A pequena pausa na temporada européia trouxe várias novidades na F1 quando o circo chegou à Montreal para o Grande Prêmio do Canadá. Dentro das pistas, Alex Caffi, que havia sofrido um fortíssimo acidente durante os treinos livres em Mônaco, voltou a se acidentar, desta vez num acidente de transito e ficaria de fora da prova canadense, com a Arrows trazendo no seu lugar o sueco Stefan Johasson. Na Lotus, um fato que cinco anos antes ninguém poderia prever. Com sérias dificuldades financeiras e um carro quase todo branco, a Lotus teve que tirar Julian Bailey porque o inglês não tinha pago seu cockpit, tendo que trazer de volta para a corrida em Montreal Johnny Herbert. Era o início do fim da Lotus, que nunca mais se recuperaria. Fora das pistas, a coisa pegava fogo na Benetton e, principalmente, na Ferrari. John Barnard, o metódico projetista inglês que ainda vivia das suas glórias na McLaren, se desentende com Flavio Briatore, outra pessoa de personalidade forte, e o resultado é a saída de Barnard da Benetton. Esse resultado também ajudaria Piquet a pensar em sua aposentadoria, pois via em Barnard uma chance de a Benetton brigar pela ponta. Falando em McLaren, conta-se que após a quarta vitória de Senna na temporada em Monte Carlo, foi descoberto uma irregularidade no carro da McLaren e para não ter os resultados anulados, o time inglês retirou a falcatrua (dizem que no radiador). Sempre acho graça quando as pessoas dizem que Schumacher só vencia com o carro irregular e esquecem-se da importância das quatro vitórias nas primeiras corridas de 1991 para o tricampeonato de Senna...
Porém, mais espalhafatosa era a crise da Ferrari. Como sempre. O time italiano era favorito ao título no começo do ano, mas fora o pódio de Prost em Phoenix, a Ferrari estava tendo um desempenho pífio em 1991 e Prost já havia se desentendido com Cesare Fiori, pivô da sua contratação em 1989 e agora desafeto. Como sempre acontece nesses casos, a corda partiu no lado mais fraco e Fiori foi demitido, entrando em seu lugar Claudio Lombardi, chefe da equipe Lancia no Mundial de Rally, que teria supervisão pessoal de Piero Lardi Ferrari. Como não podia deixa de ser, os resultados não apareceram para os italianos em Montreal e quem se aproveitou disso foi a Williams. Com a Ferrari em crise e a McLaren com problemas fora das pistas, o time de Frank Williams voltou ao posto de protagonista e ficou com a primeira fila do grid, algo que não ocorria desde 1987. Porém, foi o segundo piloto Riccardo Patrese quem ficou com a pole, derrotando Mansell, que havia sido o mais rápido na sexta. Patrese havia destruído seu carro titular na sexta-feira e usou no sábado o carro reserva de Mansell. Coincidência? Assim como parecia não ser coincidência a queda repentina de desempenho da McLaren, com o ás da Classificação Senna ficando apenas na segunda fila. Piquet foi muito discreto na confusão que também tomou conta da Benetton e o tricampeão ficou atrás até mesmo de Roberto Moreno.
Grid:
1) Patrese(Williams) – 1:19.837
2) Mansell(Williams) – 1:20.225
3) Senna(McLaren) – 1:20.318
4) Prost(Ferrari) – 1:20.656
5) Moreno(Benetton) – 1:20.686
6) Berger(McLaren) – 1:20.916
7) Alesi(Ferrari) – 1:21.227
8) Piquet(Benetton) – 1:21.241
9) Modena(Tyrrell) – 1:21.298
10) Pirro(Dallara) – 1:21.864
O dia 2 de junho de 1991 amanheceu lindo em Montreal e o dia estava perfeito para uma corrida de F1. Única equipe grande em paz, a Williams sabia que uma largada boa seria essencial e seus pilotos não cometeram erros quando chegaram à primeira curva, mas Mansell freou mais forte e assumiu a liderança da corrida, escoltado por Patrese. E o inglês disparou num ritmo alucinante!
O dia da McLaren se inicia mal com Berger parando ainda na quarta volta com problemas de transmissão, mas o pior era ver a Williams dominando a corrida, algo que eram os carros brancos e vermelhos havia feito nas duas corridas iniciais. Se servia de consolo, Senna também abriu uma boa distância para Prost, seu grande rival e que no momento parecia ser o piloto que poderia lhe tirar o terceiro título. Porém, o francês estava tendo sérios problemas com seu câmbio semi-automático e permitiu a aproximação de Alesi e Piquet, que fez uma boa largada.
