quinta-feira, 24 de setembro de 2009

História: 20 anos do Grande Prêmio de Portugal de 1989


A F1 chegava no quarto final da temporada de 1989 com o campeonato praticamente nas mãos de Alain Prost. Após sua vitória em Monza, beneficiado pelo abandono de Senna, o francês tinha a faca e queijo francês na mão, com uma importante vantagem de vinte pontos sobre o rival e desafeto, que sofreu o ano inteiro com algumas vitórias e alguns abandonos. Porém, Prost não estava satisfeito. O francês havia anunciado que iria para a Ferrari em 1990 e sabia que a Honda e seus técnicos praticamente veneravam Senna, portanto, Prost passou a duvidar da honestidade da McLaren e, principalmente, da Honda. Os japoneses ficaram ultrajados com a acusação e passaram a sortear os motores dos seus pilotos, para dissipar dúvidas. A guerra era aberta!

A Ferrari tinha mostrado algum potencial em pistas travadas, como mostra a vitória de Mansell em Hungaroring, e a equipe de Maranello estava próxima da McLaren no grid. Mas não de Senna. Usando a sua famosa volta de classificação, o brasileiro conseguiu uma espetacular pole-position, deixando seus rivais a mais de meio segundo atrás dele e para melhorar suas esperanças no campeonato, Prost era apenas quarto.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:15.468
2) Berger (Ferrari) - 1:16.059
3) Mansell (Ferrari) - 1:16.193
4) Prost (McLaren) - 1:16.204
5) Martini (Minardi) - 1:16.938
6) Patrese (Williams) - 1:17.281
7) Caffi (Dallara) - 1:17.661
8) Boutsen (Williams) - 1:17.801
9) Perez-Sala (Minardi) - 1:17.844
10) Brundle (Brabham) - 1:17.874

O dia 24 de setembro de 1989 estava perfeito para uma corrida de F1 e a expectativa era de uma disputa particular entre os dois pilotos da McLaren, mas nem tudo acontecia como esperado. A Ferrari mostrava suas intenções logo na largada, com Berger conseguindo ultrapassar Senna e assumir a liderança da prova portuguesa, com Mansell e Prost ficando logo atrás. O quarteto se despregava do surpreendente quinto colocado Pierluigi Martini, em sua Minardi, mas com os ótimos pneus Pirelli.

A Ferrari demonstrava um ritmo de corrida muito forte e não demorou para Mansell começar a atacar Senna, enquanto o brasileiro via Berger se distanciar à sua frente. Na oitava volta, o inglês conseguiu a ultrapassagem no final da reta, com Senna não querendo muita briga. A cabeça do brasileiro estava em Prost, num discreto 4º lugar. Mansell sempre andava bem no circuito do Estoril, mas a sorte nunca lhe foi muito agradável na bela pista lusitana, com vitórias intercaladas com tristes abandonos. Mansell começou a se aproximar de Berger e na 24º volta, o inglês se aproveitou de uma pequena hesitação de Berger com dois retardatários no início da reta dos boxes e não apenas ultrapassou o companheiro de equipe, como também deixou os dois retardatários para trás numa manobra emocionante.

A corrida tinha a previsão de apenas uma parada e os pilotos começaram a visitar seus boxes logo após a metade da prova. O líder Mansell deixou para fazer sua parada por último com relação aos seus rivais e o fez na volta 39. Como não existia limite de velocidade, Nigel entra nos pits a toda velocidade. Talvez um pouco demais... Mansell erra a freada e para não atingir os mecânicos, ele passa reto. Provavelmente sabendo do regulamento, o chefe dos mecânicos pede a Mansell para que ele dê outra volta, mas Mansell desobedece e engata uma marcha ré dentro dos boxes, para desespero do chefe de mecânicos. Os pneus são trocados e Mansell volta à pista em quarto, deixando a liderança para Martini, que fazia a nanica Minardi liderar uma corrida pela primeira vez na história. Mansell estava irritado e partiu para cima do terceiro colocado Senna, mas, como diz Arnaldo César Coelho, a regra é clara: bandeira preta e desclassificação para quem engatar a marcha ré dentro dos pits. Dias depois, Mansell diz que não tinha visto a bandeira preta que lhe era mostrada continuamente e por isso partiu para cima de Senna. Muito provavelmente, o brasileiro também havia visto a bandeira preta e, ao contrário do que fez no início da corrida, não aliviou. O resultado foi uma das mais famosas trombadas da história da F1, colocando os dois pilotos para fora da corrida.

Senna estava arrasado, ficando em pé ao lado do guard-rail, ainda com o capacete colocado e claramente pensando na vida. Nos boxes, Ron Dennis vai aos boxes da Ferrari tirar satisfação com Cesare Fiori, chefe de equipe ferrarista. Mansell chega com cara de bobão aos boxes, mas ele acabaria suspenso por uma corrida pela presepada e ainda seria multado. Para Senna, o prejuízo era ainda maior, com a quase certeza da perda do título. Para todos, havia o sentimento de culpa para ambos, pois nem Mansell aliviou sabendo que estava (ou poderia estar) desclassificado e muito menos Senna fez o mesmo.

Lá na frente, Berger nem esperou Martini fazer sua parada de boxe para reassumir a liderança da prova. O austríaco tinha feito uma temporada terrível, cheio de abandonos e acidentes, mas essa vitória prova que ele ainda tinha muito o que mostrar na temporada em questão, mas o destino não quis assim. Prost, quietinho, quietinho, chegou em segundo e praticamente pôs a mão na taça e a matemática do título só não perfeita para o piloto da McLaren por causa dos descartes, que ainda colocava Senna com chances, mesmo bastante pequenas. Infelizmente Martini tem problemas após seu momento de júbilo, mas o terceiro degrau do pódio seria extremamente surpreendente. A estreante Onyx havia demitido Bertrand Gachot antes da corrida no Estoril porque o belga tinha criticado duramente a equipe pela imprensa. Demonstrando que Gachot estava errado, a equipe pôs o veterano Stefan Johansson no pódio, o primeiro do sueco em dois anos. Prost iria com ótimas chances para as três corridas finais, mas o título ainda não estava definido.

Chegada:
1) Berger
2) Prost
3) Johansson
4) Nannini
5) Martini
6) Palmer

2 comentários:

Arthur Simões disse...

Essa foi a maior corrida de toda a história da F1!(tá bom.claro que não foi,só falo isso por causa do Martini hehehehe)Mas que foi uma corridaça foi.
Acho que a pena para o Mansell foi pequena.Que isso?!?!O cara bateu no rival após ser desclassificado(!!!).

Uma pena a Minardi ter perdido rendimento após o pit...

Valeu JC!!

Anônimo disse...

Senna não tivesse "discutido" com Mansell a posição, o piloto da McLaren levaria 6 pontos importantíssimo, já que na prova anterior (Monza, Itália), ele também não pontuou.