Na Alemanha, Sebastian Vettel é conhecido, desde a adolescência, como "Baby Schummy" graças as suas atuações na F-BMW e posteriormente na F3 Européia e World Series. Pois hoje, Vettel teve uma atuação digna de Michael Schumacher, com uma vitória incontestável e um ritmo de corrida que a muito tempo não se via. Para ser mais exato, desde os tempos em que Schumacher dominava a F1 como bem entendia. Claro que Vettel não levou seu carro nas costas e se não fosse as novas peças, mais claramente o bico do carro, a Red Bull não dominaria o Grande Prêmio da Inglaterra como o fez em Silverstone. Para a Brawn, sobrou um lugarzinho no pódio, mas ao contrário do que queria a torcida local, foi Rubens Barrichello a fazer as honras da equipe líder do Mundial de Construtores, já que o líder do Mundial de Pilotos, Jenson Button, fazia a pior prova do ano.
A corrida em Silverstone pode ter sido resumida no domínio arrasador de Vettel e nas ótimas brigas no pelotão intermediário. Apesar das nuvens escuras, a chuva não apareceu em Silverstone e a corrida de hoje foi bem mais calma do que ano passado, mas nem por isso menos interessante. O que Vettel fez no primeiro stint de corrida foi de fazer corar seus adversários, pois o alemão, mesmo sendo um dos mais pesados entre os dez primeiro, era de 1 a 1.5s mais rápido do que qualquer na pista, abrindo uma diferença brutal antes das paradas começaram. Quando Barrichello, então na 2º posição, fez sua parada na décima sétima volta, Vettel já tinha quase 18s de vantagem. Quando Webber 'ultrapassou' Rubens nos boxes, a vida de Sebastian ficou ainda mais fácil, pois se na Turquia recebeu a ordem de ficar atrás do companheiro de equipe, claramente Webber teria que ficar atrás de Vettel, apesar de andar num ritmo parecido, ainda que muito distante fisicamente. Sebastian Vettel fez o que os próprios ingleses chamam de "Sunday Drive", quase que um passeio no bosque. Foi a primeira vitória do piloto da Red Bull no seco e a forma na qual a Red Bull dominou a corrida de hoje poderá apimentar o campeonato. Apesar de Silverstone ser uma pista bastante específica, com suas curvas rapidíssimas e uma média horária superior a 220 km/h, a Red Bull está claramente com um novo pacote aerodinâmico que pode ter dado tão certo, que fez a equipe que tem o mago Adryan Newey como projetista chegar e, até mesmo, superar a Brawn, algo considerado impossível a poucas semanas atrás.
Enquanto isso, a equipe de Ross Brawn teve que se conformar no degrau mais baixo do pódio, com um combalido Rubens Barrichello. Correndo a base de remédios para um dor nas costas, Rubinho fez uma prova segura e quase ultrapassou Vettel na largada, mas quando viu o que o alemão fazia à sua frente, Barrichello praticamente entregou os pontos e tratou de segurar Webber, algo que fez sem muitas dificuldades, mas como iria parar antes do australiano, sabia que o terceiro lugar era o máximo que podia fazer. O brasileiro ainda poderá culpar a equipe por o deixar tanto tempo na pista com os pneus duros, fazendo com que Nico Rosberg e Felipe Massa se aproximassem dele antes da segunda parada, mas Barrichello segurou-os muito bem e se aproximou um pouco mais de Button no campeonato. O inglês foi a grande decepção do dia, ao largar mal e mesmo ultrapassando Felipe Massa na terceira volta, graças a um erro do brasileiro, Button foi discreto toda a corrida e só apareceu no final da corrida, quando tinha pneus moles e se aproximou a uma taxa de 1s por volta de Rosberg, que estava em quinto. Foi uma prova horrível de Button se olharmos o alto padrão do inglês nos últimos tempos, mas essa prova pode até mesmo ajudar o inglês. Com a Brawn ficando mais de 20s atrás da Red Bull hoje, é provável que Ross Brawn, prevendo uma perigosa aproximação da equipe austríaca, se concentre em Button na luta pelo título.
Felipe Massa fez a melhor corrida de 2009 e foi o piloto que mais evoluiu na prova, subindo sete posições com relação a sua posição de largada. O brasileiro fez uma ótima largada e mesmo não conseguindo segurar Button nas primeiras voltas, se manteve na nona posição de forma até conformada, mas ele sabia que seria um dos últimos a parar na turma que estava entre os dez primeiros e que isso ia o ajudar mais tarde. Dito e feito! Felipe pulou para o quinto lugar após a sua parada e de forma consistente se aproximou de Rosberg e como Rubens não estava muito rápido muito à frente, um pódio não era uma situação impossível. Quando o piloto da Williams, a Ferrari teve a rápida reação em trazer Felipe aos boxes, pois ele poderia perder tempo atrás de Barrichello e assim Massa ganhou a posição de Rosberg, mas não foi possível ficar à frente, adiando o primeiro pódio deste ano. Apesar da pressão de Rosberg e Button no final, Massa igualou seu melhor resultado do ano e já aparece em sexto lugar no Mundial. Foi uma corrida inteligente e a Ferrari, tão criticada pelos erros estratégicos, fez tudo certinho para o brasileiro. Quando atrapalhou Webber durante a Classificação, Raikkonen foi acusado pelo australiano de estar dormindo ou ter bebido vodca. Se a segunda opção fosse a verdadeira hoje, com certeza Kimi teria feito uma corrida bem melhor hoje, então fico com a opção dele ter dormido ao volante, pois o finlandês mal apareceu e conseguiu um suado pontinho na oitava posição, fortemente pressionado por Glock.
