quinta-feira, 6 de novembro de 2008

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 1998


Após cinco anos da saída de Ayrton Senna, finalmente a McLaren voltaria a decidir um título mundial de pilotos. Mika Hakkinen estava quatro pontos à frente de Michael Schumacher e precisava de um segundo lugar para se tornar o segundo piloto finlandês a se tornar Campeão Mundial de F1. Pela primeira vez disputando um Mundial, Hakkinen estava bem mais nervoso do que o relaxado Michael Schumacher, que mesmo tendo a pressão de ter que tirar a Ferrari de um jejum que durava desde 1979, ainda era o azarão na disputa. Tamanha era a ansiedade do piloto da McLaren, que ele admitiu que uma vez que defecou no cockpit do McLaren Mercedes dele para que ele pudesse esquecer a tensão...

A disputa entre os dois postulantes ao título era muito acirrada, com o alemão tirando tudo o que podia da sua Ferrari, que era nitidamente inferior a McLaren MP4/13 de Hakkinen. No sábado, Hakkinen que escolheu apertar o ritmo mais cedo durante a sessão de Classificação e melhorou seu tempo em dois segundos na comparação com a manhã. Schumacher respondeu depressa e melhorou o tempo da pole provisória do seu rival em quatro décimos. Os dois estavam em uma classe do própria. Hakkinen voltou a pista, mas na sua volta rápida, ele fez um primeiro setor muito ruim, mas apenas pouco mais de um centésimo mais lento que o tempo de Schumacher. Schumacher melhorou seu tempo em mais um décimo, provando que talvez a Goodyear tivesse o melhor pneu para a classificação. Na última tentativa de Hakkinen ele estava mais rápido no primeiro setor por uma margem clara e os chefes da equipe Ferrari seguraram a respiração deles, mas Hakkinen espalhou na sujeira da pista - a tentativa dele estava acabada faltando menos da metade do circuito. Schumacher já estava na pista para defender a pole dele. Contudo, ele voltou à garagem feliz ao saber ainda na pista que ele tinha conseguido a terceira pole dele consecutiva. O primeiro round da disputa do título pendeu a favor de Schumacher, mas ainda havia o domingo e uma longa corrida pela frente.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:36.393
2) Hakkinen (McLaren) - 1:36.471
3) Coulthard (McLaren) - 1:37.496
4) Irvine (Ferrari) - 1:38.197
5) Frentzen (Williams) - 1:38.272
6) Villeneuve (Williams) - 1:38.448
7) R.Schumacher (Jordan) - 1:38.461
8) Hill (Jordan) - 1:38.603
9) Wurz (Benetton) - 1:38.959
10) Fisichella (Benetton) - 1:39.080

Apesar da forte chuva que caiu na madrugada de domingo, o céu do dia primeiro de novembro de 1998 amanheceu com sol e uma temperatura agradável, para deleite dos mais de 148.000 espectadores que lotaram as dependências do circuito de Suzuka. Mesmo acostumado com decisões, o circuito japonês parecia tão ansioso como sempre e ninguém imaginava uma decisão polêmica como a de 1997, quando Schumacher jogou o carro em cima de Villeneuve, mas levou a pior. Em desvantagem no campeonato, o alemão só pensava em vencer e contar com a ajuda de Irvine, que tanto o auxiliou na corrida do ano anterior graças ao seu enorme conhecimento da pista. Durante o warm-up (lembram dele?), Schumacher foi o mais rápido, mas um fator que parecia insignificante ajudou a decidir o campeonato. Jarno Trulli teve o seu motor Peugeot quebrado e por isso teria que usar um motor velho na corrida.

Quando as luzes começaram a se acender, um piloto na décima quarta posição começou a abanar as mãos. Era Trulli! O italiano teve um problema no motor reserva do seu carro e abortou a largada. Quase imediatamente, os mecânicos de preto da McLaren voltaram para o grid para assistir os carros deles, equipados com pacotes de gelo seco para minimizar o aumento de calor no motor. Os mecânicos da Ferrari pareciam desprevenidos para a largada cancelada e para o que era incrível era que a única companhia de Schumacher no grid era de um comissário de corrida. Trulli, como diz as regras, se alinhou em último para a relargada. Quando ele ia para a posição 22 no grid, na frente, a Ferrari de Schumacher estava preparada para sair para a segunda volta de apresentação com a embreagem acionada, quando o carro imediatamente morreu. Era treze minutos além da décima terceira hora do dia. Mika Hakkinen observou depois: "Quando eu me sentei no grid, eu me sentia bem vendo meus meninos esfriando meu carro antes da segunda largada. Quando eu dei uma olhada, podia ver que a Ferrari não estava fazendo nada para Michael". Foi o anti-clímax! De repente, ainda na largada, o campeonato já parecia decidido.

