sexta-feira, 31 de julho de 2009

História: 15 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1994


Mesmo sem um grande piloto na F1, o público alemão sempre compareceu em massa ao seu Grande Prêmio anual e Bernie Ecclestone chegou a afirmar que esperava que um alemão fizesse sucesso na F1. Michael Schumacher era a realização do sonho do dirigente inglês, mas o enorme sucesso do alemão trouxe ainda mais gente a Hockenheim e alguns problemas extras. Por causa da controvérsia de Silverstone, onde Schumacher foi desclassificado após uma manobra infeliz na volta de apresentação, a torcida alemã elegeu a equipe Williams como vilã e vários carros da equipe foram atacados durante o final de semana. Damon Hill chegou a dizer, dias depois, que tinha sido ameaçado por torcedores alemães e que a todo momento levava sustos quando fogos de artíficios eram atirados ao ar.

Ainda em continuação ao trauma de maio, a FIA impôs mais algumas medidas de segurança nos carros, com a diminuição da asa traseira e também a introdução da polêmica placa de madeira embaixo dos carros. Com o intuito de diminuir o ar que passava por baixo dos carros e diminuir o efeito-solo, a FIA fez com que os carros fossem extremamente difíceis de guiar, mesmo o veloz circuito de Hockenheim não impusesse uma pilotagem mais complicada aos pilotos. E foi assim que a Ferrari, conhecida pelo seu motorzão V12 nos treinos, conseguiu uma dobradinha nas longas retas do circuito alemão. Correndo em casa pela primeira vez com a condição de favorito, Schumacher ficou apenas em quarto, mas prometia muito mais para a corrida. Principalmente não ultrapassar ninguém na volta de apresentação!

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:43.582
2) Alesi (Ferrari) - 1:44.012
3) Hill (Williams) - 1:44.026
4) Schumacher (Benetton) - 1:44.268
5) Katayama (Tyrrell) - 1:44.718
6) Coulthard (Williams) - 1:45.146
7) Blundell (Tyrrell) - 1:45.474
8) Hakkinen (McLaren) - 1:45.487
9) Frentzen (Sauber) - 1:45.893
10) Irvine (Jordan) - 1:45.911

O dia 31 de julho de 1994 estava claro e perfeito para uma corrida de F1, como era comum nessa época do ano na Alemanha. Por causa de suas enormes retas, Hockenheim era conhecido por ser uma prova com poucos carros no final, por causa do enorme esforço dos motores ao longe de uma corrida debaixo do calor. O que ninguém sabia, porém, era que a corrida teria tão poucos pilotos logo no início!

A largada foi uma verdadeira carnificina, com vários carros se envolvendo em acidentes em diferentes pontos da pista. No final do pelotão, Alessandro Zanardi faz uma belíssima largada, mas tem o azar de encontrar pela frente o trapalhão Andrea de Cesaris pela frente e os dois italianos acabaram saindo da pista antes da primeira curva, levando consigo a dupla da Minardi, Pierluigi Martini e Michele Alboreto. Os quatro italianos foram os primeiros abandonos. Quando o pelotão se aproximava da primeira curva, Hakkinen e Mark Blundell se tocam e a McLaren do finlandês roda na frente de todo mundo, fazendo com que todo mundo freie forte, mas Coulthard acaba atingido por Hakkinen. Blundell freia forte e assim é atingido com força por Irvine pela traseira, fazendo com que Frentzen também atinja o inglês da Tyrrell. Sem ter para onde ir Rubens Barrichello acaba batendo em Frentzen, enquanto mais atrás Johnny Herbert tira o pé e é acertado pela McLaren de Martin Brundle. Se não bastasse toda a pancadaria na primeira curva, Jean Alesi tem o motor quebrado ainda na primeira grande reta, fazendo com que onze (!) carros não completassem a primeira volta!

Berger, um verdadeiro especialista em Hockenheim, disparava na frente, enquanto Ukyo Katayama, que havia feito uma ótima largada, estava em segundo, pressionado por Schumacher. O alemão não esperou muito e ultrapassou o japonês ainda na primeira volta, na freada para a segunda chicane. Hill estava em quarto e claramente não queria perder contato com seu rival pelo campeonato e tentou emular Schumacher na freada seguinte. O resultado era um acidente entre ambos e Hill tendo que ir aos boxes com a suspensão avariada. Como Coulthard se arrastava rumo aos boxes com a asa dianteira quebrada, a Williams ocupava a indigna penúltima e última posições...

Berger e Schumacher tinham uma boa vantagem sobre Katayama, mas o japonês tinha afetado sua suspensão pelo toque com Hill e abandonou a corrida na quinta volta, fazendo com que apenas 13 carros ainda estivessem correndo. A Ligier surpreendia com uma boa atuação dos seus carros, com Panis em terceiro e Bernard em quarto, mas isso era causado pelos vários acidentes até então. E não seria o último. Na volta 15, Jos Verstappen vai aos boxes para a primeira de suas duas paradas nos boxes e o que seria um pit-stop normal, aconteceu um dos maiores sustos daquela temporada. A volta dos reabastecimentos a F1 trazia o fantasma de um incêndio a uma parada de box e quando o holandês encostou seu Benetton, a mangueira de reabastecimento não encaixou direito e vários litros de gasolina jorraram no carro. Ainda quente, grandes labaredas subiram rapidamente e foi um corre-corre danado, com todos pensando nos vários feridos. Por incrível que pareça, apenas cinco mecânicos estavam ligeiramente queimados, com Verstappen queimando o rosto por estar, no momento, com a viseira aberta. Investigações posteriores disseram que a Benetton tinha retirado de forma deliberada um filtro da mangueira de reabastecimento, fazendo com que a equipe ganhasse segundos preciosos nos pit-stops, mas também tornando a operação bastante perigosa. A FIA ainda estava de olho em irregularidades da Benetton em Ímola e na desclassificação de Schumacher, mas quando a entidade ameaçou punir a equipe, Flavio Briatore veio com um dossiê incriminando todas as equipes, fazendo com que a FIA recuasse e a Benetton fosse apenas admoestada pelo incidente.

Provando que o dia definitivamente não da Benetton, apenas quatro voltas após o incidente nos boxes e os mecânicos ainda usavam rodos para limpar o pit, o Benetton de Michael Schumacher apareceu com o motor quebrado. Correndo em casa e esperando vencer, o alemão parecia extremamente desapontado enquando entrava nos boxes para abandonar. Apenas na volta 19, as emoções desta animada corrida alemão cessaram. Praticamente sem adversários diretos, Berger passeou por Hockenheim e venceu de forma bastante tranqüila. Atrás dele, várias surpresas. A anos sem um bom resultados, a Ligier voltava ao pódio em dose dupla com Panis em segundo e Eric Bernard em terceiro. Atrás da dupla da Ligier, vinham as duplas de Footwork e Larrousse, com Christian Fittipaldi conseguindo um bom quarto lugar. Foi uma das corridas mais marcantes daquele ano triste na F1, com uma série de acidentes, polêmicas e outro susto para aquela temporada.

Chegada:
1) Berger
2) Panis
3) Bernard
4) Fittipaldi
5) Morbidelli
6) Comas

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