quinta-feira, 11 de julho de 2013

Coitado do Satoru

Essa semana foram divulgados os contratos de Ayrton Senna (1987) e Nelson Piquet (1988) com a Lotus e algumas coisas chamaram a minha atenção nas cláusulas que, por sinal, aparecem para ambos os brasileiros. Sem contar o fato de ambos terem empresas em paraísos fiscais, está escrito em máquina de datilografar que tanto Senna como Piquet eram considerados pilotos número um da equipe e em algumas ocasiões o segundo piloto teria que dar passagem aos brasileiros. Por contrato.

Isso me chama a atenção pelo fato de Michael Schumacher e, em menor escala, Fernando Alonso terem sido criticados por terem vencido corridas após ordens de equipe da Ferrari. Como os 'prejudicados' da história foram Rubens Barrichello e Felipe Massa respectivamente, muita gente abriu a boca para dizer: o Senna nunca precisou que deixassem ele vencer. Abrindo isso também para Piquet, a divulgação destes contratos mostra que não foi bem assim, apesar de que ambos tivessem talento o suficiente para superar quem quer que fosse que estivesse como companheiro de equipe na Lotus naquele final da década de 80, porém, se isso acontecesse, estava escrito no contrato que a ordem de equipe poderia vir a qualquer momento e os favorecidos seriam os brasileiros 'contra esse mundão todo'.

Outro fator é que muitos imaginam que a 'ordem de equipe' surgiu apenas na Era Schumacher na Ferrari. Pura balela. Vinte e seis anos antes a puritana Lotus fazia isso por contrato. E se fossem publicados contratos mais antigos de outras equipes, algo parecido iria aparecer. E por último, me lembrei da famosa entrevista de Piquet à Playboy no início de 1988 onde o brasileiro dizia que Senna ganhava bem menos do que ele dizia na Lotus. Na época, muitos discordaram de Nelson Piquet, dizendo que o carioca tinha inveja de Senna. Contratos revelados, Nelson ganhava 4,5 milhões de dólares por ano ante a 1,5 milhão de Senna. Nelsão não estava com inveja...

Para terminar, fico imaginando se a torcida japonesa fosse tão passional quanto a brasileira, pois na ocasião desses dois contratos, o segundo piloto da Lotus fora o mesmo, Satoru Nakajima, imposto pela Honda, mas sem regalias, sem peças novas e, se caso acontecesse, tendo que ceder sua posição ao primeiro piloto da equipe.

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