domingo, 20 de abril de 2014

Sunday drive

Só faltou Lewis Hamilton tirar o capacete, colocar um braço pra fora e ligar na FM em seu tecnológico volante da Mercedes. Foi um passeio do inglês hoje na China, sem ser ameaçado por ninguém e Lewis estava tão tranquilo, que ele claramente não andou a fundo, olhando pelo novo gráfico de consumo de combustível. O inglês era o piloto que menos gastou gasolina. E por muito. Talvez o único susto da Mercedes foi o fato de ter ficado sem a telemetria de Nico Rosberg a corrida inteira, tendo que perguntar constantemente como estava o carro do alemão através do visor no volante de Nico. Mesmo caindo para sétimo na largada e ainda dando um baita toque em Bottas, Rosberg foi galgando posições até chegar em segundo e completar a terceira dobradinha seguida da Mercedes, fazendo com que a montadora tenha agora uma vantagem absurda para as demais adversárias nos dois Mundiais.

Se era esperado uma corrida como no Bahrein, sensacional e emocionante, a decepção foi geral. A corrida na China esteve longe de emocionar, mas em comparação com as outras corridas 'chatas', foi a melhor, pois teve a recuperação de Rosberg e a briga interna da Red Bull. Como Lewis Hamilton estar na F1 para ganhar e não entreter o público, o inglês deu um tchauzinho para os rivais na largada e mal apareceu na transmissão da prova, tamanho a diferença que tinha para os demais. Rapidamente, como se quisesse mostrar aos outros pilotos que ele mandava em território chinês, Hamilton abriu 10s em pouco mais de nove voltas. Não forçou. No gráfico de consumo de combustível, era gritante o quão Lewis gastava menos que os outros, indicando que se quisesse, poderia aumentar ainda mais a vantagem sobre os demais. Tendo tempo ainda para economizar pneus, foi o último a fazer a primeira parada dos líderes. Foi um show de pilotagem e outra vitória de ponta a ponta, que vai colocando o nome de Hamilton ao lado de mitos da F1, como a ultrapassagem que Lewis fez sobre Clark e Prost no quesito pole-positions e hoje ter igualado ao seu chefe Niki Lauda, depois de ter ultrapassado tão somente Fangio. Porém, o abandono em Melbourne de Hamilton ainda faz Nico Rosberg como o líder do campeonato. O alemão teve uma corrida mais agitada por causa da falha na telemetria do seu carro e a má largada, que fez cair para sétimo e ainda por cima, o alemão deu um toque forte na Williams de Bottas. Se o finlandês rodasse, era bem provável que Nico fosse punido. Como Valtteri permaneceu na pista e o Mercedes permaneceu intacto, Rosberg partiu para uma forte corrida de recuperação. Nada muito agressivo, como é bem o estilo de Nico, mas eficiente para estar em segundo, sem sustos, com mais de quinze voltas para o fim, mas sem ter muito o que fazer para ameaçar a liderança. A diferença entre os dois pilotos da Mercedes hoje é de apenas quatro pontos, mas hoje Hamilton tem a vantagem psicológico importante de três vitórias consecutivas, sendo que duas foi sequer ameaçado por Rosberg. Com a briga pelo título ficando entre os dois companheiros de equipe, é questão de tempo até Hamilton assumir a ponta do campeonato. E provavelmente sumir!

Se havia uma expectativa de briga feia entre companheiros de equipe, era que acontecesse na Ferrari. Porém, Fernando Alonso está destruindo Kimi Raikkonen de forma até constrangedora para o Campeão Mundial de 2007. Se Massa era criticado pelas diferenças tomadas por Alonso, até o momento a vantagem do asturiano sobre Kimi é ainda maior. Se Alonso conseguiu o primeiro pódio da Ferrari e parecia bem feliz com isso, Kimi foi apenas oitavo e a mais de 50s de Alonso, sendo que a diferença na Classificação foi também absurda. Manter Kimi motivado será um dos primeiros desafios do novo capo Mattiacci, já que desde 2010 os pontos da Ferrari no Mundial de Construtores vão sendo construídos quase que unicamente por Alonso e isso está fazendo falta no final do ano. Já pelos lados da Red Bull, era esperado uma subserviência de Ricciardo em relação a Vettel. Os primeiros comunicados de Ricciardo falavam da admiração para com Vettel, mas o que estamos vendo até aqui é um pequeno domínio do australiano frente a Vettel, que parece até mesmo resignado nas comunicações de rádio, onde recebia notícias nada agradáveis para ele, informando que Ricciardo era mais rápido e estava na mesma estratégia dele. Ricciardo novamente ultrapassou Vettel na pista, mesmo o alemão tendo recebido ordens (não-cumpridas) de deixar o companheiro de equipe passar e quando teve pista livre, tentou uma aproximação em Alonso nas últimas voltas, mas que acabou não sendo suficiente para o australiano conquistar seu primeiro e merecido pódio. Já Vettel se vê na estranha situação de ter levado mais de 20s do companheiro de equipe e estar constantemente atrás de Ricciardo. 2014 será um ano de observamos como reagirá Vettel em novas situações: um carro não-vencedor e um companheiro de equipe rápido.

