quarta-feira, 3 de junho de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1984


O Grande Prêmio de Mônaco de 1984 foi o início de uma era na F1. Uma nova e talentosíssima geração de estrelas mostrava a cara pela primeira vez na categoria máxima do automobilismo de uma forma nunca esquecida. Após a vitória de Niki Lauda em Dijon e uma nova dobradinha da McLaren, o campeonato já se desenhava para a equipe de Ron Dennis e para aumentar o favoritismo da equipe, o pelotão chegava ao principado de Mônaco sem grandes modificações, apenas a Toleman trocando os pneus Pirelli pelos Michelin, que eram reconhecidamente os melhores em piso molhado. Isso se tornaria determinante para a corrida.
A Classificação ocorreu com pista seca e Prost teve que suar bastante para conseguir mais uma pole, conseguindo o primeiro posto numa volta impressionante já no finalzinho do treino, deixando Nigel Mansell em segundo. O inglês da Lotus crescia a olhos vistos e começava a brigar mais à frente. Ferraris e Renaults ocupavam as filas seguintes, enquanto os novatos Ayrton Senna e Stefan Bellof sofriam com seus equipamentos limitados (no caso de Senna, o motor Hart era calcanhar de Aquiles no carro construído por Rory Byrne) e ficaram em 13º e 20º, respectivamente. O susto durante os treinos foi o forte acidente de Martin Brundle na Tabac, com o inglês ficando de fora da corrida por causa disso.
Grid:
1) Prost(McLaren) – 1:22.661
2) Mansell (Lotus) – 1:22.752
3) Arnoux (Ferrari) – 1:22.935
4) Alboreto (Ferrari) – 1:22.937
5) Warwick (Renault) – 1:23.237
6) Tambay (Renault) – 1:23.414
7) De Cesaris (Ligier) – 1:25.578
8) Lauda (McLaren) – 1:23.886
9) Piquet (Brabham) – 1:23.918
10) Rosberg (Williams) – 1:24.151
O dia 25 de junho de 1984 começou com uma chuva torrencial em Mônaco, fazendo com que a largada fosse atrasada em 45 minutos. As condições estavam tão ruins que Prost falou algo profético: “A corrida não será vencida pelo mais rápido, mas por quem cometer menos erros.” Na largada, Prost e Mansell são cauteloso e mantém suas posições, enquanto atrás dele pouco se enxergava. Alboreto larga mal e é ultrapassado pelas duas Renaults antes da primeira curva, mas a dupla da equipe francesa se enrosca ainda na Saint-Devote e ambos estavam fora da prova. Pior para Patrick Tambay, que quebrou a perna apesar do acidente ter parecido, ao menos visualmente, sem grandes conseqüências.

Prost liderava ao final da primeira volta, à frente de Mansell, as duas Ferraris e Lauda. Mais atrás Bellof faz uma largada espetacular e tinha subido para 11º vindo de 20º, com Senna um pouco à frente. Os dois pilotos eram reconhecidos pela velocidade em pista molhada e eles estavam demonstrando isso. No pelotão da frente, Lauda, que não gostava de corridas na chuva, ia para cima das Ferrari e já na 4º volta ultrapassou Alboreto e duas voltas depois fez o mesmo com Arnoux numa manobra audaciosa na Subida do Cassino. Na volta seguinte, Alboreto tenta ultrapassar o companheiro de equipe na Mirabeau e acaba rodando, perdendo uma volta enquanto tentava voltar à pista.

Senna e Bellof vinha numa briga particular para saber quem mais ultrapassava debaixo do aguaceiro de Mônaco, mas o alemão tinha uma dificuldade adicional por ter em mãos o único carro com motor aspirado do grid, fazendo com que perdesse contato com os pilotos nas retas. Porém, o piloto da Tyrrell tirava a diferença no braço! Na volta 11, Mansell ultrapassa Prost e assumiu a liderança de uma corrida e F1 pela primeira vez na carreira. A torcida inglesa vai a loucura quando Mansell começa a se afastar da McLaren e ambos estavam longe de Lauda, que não conseguia se desvencilhar de Arnoux. Keke Rosberg era perseguido por Senna e o brasileiro ultrapassa a Williams na chicane do porto. Conta a lenda que ao ultrapassar Rosberg, Senna teria batido com força na zebra e danificado a sua suspensão, com a mesma podendo quebrar a qualquer momento. Essa história nunca poderá ser comprovada...

O piloto da Toleman ultrapassa Arnoux e partia para cima de Lauda, mas todas as atenções se voltavam para o drama de Mansell. Andando num ritmo muito forte, talvez forte demais para condições tão ruins, o inglês tocou sua roda traseira numa faixa branca e acabou batendo forte no guard-rail na subida do Casino. Mansell tentou continuar, mas acabou rodando e ele acabou abandonando na curva Mirabeau, com as mãos na cabeça após perder tamanha oportunidade. A McLaren voltava a ter uma dobradinha em 1984, mas Senna se aproximava de Lauda e Prost tinha sérios problemas nos freios. O piloto da Toleman e Stefan Bellof eram os mais rápidos na pista e não demorou para Senna ultrapassar Lauda na Saint-Devote, numa ultrapassagem corajosa.
Bellof surpreendia ao conseguir superar o potente Williams de Rosberg na freada após a reta do Túnel e partia para cima da Ferrari de Arnoux. Porém, a chuva fica ainda mais forte e os pilotos passam a virar 5s mais lentos do que antes. A pista fica ainda mais traiçoeira e a próxima vítima é exatamente Lauda, que roda em frente ao Hotel Paris, estacionando sua McLaren ao lado da calçada, como se estivesse pronto para se hospedar no famoso hotel. Prost via sua diferença de meio minuto para Senna cair vertiginosamente, chegando a perder 7s por volta. Porém, as atenções estavam voltadas todas para Bellof, que partia cima da poderosa Ferrari de Arnoux. Foi uma disputa espetacular, com Bellof tentando passar de todas as formas, enquanto Arnoux usava a potência de sua Ferrari para se distanciar do alemão. Na Mirabeau, Bellof finalmente ultrapassa Arnoux e assumia a terceira posição.


