O funil de um dos grandes campeonatos da história da F1 ficava cada vez mais estreito. Quatro pilotos ainda lutavam pelo título, mas os pilotos da Ferrari, Arnoux e Tambay, ficavam mais para trás. A disputa se aglutinava cada vez mais em Nelson Piquet e Alain Prost. O francês tinha liderado praticamente todo o Mundial, mas Piquet vinha numa fase muito boa, inclusive com uma boa vitória na última etapa em Monza. O mercado de pilotos pegava fogo e neste final de semana foi anunciado a saída de Tambay da Ferrari, sendo substituído pela grande esperança italiana Michele Alboreto. Eddie Cheever também estava de saída da Renault e tudo indicava que o americano seria substituído por Tambay.
Inicialmente, a penúltima etapa do ano seria realizada nas ruas de Nova Iorque, mas com o cancelamento da prova, a corrida foi trasferida para uma velha conhecida do circo da F1: Brands Hatch. Desde que a Lotus passou a utilizar os motores turbo da Renault, a equipe só fez crescer e no final do ano, em meio a luta entre Brabham, Renault e Ferrari, Elio de Angelis conseguiu sua primeira pole na F1 e corroborando com a boa fase da Lotus, Nigel Mansell largaria em terceiro. Brabham e Renault trariam novas asas traseiras muito parecidas com as que a Ferrari usou o ano inteiro e quem se adaptou melhor foi a equipe inglesa, com Patrese e Piquet completando as duas primeiras filas. As filas seguintes seriam dominadas por Ferrari e Renault, enquanto a McLaren colocava seus motores TAG-turbo entre os dez primeiros e a Williams ainda esperaria mais um pouco para utilizar o motor Honda turbo.
Grid:
1) De Angelis (Lotus) - 1:12.092
2) Patrese (Brabham) - 1:12.458
3) Mansell (Lotus) - 1:12.623
4) Piquet (Brabham) - 1:12.724
5) Arnoux (Ferrari) - 1:13.113
6) Tambay (Ferrari) - 1:13.157
7) Cheever (Renault) - 1:13.253
8) Prost (Renault) - 1:13.342
9) Winkelhock (ATS) - 1:13.679
10) Watson (McLaren) - 1:13.783
O dia 25 de setembro de 1983 estava ensolarado e claro. Perfeito para uma corrida de F1. A largada em Brands Hatch era sempre difícil por causa da famosa Paddock Bend, mas desta vez a primeira volta transcorreu sem grandes incidentes. Patrese larga melhor do que seu compatriota e deixa De Angelis para trás. Mansell e Piquet permaneceram nas mesmas posições, mas Arnoux largou mal, fazendo com que Prost largasse pior ainda e ambos atrapalharam claramente Watson. O resultado era a subida de Cheever e Winkelhock, que largaram nas posições ímpares. Patrese e De Angelis imprimiam um ritmo forte e se distanciavam dos demais. Mansell não rendia a mesma coisa e tentava segurar os demais, mas logo o inglês foi ultrapassado, um a um, por seus adversários. Numa clara ordem de equipe da Renault, Prost ultrapassou Cheever e assumia a quarta posição.
Quando Piquet assumiu a terceira posição, a briga pela primeira posição pegava fogo entre os italianos Patrese e De Angelis. O piloto da Lotus tentava ultrapassar de todas as formas e parecia ter um carro melhor do que Patrese, mas o piloto da Brabham segurava como podia. Então, na décima volta, Elio de Angelis colocou de lado e tentou frear mais forte, mas acabou perdendo o controle do seu Lotus e atingiu a Brabham de Patrese, jogando os dois para fora da pista. Piquet assumia a liderança da prova, com Patrese, que rapidamente voltou à pista, em segundo. De Angelis tem problemas com seu motor por causa da rodada e abandonaria pouco tempo depois. Com Patrese mais lento, Prost começou a ser aproximar da Brabham. A equipe de Bernie Ecclestone pediu para que Patrese segurasse o máximo possível, mas o piloto da Renault conseguiu uma bela ultrapassagem na Paddock Bend na volta 14.
Agora era um mano a mano entre Piquet e Prost, mas o brasileiro estava com uma bela liderança e parecia administrar a prova. Mais atrás, o terceiro colocado no campeonato René Arnoux sofria para ultrapassar Cheever, que pressionado pela Ferrari, se aproximou rapidamente da Brabham de Patrese. Os três passaram a andas colados, mas, de repente, a TV mostrava apenas Arnoux e Patrese. Onde estaria Arnoux? O placar eletrônico de Brands Hatch mostrava a imagem de um Arnoux bem lento com a legenda "Arnoux has spun off" (Arnoux rodou!) Sozinho, o piloto da Ferrari perdeu o controle do seu carro e caiu para as últimas posições, praticamente sepultando sua chances no campeonato.
Daí em diante, a corrida fica morna. Apenas as paradas podiam modificar o status quo da prova. E quase mudou! Durante o ano, a Brabham se caracterizou por ser a equipe mais rápida nos pit-stops, sempre ganhando segundos preciosos para os seus pilotos. Piquet foi um dos últimos a parar e o pit-stop de Patrese já tinha sido problemática. O piloto da Brabham chegou aos boxes, mas o mecânico responsável pelo pneu traseiro esquerdo se atrapalhou com sua pistola pneumática e a parada de Piquet durou eternos 20s. Porém, esse foi o único susto de Piquet durante a prova.
Ainda durante as paradas, Tambay se aproveitou dos abandonos de Patrese e Cheever para assumir a terceira posição. Porém, o piloto da Ferrari começou a ter problemas de freios e perdia rendimento continuamente. Logo um enorme pelotão de carros se formou atrás da Ferrari, liderados por Mansell. O inglês só confirmou a ultrapassagem nas últimas voltas e logo depois Tambay passou reto no cotovelo da Druids e bateu nas barreiras de pneus, acabando matematicamente as chances de ser campeão. Piquet seguiu tranqüilo rumo a bandeirada, com Prost logo atrás. Apesar de Arnoux ainda ter escassas chances matemáticas, o título seria decidido mesmo entre Piquet e Prost. E a guerra começou logo após a corrida, nas entrevistas. Prost foi diplomático: "Eu ainda estou liderando o campeonato por dois pontos e acho que isso é o mais importante, mas se eu vencer por apenas um ponto, será o suficiente." Piquet foi mais agressivo e foi curto e grosso: "Eu vou dizer agora o que já disse antes. Se não pararmos (nos boxes) será muito difícil alguém nos derrotar". A briga seria emocionante até o fim!
Chegada:
1) Piquet
2) Prost
3) Mansell
4) De Cesaris
5) Warwick
6) Giacomelli
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