sábado, 17 de agosto de 2013

História: 15 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1998

Após o Grande Prêmio da Alemanha duas semanas antes, até mesmo os torcedores de Michael Schumacher pareciam concordar que a McLaren venceria o campeonato de 1998 até com certa facilidade, vide o desempenho arrasador do time nas longas retas de Hockenheim. Com dezessete pontos de desvantagem, Schumacher necessitava de uma recuperação urgente e com o seu carro bastante inferior, seria preciso muito trabalho e uma pitada de genialidade. O trabalho começou logo após a corrida alemã quando a Ferrari rodou 1200km na sua pista particular em Fiorano, num tempo onde a F1 testava à vontade, mas também de forma até irresponsável. 

Mesmo Hungaroring sendo bem diferente de Hockenheim, a McLaren continuou dominando todos os treinos, com Hakkinen sempre à frente de Coulthard. Schumacher começou a demonstrar sua genialidade ao andar claramente muito mais do que o carro, ao fritar os pneus em várias freadas e passar pelas zebras de forma agressiva, mas ainda assim, ficou apenas em terceiro no grid. Damon Hill dificilmente conseguiria sua performance espetacular do ano anterior, mas ao menos demonstrava a evolução da Jordan ao ficar em quarto, logo à frente da outra Ferrari de Irvine, e das Williams de Villeneuve e Frentzen, este sofrendo de uma disenteria todo o final de semana.

Grid:
1) Hakkinen(McLaren) - 1:16.973
2) Coulthard(McLaren) - 1:17.131
3) M.Schumacher(Ferrari) - 1:17.366
4) Hill(Jordan) - 1:18.214
5) Irvine(Ferrari) - 1:18.325
6) Villeneuve(Williams) - 1:18.337
7) Frentzen(Williams) - 1:19.029
8) Fisichella(Benetton) - 1:19.050
9) Wurz(Benetton) - 1:19.063
10) R.Schumacher(Jordan) - 1:19.171

O dia 16 de agosto de 1998 era um dia típico em Budapeste nessa época do ano: calor, muito calor. Isso faria com que os pneus fossem um fator crítico para a corrida. Mesmo tendo dominado o final de semana, a McLaren não havia conseguido aderência suficiente com os pneus duros, optando pelos moles, porém, a tática ideal para todo o grid era de duas paradas, mesmo que simulações de computador mostrassem que parar três vezes sera mais rápido, mas tirando a variável tráfego, sempre um problema na Hungria. A largada foi sem incidentes e as McLarens estavam na frente com Hakkinen, enquanto Schumacher não fez uma boa largada e quase foi ultrapassado por Hill na primeira curva. O inglês teve que recolher e acabou sendo superado por Irvine, fazendo dessa troca de posição a única entre os seis primeiros.

Os seis primeiros foram os mesmo até a volta 13, quando Irvine teve o câmbio quebrado. Neste momento, Hakkinen liderava com 2.3s à frente de Coulthard, que mantinha Schumacher 1s atrás. O quarto colocado Damon Hill já estava 14s atrás do arquirrival alemão e claramente não brigava pela vitória, enquanto Villeneuve, com pneus duros e tentando dar o pulo do gato, se conformava em ver a traseira da Jordan e, para piorar, sem a necessária direção hidráulica. Nos momentos anteriores a primeira bateria de paradas, Coulthard segurava claramente Schumacher, numa tática da McLaren para que Hakkinen fizesse sua parada tranquilamente. Para ajudar ainda mais os prateados, Schumacher deu o azar de voltar à pista atrás de Villeneuve e por lá ficou três voltas, fazendo com que o alemão perdesse quatro segundos perante Coulthard. Contudo, a vida da McLaren começaria a piorar a partir daquele momento.

Se fez volta mais rápida em cima de volta mais rápida no stint inicial da corrida, Hakkinen começava a perder rendimento aos poucos e para piorar, quando Villeneuve fez seu pit-stop, Schumacher imprimiu um ritmo alucinante para encostar novamente em Coulthard. Com Hakkinen com problemas, logo os três primeiros colocados estavam andando próximos, mas como não havia ultrapassagem entre eles, Ross Brawn chamou Schumacher para uma segunda parada antecipada na volta 45. O reabastecimento foi rápido e estava claro o recado: Schumacher teria que parar uma terceira vez e a partir daquele momento, seriam 32 voltas de classificação até a bandeirada. Com seu talento e genialidade, Schumacher entendeu o recado e começou a enfileirar voltas mais rápidas, enquanto a McLaren demorou a despertar da letargia em ver Hakkinen com problemas de suspensão e não deixar Coulthard passar. O escocês perdia em média 2s para Schumacher. Quando finalmente percebeu a artimanha da Ferrari, a McLaren trouxe seus carros para os boxes, mas Hakkinen estava em segundo, 5s atrás de Schumacher. Coulthard voltou de sua segunda parada ainda atrás do finlandês, na vã esperança da McLaren de que Mika poderia permanecer à frente e marcar o maior número de pontos possíveis.

De forma inacreditável, a McLaren só liberou Coulthard passar Hakkinen na volta 52, perdendo cinco voltas atrás do companheiro de equipe com problemas. Schumacher necessitava de uma vantagem de 24s para fazer sua terceira parada e voltar na frente. O alemão fez mais. Andando no limite, inclusive saindo da pista na última curva, Michael abriu 27s e fez sua terceira parada de forma tranquila. Depois da corrida, com um ouvido surdo por que um dos seus protetores auriculares caiu do seu ouvido, David Coulthard diria que não acreditava como sua equipe havia perdido aquela vitória. Porém, a McLaren seria ainda mais penalizada quando o problema de Hakkinen só piorou no final da prova, com o finlandês caindo para sexto lugar, marcando um único ponto. Foi a quinta vitória de Schumacher na temporada e agora com sete pontos de desvantagem para Hakkinen no campeonato, o alemão novamente deslumbrava o tricampeonato, mas a forma como piloto naquele dia de verão de 1998 entrou para a história como um de suas melhores corridas na carreira.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Coulthard
3) Villeneuve
4) Hill
5) Frentzen
6) Hakkinen

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