quinta-feira, 2 de outubro de 2008

História: 20 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1988


Após uma fase esplendorosa, Senna sofreu um enorme baque no Grande Prêmio de Portugal, uma semana antes. Depois de quatro vitórias consecutivas, o brasileiro da McLaren só tinha conquistado um ponto nas duas últimas corridas. Como não poderia deixar de ser, Prost começava a se aproveitar do pequeno declínio do seu companheiro de equipe e capitalizava o meu momento de Senna, tentando se aproximar da liderança após declarar que, para ele, o campeonato estava acabado. Porém, os primeiros conflitos da, até então, harmoniosa relação entre os pilotos da McLaren fora abalada em Estoril, quando Senna fechou Prost enquanto era ultrapassado pelo francês. Prost chiou bastante depois da corrida. Mal sabiam eles o que aconteceria nos próximos meses...

Jerez seria uma das poucas pistas em que as demais equipes poderiam incomodar levemente as incríveis McLarens MP4/4, pois o circuito espanhol era travado e curto. Apesar disso, a McLaren dominou a primeira fila, com Senna à frente. Mas a diferença tinha sido muito pequena para as demais equipes. Durante a Classificação houve um incidente envolvendo a Williams de Patrese e a Tyrrell de Julian Bailey. Após perder o seu melhor tempo ao ser atrapalhado pelo inglês, Patrese resolveu frear bem à frente da Tyrrell, provocando um acidente. Patrese foi multado em 10.000 dólares por isso. Percebendo o bom momento, Prost foi muito rápido e perdeu a pole por muito pouco. O francês estava crescendo!

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:24.067
2) Prost (McLaren) - 1:24.134
3) Mansell (Williams) - 1:24.269
4) Boutsen (Benetton) - 1:24.904
5) Nannini (Benetton) - 1:25.032
6) Capelli (March) - 1:25.115
7) Patrese (Williams) - 1:25.217
8) Berger (Ferrari) - 1:25.466
9) Piquet (Lotus) - 1:25.648
10) Alboreto (Ferrari) - 1:26.477

O dia 2 de outrubro de 1988 estava quente e seco para o Grande Prêmio da Espanha de F1 e tudo levava a crer que esta seria uma corrida tão interessante quando em Portugal uma semana antes, quando a McLaren de Senna apresentou alguns problemas e o brasileiro acabou em sexto. Uma das principais características de Senna em sua carreira eram suas grandes largadas, donde sempre capitalizava uma pole chegando bem na frente na primeira curva ou ganhando posições após a luz verde. Por isso, foi estranho ver Senna perdendo não apenas a liderança para Prost, como também a segunda posição para Mansell. E tudo isso antes da primeira curva!

Prost viu pista livre à frente e resolveu forçar tudo o que podia, disparando na frente de Mansell, que segurava Senna com relativa tranqüilidade. As corridas em Jerez, pela estreiteza do circuito e por ser muito travado, às vezes eram bem chatas e em 1988 foi o caso. Os oito primeiros permaneceram os mesmos da primeiras a décima quinta volta, até Alboreto, oitavo colocado, abandonar. Atrás dos três primeiros colocados, vinham Patrese, Capelli, Nannini, Berger e Piquet. Enquanto via Prost disparando, Senna se via em apuros ao começar a ter problemas com o computador que regularizava o seu combustível. A máquina hi-tech da Honda começou a colocar menos gasolina na câmara de combustão e Senna perdia rendimento.

Ao invés de pressionar a Williams de Mansell, Senna começava a ser pressionado pela outra Williams de Patrese, que trazia a reboque Ivan Capelli, que tinha feito uma corrida incrível em Portugal e estava em ótima fase. O italiano da March ultrapassou seu compatriota na volta 36 para ultrapassar a poderosa McLaren de Senna três voltas depois! Mas como diz o poeta, "toda alegria de pobre dura pouco", o motor Judd do March de Capelli quebrou logo depois, deixando Senna novamente em terceiro, segurando um trenzinho que tinha o italianos Patrese e Nannini. Da mesma forma que Senna ficou conhecido por ser extremamente difícil de ser ultrapassado, Patrese também ficou conhecido por ser um pouco, digamos, paciente demais para fazer uma ultrapassagem. Essa corrida foi a confirmação disso, pois Patrese passou a corrida inteira vendo o símbolo enorme da Marlboro à sua frente.

Nannini não teve toda essa paciência e assim como Capelli, o piloto da Benetton levou apenas quatro voltas para assumir a terceira posição, mas como a Benetton não era tão pobre assim, Nannini pssou o resto da tarde em terceiro, com Senna caindo para quarto, trazendo Patrese atrás de si. Prost liderou todas as voltas e venceu a corrida com o pé nas costas, enquanto Mansell apenas se preocupou em segurar sua posição, talvez com medo de forçar demais o carro e o ver quebrado novamente, algo corriqueiro para o inglês naquele ano. Era a segunda vez que Mansell pontuava no ano! Por causa do esquisito regulamento da época, que trazia descartes para os piores resultados, o Campeão Mundial de 1988 seria conhecido no Grande Prêmio do Japão. Enquanto Senna já tinha descartado todos os seus resultados ruins, Prost só tinha deixado de pontuar uma vez e assim, quem vencesse em Suzuka, independentemente do que o rival fizesse, seria declarado o campeão. A tensão estava no ar!

Chegada:
1) Prost
2) Mansell
3) Nannini
4) Senna
5) Patrese
6) Berger

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