terça-feira, 27 de janeiro de 2009

História: 35 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1974


Quinze dias após a passagem por Buenos Aires, a F1 completava seu tour pela América do Sul em Interlagos para o segundo Grande Prêmio do Brasil da história. Como não havia tempo, muito menos disponibilidade para se fazer grandes mudanças nas equipes e pilotos, os mesmo protagonistas na Argentina se faziam presente em São Paulo. Contudo, a Shadow teria que trazer um novo chassi para Peter Revson e houve problemas quando o carro chegou ao aeroporto e as autoridades brasileiras não quiseram liberar o carro para que o mesmo corresse, mas o incidente foi contornado e Revson correu normalmente.

Emerson Fittipaldi era a grande estrela em Interlagos, mas os brasileiros ainda tinham um pé atrás com relação a troca da Lotus pela McLaren. Querendo dissipar a desconfiança, o campeão de 1972 marcou a pole no circuito que era praticamente a sua segunda casa. Ao seu lado, Carlos Reutemann colocava seu Brabham na primeira fila e nos boxes da equipe, um jovem tinha vindo de Brasília para ser uma espécia de faz-tudo dentro da equipe. O nome desse rapaz era Nelson Piquet. Apesar do susto de quase não correr, Revson colocava seu carro num respeitável sexto lugar. O que ninguém sabia naquele momento, era que aquela Classificação seria a última do americano.

Grid:
1) Fittipaldi (McLaren) - 2:32.97
2) Reutemann (Brabham) - 2:33.21
3) Lauda (Ferrari) - 2:33.77
4) Peterson (Lotus) - 2:33.82
5) Ickx (Lotus) - 2:34.64
6) Revson (Shadow) - 2:34.66
7) Hailwood (McLaren) - 2:34.95
8) Regazzoni (Ferrari) - 2:35.05
9) Merzario (Iso) - 2:35.15
10) Mass (Surtees) - 2:35.43

O dia 27 de janeiro de 1974 amanheceu com muito sol no típico verão paulistano. Contudo, normalmente o sol forte de São Paulo trás chuva no final da tarde. Mas como o céu estava limpo, os torcedores lotaram Interlagos para ver Emerson Fittipaldi repetir o que tinha feito no ano anterior e conseguir uma vitória consagradora pela sua nova equipe. No entanto, tantas gente assim pode trazer muitas pessoas mal educadas a um recinto. Demonstrando total falta de bom senso, alguns baderneiros jogaram algumas garrafas de vidro nos "inimigos" de Emerson e isso acabou atrasando a largada. O próprio Fittipaldi admitia que não era um exímio largador e isso ficou provado no GP do Brasil, quando foi ultrapassado facilmente por Reutemann e, como sempre, espetacular Ronnie Peterson, pulando de quarto para segundo.


Ainda na primeira volta, o grupo que liderava a corrida logo se destacou com Reutemann à frente de Peterson e Fittipaldi andando colados. Mais atrás vinha uma Ferrari, mas não era do terceiro colocado do grid Lauda. O austríaco teve problemas no motor e fez uma largada terrível, caindo para o meio do pelotão, bem ao inverso de Regazzoni, que pulou para quarto e liderava, com certa folga, o segundo pelotão que tinha Ickx, Revson e dois Surtees de Mass e José Carlos Pace, outro piloto que foi criado correndo em Interlagos. Reutemann tinha escolhido pneus macios e o forte calor de São Paulo não demorou a punir a escolha arriscada do argentino. Logo na quarta volta, o piloto da Brabham foi ultrapassado por Peterson e Fittipaldi. Reutemann só faria a cair daí em diante.

Sozinhos na ponta, Ronnie e Emerson protagonizaram uma luta histórica pela liderança da prova, com Fittipaldi querendo mostrar aos seus torcedores e, até mesmo, para a Colin Chapman, que tinha feito a escolha correta em deixar a Lotus e ir para a McLaren. Contudo, Peterson nunca tinha sido um piloto fácil de ser ultrapassado e o sueco vendia caro a ultrapassagem. Foi uma batalha de titãs, mas Peterson comecou a perder rendimento e foi ultrapassado pelo rival na volta 16, indo para os boxes três volats depois. Um furo lento em seu pneu tirou todas as esperanças de uma vitória e Emerson liderava com enorme vantagem sobre Regazzoni.

Contudo, quando Emerson assumiu a liderança da corrida, o céu de São Paulo já não estava tão azul e nuvens pesadas se aproximavam de Interlagos. Enquanto Peterson dava um show lá de trás e já aparecia um sexto, a chuva começou a cair. Regazzoni vê uma oportunidade e diminui a diferença para Emerson, enquanto o Rei da Chuva de então, Jacky Ickx, era um distante terceiro colocado, à frente do surpreendente Surtees de José Carlos Pace. Quando alguns pilotos já pensavam em trocar de pneus, a bandeira vermelha foi mostrada na volta 32 e Emerson foi declarado o vencedor do Grande Prêmio do Brasil, repetindo a dose de 1973. Regazzoni ainda esboçou uma reclamação, dizendo que os organizadores locais tinham favorecido Fittipaldi, mas logo a chuva aumentou e o piloto da Ferrari estava bastante contente no pódio. Emerson mostrava que podia ser campeão em qualquer carro e largaria rumo ao bicampeonato.

Chegada:
1) Fittipaldi
2) Regazzoni
3) Ickx
4) Pace
5) Hailwood
6) Peterson

4 comentários:

Ron Groo disse...

Era uma epoca mágica, segundo Eduardo Correa a maior humilhação para um fã de corridas era ter de pagar o ingresso para entrar em Interlagos.
Ah que vontade de ter visto.

Anônimo disse...

Pessoal, em mais um vídeo curioso postado pelo Motorizado (www.motorizado.wordpress.com), Giancarlo Fisichella faz comercial para uma bebida de baixo teor alcoólico e é aclamado como CAMPEÃO DA FÓRMULA 1 no site oficial da empresa. Confira!

Arthur Simões disse...

Seilá,mas isso me cheirou a prezepada.
A corrida deveria ter 40 voltas,parou na 32 e nem tinha começado a chover,será que daria tempo de cair uma chuva federal em 12 voltas(+-20 minutos)??

Ótimo texto JC!!

João Carlos Viana disse...

Obrigado mais uma vez Arthur.
Quando a corrida foi interrompida já estava chovendo forte, mas se as posições estivesse invertidas, talvez a corrida demorasse mais um pouco...

Abraços!