domingo, 6 de outubro de 2013

Virada e susto

Apesar de achar Eduardo Homem de Mello o pior comentarista de automobilismo do Brasil e ter que assisti-lo normalmente é um martírio, hoje o ex-piloto foi bem preciso em muitas de suas análises. Sobre a pista, é vergonhoso que a Indy tenha que correr numa pista que, se comparado com o futebol, seria o mesmo que jogar numa várzea um clássico local. E para corroborar com isso, a perca da liderança de Helio Castroneves quando o brasileiro atingiu em cheio uma ondulação mais forte e teve seu câmbio destruído ilustra muito bem essa condição vexatória do Reliant Park, em Houston. A coisa era tão ridícula, que os pilotos tinham que praticamente desviar de um quebra mola em plena reta dos boxes. Helio, que liderava a prova no momento, não desviou e bateu forte na lombada, destruindo sua corrida e vendo uma vantagem de 49 pontos no campeonato se transformar numa desvantagem de 25 em apenas duas provas.

A outra colocação de Homem de Mello foi sobre a atitude de Helio Castroneves nas últimas provas. Se o brasileiro ganhar o título, o que será bem difícil vide as circunstâncias atuais, será muito na base da sorte ou com um problema de Dixon, o dono absoluto do campeonato nas últimas provas. Helio sentou-se em sua vantagem e não fez mais nenhuma corrida decente nos últimos dois meses, se esmerando apenas na estratégia de sua equipe ou nos azares de Dixon, como ocorreu em Baltimore ou Mid-Ohio. Mesmo com os dois problemas no câmbio em Houston, o ritmo de Castroneves era ridículo para quem luta pelo título e seu 21º lugar no grid de sábado, única sessão que valeu nos treinos, demonstra bem o quão Castroneves não soube administrar um campeonato que estava praticamente ganho.

Dixon partiu para cima desde que venceu duas provas em Toronto e a partir de então lutou sempre pelas primeiras posições nos treinos e na corrida. Ontem ele venceu numa luta com Power e hoje perdeu, ficando em um segundo lugar muito importante no campeonato, mas o piloto da Ganassi em nenhum momento desistiu de atacar Power e caminha, merecidamente, para o seu terceiro título na carreira.

Porém, tudo isso foi ofuscado por um grave acidente na última volta em Houston. Dario Franchitti vinha brigando com Takuma Sato quando foi espremido pelo japonês no muro, fazendo seu carro ir para o alambrado num acidente que lembrou muito alguns toques que ocorrer nos ovais-Nascar, como chamo aquelas pistas onde se anda com o pé no fundo e lado a lado, onde um acidente grave é iminente. Franchitti destruiu todo a sessão de alambrado, o que lançou vários fragmentos nas arquibancadas e feriu várias pessoas. Todos estavam assustados, mas Franchitti estava consciente enquanto se encaminhava para o hospital. Aqui no Brasil criou-se uma moda de chamar tudo quanto é piloto japonês de mito, primeiro com Sato e agora com Kobayashi. Pilotos rápidos e agressivos, os pilotos nipônicos tem outro ponto em comum: a inconstância e a propensão em fazer besteiras que resultam em acidentes. Assim é com todos eles e Sato provou isso mais uma vez ao espremer Franchitti no muro numa manobra, com o perdão do trocadilho, kamikaze. Por isso que até hoje nunca chamei Sato ou Kobayashi de mitos. Mito é Vettel, Alonso, Hamilton ou Button para ficar na F1, ou Power e Dixon, para ficar na Indy. São pilotos confiáveis e que um chefe de equipe o contrata sem pestanejar. Eu, como chefe de equipe, nunca contrataria um piloto capaz de um resultado brilhante, uma carrada de besteiras e carros destruídos a rodo.

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