domingo, 28 de outubro de 2012

Quadra

Ao longo da história, a F1 viu inúmeros tipos de pilotos, com suas devidas características. Juan Manuel Fangio tinha seu estilo limpo de guiar, Niki Lauda era metódico, Alain Prost era calculista, Ayrton Senna era agressivo e Michael Schumacher era intimidador. Em sua 27º vitória na carreira, Sebastian Vettel venceu 95% das vezes como hoje. Largou na pole, disparou nas primeiras voltas e administrou o resto da prova. Isso resume bem o que foi a quarta vitória consecutiva do alemão, que só não teve um final de semana ainda mais perfeito porque Fernando Alonso é um monstro e conseguiu superar uma das Red Bull para ficar em segundo, enquanto Webber mostrou hoje porque é o piloto número dois da equipe chefiada de forma competente por Christian Horner e desenhada de forma perfeita por Adryan Newey.

A corrida hoje não foi tão monótona como na Coréia, mas não deixou de ser modorrenta. Vettel não largou tão bem, mas se impôs frente a Mark Webber, que largou melhor, na freada da primeira curva e o australiano não sobrou outra coisa se não recuar. Daí em diante Vettel levou apenas dois sustos. O primeiro quando deu de cara com um lento Pastor Maldonado, que tinha acabado de ter um pneu furado. O outro, já no fim da corrida, quando faíscas saíram debaixo do assoalho do seu carro em alguns momentos da pista e da mesma forma que veio, foi embora. Vettel dominou hoje como fez em praticamente todas as corridas em que venceu. Porém, Vettel só não disparou definitivamente graças ao problema no kers do carro de Webber nas voltas finais, que fez o australiano perder rendimento no final da corrida e ser ultrapassado por Alonso. Porém, com a fase da Red Bull nessa reta final de campeonato, os treze pontos que tem de vantagem sobre Alonso tende a ser mais do que suficiente para que Vettel se encaminhe para o título.

A cara de desconsolo de Alonso no pódio traduz sua impotência frente ao poderio da Red Bull. Durante a corrida, seu engenheiro Andrea ainda tentou animá-lo e o espanhol soube, mais uma vez este ano, tirar proveito de um erro da rival para subir ao segundo lugar e diminuir um pouco o prejuízo. O ritmo da Ferrari em corrida não chega a ser nitidamente inferior a Red Bull, mas o time italiano necessita de forma imperativa melhorar seu rendimento nas Classificações, onde Alonso passou duas voltas tentando ultrapassar as duas McLarens no melhor momento da corrida, mas quando o fez, já estava muito longe dos dois carros da Red Bull e ficou sem ter muito o que fazer no resto da prova. Felipe Massa fez uma prova mais discreta do que as últimas, quando necessitava algum destaque para renovar seu contrato. Quando Alonso passou as duas McLarens, ficou a expectativa de Massa fazer o mesmo, mas o brasileiro acabou ficando mais para Raikkonen, mas o finlandês não tinha velocidade suficiente para efetuar a ultrapassagem em Felipe e passou a prova inteira vendo a frase 'The world best's bank' na asa traseira de Massa. Grosjean fez mais uma prova segura, passando com segurança Nico Rosberg e partindo para cima de Nico Hülkenberg, mas sem cometer loucuras. O problema maior do francês é a notícia da bancarrota de sua equipe, que estaria com problemas financeiros e estaria para ser vendida.

Vendo o desempenho de sua futura equipe, Lewis Hamilton tem muito o que se preocupar. A Mercedes fez outra corrida medonha, onde Rosberg não foi páreo para Force India, Lotus e Williams, ficando fora da zona de pontuação sem nenhum problema aparente, como o que acometeu Schumacher na primeira curva, fazendo-o ficar sempre nas últimas posições até abandonar no final. A McLaren ainda teve a melhor volta da corrida com Button, mas totalmente desmotivada com a saída de Hamilton, o time não foi páreo à Red Bull e Ferrari, mesmo com Hamilton ainda ameaçando o terceiro lugar de Webber no final, graças aos problemas do australiano. Hülkenberg vem mostrando um ótimo ritmo nessas últimas provas e sua possível ida a Sauber indica uma ponte para a Ferrari em 2014, já que não é segredo que a Sauber e o time italiano são co-irmãs, enquanto Paul di Resta fez outra corrida medíocre para alguém que teve seu nome cotado em times grandes. Bruno Senna fechou a zona de pontuação em outra corrida agressiva, mas muito segura. As ultrapassagens sobre Maldonado, Kobayashi e Rosberg mostram um Bruno cada vez melhor em ritmo de corrida, ao contrário de Maldonado, que faz ótimos treinos, mas se afoba demais em vários momentos. Se a Williams tivesse a velocidade de Maldonado nos sábados e a serenidade Bruno Senna nos domingos num mesmo piloto, estava feita. As demais equipes fizeram corridas muito apagadas, em especial a Sauber, que teve um pneu furado com Pérez e um cada vez mais desmotivado Kobayashi ficando pelo meio do pelotão, enquanto a Toro Rosso apareceu apenas com seus pilotos cortando os pneus de Schumacher e Pérez. Das nanicas, então, só Pedro de la Rosa ficando sem freios no final da reta oposta e abandonando.

Foi das corridas mais emocionantes, mas houve ultrapassagens e movimentação nas posições intermediárias. Pois lá na frente não teve para ninguém. Vettel dominou a seu bel-prazer e respondeu a Alonso sua provocação de ontem, quando disse que disputava o título com Newey, o projetista da Red Bull. Fernando ainda superou uma Red Bull, mas não Vettel.

2 comentários:

Celso disse...

Michael Schumacher era intimidador ?

João Carlos Viana disse...

O estilo de Schumacher, dominador e agressivo, na minha opinião, era intimidador. Não como Dale Earnhardt, mas além de agressivo, ele era muito forte psicologicamente falando.