quinta-feira, 3 de julho de 2014

Menos um

Ontem a Caterham anunciou que está de dono novo, com seu antigo dono Tony Fernandes vendendo a equipe para um conglomerado de empresas vindas do Oriente Médio e da Suíça. Estranho esses conglomerados que não tem nome ou dono.

Fernandes caiu no conto de Max Mosley de uma F1 com motores-cliente baratos e um teto orçamentário que nunca saiu (e acho que nunca sairá) do papel. Lembrando daquele momento, final de 2009, a Brawn havia surpreendido o mundo quando conquistou o título de pilotos e construtores em sua única temporada na F1 com uma equipe formada às pressas e sem muita verba. Por isso havia quem dissesse que as equipes que Mosley colocou na F1 pudesse fazer o mesmo. Pura balela! Lotus, Campos e Virgin mudaram de nome, dono e a Campos (Hispania, HRT...) nem fez sua estreia na F1 com seu nome original. A única coisa que não mudou foi que essas equipes nunca saíram dos últimos lugares do grid, pegando o bastão passado pela simpática Minardi, sendo que essas três escuderias nunca chegaram perto de ter o carisma da Minardi.

De saco cheio, Fernandes tirou o time de campo para entrar em outro, o futebol, já que é dono do QPR. O que se sabe dos novos compradores é que Colin Kolles, notório quebrador de equipes, está de volta à F1 trazendo consigo o ex-piloto Christijan Albers, conhecido por ter saído de um pit-stop levando a mangueira de reabastecimento rebocado em seu Spyker em Magny-Cours no saudoso Grande Prêmio da França e ter sido chamado de 'palhaço' pela imprensa francesa. Muito pouco para tirar a Caterham, ou qualquer que seja o nome da equipe agora, do limbo que se encontra.

Porém, o que preocupa é a saúde financeira das equipes da F1. Ferrari, Mercedes, McLaren (Honda) e Red Bull (não sabia que se vendia tantas latinhas de energético. Eu mesmo nunca comprei uma...) parecem ser as únicas com as contas em dia e sem grandes atropelos financeiros à vista. A Lotus perdeu boa parte do seu staff técnico devido à falta de verba e ainda tem que aturar Pastor Maldonado devido aos dólares petrobolivarianos. Vira e mexe, vemos notícias de que a Force India não anda bem das pernas, enquanto a Sauber passou maus bocados em 2013 por problemas financeiros e ninguém sabe ao certo se foram resolvidos. Mesmo marcando pontos pela primeira vez nesse ano, poucos sabem que a montadora Marussia faliu e só Deus sabe como a equipe homônima se sustenta na F1. A Williams vai se garantindo pela tradição.

Com isso, cresce a pressão para que um terceiro carro seja inscrito pelas equipes grandes. O que na minha visão seria uma ótima ideia. Dentro do seu humor ácido, Bernie Ecclestone matou a charada quando disse preferir ver uma terceira Ferrari no grid ao invés de uma Caterham. Seria uma ótima maneira de inserir jovens pilotos na F1, algo complicado com testes tão restritos, além de que teríamos bem mais carros competitivos no grid. Isso seria contra a tradição da F1? Bom, a BRM utilizava de quatro a cinco carros por corrida nos dourados anos 70 e ninguém reclamava muito...

O certo é que a F1 tem de mudar e está tentando mudar. Não tenho ainda uma opinião formada sobre a pontuação dobrada na última corrida do ano. Em outras categorias está dando certo. À conferir. Apesar da saída de outras equipes devido a problemas financeiros poder ser algo bem presente nos próximos meses, talvez seja a senha para uma F1 com mais carros de equipes grandes. Contudo, a F1 precisa se reinventar para que num futuro muito próximo tenhamos apenas quatro equipes no grid e nem com quatro carros por equipe, seria o suficiente para encher o grid.   

Um comentário:

Ron Groo disse...

E Kellin Kolles está de volta à categoria.
Este cidadão não me cheira bem.