Felipe Massa teve outra extraordinária largada, mas um forte toque com Alonso na aproximação da primeira curva prejudicou a posição do brasileiro na corrida e mais tarde, durante um atrapalhado pit-stop da Williams. Desde a patuscada do pit-stop de Irvine em Nurburgring/99 não me lembro de um erro tão banal como o de hoje da Williams, que trocou os pneus direito e esquerdo traseiros do carro de Massa que, como o toque com Alonso, complicou anda mais o aperto do pneu de Felipe, que com todos os problemas caiu para último e ficou longe de pontuar. Nico Hulkenberg foi o melhor do resto, já que hoje Mercedes (um degrau acima), Red Bull e Ferrari parecem estar à frente das demais. O piloto da Force India fez uma corrida correta, onde ultrapassou Bottas e o manteve sob controle a prova inteira. Se o forte toque com Rosberg na primeira curva prejudicou ou não o carro, a verdade foi que Bottas fez uma corrida discreta, mas o sétimo lugar conseguido o faz ter o dobro de pontos do companheiro de equipe Massa. Sergio Pérez fez uma bonita corrida de recuperação após uma difícil classificação e pontuou novamente com a nona posição, mas não impediu a Force India perder a segunda posição no Mundial de Construtores para a Red Bull. A McLaren está muito parecida com o Grande Prêmio do Bahrein. Apenas uma corrida ótima e outras terríveis, lembrando o vexaminoso 2013. Button e Magnussen ficaram fora da zona de pontuação novamente e o retorno de Ron Dennis, tão propalado como o salvador da lavoura, deverá ser mais efetivo agora, pois até o momento o pódio em Melbourne é que vem salvando o ano da McLaren. Daniil Kvyat conseguiu pontuar mais uma vez com a décima posição e deixou, mais uma vez, Vergne para trás. Com o sucesso de Ricciardo, o programa de jovens pilotos da Red Bull será ainda mais observado e até o momento o russo vem se sobressaindo frente à Vergne, que começa a ver os fantasmas de Buemi e Alguersuari rondando a sua cabeça. A Lotus tinha boas chances de marcar seus primeiros pontos de 2014 com Grosjean, mas um problema de câmbio quando o francês estava em nono destruiu esse objetivo e com Maldonado lá atrás, a Lotus continua no zero, o mesmo ocorrendo com a Sauber, que só aparecer com Gutierrez tendo o susto de ter Maldonado por perto novamente. Sem consequências desta vez. Kobayashi mostrou hoje a que veio quando ultrapassou uma Marussia na última volta. Mais tempo de TV para a Caterham, graça a astúcia de Koba!

E o campeonato vai se definindo para uma luta entre Hamilton e Rosberg, com o inglês tendo uma leve vantagem. Se não ocorrer grandes problemas, Lewis deverá assumir a ponta do campeonato já em Barcelona, próxima etapa, mesmo com Nico ficando em segundo na prova, algo bem provável. Neste momento, para Nico Rosberg a chance que ele tem para bater Hamilton e sua velocidade é afetar seu ponto fraco: a cabeça. Talvez arrumando uma briga tal como aconteceu na McLaren/88, mas é algo que duvido muito Nico fazer. E com isso, Hamilton vai se fortalecendo como principal candidato ao título deste ano.  

Um comentário:

Vinicius disse...

Curioso é notar que Vettel sempre que começa mal,reage na metade da temporada.

Creio que o fará de novo.