quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

História: 35 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1976


A Formula 1 iniciava a temporada de 1976 com várias novidades. Boas e ruins. A principal era a saída do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi para a equipe de sua família, numa tentativa de levar o carro brasileiro rumo ao estrelato, desafiando as equipes estrangeiras. O primeiro contato de Emerson com o Copersucar foi em Paul Ricard e o brasileiro encontrou vários problemas estruturais, tanto do carro, como também da equipe, nova e cheio de problemas de noviciado. Porém, os testes realizados em Interlagos em Dezembro de 1975 tinham sido bem promissores. Assim como era promissor a equipe Hill, dizimada em um acidente de avião em novembro de 1975, matando o lendário Graham Hill e a revelação da temporada anterior, Tony Brise. Sem Emerson Fittipaldi, que saiu de forma conturbada, a McLaren trouxe James Hunt da Hesketh, que foi absorvida pela parceria entre Frank Williams e Walter Wolf, pois Lord Hesketh simplesmente não tinha mais dinheiro. A Ligier estreava utilizando os espólios da antiga Matra e trazendo o promissor (mas não jovem) Jacques Laffite.

A expectativa em Interlagos era acerca da performance de Emerson no Copersucar. Taxado de louco por muitos, o brasileiro deu uma ponta de esperança aos compatriotas com uma atuação impressionante com o modelo FD-02 nos treinos, colocando o carro na quinta posição e sempre andando no pelotão dianteiro. Porém, a surpresa maior foi ver James Hunt estrear muito bem pela McLaren e conquistar a sua primeira pole position na F1, superando a Ferrari do atual campeão Niki Lauda. Tentando repetir a incrível performance do ano anterior, Jean Pierre Jarier pôs seu Shadow negro (e sem patrocínios...) em 3º, à frente de Regazzoni. Brabham e Lotus decepcionaram amargamente nesse início de temporada, com posições apenas intermediárias para seus reconhecidamente bons pilotos.

Grid:
1) Hunt (McLaren) - 2:32.50
2) Lauda (Ferrari) - 2:32.52
3) Jarier (Shadow) - 2:32.66
4) Regazzoni (Ferrari) - 2:33.17
5) Fittipaldi (Copersucar) - 2:33.33
6) Mass (McLaren) - 2:33.59
7) Brambilla (March) - 2:33.63
8) Watson (Penske) - 2:33.87
9) Depailler (Tyrrell) - 2:34.49
10) Pace (Brabham) - 2:34.54

O dia 25 de janeiro de 1976 amanheceu com sol forte em São Paulo, no dia de mais um aniversário da metrópole. A largada seria dada por sinais luminosos, que aos poucos substituíam a tradicional e antiquada bandeirada de largada. Talvez mal acostumado com a novidade tecnológica, os protagonistas da primeira fila largaram mal e quem se aproveitou disso foi Regazzoni, que pulou para primeiro na famosa Curva 1, enquanto Lauda também ultrapassava Hunt. Jarier não larga tão bem e Fittipaldi faz o autódromo de Interlagos vibrar ao pular para 4º, mas ao contornar a Curva 1, a corrida do brasileiro estava acabada. Um problema na bomba de combustível fazia com que a alimentação do Copersucar cortasse nas curvas para a esquerda, fazendo com que Emerson ficasse extremamente lento nas Curvas 1, 2 e da Ferradura. Fittipaldi cruzaria a primeira volta em 8º, perdendo muito tempo nos boxes mais tarde tentando consertar o seu problema e terminaria a corrida apenas em 13º, três voltas atrás do vencedor. "O carro é bom. E muito, podem acreditar", foram as palavras de Emerson Fittipaldi após a corrida. Palavras que não seriam nada proféticas...

