sexta-feira, 12 de setembro de 2008

História: 20 anos do Grande Prêmio da Itália


A F1 estava de luto quando chegou a Monza na primeira metade de setembro. Enzo Ferrari, que tinha ajudado a própria F1 em diferentes épocas, morreu aos 90 anos de idade. A Ferrari perdia seu carismático fundador e por coinscidência, correria pela primeira vez após a morte de Enzo no mítico circuito de Monza, para o Grande Prêmio da Itália. Porém, nem tudo eram flores para Monza, pois o circuito sofria a ameaça de ser posta para fora do calendário da F1 por causa de sua grande velocidade.

Como esperado, a McLaren comandou as ações e Ayrton Senna conquistava a décima pole na temporada, com Prost completando a primeira fila. O francês começava a ver a vaca indo para o brejo, pois Senna o batia constantemente na Classificação e nas corridas, o brasileiro já começava a sobrepor Prost. O único consolo para a Ferrari era colocar seus dois pilotos na segunda fila, mas, ao contrário do que normalemente aconteceu em 1988, os carros vermelhos ficaram relativamente próximos da McLaren. Um fator aparentemente insignificante faria uma enorme diferença no domingo. Nigel Mansell estava com sarampo e não pôde participar do Grande Prêmio da Bélgica e não estaria pronto para correr em Monza. Em Spa, Martin Brundle substituiu Nigel na Williams, mas como Brundle tinha um contrato com a Jaguar no Mundial de Esporte-Protótipo, a Williams teve que recorrer ao seu piloto de teste, o até então inexpressivo Jean-Louis Schlesser. Mostrando estar fora de ritmo, o francês foi apenas vigésimo segundo no grid.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:25.974
2) Prost (McLaren) - 1:26.2
3) Berger (Ferrari) - 1:26.654
4) Alboreto (Ferrari) - 1:26.988
5) Cheever (Arrows) - 1:27.660
6) Warwick (Arrows) - 1:27.815
7) Piquet (Lotus) - 1:28.044
8) Boutsen (Benetton) - 1:28.870
9) Nannini (Benetton) - 1:28.958
10) Patrese (Williams) - 1:29.435

O dia 11 de setembro de 1988 amanheceu com bastante sol, num clima típico para o Grande Prêmio italiano. Não faltaram homenagens no domingo a Enzo Ferrari e Ronnie Peterson, morto dez anos antes em Monza. Mesmo sabendo que a Ferrari dificilmente bateria a McLaren em condições normais, os tifosi encheram Monza na esperança de um milagre em nome de Comendatore. Na largada, os ponteiros permanecem nas mesma posições, com Senna sendo perseguido por Prost e as Ferraris.

A corrida era extremamente chata, sem nenhuma troca de posições. Senna se afastava de Prost, que se afastava das duas Ferraris, que se afastava das duas Arrows de Cheever e Warwick. A corrida parecia ser concentrada em três duplas na frente e parecia que a corrida terminaria assim. Então, o espírito de Enzo Ferrari começou a baixar em Monza. O motor Honda era, disparado, o melhor da F1, pois além de extremamente potente, simplesmente não quebrava. Pois na volta 34 Prost começou a diminuir, diminuir... até ir para os boxes com... o motor quebrado! Será que era o início do milagre?

Faltava bater o mais difícil dos adversários naquele momento, que era a imbatível McLaren de Ayrton Senna. Timidamente, as duas Ferraris começaram a se aproximar do brasileiro, mas poucos podiam acreditar numa briga mais forte. Senna estava mais preocupado em colocar voltas nos retardatários e administrava a corrida a seu bel-prazer. Se uma Ferrari se aproximasse demais, era só forçar três voltas e ponto final. Mas havia um problema. Até então, Senna nunca tinha se dado muito bem em Monza e em 1987 perdeu a vitória nas últimas voltas ao passar reto na curva Parabólica. Essa era a grande chance, pensou Senna! Porém...

Schlesser vinha fazendo uma prova pra lá de discreta e nem aparecia na TV. Na abertura da antepenúltima volta, o piloto da Williams vê a McLaren de Senna em seu retrovisor para colocar a segunda volta nele. Era o final da reta dos boxes e Senna usou a potência do seu motor Honda turbo para se aproximar de Schlesser ainda na Chicane. Em décimo primeiro na corrida, o francês tentou dar todo o espaço possível, mas Senna ainda tinha aquele impetuosidade que chegava a parecer de um piloto de F-Ford. Schlesser chegou a colocar o seu carro na terra, mas Senna pensou que a manobra já estava completa e fez a segunda perna da chicane normalmente e atingiu a Williams de Schlesser, quebrando a suspensão traseira direita na hora e ainda ficando equilibrado em cima da alta zebra. O milagre estava consumado!

Os tifosi foram a loucura! Quando Berger viu Senna com sua McLaren em cima de uma zebra e abandonando, ele não deve ter acreditado. Para melhorar ainda mais, Alboreto vinha logo atrás e como homenageando a memória de Enzo Ferrari, a escuderia de Maranello conseguiu uma inesquecível dobradinha! Monza viveu momentos mágicos e Alboreto vivia seus últimos momentos como piloto da Ferrari, já que estava praticamente fora da equipe para 1989. Berger comemorava sua terceira vitória pela Ferrari e Cheever completava o pódio, 25 anos depois de ter assistido sua primeira corrida de automovéis em Monza. Foi um pódio especial e um milagre tinha contecido na F1, com a benção de Enzo Ferrari.

Chegada:
1) Berger
2) Alboreto
3) Cheever
4) Warwick
5) Capelli
6) Boutsen

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