Prost é ultrapassado praticamente ao mesmo tempo por Alesi e Piquet, que andavam a corrida inteira juntos. Prost abandonaria mais tarde, logo depois da primeira rodada de paradas para trocar pneus. Contudo, Senna também tinha que enfrentar seus problemas. Desde o início da corrida o seu McLaren havia desenvolvido um problema elétrico que fazia Senna não ter muitas informações do seu carro. A primeira dificuldade foi em passar as marchas no momento correto, pois o brasileiro não tinha a leitura de RPM do seu carro em seu painel. Infelizmente, o problema foi piorando a ponto de fazer Senna abandonar bem no momento em que a corrida havia passado da metade. E Piquet atacava Alesi! Quando a dupla deixava a lenta McLaren para trás, Piquet mostrava sua velha arte em ultrapassar Alesi e assumir o terceiro lugar, o que parecia o máximo para tricampeão.
Porém, os deuses das corridas estavam a ponto de aprontar uma naquela ensolarada tarde de junho no Canadá. Primeiramente, Patrese teve um pneu furado, tendo que ir aos boxes para uma troca não-programada. Claro que o italiano teria totais condições de reaver seu segundo lugar, ainda mais com pneus novos, mas o calcanhar de Aquiles da Williams naquele ano, o câmbio semi-automático, resolve dar problemas e Patrese não apenas é superado por Piquet, como se vê acossado por Stefano Modena, que havia assumido o quarto lugar com a desistência de Alesi. Lombardi e Ferrari teriam muito que fazer... O final da corrida se aproximava e Mansell tinha uma incrível diferença de 50s para seu eterno rival Piquet. Patrese já havia sido ultrapassado por Modena e a corrida parecia que terminaria daquele jeito. Mansell abre a última volta. Era a chance de se aproximar de Senna, que não pontuaria pela primeira vez, além de voltar a vencer pela Williams depois de quatro anos. Mansell era muito querido em vários lugares e no Canadá não era diferente. Quando o inglês se aproximar do hairpin, local de maior concentração de torcedores, Mansell acena para os canadenses, que vibram emocionados. Alegria, alegria. Então... puff! O carro da Williams pára misteriosamente. Mansell se desespera. Oh, my god! Enquanto isso, Piquet passa pelo Williams para receber a bandeirada de primeiro colocado pela vigésima terceira vez. Piquet ri bastante no pódio. Era uma felicidade genuína, ainda mais pela forma como conseguiu aquela vitória sortuda sobre seu maior rival. Perguntado o que sentiu quando viu Mansell parado, Piquet não deixou de lado sua galhardia: Quase tive um orgasmo!
Chegada:
1) Piquet
2) Modena
3) Patrese
4) De Cesaris
5) Gachot
6) Mansell
Porém, mais espalhafatosa era a crise da Ferrari. Como sempre. O time italiano era favorito ao título no começo do ano, mas fora o pódio de Prost em Phoenix, a Ferrari estava tendo um desempenho pífio em 1991 e Prost já havia se desentendido com Cesare Fiori, pivô da sua contratação em 1989 e agora desafeto. Como sempre acontece nesses casos, a corda partiu no lado mais fraco e Fiori foi demitido, entrando em seu lugar Claudio Lombardi, chefe da equipe Lancia no Mundial de Rally, que teria supervisão pessoal de Piero Lardi Ferrari. Como não podia deixa de ser, os resultados não apareceram para os italianos em Montreal e quem se aproveitou disso foi a Williams. Com a Ferrari em crise e a McLaren com problemas fora das pistas, o time de Frank Williams voltou ao posto de protagonista e ficou com a primeira fila do grid, algo que não ocorria desde 1987. Porém, foi o segundo piloto Riccardo Patrese quem ficou com a pole, derrotando Mansell, que havia sido o mais rápido na sexta. Patrese havia destruído seu carro titular na sexta-feira e usou no sábado o carro reserva de Mansell. Coincidência? Assim como parecia não ser coincidência a queda repentina de desempenho da McLaren, com o ás da Classificação Senna ficando apenas na segunda fila. Piquet foi muito discreto na confusão que também tomou conta da Benetton e o tricampeão ficou atrás até mesmo de Roberto Moreno.
