Quando Valentino Rossi saiu da Honda para a Yamaha, o italiano elevou a montadora japonesa a níveis não vistos desde o início da década de 90, iniciando uma dinastia recheada de glórias, vitórias e títulos. Logo na estréia, contra todas as previsões, Rossi venceu no já distante Grande Prêmio da África do Sul de 2004, derrotando seu arqui-rival Massimiliano Biaggi e beijando sua moto, como que demonstrando que ali se iniciava uma parceria letal para os adversários.
Casey Stoner não beijou sua Repsol Honda ao cruzar a bandeirada em primeiro no Grande Prêmio do Catar. O australiano não é tão perfomático em suas comemorações quanto Rossi, mas Stoner fez tudo bem parecido quanto Valentino quando estreou na Yamaha sete anos atrás. Fazendo o inverso de Rossi, Stoner debutou como um furacão na Honda, dominando os testes de pré-temporada, todo o final de semana no emirado e venceu a prova como quis. Stoner não venceu de ponta a ponta, mas o australiano pilotava com tal solidez que mostrava aos seus adversários que a vitória era apenas questão de tempo. Ele foi ultrapassado por Lorenzo e Pedrosa, mas os ultrapassou quando quis, talvez querendo demonstrar sua força perante, ao que parece, seus maiores rivais rumo ao bicampeonato.
Pedrosa fez sua já famosa largada relâmpago, mas o espanhol não resistiu muito tempo a Stoner, porém Dani deu o troco algumas voltas mais tarde. Estava na cara que, na hora em que Stoner apertasse, ele faria a ultrapassagem vencedora. E assim o fez! O australiano disparou, deixando a briga entre os arqui-rivais Pedrosa e Lorenzo pelo segundo lugar. A Honda domina desde os testes pré-temporada, mas Lorenzo, não por acaso o atual campeão mundial da MotoGP, é daqueles pilotos com o coração grande, que não desiste nunca e tira tudo de sua máquina, mesmo quando não muito o que tirar. A forma como Lorenzo comemorou o 2º lugar mostra bem o quanto o espanhol sabia que esse resultado era inesperado. E é essa garra que pode derrotar a Honda de Stoner.
Vendo seu novo companheiro de equipe vencer na estréia e ainda derrotado pelo rival, o grande derrotado do dia foi Pedrosa. O espanhol passou cinco anos com toda a estrutura da Repsol Honda a seu dispor e praticamente não tomava conhecimento dos seus companheiros de equipe, mas a Honda não viu o retorno do seu investimento (leia-se títulos) e acabou contratando Stoner pensando justamente nisso. Pedrosa tinha chance de fazer os japoneses pensar se haviam feito o certo, mas com o resultado de hoje, fizeram com que praticamente tivessem certeza. Doviziozo será realmente um ótimo coadjuvante e seu rival na corrida de hoje, Marco Simoncelli, é justamente o que pode desafiar seu emprego. Valentino Rossi mostrou o quanto Stoner fazia verdadeiros milagres em cima da Ducati e o italiano teve que se contentar com a modesta 7º colocação na prova de hoje, andando claramente no limite o tempo todo. Bem diferente da estréia de sete anos atrás...
Claro que o ano começo apenas agora, mas Casey Stoner parece estar com a faca e o queijo na mão. O australiano tem a melhor moto, dois companheiros de equipe talentosos, mas com a cabeça fraca, além de ser um competidor forte e experiente. Resta saber como reagirá Lorenzo (Yamaha) e Rossi (Ducati) frente a um rival que parece imbatível no momento.
2 comentários:
Infelizmente a Ducatti ainda tem problemas com a rigidez do chassi... Mas se arrumarem isto logo, Il Dotore volta a comandar o espetáculo.
A Honda, principalmente com Stoner, parece muito forte neste momento, mas as motos ainda tem muito a evoluir durante a temporada.
Sobre essa corrida, vale a pena lembrar que Pedrosa teve problema no braço, o que facilitou a vida dos rivais.
De qualquer jeito, pela velocidade demonstrada, acho que o maior adversário do Stoner é ele mesmo, em outras palavras, seus tombos.
Acho que o Lorenzo é hoje algo como um "Prost inexperiente". Não que ele tenha a mesma inteligência do professor, mas está sabendo "dosar" seu equipamento de maneira incrível. Se por acaso souber desenvolver a moto, pode dar muita dor de cabeça à Honda.
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