quarta-feira, 9 de setembro de 2009

História: 30 anos do Grande Prêmio da Itália de 1979


Na última corrida européia da temporada 1979 da F1, Jody Scheckter tinha a faca e o queijo na mão. Só bastava uma vitória para que o sul-africano se sagrasse Campeão Mundial de F1, após anos em que perseguiu de forma tenaz o seu sonho. Chamado de Troglodita pela imprensa italiana pelo excesso de ímpeto no começo da carreira, Scheckter domou toda a sua enorme velocidade e os acidentes, tão comuns no ínicio de sua passagem pela F1, se tornaram mais raros e Jody passou a ser um piloto mais cerebral e constante, mas nunca perdendo a velocidade que sempre lhe foi característico. Esse amadurecimento, aos 29 anos de idade, estava claro nessa sua primeira temporada na Ferrari. Enquanto Ligier, Renault e Williams dominaram algumas partes do campeonato, Scheckter corria para garantir o maior número possível de pontos, enquanto conseguia vitória quando estas eram possíveis. Como seu companheiro de equipe Gilles Villeneuve ainda tinha o ímpeto de Scheckter no início de carreira, o sul-africano chegou a Monza com uma vantagem confortável.

Com o sistema de descartes praticamente tirando Alan Jones, o piloto do momento, da disputa pelo título, somente dois pilotos ainda tinham chances de tirar o campeonato de Scheckter. Laffite ainda vivia do ótimo momento vivido pela Ligier no início do ano, mas o declínio da equipe fez com que o francês não tivesse mais ritmo para acompanhar seus adversários mais fortes. Villeneuve era companheiro de Scheckter, além de grande amigo, e fatalmente não atacaria seu vizinho de box. Correndo em Monza, lar espiritual da Ferrari, Jody Scheckter tinha tudo para sair campeão na tarde de domingo. Nas longas retas de Monza, os motores turbo da Renault renderam de forma excepcional, colocando seus dois pilotos na primeira fila. Scheckter começava a garantir uma ótima posição na corrida ao ficar à frente dos seus maiores rivais ao título.

Grid:
1) Jabouille (Renault) - 1:34.580
2) Arnoux (Renault) - 1:34.704
3) Scheckter (Ferrari) - 1:34.830
4) Jones (Williams) - 1:34.914
5) Villeneuve (Ferrari) - 1:34.989
6) Regazzoni (Williams) - 1:35.333
7) Laffite (Ligier) - 1:35.443
8) Piquet (Brabham) - 1:35.587
9) Lauda (Brabham) - 1:36.219
10) Andretti (Lotus) - 1:36.655

O dia 9 de setembro de 1979 estava claro e sol típico de outono na Itália criava um cllima todo especial para o tradicional Grande Prêmio da Itália, em Monza. Os motores turbo da Renault garantiam um ótimo rendimento durante os treinos, principalmente em pistas com longas retas, como era o caso de Monza, mas havia uma desvantagem que era por demais cruel aos seus pilotos: o retardo nas largadas. Várias e várias vezes, um ótimo treino da Renault é estragado com uma péssima largada e foi exatamente assim o que aconteceu em Monza. As duas Renault largaram pessimamemte e quem se aproveitou de tudo isso foi Scheckter, que veio pelo lado esquerdo e papou os dois carros amarelos. Se aproveitando da brecha aberta pelo companheiro de equipe, Villeneuve fez outra largada espetacular e pulou para terceira ainda antes da primeira curva, com Arnoux ainda se mantendo na mesma posição, enquanto o pole Jabouille caía para sexto, que logo viraria quinto quando o francês ultrapassa Jones.

Na definição pelo título, Monza provava que Scheckter não levaria o título com muita facilidade e Arnoux usa o seu turbo para ultrapassar o sul-africano na reta dos boxes, assumindo a ponta na abertura da segunda volta. Somado a isso, Laffite também tinha largado muito bem e estava colado em Villeneuve. Os maiores rivais do ferrarista estavam logo atrás de si. Nessa mesma volta, Nelson Piquet batia muito forte entre as curvas de Lesmo e abandonava a corrida, mas apesar do forte impacto, o carioca estava bem. Fittipaldi faria uma corrida interessante, chegando a acompanhar os líderes quando levou uma volta, mas não marcaria pontos novamente. Os cinco primeiros (Arnoux, Scheckter, Villeneuve, Laffite e Jabouille) andavam colados entre si, mas não havia mudanças de posição nas primeiras voltas. As mudanças ocorreriam de outra forma. Na décima segunda volta, Arnoux diminui a velocidade e abandona com problemas de ignição, entregando a liderança para Scheckter, que com esse resultado, garantia o título com duas provas de antecipação.

Villeneuve andava muito próximo do seu companheiro de equipe, mas em nemhum momento atacou Scheckter. Na verdade, o canadense parecia mais preocupado em segurar Laffite atrás de si. A pressão sobre os líderes diminuíam na medida em que Jabouille, com seu potente motor turbo, ia aos boxes na volta 24 com problemas no motor, mas só abandonaria mais tarde. Isso deixava a briga inteiramente restrito aos postulantes ao título. Mostrando muita força de vontade, Laffite superava a deficiência do motor Cosworth ante a potência dos motores V12 da Ferrari. Talvez o francês tenho forçado demais e faltando menos de dez voltas para o final, Laffite tem o seu motor estourado e deixava a dupla da Ferrari, que continuava andando colada, livres rumo a vitória.

Scheckter recebeu a bandeirada meio segundo à frente de Villeneuve e se sagrou Campeão Mundial de F1. Essa alegria ferrarista, que, claro, invadiu a pista de Monza para saudar o seus ídolos Scheckter e Villeneuve, seria o início de um período negro da equipe italiana, que só voltaria a vencer o Mundial de Pilotos 21 anos depois, com o início da era Schumacher. Scheckter confirmava tudo o que se esperava dele quando entrou na F1 de forma atrapalhada, mas que criou juízo nas últimas temporadas, culminando com o sonhado título. Para Villeneuve, ficou uma promessa. Ainda no grid para o Grande Prêmio da Itália, Enzo Ferrari em pessoa foi falar com o canadense, com quem tinha uma relação de pai para filho. Conhecendo o estilo selvagem de Gilles, Ferrari tinha medo de algum acidente acabar com a festa que tinha sido formada em Monza. De forma paternal, Enzo falou baixinho a Villeneuve. "Gilles, esse título é de Scheckter. Você ainda é muito jovem. O próximo título será seu." Infelizmente, o destino não quiz assim.

Chegada:
1) Scheckter
2) Villeneuve
3) Regazzoni
4) Lauda
5) Andretti
6) Jarier

2 comentários:

De Gennaro Motors disse...

Monza é um dos circuitos preferidos meu ! ano que vem quero ir la assistir uma F1...ano passado meu irmão foi e gostou muito!

Sidney Andreato disse...

Scheckter mereceu!

Não era tão rápido quanto Gilles, mas tinha muito mais cabeça.