quarta-feira, 10 de setembro de 2014

História: 25 anos do Grande Prêmio da Itália de 1989

Como é tradicional para a Ferrari, o time italiano escolheu Monza para o seu grande anúncio para 1990: a contratação de Alain Prost, numa super-dupla com Nigel Mansell. Profundamente irritado com um pretenso favoritismo da Honda para com Ayrton Senna, além das brigas com seu 'companheiro' de equipe, Prost já havia anunciado que estaria saindo da McLaren após seis anos na equipe em sua corrida natal. Após negociar uma volta com a Renault através da Williams, Prost aceitou uma ótima proposta da Ferrari, mesmo o francês tendo ao seu lado outra estrela da F1 na época, Mansell. Com bem menos pompa, a Lotus anunciou antes da corrida em Monza uma nova parceria com a montadora italiana Lamborghini a partir de 1990 e a dispensa dos seus dois pilotos, o que deixava o tricampeão Nelson Piquet no mercado.

Senna gostava da alta velocidade de Monza, mas ainda não tinha conseguido uma vitória na Itália e para quebrar esse tabu, além de melhorar suas aspirações ao bicampeonato, o brasileiro conquistou uma tranquila pole, 1s à frente do seu futuro companheiro de equipe na McLaren, Gerhard Berger. Após ter problemas nos treinos e agora recebendo menos atenção da McLaren por motivos óbvios, Prost teve que se conformar com uma pálida quarta colocação no grid, com a Williams formando a terceira fila e a surpresa Phillippe Alliot colocando seu Lola em sétimo.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:23.720
2) Berger (Ferrari) - 1;24.734
3) Mansell (Ferrari) - 1:24.739
4) Prost (McLaren) - 1:25.510
5) Patrese (Williams) - 1:25.545
6) Boutsen (Williams) - 1:26.155
7) Alliot (Lola) - 1:26.985
8) Nannini (Benetton) - 1:27.052
9) Pirro (Benetton) - 1:27.397
10) Alesi (Tyrrell) - 1:27.399

O dia 10 de setembro de 1989 amanheceu belo e o Grande Prêmio da Itália teria seu tradicional tempo seco e sem estar muito quente, ao contrário das arquibancadas, quentes pela Ferrari e por seu 'terceiro' piloto. Com a contratação de Prost pela Ferrari, o francês, mesmo ainda correndo pela McLaren, passou a ter a simpatia dos tifosi em Monza, que em contrapartida passaram a torcer contra Senna, mas na largada a torcida pouco pôde fazer contra uma largada praticamente perfeita do brasileiro da McLaren, que manteve tranquilamente a ponta, seguido pelos dois pilotos da Ferrari, com Mansell atacando Berger, mas o austríaco, ainda tentando completar sua primeira corrida em 1989, se segurando na segunda posição. Prost acompanhava tudo em quarto, enquanto que na apertada primeira chicane, apenas Mauricio Gugelmin saída levemente da pista e todos partiam para as 53 voltas ilesos.

Como era sua característica, Senna imprimi um ritmo alucinante nas primeiras voltas e mesmo Berger tentando manter uma distância razoável para o brasileiro, Ayrton já abria 4s em oito voltas. Mansell ficava para trás em terceiro, enquanto Prost perseguia o inglês com pouco mais de 1s de desvantagem. A boa perspectiva de corrida para Alliot termina ainda na segunda volta quando o francês roda, enquanto Nannini faz uma corrida agressiva no início e já ameaça o quinto lugar de Boutsen. A corrida fica estática na frente, mas na volta 21 Prost parece despertar de um sono profundo e ultrapassa Mansell na Variante Della Roggia, mas o piloto da McLaren já se encontrava 9s atrás de Berger e então outros 7s atrás de Senna, que liderava soberano a prova. Prost teria que trabalhar dobrado se quisesse mostrar aos tifosi que ele tinha sido a contratação capaz de tirar a Ferrari do seu cada vez maior jejum de títulos, que completaria dez anos no final daquela temporada.

Passando da metade da prova, Senna aumenta ainda mais seu ritmo e faz volta mais rápida em cima de volta mais rápida, fazendo sua vantagem sobre Berger subir para 19s, enquanto Prost cortava a distância para o austríaco e Mansell era alcançado pela Williams de Boutsen. Nannini, que tinha feito várias ultrapassagens durante a corrida, tem problemas de freios quando se aproximava do belga, abandonando a corrida. Faltando pouco mais de quinze voltas, Prost aumenta o seu ritmo na perseguição a Berger e na volta 41, o francês pega o vácuo da Ferrari na saída da Parabolica e Prost completa a ultrapassagem no final da reta dos boxes. Mesmo correndo em dobradinha pela McLaren, Prost se viu 23s atrás de Senna e somente uma hecatombe tiraria a primeira vitória de Senna em Monza. E foi o que aconteceu. Logo quando Senna recebeu a mensagem de que Prost estava em segundo e fazendo a volta mais rápida da corrida, o brasileiro imediatamente aumentou seu ritmo e passou a trocar voltas mais rápidas com o francês. O lógico era administrar a grande vantagem em cima do rival, mas numa guerra psicológica como aquela de vinte e cinco anos atrás, Senna não pensou em administrar e tirou tudo do seu McLaren-Honda, mas na volta 45, na reta oposta, o motor Honda de Senna estoura. Quando o brasileiro ia tomar a Parabolica, o óleo cai sobre os pneus da McLaren e Senna roda levemente, abandonando seu carro ali mesmo, para delírio da torcida italiana, já apaixonada por Prost, o novo líder da prova.

Prost consegue uma vitória importante para o seu campeonato, além de entregar o Mundial de Construtores para a McLaren, enquanto Berger finalmente marca seus primeiros pontos em 1989. Mansell tem problemas de câmbio no final da prova e quem fica com o lugar mais baixo do pódio era Boutsen. Com vinte pontos de vantagem no campeonato, Prost começava a fazer contas para conquistar o tri, mas um pequeno gesto no pódio quase provoca a demissão do francês da McLaren. Pouca gente sabe, mas quando Ron Dennis contratava um piloto para a McLaren, ele colocava no contrato que os troféus conquistados pelos pilotos nas vitórias também ficavam com a McLaren. Vaidade pura e simples. Vendo a torcida italiana ensandecida em frente ao pódio e descontente com a política dentro da McLaren, Prost pega o seu troféu de vencedor e joga para a torcida italiana. Dennis, ao lado, olha com cara de tacho a cena e, conta a lenda, ficou tão irritado com atitude de Prost, considerada até mesmo provocativa, que pensou em demitir o francês. Mais calmo, Ron Dennis iria para as provas finais com seus dois pilotos ainda brigando num final de campeonato imprevisível e que seria histórico!

Chegada:
1) Prost
2) Berger
3) Boutsen
4) Patrese
5) Alesi
6) Brundle 

Nenhum comentário: