quarta-feira, 30 de julho de 2014

História: 25 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1989

Ayrton Senna ia para Hockenheim naquele final de julho de 1989 necessitando urgentemente de uma vitória, se o brasileiro quisesse manter seu título de campeão mundial de F1. Após quatro abandonos seguidos, Senna via seu companheiro (?) de equipe e arquirrival Alain Prost exatos vinte pontos à sua frente no campeonato e no meio de uma ferrenha guerra interna dentro da McLaren. A sorte de Ron Dennis era que novamente a McLaren-Honda via todas as demais equipes de binóculo, isso incluía a tradicional Lotus. A equipe fundada por Colin Chapman passava pela sua pior crise na história e por isso Peter Warr, um dos membros mais conhecidos da equipe e líder da Lotus desde a morte de Chapman, foi afastado do time. Isso seria praticamente o início do fim da Lotus como conhecemos.

Como sempre e a F1 já estava mais do que acostumada a essa visão, Ayrton Senna ficou com a pole 1s à frente de Prost, que mesmo rápido em classificações, parecia já conformado em ver seu rival ficar em primeiro lugar no grid. Atrás da McLaren, vinha a dupla da Ferrari, com Mansell à frente de Berger, e a dupla da Williams, com Patrese superando Boutsen. Esse grid era praticamente um resumo da temporada 1989 da F1, com a McLaren um degrau acima, com Ferrari e Williams logo atrás, e então vinha o resto, normalmente com a Benetton de Nannini liderando esse terceiro pelotão.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:42.300
2) Prost (McLaren) - 1:43.306
3) Mansell (Ferrari) - 1:44.020
4) Berger (Ferrari) - 1:44.467
5) Patrese (Williams) - 1:44.511
6) Boutsen (Williams) - 1:44.702
7) Nannini (Benetton) - 1:45.033
8) Piquet (Lotus) - 1:45.475
9) Pirro (Benetton) - 1:45.845
10) Alesi (Tyrrell) - 1:46.888

O dia 30 de julho de 1989 estava nublado em Hockenheim, mas sem risco de chuva e a corrida seria realizada toda com pista seca, para alívio dos pilotos, que sofreram para se manter na pista úmida em 1988. Gerhard Berger havia anunciado que estaria indo para a McLaren em 1990 no lugar de Prost, mas o austríaco ainda não tinha completado uma única corrida em 1989 e por isso queria sair da Ferrari pela porta da frente. Na luz verde, Berger fez uma largada sensacional, se meteu entre os dois carros da McLaren, e apontou na primeira curva na frente, para surpresa do seu futuro companheiro de equipe Senna. Para alívio do boxe da McLaren, Berger não produziu nenhum prejuízo para a sua futura equipe...  

Porém, a superioridade da McLaren-Honda foi demonstrada já na primeira volta deste Grande Prêmio da Alemanha, quando Senna e Prost ultrapassaram Berger com extrema facilidade, quando ambos encontraram o austríaco numa das enormes retas de Hockenheim. Sem adversários, Senna e Prost dispararam na frente, enquanto os demais disputavam a posição de melhor do resto. A batalha entre os dois pilotos da McLaren endurecia a cada dia e cada um lutava para suplantar o outro, não importando de qual forma. Os dois andaram juntos a corrida inteira, mas sem nenhum ataque mais forte de Prost naquele começo de prova. Mais atrás, Berger continuava sua temporada de azar quando um pneu traseiro se esvaziou bem no momento em que o austríaco se aproximava de uma freada, ainda na volta 13. Berger passou reto de forma espetacular numa chicane, bem à frente de Mansell, e com o bico de sua Ferrari avariado e com outro enorme susto, Berger estava fora da prova.

Na medida em que a metade da corrida se aproximava, os pit-stops necessários eram preparados, principalmente pela McLaren, já que sem um ataque de Prost, a corrida poderia ser decidida nos boxes. De forma surpreendente, Prost entrou nos boxes ainda na volta 18. Com vários anos de experiência e acostumada a fazer pit-stops decisivos, era esperado que a McLaren liberasse Prost rapidamente, mas o francês não apertou no freio o suficiente e as rodas traseiras ainda giravam no ar, impedindo que os pneus traseiros fossem trocados, atrasando decisivamente Prost nos boxes. O francês voltou à pista em quarto, mas com as paradas dos demais, logo Prost estava em segundo. Sabendo que seu rival estava com pneus novos, Senna não demorou a fazer seu pit-stop. Novamente era esperado que a McLaren se redimisse da errática parada de Prost, mas o que se viu foi uma parada ainda mais desastrada, com o carro de Senna sendo levantado duas vezes, quando um mecânico identificou um problema na roda traseira direita. E visualmente não encontrado... Dentro do carro, Senna fazia movimentos ríspidas, quase que tendo um chilique. Mais atrasado ainda, Senna voltou à pista em segundo, logo atrás de Prost e com praticamente metade da prova por completar.

Enquanto isso, Mansell corria isolado em terceiro e Emanuelle Pirro fazia sua melhor corrida na F1 e estava em quarto, quando o italiano errou sozinho na entrada do Motodrom (Estádio) e saiu reto na direção de isopores gigantes. Inicialmente colocados para diminuir a velocidade dos carros sem machucar o piloto, o efeito foi o contrário e o italiano demorou a sair do carro, sofrendo uma pequena concussão pelo choque que levou dos isopores, que destruiu seu Benetton. Quem assumia o quarto lugar era Patrese, seguido por Piquet e Warwick. Lá na frente, havia uma forte tensão no ar, com uma briga fortíssima iminente entre Prost e Senna. A corrida foi chegando ao seu final e todos esperavam por um ataque de Senna, apesar de que, após quatro abandonos, o brasileiro sabia que ele não podia arriscar outro abandono. Porém, num grande anti-clímax, Prost praticamente encostou seu carro faltando três voltas para o fim e deixou Senna passar. A sexta marcha da McLaren de Prost havia quebrado, justamente na pista onde essa marcha é a mais importante, e o francês acabou na mão. Contudo, tamanho era o domínio da McLaren, que Prost ainda chegou em segundo com mais de um minuto de vantagem sobre Mansell! Senna fazia as pazes com a vitória, mas o brasileiro não parecia muito feliz no pódio. Ele havia sofrido com alguns azares ao longo da temporada e praticamente todos eles foram capitalizados 100% por Prost. Quando foi a vez de Prost ter azar, ele ainda foi capaz de cruzar a linha de chegada em segundo, perdendo apenas três pontos de sua confortável vantagem. Senna teve sorte desta vez, mesmo que pequena, mas ainda teria muito o que batalhar em 1989.

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Mansell
4) Patrese
5) Piquet
6) Warwick

2 comentários:

Vinicius disse...

Naquele fim de semana,o empresário de Senna(Armando Botelho) tinha morrido,o que fez com que Senna não tivesse comemorado nada no pódio.

João Carlos Viana disse...

Mas ele só soube da morte depois da corrida...