domingo, 9 de dezembro de 2007

Não foi apenas mais um toque na Stock...

Infelizmente já escrevi aqui no blog sobre morte de alguns pilotos ao longo desse ano. Mas nunca um óbito tinha acontecido em pista. Como tudo na vida tem sua primeira vez, hoje tenho que esrcever e lamentar a morte de Rafael Sperafico na quinta volta da etapa de São Paulo da Stock Light. Num dia que a família Sperafico comemorava o vice-campeonato de Rodrigo por volta do meio-dia, menos de duas horas depois estaria lamentando a morte de um dos seus integrantes.

Tinha escrito no post anterior, sobre a corrida da Stock V8 realizada pela manhã, que a Stock Car estava tendo toque demais. Por debaixo dos panos, a categoria já era conhecida como Stock-tock Car. Os acidentes vinham acontecendo de forma contínua e por mais que organizadores se esforçassem em diminuir o número de totós e batidas, os acidentes nunca pararam. Todo mundo reclamava, mas ninguém tinha coragem de fazer nada. Afinal, as corridas eram chatas sem o toque. Na musa inspiradora da Stock, a Nascar, havia a tal "arte de bater por trás". Por que acabar com o toque? O totó faz parte das corridas de turismo. Viva o espetáculo!

Porém, ninguém nunca pensou nas conseqüências desses toques. Hoje a conseqüência de mais um toque irresponsável na Stock foi a vida de um rapaz de 26 anos que tentava achar um lugar ao sol dentro do automobilismo nacional. O final de temporada do automobilismo em 2007 ficará manchado por um acidente horroroso na Subida do Café, lugar de altíssima velocidade em que um pequeno esbarrão pode se transformar numa tragédia. Carlos Col disse que essa era o local mais perigoso da pista de Interlagos. Mas como diria Nelson Piquet, toda pista é segura antes dos pilotos entrarem nela. Não é preciso ser um gênio para atestar que um toque ali, a 200 km/h, pode trazer conseqüências sérias para os envolvidos.

Felipe Giaffone, dono da empresa que fabrica os chassi da Stock disse que "tudo será revisto". Mas será que não devia ter feito isso antes? A Stock perdeu um piloto a pouco mais de seis anos e após o acidente com Laércio Justino, algumas modificações foram feitas e nada mais foi acrescentado. Quando a F1 perdeu dois pilotos num final de semana, as modificações impostas nos carros foram tão grandes que há treze anos não há mortes na categoria, sendo que em 2003 Mark Webber e Fernando Alonso bateram na mesma Subida do Café. O acidente de Guálter Salles no ano passado já tinha provado que a segurança dos carros da Stock era duvidosa. Quando questionei isso no GPtotal, muitos leitores foram contra mim, chegando a ser irônicos com minhas colocações. E agora? Naquele dia, falei que Deus tinha dado uma mão ao Guálter e por isso ele sobreviveu. Hoje, Deus preferiu levar a vida de Rafael Sperafico e espero que ele esteja num bom local, quem sabe numa pista de corrida com pilotos mais responsáveis e carros mais seguros.

Um comentário:

SAVIOMACHADO disse...

Belo post João Carlos. Também penso da mesma forma. Uma pena que é preciso que haja perda de vidas para mudarem alguma coisa. Uma pena.
Vou linká-lo no meu blog para visitá-lo mais vezes. Achei muito legal o seu. Um grande abraço
SAVIOMACHADO