A Williams demonstrou uma boa evolução na Inglaterra e hoje poderia ter conseguido um pódio com Rosberg, apesar do alemão ter largado atrás de Kazuki Nakajima e do japonês ter largado bem e ficado em quarto no início da corrida. Com uma estratégia ousada, o japonês foi perdendo posições na medida que as paradas aconteciam e Nakajima acabou fora dos pontos. Rosberg fez uma bela prova e o quinto lugar pode ser comemorado, pois o alemão andou junto com a Brawn e a Red Bull, tendo que segurar um velocíssimo Jenson Button no final. A Williams luta contra a falta de dinheiro e por isso preferiu ficar com a FIA na briga contra a FOTA, mas a tradicional equipe ainda tem capacidade de se superar e conseguir ótimos resultados. Já a Toyota novamente decepcionou e a maionese começou a desandar quando Trulli, largando em 4º, patinou quando as luzes se apagaram e ele caiu algumas posições, atrapalhando até mesmo Button, que ficou preso atrás do italiano. Depois, Jarno foi se mantendo à frente de carros mais rápidos do que o seu e perdendo posições nos boxes até terminar em sétimo, na zona de pontuação, mas mostrando que o sonho da primeira vitória da Toyota vai se tornando cada vez mais difícil. Glock fez outra prova discreta, onde baseou sua prova na estratégia e foi assim que ganhou posições na corrida, mas o alemão acabou não marcando pontos, apesar de ter pressionando Raikkonen nas voltas finais. Um grande drama acerca a Toyota, pois iniciou 2009 com a obrigação de vencer, começou a temporada com um bom carro, mas nesse momento está longe de brigar por algo mais do que alguns pontos até o final do ano.
Se entre os dez primeiros não houve tanta emoção, a segunda metade do pelotão foi das mais animadas e vale uma reflexão. Quando Alonso saiu da McLaren no final de 2007 cuspindo maribondos em cima de Ron Dennis e seu staff, nunca imaginaria que estaria brigando contra Lewis Hamilton, seu grande rival nas pistas atualmente, pela 16º posição. Considerado o melhor piloto do pelotão, o espanhol largou mal, ficou preso atrás de Heidfeld e acabou nas profundezas do meio do pelotão. Foi um resultado para se esquecer, já que seu Renault estava muito desequilibrado, mas sua briga com Heidfeld e Hamilton foi sensacional e prova que, se tivesse carro, estaria brigando mais à frente. O mesmo vale para Hamilton, vitorioso em 2008, mas em busca de melhorar sua 19º posição no grid com uma pilotagem agressiva, mais do que pode suportar seu péssimo McLaren MP4/24. O inglês rodou, mas sua ultrapassagem, lado a lado, em cima de Alonso valeu a pena. Apesar dos péssimos resultados e das várias reclamações, no fundo, Hamilton e Alonso devem ter se divertido hoje. A BMW continua seu calvário e mesmo sem o Kers, nada mudou para a marca bávara, que teve seus pilotos envolvidos nas brigas com McLarens e Renaults pelas últimas posições e assim como as outras montadoras, por lá ficou. A Force India surpreendeu com a ótima largada de Giancarlo Fisichella e o italiano fez uma ótima corrida, onde ficou longe das últimas posições e ficou logo atrás de Nakajima, que tinha em mãos um ótimo carro da Williams, com certeza bem melhor do que o seu. Largando dos boxes, Sutil ficou sempre em último, sem ter muito o que fazer e longe dos demais. Vendo o domínio do seu carro gêmeo, a Toro Rosso deve imaginar o que se passa consigo mesma. Bourdais dominou amplamente Buemi e quando se aproximava da briga entre McLarens e Renaults, se envolveu num acidente besta com Kovalainen, que havia acabado de sair dos boxes e aparentemente estava com o pneu furado. O francês se complicou ainda mais dentro da equipe e a cara de Franz Tost, enquanto o bico do carro de Bourdais era trocado, dizia muita coisa do que ele estava pensando...
Após uma semana turbulenta, a F1 finalmente falou do que acontece dentro das pistas e na metade do campeonato, muita coisa ainda precisa ser dita no momento. Se antes a Brawn vencia em qualquer tipo de circuito e com facilidade, em Silverstone, uma pista diferente do convencional e por isso deixará saudades (ou não?), a Red Bull dominou de forma arrasadora. Se isso for o indício de uma virada, será haverá tempo hábil de Vettel e Webber se aproximarem de Button e Barrichello? De qualquer forma, Vettel mostrou que pode colocar água no chopp de Button e brigar mais seriamente pelo título deste ano, principalmente se repetir atuações como a de hoje.
Um comentário:
Não é a toa que o chamam de Baby Shucy.
Já o Barricas é o Baby Sauro.
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