terça-feira, 21 de junho de 2011

História: 30 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1981

Após a inacreditável vitória de Gilles Villeneuve em Monte Carlo com sua arisca Ferrari 126CK, a F1 iria para Jarama, um circuito tão travado como o de Mônaco, mas sem o charme e os muros. Poucos dias antes o Pacto da Concórdia tinha sido assinado e por isso um dos nomes usuais da corrida em Jarama, Emilio de Villotta, não participou da corrida. Com um Williams usado, o espanhol foi impedido de correr pelo novo contrato, mesmo com os protestos da torcida local, pois Villotta era muito popular na Espanha.



No primeiro treino de Classificação, a Williams dominou e Jones liderou a dobradinha da equipe, com Laffite ficando com o terceiro lugar. O francês não gostava do circuito de Jarama, mas Laffite dizia que o chassi Ligier o adorava, por isso, ele sempre andava bem neste circuito. Um dos favoritos ao título em 1981, Nelson Piquet decepcionava com a 17º posição no grid provisório, enquanto Keke Rosberg levava o carro da equipe Fittipaldi ao 9º posto. Com o asfalto em melhores condições no sábado, Jacques Laffite melhora seu tempo e fica com aquela que seria sua última pole na F1. Jones completa a primeira fila, seguido por Reutemann e Watson, que deu um grande salto do primeiro para o segundo dia de treinos. Villeneuve se recuperava de sua dia ruim na sexta e coloca sua Ferrari num improvável sétimo lugar, enquanto Piquet também subia para o top-10.



Grid:

1) Laffite(Ligier) - 1:13.754

2) Jones(Williams) - 1:14.024

3) Reutemann(Williams) - 1:14.342

4) Watson(McLaren) - 1:14.657

5) Prost(Renault) - 1:14.669

6) Giacomelli(Alfa Romeo) - 1:14.897

7) Villeneuve(Ferrari) - 1:14.987

8) Andretti(Alfa Romeo) - 1:15.159

9) Piquet(Brabham) - 1:15.355

10) De Angelis(Lotus) - 1:15.399


O dia 21 de junho de 1981 estava extremamente quente em Jarama e mesmo com a presença do Rei Juan Carlos, o público era pequeno no circuito espanhol, ajudando que esta corrida fosse a última no autódromo próximo a Madri na F1. Num circuito onde as ultrapassagens eram dificéis, mesmo com a longa reta dos boxes, a largada seria essencial e Jacques Laffite não utilizou a vantagem de largar na pole quando sua embreagem falhou e o francês da Ligier foi engolido pelo pelotão, caindo para 11º. Jones e Reutemann se aproveitam para assumir a ponta da corrida, enquanto ao contrário de Laffite, Villeneuve faz uma largada impressionante, chegando a colocar os pneus do lado esquerdo na terra para assumir o terceiro lugar e ainda quebrar a asa dianteira de Prost no processo.


Nos treinos, a Ferrari já havia demonstrado ter uma potência descomunal e era o carro mais rápido no final da reta dos boxes. Em compensação, o chassi se comportava terrivelmente mal nas curvas e Villeneuve sabia que só conseguiria ter sucesso na corrida se pudesse obter alguma vantagem na reta dos boxes. Ainda no final da primeira volta, o canadense conseguiu sair da última curva grudado na traseira da Williams de Reutemann e mesmo com o argentino lhe dando apenas o lado de fora da curva Fangio, o piloto da Ferrari consegue uma ultrapassagem audaciosa por fora. Contudo, Alan Jones já tinha conseguido abrir uma boa diferença sobre o segundo lugar e aumentava sua vantagem com o decorrer das voltas. Mesmo tendo um carro nitidamente superior a Ferrari de Villeneuve, Carlos Reutemann permanecia placidamente em terceiro, correndo claramente pensando no campeonato que liderava no momento. Já Villeneuve corria no limite do limite, escorregando em praticamente todas as curvas e em apenas algumas voltas, seus pneus Michelin estavam destruídos, mas nem assim o canadense esmorecia. Na volta 14, Jones tinha 8s de vantagem sobre Villeneuve quando o australiano rodou sozinho na curva Fangio e até que tomasse o caminho de volta para a pista, Jones tinha caído para 15º e não se recuperaria mais na prova.


Villeneuve e Reutemann lideravam a corrida, mas o canadense fazia um esforço sobre-humano para manter o argentino atrás de si. O piloto da Ferrari fechava Reutemann na curvas no miolo do circuito, enquanto soltava toda a potência de seu motor Ferrari turbo na reta, não dando chances à Reutemann. Nas freadas, Villeneuve fritava os pneus, algumas vezes saía do traçado, mas ele teimava em permanecer na ponta. Mais atrás, Piquet havia abandonado ao sair da pista, destino parecido com o de Prost, atrapalhado pelo bico quebrado por Villeneuve na largada. Enquanto isso, John Watson era o terceiro colocado após o abandono de Prost e se aproximava aos poucos de Reutemann, mas o que impressionava era o ritmo de Jacques Laffite, que vinha imprimindo uma forte corrida de recuperação. Após cair para 11º, o piloto da Ligier já era 4º na metade da corrida e sem muito trabalho, ultrapassou Watson quando a traseira da Williams de Reutemann já estava à sua vista. Percebendo que as coisas poderiam piorar, Reutemann aumenta a pressão em cima de Villeneuve, mas o canadense insistia em sua tática de utilizar a potência de sua Ferrari na reta, enquanto fechava seus adversários no miolo. Sim, adversários, pois Laffite e Watson já estavam colados na Williams de Reutemann.


Para demonstrar o quanto Villeneuve estava fazendo naquela quente tarde de domingo em Jarama foi histórico, era que Laffite estava andando em média 3s mais rápido que o canadense em sua corrida de recuperação, onde fez várias ultrapassagens, inclusive sobre Reutemann quando faltavam 18 voltas para o fim. Mas Villeneuve teimava em se manter na ponta. Ele diminuía o ritmo dos demais a ponto das duas Lotus encostarem no pelotão inicial, mas logo Mansell tem problemas e deixa apenas Elio de Angelis no final da fila de cinco carros que disputavam a ponta da corrida. Watson também ultrapassa Reutemann, mas ninguém esperava tanta paciência por parte de Laffite, que já havia feito várias ultrapassagens e tinha o carro mais rápido da pista. Porém, Villeneuve insistia em sua pilotagem tresloucada, mas ao mesmo tempo, técnica a ponto de não dar chance a Laffite. A Ferrari 126 CK escorregava para todos os lados e Laffite apenas esperava um erro de Villeneuve. As voltas passavam e a manobra decisiva não vinha. Laffite atacava e Villeneuve rechassava as manobras do francês. Faltavam quatro voltas, três, duas... o milagre estava próximo de acontecer e na 80º passagem, o diretor de prova deu a bandeirada para os cinco primeiros em apenas um movimento. Se a vitória em Mônaco já tinha sido impressionante, esse triunfo de Gilles Villeneuve contra tudo e contra todos o colocava definitivamente no olimpo dos grandes pilotos da história. "Apenas Villeneuve passaria Villeneuve hoje," era tudo o que Laffite tinha a dizer sobre sua derrota. Infelizmente, essa seria a última vitória de Gilles Villeneuve na F1.



Chegada:

1) Villeneuve

2) Laffite

3) Watson

4) Reutemann

5) De Angelis

6) Mansell

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