O emocionante campeonato de 1997 cruzava o Atlântico e
aportava na aconchegante Montreal para o tradicional Grande Prêmio do Canadá,
com algumas novidades. Jacques Villeneuve pintou seu cabelo de amarelo cheguei
e chamou bastante atenção, mas criou um mal-estar com o marketing da Williams,
que tinha feito toda a publicidade do time para o Canadá com Jacques Villeneuve
com cabelos normais. Já na Benetton o problema era mais sério. Gerhard Berger
vinha tendo problemas de sinusite desde o início do ano e resolveu operar após
a corrida em Barcelona, mas o austríaco sofreu uma infecção durante uma viagem
e ficaria de fora não apenas de Montreal, mas de outras corridas. Para o lugar
de Berger, seu compatriota Alexander Wurz debutaria na F1. Wurz era um
promissor piloto de testes da Benetton, além de piloto oficial da Mercedes no
inesquecível FIA-GT daquele ano, quando a marca de três pontas disputava com a
McLaren-BMW e a Porsche com lindos carros pela primazia de melhor carro de
turismo.
Com a grande corrida de Panis em Barcelona graças aos pneus
Bridgestone, a Goodyear resolveu reagir e trouxe pneus novos para o Canadá e
isso ajudou Frentzen ser o mais rápido na sexta-feira, mas no sábado o alemão não
estava na briga pela pole. Villeneuve liderou boa parte do treino, mas na sua
tentativa final, o canadense acabou falhando, enquanto Schumacher foi à pista e
conseguiu superar seu rival por meros, mas suficientes, 0.013s. A grande
surpresa do dia foi Rubens Barrichello ao colocar seu novo Stewart em terceiro,
enquanto seu companheiro de equipe Jan Magnussen era um opaco 21º lugar. Mesmo batendo
na Classificação, Wurz conseguiu andar no mesmo ritmo de Alesi, o que não deixava
de ser surpreendente, mas mostrava outro bom jovem piloto.
Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.095
2) Villeneuve(Williams) - 1:18.108
3) Barrichello(Stewart) - 1:18.388
4) Frentzen(Williams) - 1:18.464
5) Coulthard(McLaren) - 1:18.466
6) Fisichella(Jordan) - 1:18.750
7) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.869
8) Alesi(Benetton) - 1:18.899
9) Hakkinen(McLaren) - 1:18.916
10) Panis(Prost) - 1:19.034
O dia 15 de junho de 1997 estava quente e ensolarado em
Montreal, ao contrário do que indicava a previsão de tempo. O tempo quente
parecia afetar mais os usuários da Goodyear, pois os pneus duros da marca
americana eram bem piores do que os da Bridgestone. Na largada, Schummy e
Villeneuve mantiveram suas posições, enquanto Barrichello e Frentzen largavam
mal e fazia com que Fisichella subisse para um bom terceiro lugar. Famoso por
proporcionar acidentes da primeira curva, Montreal vitimou três pilotos, entre
eles Panis, a sensação de Barcelona quinze dias antes e que tinha uma previsão
de outro bom resultado. Porém, pior ficou para Irvine, que abandonou ali mesmo.
Schumacher imediatamente abriu para Villeneuve, com o
canadense querendo se aproximar do rival da Ferrari. No ano anterior, Jacques
decepcionou seus fãs ao perder a vitória para Damon Hill, mas 1997 seria ainda
pior. Ainda na segunda volta, o canadense errou na chicane que antecede a reta
dos boxes e bateu no muro que até então não tinha nome. Anos mais tarde, seria
conhecido como Muro dos Campeões, pelo apetite daquela parede branca em trazer
para si pilotos campeões. Villeneuve ficou arrasado e iniciava uma espécie de
maldição, onde nunca conseguia andar bem no circuito que leva o nome do seu
pai. Porém, a corrida seria interrompida na sétima volta quando Ukyo Katayama
bateu no muro e trouxe o safety-car, promovendo uma patacoada da Williams, que
trouxe Frentzen, com pneus em frangalhos, para os boxes bem no momento da
relargada, fazendo o alemão perder ainda mais tempo.
A gestão dos pneus seria crucial na quente tarde de
Montreal. Schumacher liderava com boa vantagem sobre Fisichella, Alesi e
Coulthard, enquanto seu companheiro de equipe Ralf Schumacher batia forte no
final da reta dos boxes, mas sem problemas para o irmão mais novo do líder da
prova no momento. Quando os pilotos procuraram os boxes para uma primeira
parada a partir da volta 24, ficava claro que a grande maioria dos pilotos iria
parar duas vezes, mas David Coulthard, até então em quarto, postergou sua
parada por algumas voltas, sugerindo que pararia apenas uma vez. O escocês
mantinha um bom ritmo após seu pit-stop e quando Schumacher fez sua segunda
parada na volta 44, Coulthard assumia a ponta da corrida e parecia rumar para
uma vitória tranquila e até mesmo surpreendente. Como cautela não faz mal a
ninguém, a McLaren resolveu fazer uma parada de precaução, pois Coulthard teria
vantagem suficiente para voltar à frente de Schumacher. Teria...
A parada ocorreu de forma perfeita, mas Coulthard deixou o
motor morrer. Duas vezes. A corrida do piloto da McLaren estava praticamente
terminada, mas o pior ainda estava por vir. Panis fazia uma ótima corrida vinda
de trás. Após perder o bico do seu carro na primeira volta, o francês imprimia
um ritmo similar aos ponteiros da prova, chegando a ultrapassar Schumacher para
descontar uma volta. Todos imaginavam o que Panis seria capaz de fazer, quando
seu carro apareceu enfiado numa parede de pneus. O impacto foi muito violento.
Imediatamente o safety-car foi à pista e duas voltas depois a bandeira vermelha
deu as caras, assustando ainda mais para quem assistia a prova. A última vez
que o pano vermelho aparecera numa corrida de F1 fora no GP de San Marino de
1994, para a extração de Ayrton Senna. O clima ficou muito pesado entre todos e
Schumacher não teve o mínimo ânimo de celebrar a vitória que lhe devolvia a liderança
do campeonato, ao lado de Alesi e Fisichella. Olivier Panis foi resgatado e foi
constatado que suas duas pernas estavam quebradas. O francês retornaria à F1
ainda em 1997, mas sua ótima fase mostrada até aquele momento nunca mais
voltaria e Olivier Panis, mesmo correndo até 2004, não mais o mesmo.
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Alesi
3) Fisichella
4) Frentzen
5) Herbert
6) Nakano
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