domingo, 23 de maio de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1985


Chegando a Monte Carlo, a temporada de 1985 já tinha seus principais carros e pilotos. A McLaren continuava forte e Alain Prost ainda mais faminto para conseguir logo seu sonhado título. O campeão Niki Lauda ainda era uma mera sombra do que tinha sido em 1984. A Ferrari voltava a mostrar força, desta vez liderada por Michele Alboreto, numa ótima fase até então, enquanto a Lotus mostrava força nos treinos classificatórios, principalmente com a velocidade incrível Ayrton Senna, que já começava a incomodar Elio de Angelis, veterano da equipe de seis temporadas e líder do Mundial no momento, que se sentia menosprezado frente ao novo piloto da equipe.

Ayrton Senna mostrava sua incrível forma no mesmo circuito em que apareceu pela primeira vez e consegue sua terceira pole consecutiva, mostrando que seu talento aliado ao potente motor Renault turbo faria grandes estragos ao longo do ano. Porém, nessa corrida Senna entrou em sua primeira grande polêmica por causa de atitudes nada éticas dentro das pistas. No final do treino, com o tempo da pole já estabelecido, Senna colocou pneus velhos e começou a andar lentamente pela pista de Mônaco, com o intuito de atrapalhar os adversários que tentavam superar seus tempos. O piloto da Lotus conseguiu seu objetivo, mas os demais pilotos, principalmente Keke Rosberg e Michele Alboreto, que tiveram suas melhores voltas atrapalhadas, ficaram irritadíssimos e, conta a lenda, Rosberg teria chamado Senna para a briga. Hoje em dia, isso dá punição e o piloto em questão é chamado de anti-ético para sempre. Como era Senna...

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:20.450
2) Mansell (Williams) - 1:20.536
3) Alboreto (Ferrari) - 1:20.563
4) Cheever (Alfa Romeo) - 1:20.729
5) Prost (McLaren) - 1:20.885
6) Boutsen (Arrows) - 1:21.302
7) Rosberg (Williams) - 1:21.320
8) De Cesaris (Ligier) - 1:21.347
9) De Angelis (Lotus) - 1:21.465
10) Warwick (Renault) - 1:21.531

O dia 19 de maio de 1985 estava nublado, mas ao contrário das três últimas corridas no principado, a chuva não faria parte importante da corrida. Senna tentaria repetir a estratégia que usou nas duas oportunidades em que foi pole e largou de forma excelente, chegando na curva Saint Devote em primeiro com certa tranquilidade. Mansell, um piloto que sempre andou bem em Mônaco, manteve a segunda posição, enquanto Alboreto era seguido de Prost, que ultrapassara Cheever na largada. Por causa da estreiteza do circuito citadino, as largadas normalmente provocam acidentes e no meio do pelotão Gerhard Berger se envolveu num acidente com Patrick Tambay e ambos levaram a Ferrari de Stefan Johansson e roldão. Os três estavam fora ainda antes da primeira curva.

Mesmo com Mansell sendo um especialista na pista de Mônaco, Senna sabia que o inglês poderia lhe ajudar a segurar Alboreto e Prost, enquanto dispararia na ponta, mas o piloto da Lotus não contava com a agressividade mostrada por Alboreto naquele dia e no final da primeira volta o italiano conseguiu ultrapassar Mansell na Saint Devote, com Prost ultrapassando a Williams logo depois. Mansell perderia várias posições e não seria mais um fator durante a corrida. Mesmo tendo Alboreto em segundo, Senna controlava a corrida com certa tranquilidade, até seu motor estourar na volta 14. Seria um castigo dos deuses pelo o que o brasileiro tinha feito no dia anterior?

Alboreto agora liderava, mas Prost sempre permanecia por perto. Os dois estavam bem mais rápidos que o 3º colocado Elio de Angelis, que vinha numa corrida solitária. Mais atrás, Riccardo Patrese era pressionado por Nelson Piquet numa luta pela nona posição. Os dois ex-companheiros de equipes vinham fazendo uma corrida tímida, mas Piquet tentou ultrapassar Patrese na entrada da Saint-Devote na volta 17, mas o italiano fechou a porta e os dois se tocaram ainda antes da freada, provocando um dos mais conhecidos acidentes do principado. Apesar dos dois carros terem ficado destruídos, Piquet e Patrese estavam bem, mas a pista não. Quando os líderes se aproximaram do local do acidente na volta seguinte, o asfalto estava ensopado de óleo e Alboreto acabou passando reto, tendo que frear forte para não bater na barreira de pneus. Prost também escorregou, mas teve mais sorte e se segurou, assumindo a liderança da corrida. Alboreto engatou a ré e rapidamente partiu em perseguição a Prost. Niki Lauda, apenas em oitavo, não foi muito afortunado e no mesmo local em que Alboreto escorregou, o tricampeão também se atrapalhou com o óleo na pista e acabou deixando seu McLaren morrer, acabando com sua corrida.

Se sentindo como verdadeiro dono da corrida, Alboreto partiu então em perseguição a Prost e em poucas voltas já estava colado na McLaren. Na volta 23, o piloto da Ferrari fez uma bela manobra em cima de Prost na mesma Saint-Devote que havia lhe tirado a liderança mais cedo e parecia que nada pararia Alboreto naquele dia. Porém, Mônaco tem seus mistérios e injustiças. O acidente entre Piquet e Alboreto não havia deixava apenas óleo na pista, mas pequenos pedaços de carro e Alboreto, infelizmente, sofreria com esse acidente mais tarde quando seu pneu traseiro esquerdo teve um furo lento e o italiano teve que trocar seus pneus algumas voltas mais tarde.

Poucos podiam imaginar que Alboreto ainda poderia conseguir algo nessa corrida, mas o italiano estava mesmo endiabrado naquela dia de maio de 1985. Após trocar seus pneus, Alboreto voltou à pista em 4º e era, inegavelmente, o piloto mais rápido da pista. Rapidamente ele encostou na Ligier de Andrea de Cesaris e ultrapassou o italiano numa manobra audaciosa na Mirabeau. Elio de Angelis estava longe, mas Michele forçou o ritmo já nas voltas finais assumiu a segunda posição. Mesmo tirando tudo que sua Ferrari poderia lhe dar, Alboreto não foi capaz de alcançar Prost, que venceu pela segunda vez consecutiva em Mônaco, mas o piloto da McLaren agora sabia quem seria seu maior adversário na disputa pelo título de 1985.

Chegada:
1) Prost
2) Alboreto
3) De Angelis
4) De Cesaris
5) Warwick
6) Laffite

3 comentários:

João Carlos Osório disse...

Muito bem! Parabéns e obrigado por recordar uma das melhores, se não mesmo a melhor, provas de F1 que assisti em toda a minha vida.
Que saudades de Senna e Alboreto, dois bravos que tragicamente já não estão entre nós.

Anônimo disse...

Não fosse o asfalto ensopado de óleo na "Sainte Devote", em função do toque do Brabham de Nelson Piquet na Alfa Romeo de Riccardo Patrese na disputa da 9ª posição e um pneu traseiro esquerdo furado da Ferrari número 27, e Michele Alboreto teria vencido a prova não fosse esses transtornos no percurso da prova.

Anônimo disse...

O último podium na carreira de Elio de Angelis. Nas etapas seguintes, o máximo que o romano conseguiu foi seis vezes o 5º lugar e um 6º.