As duas Ferraris começavam a disparar na frente, enquanto Hunt fazia de tudo para se aproximar dos carros italianos. Brambilla, que havia feito uma ótima largada, segurava Jarier na briga pela 4º colocação, enquanto mais atrás, as duas Lotus de Mario Andretti e Ronnie Peterson se degladiavam pela honrosa... 18º colocação! O novo Lotus 77 se revelava um fracasso retumbante no seu início de desenvolvimento e Colin Chapman ameaçou abandonar a F1 se não vencesse em 1976. Para piorar as coisas para o chefe de equipe, Peterson fechou Andretti no Bico de Pato, quebrando a suspensão dianteira do americano. Sendo que o próprio sueco abandonaria logo depois. Na briga pela 6º colocação, Mass toca na traseira da Shadow de Tom Pryce e tem que ir aos boxes no final da segunda volta, iniciando uma boa corrida de recuperação que o colocaria nos pontos. Regazzoni nunca engoliu muito ter sido superado Lauda em 1975 e por isso nem pensa em fazer jogo de equipe, segurando o companheiro de equipe mais veloz, permitindo a aproximação de Hunt e de Jarier, que havia ultrapassado Brambilla na quarta volta.

Os quatro primeiros andavam colados, com a Ferrari levando clara vantagem nas retas, mas Regazzoni só se segurou até a oitava volta, quando foi ultrapassado por Lauda no final de Retão. Com seu jeito agressivo, o suíço não aliviou em nada para Hunt e Jarier, permitindo que Lauda abrisse 6s de vantagem apenas na primeira volta em que liderou a prova brasileira! A dupla de perseguidores só não perdeu mais tempo porque na volta seguinte Regazzoni teve um pneu furado na Curva do Lago e lentamente foi aos boxes. Não antes que Hunt e Jarier, irritados por terem sido segurados por tanto tempo, terem batido rodas com a Ferrari!

Com Lauda bem distanciado na ponta, o destaque da corrida passou a ser a briga pelo 2º lugar entre Hunt e Jarier, que foi praticamente decidida na 26º volta, quando o motor Ford Cosworth de Hunt passou a funcionar com sete cilindros e por isso o inglês foi ultrapassado na curva do Lago. Sem a presença incômoda do piloto da McLaren, Jarier aumentou seu ritmo e chegava a tirar 1s por volta de Lauda, cuja a Ferrari já não tinha o mesmo rendimento. Perdendo rendimento a cada momento, Hunt tentou tirar leite de pedra de sua McLaren e o resultado se viu na 32º volta, quando saiu forte na Curva do Sol e finalmente seu motor estourou, espalhando óleo no local. Isso seria decisivo para o resultado da corrida. Na volta seguinte, menos de 2s atrás de Lauda, Jarier não viu a mancha de óleo e perdeu o controle do seu Shadow, destruindo seus sonhos de conseguir a sua primeira vitória na F1. Sem nenhum outro piloto por perto, Lauda conseguiu uma bela vitória, iniciando muito bem sua caminhada rumo ao bicampeonato. Se aproveitando dos abandonos e problemas à frente, Depailler e Pryce completaram o pódio. Emerson tinha provado que sua ida para a Copersucar não era tão louca assim naquele momento, enquanto a McLaren tentava manter o ritmo com Hunt, mas estava claro que Niki Lauda e sua Ferrari era o piloto a ser batido!

Chegada:
1) Lauda
2) Depailler
3) Pryce
4) Stuck
5) Scheckter
6) Mass

2 comentários:

Pedro disse...

Olá, vc escreveu tudo errado, provavelmente por deconhecimento ou patriotismo mas o modelo utilizado em Interlagos foi o FD04 e nunca teve nenhum problema de combustivel, isso aconteceu muito antes com o FD01.

Leia o resto aqui:

http://www.dana.com.br/social/nossos_projetos.asp?idTag=1061&idProjeto=1130

O problema de combustivel aconteceu com o FD01, leia aqui também:

http://www.dana.com.br/social/nossos_projetos.asp?idTag=1061&idProjeto=1117

É melhor rever as suas fontes porque assim engana o povo de uma forma patriótica e sem sentido de história, dizer que um piloto perdeu uma corrida por causa da curva 1,2,3 é demais até para um Português que nunca teve nenhum piloto que se pudesse orgulhar, cuidado e melhores pesquisas.

Vou ficar de olho em vc, não erra..........


Um abraço.

Pedro Costa

Portugal

João Carlos Viana disse...

Olá Pedro

Quem falou que perdeu a corrida na primeira curva foi... Emerson Fittipaldi em pessoa! Sugiro você olhar a edição de Fevereiro de 1976 da revista Quatro Rodas, no site da própria revista. Quanto ao modelo, realmente errei.

Abraços!