Grid:
1) Patrese(Williams) – 1:19.837
2) Mansell(Williams) – 1:20.225
3) Senna(McLaren) – 1:20.318
4) Prost(Ferrari) – 1:20.656
5) Moreno(Benetton) – 1:20.686
6) Berger(McLaren) – 1:20.916
7) Alesi(Ferrari) – 1:21.227
8) Piquet(Benetton) – 1:21.241
9) Modena(Tyrrell) – 1:21.298
10) Pirro(Dallara) – 1:21.864
O dia 2 de junho de 1991 amanheceu lindo em Montreal e o dia estava perfeito para uma corrida de F1. Única equipe grande em paz, a Williams sabia que uma largada boa seria essencial e seus pilotos não cometeram erros quando chegaram à primeira curva, mas Mansell freou mais forte e assumiu a liderança da corrida, escoltado por Patrese. E o inglês disparou num ritmo alucinante!
O dia da McLaren se inicia mal com Berger parando ainda na quarta volta com problemas de transmissão, mas o pior era ver a Williams dominando a corrida, algo que eram os carros brancos e vermelhos havia feito nas duas corridas iniciais. Se servia de consolo, Senna também abriu uma boa distância para Prost, seu grande rival e que no momento parecia ser o piloto que poderia lhe tirar o terceiro título. Porém, o francês estava tendo sérios problemas com seu câmbio semi-automático e permitiu a aproximação de Alesi e Piquet, que fez uma boa largada.
Prost é ultrapassado praticamente ao mesmo tempo por Alesi e Piquet, que andavam a corrida inteira juntos. Prost abandonaria mais tarde, logo depois da primeira rodada de paradas para trocar pneus. Contudo, Senna também tinha que enfrentar seus problemas. Desde o início da corrida o seu McLaren havia desenvolvido um problema elétrico que fazia Senna não ter muitas informações do seu carro. A primeira dificuldade foi em passar as marchas no momento correto, pois o brasileiro não tinha a leitura de RPM do seu carro em seu painel. Infelizmente, o problema foi piorando a ponto de fazer Senna abandonar bem no momento em que a corrida havia passado da metade. E Piquet atacava Alesi! Quando a dupla deixava a lenta McLaren para trás, Piquet mostrava sua velha arte em ultrapassar Alesi e assumir o terceiro lugar, o que parecia o máximo para tricampeão.
Porém, os deuses das corridas estavam a ponto de aprontar uma naquela ensolarada tarde de junho no Canadá. Primeiramente, Patrese teve um pneu furado, tendo que ir aos boxes para uma troca não-programada. Claro que o italiano teria totais condições de reaver seu segundo lugar, ainda mais com pneus novos, mas o calcanhar de Aquiles da Williams naquele ano, o câmbio semi-automático, resolve dar problemas e Patrese não apenas é superado por Piquet, como se vê acossado por Stefano Modena, que havia assumido o quarto lugar com a desistência de Alesi. Lombardi e Ferrari teriam muito que fazer... O final da corrida se aproximava e Mansell tinha uma incrível diferença de 50s para seu eterno rival Piquet. Patrese já havia sido ultrapassado por Modena e a corrida parecia que terminaria daquele jeito. Mansell abre a última volta. Era a chance de se aproximar de Senna, que não pontuaria pela primeira vez, além de voltar a vencer pela Williams depois de quatro anos. Mansell era muito querido em vários lugares e no Canadá não era diferente. Quando o inglês se aproximar do hairpin, local de maior concentração de torcedores, Mansell acena para os canadenses, que vibram emocionados. Alegria, alegria. Então... puff! O carro da Williams pára misteriosamente. Mansell se desespera. Oh, my god! Enquanto isso, Piquet passa pelo Williams para receber a bandeirada de primeiro colocado pela vigésima terceira vez. Piquet ri bastante no pódio. Era uma felicidade genuína, ainda mais pela forma como conseguiu aquela vitória sortuda sobre seu maior rival. Perguntado o que sentiu quando viu Mansell parado, Piquet não deixou de lado sua galhardia: Quase tive um orgasmo!
Chegada:
1) Piquet
2) Modena
3) Patrese
4) De Cesaris
5) Gachot
6) Mansell
Um comentário:
É bom lembrar, e de uma só tacada, que os dois carros da equipe Jordan pontuaram pela primeira vez na temporada de estreia.
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