sexta-feira, 27 de agosto de 2010

História: 15 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1995


Para muitos esta típica corrida em Spa mostrou de forma exacerbada o lado bom e o lado ruim de Michael Schumacher. De qualquer jeito, foi uma prova histórica! Aquela temporada via uma disputa ferrenha entre a melhor máquina (Williams) e o melhor piloto (Michael Schumacher), com o homem superando a máquina desta vez, pois Schumacher se aproveitava de todas as oportunidades possíveis para vencer e derrotar Damon Hill e David Coulthard, com suas poderosas Williams. Por causa disso, muita gente passou a desconfiar das habilidades dos pilotos britânicos, mas a verdade era que Schumacher estava dando um show naquele 1995 e em sua pista favorita, Schummy estava pronto de mostrar todo o seu arsenal.

Porém, o final de semana começou de forma desapontadora para o alemão. Spa é tão conhecida pela sua espetacular pista, como também pelo seu clima instável e isso acabou atrapalhando Schumacher, fazendo com que o alemão largasse apenas em 16º, com vários problemas e acidentes. Contudo, a Williams não soube aproveitar a brecha deixada por Schumacher e quem dominou a primeira fila foi a Ferrari, com Berger à frente de Alesi, enquanto Coulthard largava em 5º e Hill numa obscura 8º posição. Com Johnny Herbert largando em 4º, Michael Schumacher era superado por um companheiro de equipe pela primeira vez desde 1991 por Nelson Piquet! E ainda tem pessoas que acham que Schumacher só conseguia essa vantagem no grito...

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:54.392
2) Alesi (Ferrari) - 1:54.631
3) Hakkinen (McLaren) - 1:55.435
4) Herbert (Benetton) - 1:56.085
5) Coulthard (Williams) - 1:56.254
6) Blundell (McLaren) - 1:56.622
7) Irvine (Jordan) - 1:57.001
8) Hill (Williams) - 1:57.768
9) Panis (Ligier) - 1:58.021
10) Frentzen (Sauber) - 1:58.148

Como é habitual em Spa, o clima é uma incógnita e isso não foi diferente naquela dia 27 de agosto de 1995. Havia sol e a pista estava seca, mas a previsão era de chuva iminente e por isso, nos boxes, as equipes já aqueciam os pneus para chuva. A grande expectativa era ver a reação de Schumacher largando tão de trás e por isso a corrida tendia ser espetacular. Em menor escala, também era esperada a corrida de recuperação de Damon Hill, pois todos conheciam o potencial do seu carro. Porém, todas essas dúvidas seriam tiradas após as luzes verdes aparecerem e Herbert conseguir uma ótima largada. O inglês da Benetton partiu para cima das Ferraris e passou a reta Kemel ao lado de Alesi, enquanto Berger, Hakkinen e as duas Williams oberservavam tudo de perto.

Alesi acabou se sobressaindo, com Herbert já começando a segurar todo o pelotão atrás de si, enquanto Hakkinen abandonava tristemente ainda na primeira volta. Uma das grandes dificuldades da Ferrari na metade da década de 90 era sua terrível confiabilidade e Alesi sentiu isso na pele ainda na quarta volta, com a suspensão quebrada. O francês ficou arrasado, ao lado do seu carro quebrado, logo após a saída dos boxes. Herbert reassumia a ponta, mas era fortemente pressionado pela dupla da Williams, com Coulthard à frente. O inglês resistiu por duas voltas, até rodar diante da pressão e perder várias posições. Não era por outro motivo que a Benetton apostava todas as suas fichas possíveis e imaginárias em Schumacher. Por sinal, aonde estaria o alemão?

Como esperado, Schumacher fazia uma corrida de recuperação agresssiva, que pode ser resumida dessa forma:

Volta 1: Cruza a linha de chegada em 13º, tendo deixado três carros para trás

Volta 2: Ultrapassa Frentzen e Barrichello

Volta 3: Deixa para trás a dupla da Ligier que, diga-se de passagem, tinha o mesmo carro da Benetton, pois Flavio Briatore era um dos acionistas da equipe francesa


Volta 4: Ganha uma posição pela quebra de Alesi

Volta 6: Ultrapassa Blundell e fica à frente de Hebert, que havia acabado de rodar

Volta 10: Deixa Irvine para trás, para assumir a 4º posição. Alguém ainda pode afirmar que Schumacher não sabe ultrapassar?

Enquanto Schummy subia pelo pelotão de forma inexorável, nuvens negras cubriam o circuito de Spa-Francorchamps. A chuva era iminente, mas uma nuvem negra que perseguia David Coulthard fez com que o escocês tivesse mais uma quebra mecânica e Damon Hill assumia a liderança, seguido por Berger e Schumacher, mais afastado dos dois primeiros. Pensando na chuva, as equipes haviam optado por uma estratégia de duas paradas e foi nesse momento que a corrida se decidiu. Na volta 14, Berger foi aos boxes, com Hill o seguindo na passagem seguinte. Então, a chuva começou a cair de forma tímida, mas a ponto de fazer Hill e Berger voltarem aos pits para colocar pneus biscoitos, sendo que o ferrarista ficaria nos boxes mesmo, com problemas eletrônicos.

Tudo levava a crer que Schumacher faria o mesmo, mas o alemão foi aconselhado a ficar na pista escorregadia, com pneus slicks. O representante da Benetton dava um verdadeiro show, mas estava 6s mais lento que Hill, que tinha pneus mais apropriados no momento. E o inglês partiu para cima. Foi nesse momento que vimos o lado menos admirável de Schumacher. No mesmo estilo Hungria/2010, Schumacher fechou várias e várias vezes Damon Hill, fazendo com que o inglês até saísse da pista por alguns momentos. Foram momento perigosos, numa pista molhada, mas só por estar ainda na pista, Schumacher mostrava todo o seu enorme talento, enquanto Hill perdia um tempo precioso atrás do alemão. Absolutamente no limite, Schumacher sai da pista após três emocionantes voltas à frente do rival e Damon Hill reassumia a ponta da corrida, enquanto outro momento apavorante acontecia nos boxes.

Para quem esperava tempestade, Spa nos deu apenas uma chuva a ponto de atrapalhar a cabeça de todos. Eddie Irvine volta aos boxes para colocar pneus slicks e reabastecer, mas a Jordan erra na hora de mandar o irlandês ir embora e o resultado foi um perigoso incêndio no carro de Irvine, que mal sentiu o perigo. "Não vi nada, só senti um calorzinho...", foi tudo o que disse Irvine sobre o incidente. Na pista, era Hill que estava em desvantagem agora e Schumacher demorou poucas voltas para retomar a ponta, disparando na ponta. Então, o clima belga prega outra peça quando a chuva volta com muita força, a ponto do safety-car ir à pista na volta 30. Schumacher aproveita e troca seus pneus de slicks para os de chuva, enquanto Hill tinha problemas com uma penalização e perde a 2º posição para a Ligier de Martin Brundle, mas o piloto da Williams consegue uma recuperação espetacular e retoma o 2º posto na última volta. A partir desta vitória, todos passam a considerar Michael Schumacher um gênio da velocidade, mas Damon Hill ficou irritadíssimo com as manobras do alemão durante a disputa entre os dois e cobra uma penalidade a Schummy. Schumacher seria punido mais tarde, mas ninguém poderia lhe tirar uma vitória maiuscula como aquela!

Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Brundle
4) Frentzen
5) Blundell
6) Barrichello

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