Ickx (Ferrari) - 1:19.2
9) Cevert (Tyrrell) - 1:19.2
10) Rodriguez (BRM) - 1:19.3

O dia 6 de março de 1971 estava, como nos demais dias daquele final de semana, muito quente em Kyalami. A largada seria muito importante para que os pilotos pudessem cuidar dos seus pneus, mas os ponteiros não se deram conta disso e largaram mal, principalmente Stewart e Amon. Num grid no formato 3-2-3, o único representante da primeira fila a sair bem foi Regazzoni e Emerson, se aproveitando que estava logo atrás do suíço, foi no embalo da Ferrari e assumiu a segunda posição, sendo seguido por Ickx, Hulme, Rodriguez, Andretti e Stewart.

Regazzoni liderou as primeiras voltas, mas atrás do representante ferrarista havia muita movimentação. Dennis Hulme rapidamente ultrapassou Ickx e partiu para cima de Emerson Fittipaldi, que começava a ter problemas de motor. O piloto da McLaren subiu pra 2º já na terceira volta, partindo em perseguição a Regazzoni. Os problemas de Emerson pioravam na medida em que também tinha problemas com seus pneus Firestone e o brasileiro caiu para 6º, enquanto Hulme se aproximava rapidamente de Regazzoni, o ultrapassando na 17º volta, desaparecendo logo em seguida. Fazendo uma bela corrida de recuperação, John Surtees rapidamente estava correndo com os ponteiros e juntamente com a Ferrari de Mario Andretti, o inglês também se aproximou de Regazzoni.

Ambos ultrapassaram Regazzoni, mas Mario Andretti se colocou à frente de Surtees, porém longe de Hulme. Tudo levava a crer que Hulme venceria a corrida com facilidade, mas o neo-zelandês viu sua McLaren ter problemas de suspensão quando faltavam quatro voltas para o fim, o forçando ir aos boxes atrás de um milagre, mas ele acabou perdendo uma volta e ficou sem chances de vitória. Andretti já havia se distanciado de Surtees, já que o dublê de piloto e chefe de equipe já sofria com problemas em seu próprio carro e tinha sido ultrapassado por Stewart, que havia feito uma prova discreta em comparação com o potencial do seu carro, cuidando dos seus pneus. Andretti consegue uma vitória na base da sorte e é o primeiro americano a vencer desde 1967 com Dan Gurney. Mesmo tendo perdido rendimento de sua Ferrari por causa dos pneus, Regazzoni ainda teve condições de completar o pódio, enquanto Reine Wisell terminou a prova em quarto, salvando a honra da Lotus, já que Fittipaldi havia quebrado seu motor no terço final da corrida. A primeira prova mostrava, pelo seu resultado, que os favoritos eram mesmo Tyrrell, Ferrari e, um pouco mais atrás, a Lotus.

Chegada:
1) Andretti
2) Stewart
3) Regazzoni
4) Wisell
5) Amon
6) Hulme

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