Prost acenava desesperadamente para que a prova fosse encerrada por falta de condições de segurança, enquanto a ultrapassagem de Senna era questão de tempo, mas para surpresa de todos, Bellof se aproxima do brasileiro, com o piloto da Tyrrell andando 1s mais rápido do que Senna. Na trigésima volta, com Senna já próximo de Prost, Jacky Ickx, diretor da prova, interrompe a corrida. O procedimento final da corrida foi confuso, pois foram mostradas a bandeira quadriculada e vermelha, com Prost, avisado da interrupção, encostou sua McLaren antes da bandeirada, enquanto Senna cruzou a linha de chegada normalmente. Como a corrida não tinha 75% da distância prevista, metade dos pontos foi distribuída para os pilotos. Prost receberia 4,5 pontos e isso seria decisivo no final do ano, pois os pontos completos da 2º posição lhe seriam mais úteis.
No pódio, Prost estava aliviado, Senna estava furioso, Bellof muito desapontado e Ken Tyrrell indignado. Contudo, com os ânimos arrefecidos, Senna concordou que a prova realmente deveria ter sido interrompida, algo que Bellof já havia se conformado. O direto de prova, Jakcy Ickx, se tornou o centro das atenções, pois foi acusado de ter interrompida a prova para beneficiar Prost, pois o belga, conhecido em seus tempos de piloto como ‘Rei da Chuva’, corria pela Porsche no Mundial de Esporte-Protótipo, mesma fábrica que fornecia motores a Prost. Sem contar a grande vontade de um francês no principado. Ickx respondeu a questão com uma frase simples. “É melhor parar a corrida uma volta cedo demais do que tarde demais.” Verdade seja dita era que a chuva que caía sobre Monte Carlo era forte demais e essa decisão de Ickx acabou aumentando ainda mais a lenda desta prova. Senna e Bellof tinham acabado de entrar para o rol dos grandes pilotos.
Chegada:
1) Prost
2) Senna
3) Bellof
4) Arnoux
5) Rosberg
6) De Angelis

4 comentários:

Arthur Simões disse...

É claro!
O Senna tinha é que agradecer ao Ickx.
Se aquele Toleman xexelento quebrasse no final da corrida,duvido que o Senna causaria tanto impacto como causou logo em sua primeira temporada.

Anônimo disse...

Caro Jack
Muito legal seu blog. Essa narrativa do GP de Mônaco reflete claramente o que aconteceu nessa corrida. Foi uma das corridas mais bacanas que já assisti. As câmeras mostravam mais o Senna que o Bellof. Eu como telespectador, tive a impressão de que houve marmelada em favor do Prost, que parou antes da linha de chegada, depois deu uma tocadinha prá frente.
Abs
Júlio

Anônimo disse...

A classificação oficial do Grande Prêmio de Mônaco,
3 de Junho de 1984:


- 1º Alain Prost (França)
McLaren TAG-Porsche

- 2º Ayrton Senna (Brasil)
Toleman-Hart

- 3º René Arnoux (França)
Ferrari

- 4º Keke Rosberg (Finlândia)
Williams-Honda

- 5º Elio de Angelis (Itália)
Lotus-Renault

- 6º Michele Alboreto (Itália)
Ferrari



Muita gente fala que Prost perdeu o campeonato de 1984 por causa dessa prova se tivesse sido ultrapassado por Senna, e receberia 6 pontos pelo 2º lugar, mas se esqueceram que o piloto francês do carro número 7 receberia a pontuação pela metade (assim como o vencedor, o 3º, o 4º, o 5º e o 6º colocado), porque a corrida foi interrompida na 31ª volta, e para os pilotos receberem a pontuação inteira teria que percorrer mais 26 ou 27 voltas para cumprir os 75% ou 3/4 da distância prevista.

Anônimo disse...

É bom lembrar que se Prost fosse ultrapassado na pista por Senna, o piloto francês da McLaren também receberia os pontos (2º lugar) pela metade. Como a prova foi interrompida na volta 31, os pilotos precisariam percorrer mais 26 ou 27 voltas para receber a pontução inteira para cumprir os 3/4 ou 75% da distância prevista.

Alguns dos motivos porque Prost perdeu o campeonato:

- As provas que Prost venceu, mas Lauda (seu companheiro de equipe) terminou-a imediatamente atrás (dobradinha - 1-2) ou as provas que o piloto francês da McLaren número 7 poderia terminar (pontuar) melhor.