Pela segunda vez, o grid estava sendo deixado pelos pilotos e incrivelmente, o pole Schumacher estava indo para o fim do grid para se unir a Trulli na parte de trás para a segunda largada. Na terceira tentativa, os carros saíram sem problemas e Hakkinen fez uma largada limpa a liderava na primeira curva, seguido por Irvine que fez uma grande largada, indo para a frente de Coulthard. Enquanto isso, na parte de trás do grid Michael Schumacher tinha conseguido quatro posições até que ele alcançasse a primeira curva. Cinco outros carros foram passados ao final da primeira volta e o colocou em 13º. Na volta 3, Schumacher estava à frente de um Fisichella complacente em um 8º lugar notável. À frente, Irvine estava se aproximando de Hakkinen e de repente a causa de Schumacher não parecia assim tão perdida. Ao término da volta 4 Schumacher estava se aproximando rapidamente do irmão dele e o Jordan estava fumando, mas continuava em 7º e estava apenas 12 segundos atrás do líder. Ralf, como todo mundo esperava, não ofereceu nenhuma resistência a Michael na Ferrari. Então, o piloto da Ferrari se encontrou com o seu velho rival Damon Hill.

Os dois tinham protagonizado batalhas épicas e, ao mesmo tempo, criado um enorme inimizade mútua. Para piorar, à frente de Hill vinha Jacques Villeneuve, que não tinha (e nunca perdoou...) a atitude de Schumacher no ano anterior. O alemão estava cercado de inimigos! Embora Suzuka seja um circuito fantástico para os pilotos, na realidade não oferece muitas oportunidades de ultrapassagem excluindo a aproximação para a chicane. Hill não estava sendo muito pressionado pois tinha o muito melhorado motor Mugen Honda que não parecia inferior ao motor Ferrari, principalmente em termos de aceleração. Schumacher estava preso, apesar de ser dois segundos por volta mais rápido que a Jordan de Hill. Schumacher ficou preso até a volta 13 quando Hill foi para os boxes para uma parada mais cedo. Ralf Schumacher admitiu que não gostou da atitude do seu companheiro de equipe e após a corrida, Michael não foi nada amistoso em seus comentários sobre a disputa com Hill...

Enquanto Hill estava nos boxes, Schumacher surpreendentemente passou de forma tranqüila Villeneuve no último momento, com pneus usados no hairpin e ainda passou por fora. De último no grid, Schumacher estava num incrível 3º lugar. Porém, a agressividade de Schumacher pagaria um preço. Ainda na volta 17, Schumacher fez sua primeira parada colocando um novo jogo de pneus e estava com pista livre e prontamente bateu a volta mais rápida por várias voltas em sucessão. Porém, os pneus Goodyears da Ferrari não estavam apreciando o trabalho extra e na volta 23 Schumacher escorregou na chicane em uma nuvem de fumaça de pneu, passando reto na chicane no processo. O carro parecia inseguro na freada do hairpin e o pneu dianteiro direito dele parecia muito desgastado. Na volta 30, um incidente que parecia insignificante mudou todo o panorama da corrida. Tora Takagi e Esteban Tuero vinham disputando com bastante empenho a gloriosa penúltima posição quando os dois se estranharam na chicane, deixando muitos destroços. Correndo em casa, Takagi chegou a mostrar o dedo médio para Tuero e partiu para cima do argentino, mas a corrida não foi interrompida.

Então, na volta 32, a toda velocidade na reta dos boxes, o pneu Goodyear traseiro direito de Schumacher se desintegrou, com escombros voando alto no ar. Schumacher lutou com o carro, mas a suspensão foi muito danificada e não havia nenhuma opção a não ser sair do circuito. Hakkinen era afinal o Campeão Mundial. Depois a Goodyear confirmou que o estouro do pneu foi causado pelo acidente na chicane. Era a última corrida da tradicional marca americana na F1...

Quando o chefe da McLaren Ron Dennis entrou no rádio para contar para Hakkinen que Schumacher estava fora, a reação do Finlandês foi bastante surpreendente - ele começou a assobiar e cantar enquanto ele dirigia: "Eu me sentia tão bem. Eu sabia que eu era o campeão e isso era o bastante. Mas eu não vou lhe contar o que eu estava cantando no carro. Isso seria muito embaraçoso!" A partir da saída de Schumacher, a corrida se tornou um passeio de Hakkinen em sua McLaren e ele recebeu a bandeirada para uma tranqüila vitória. Era a confirmação de um talento que foi chamado pela McLaren muito jovem, tentou da melhor forma possível substituir Senna dentro da McLaren num dos piores momentos da história da equipe, sofreu um sério acidente nesse meio tempo, mas finalmente tinha chegado ao olimpo. Hakkinen não podia ter virtuosismo de Schumacher, mas foi um dos grandes pilotos de sua era!

Chegada:
1) Hakkinen
2) Irvine
3) Coulthard
4) Hill
5) Frentzen
6) Villeneuve

Um comentário:

Ivam Campos disse...

Grande Mika!

O melhor adversário que Schumacher teve!