quarta-feira, 9 de julho de 2014

Foi hepta

Desde a Copa do Mundo de 1998, no dia seguinte aos jogos, faço o meu Tabelão, inspirado na antiga revista Placar (digo antiga, por que a atual, mensal, está anos-luz atrás da época semanal). Digito todos os jogos, com local, juiz, quem levou cartão amarelo, quem fez os gols e a escalação com toda a numeração. Acabei de finalizar a ficha de Brasil 1 x 7 Alemanha.

Minha relação com a seleção brasileira, desde o tetra de 1994, é distante e até mesmo fria. Vibro muito mais e fico bem mais nervoso nos jogos do Ceará. Antes que me chamem de anti-patriota, pode perguntar a qualquer torcedor se eles preferem a glória do seu clube ou o título na Copa do Mundo. Porém, nunca torci contra o Brasil e nesta Copa, onde inclusive assisti quatro jogos no Castelão, torci um pouquinho acima do normal para esta seleção brasileira. Por isso, ainda estou atônito e chocado sobre o jogo de ontem. Procurar explicações sobre o que houve ontem é procurar uma agulha num palheiro. Foi simplesmente inacreditável o que foi visto ontem.

Pelo o que eu tinha visto da Alemanha contra a Gana no Castelão, sabia que os europeus eram favoritos. Mesmo com Neymar e Thiago Silva, a Alemanha era favorita. Sem eles, era ainda mais favorita, mas para quem me perguntava, falava que futebol é um esporte onde o mais fraco pode ganhar do mais forte, além da Alemanha ser freguesa de carteirinha do Brasil. Porém, perder da Alemanha, ainda mais sem suas maiores referência, era um resultado amplamente normal para o Brasil. Mas de sete? Não, isso é totalmente inacreditável e inexplicável.

Jogadores foram mal? Vários! Tô vendo esse endeusamento todo ao David Luiz, mas o erro que ele cometeu no primeiro gol da Alemanha foi inaceitável até num jogo da segunda divisão do Campeonato Cearense no estádio do Gogó da Ema em Quixadá. Imagine numa semifinal da Copa do Mundo! Fred foi péssimo? Foi. Mas eu vi o mesmo Fred jogar muita bola em outras oportunidades. Não adianta bradar que nenhum jogador desta seleção presta. Todos são bons jogadores, outros mais, outros menos. Sou fã do Felipão, mas a arrogância dele e de toda a comissão técnica, encobrindo o péssimo futebol do time nos cinco jogos anteriores, me fez perceber que vencer essa Copa do Mundo poderia ser até mesmo prejudicial, pois ganharíamos feio.

Muitos estão acusando a CBF de culpada de tudo isso. Concordo que seus arcaicos dirigentes merecem ser expurgados do esporte nacional, mas eles deram todas as condições para essa seleção. Reformaram a Granja Comary e deu carta branca para a sua comissão técnica. Mas Felipão, que mais uma vez digo ser fã, se iludiu pela Copa das Confederações, manteve jogadores no elenco mesmo em má fase em prol da propalada 'Família Scolari', não criou alternativas ao 'joga a bola no Neymar, que ele resolve' e manteve uma postura de auto-suficiência, pois jogamos em casa, de uma hora para outra venceríamos uma seleção como o da Alemanha, que jogou o fino da bola do goleiro ao ponta esquerda.

Enfim, vimos ontem um dia histórico numa Copa do Mundo histórica. 7x1 será um placar que marcará para sempre a seleção brasileira e a todos que presenciaram isso, ainda mais pelas circunstâncias (jogando em casa e numa semifinal). O futuro a médio prazo nos mostrará como esses jogadores irão ficar marcados por ontem, assim como aconteceu com a geração de 1950. O Mineirão, belo estádio que passei em frente enquanto era reformado, ficará para sempre marcado como o palco de um vexame histórico. Por fim, agora vejo que Pinilla deveria ter acertado o gol na prorrogação contra o Chile para não termos que ver o Brasil passar esse vexame histórico.

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