sexta-feira, 13 de agosto de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1990


Em 1989, a Ferrari havia conseguido uma vitória surpreendente e histórica com Nigel Mansell e por esse histórico recente, a equipe italiana esperava conseguir reverter a esmagadora vitória de Senna em Hockenheim, onde os carros vermelhos não brigaram pela vitória. No apertado Hungaroring, Prost esperava voltar a vencer, esquentando ainda mais a briga com seu arqui-rival Ayrton Senna, líder do campeonato.

Porém, contra todos os prognósticos, Thierry Boutsen conseguiu uma volta excepcional na sexta-feira e não foi mais alcançado no sábado. Porém, a surpresa foi ter visto Riccardo Patrese ter conseguido um lugar na primeira fila, completando uma dobradinha da Williams no grid, algo que não era visto de 1987! Provando o quanto a Classificação na Hungria foi esquisita, o principal piloto da McLaren na briga pela pole não foi Senna, mas Berger, com o austríaco chegando a ficar muito tempo com a melhor volta do sábado, até ser superado por Patrese. A Ferrari não mostrou a que veio e Prost ficou apenas em oitavo. Se servia de consolo, Mansell largou ainda pior, em 12º, em 1989 e venceu a prova...

Grid:
1) Boutsen (Williams) - 1:17.919
2) Patrese (Williams) - 1:17.955
3) Berger (McLaren) - 1:18.127
4) Senna (McLaren) - 1:18.162
5) Mansell (Ferrari) - 1:18.719
6) Alesi (Tyrrell) - 1:18.726
7) Nannini (Benetton) - 1:18.901
8) Prost (Ferrari) - 1:19.029
9) Piquet (Benetton) - 1:19.453
10) De Cesaris (Dallara) - 1:19.675

O dia 12 de agosto de 1990 estava quente e ensolarado nas proximidades de Budapeste e isso significava condições extremamente normais para uma corrida de F1. Mesmo há vinte anos atrás, quando as ultrapassagens nem eram tão difíceis como hoje, já se falava que Hungaroring não favorecia as ultrapassagens e que um bom lugar no grid era essencial. Porém, essa corrida seria diferente. Como os pilotos tinham a idéia das dificuldades de se passar na cabeça, todos tentaram uma largada agressiva, atrás de ganhar posições. As Williams não largaram tão bem, mas Boutsen e Patrese fizeram um interessante jogo de equipe, fechando as passagens pela estreita reta. Mais atrás, Berger tentava forçar a barra e colava em Boutsen, deixando Patrese para trás ainda antes da primeira curva, enquanto Senna tentava o ataque em cima de Patrese e o companheiro de equipe. Ao contrário do que poderia se imaginar, a largada foi sem incidentes, mas houveram algumas mudanças.

Boutsen manteve a ponta, mas perdia seu 'escudo' quando Berger pulou para segundo, enquanto Patrese caía para terceiro. Quando foi fechado por Patrese, Senna perdeu impulso para a curva seguinte e foi ultrapassado por Mansell, numa ótima largada do inglês e para piorar as coisas para o brasileiro, Alesi também ataca Senna por fora da curva 2 e assumia a 5º posição, deixando o representante da McLaren em 6º, mas Senna não poderia reclamar muito, pois Prost havia feito uma péssima largada e ainda era atrasado por Andrea de Cesaris. Os quatro primeiros colocados partiram para uma tensa corrida pela liderança, mas não houveram trocas de posição entre Boutsen, Berger, Patrese e Mansell. Mais atrás, Alesi segurava o segundo pelotão, que tinha Senna e Nannini, que havia acabado de ultrapassar De Cesaris, enquanto os multi-campeões Piquet e Prost se engalfinhavam com o atrapalhado italiano da Dallara.

Na volta 21, Senna tem que ir aos boxes por causa de uma roda quebrada, lhe ocasionando um furo lento. A sorte do brasileiro foi que ele sentiu o problema um pouco antes da entrada dos boxes e por isso não perdeu tanto tempo assim, mas o melhor estava por vir. Prost fazia uma corrida apagada, onde não figurou em nenhum momento na zona de pontuação e na volta 36, o piloto da Ferrari abandonou tristemente com a transmissão quebrada. Após ter segurado por mais de vinte voltas Senna, Alesi não teve o mesmo ímpeto com as duas Benettons, fazendo com que Nannini e Piquet alcançassem as 5º e 6º posições, respectivamente. E se aproximando do pelotão dianteiro!

Não havia perspectivas de pit-stops para a prova na Hungria e por isso a maioria dos pilotos tinham cuidados com seus pneus, em especial os pilotos da frente, mas como Senna havia acabado de trocar seus pneus, o brasileiro começou uma boa prova de recuperação e era o mais rápido da pista quando ultrapassou Piquet na volta 37. A corrida fica bem estática, mas também muito tensa, pois Nannini já se enxergava a traseira de Mansell, o 4º colocado, e Senna já colava no primeiro pelotão formado de cinco carros. Até sua metade, o Grande Prêmio da Hungria de 1990 era um jogo de xadrez, mas a paciência dos pilotos não tardaria a acabar e as emoções aumentar!

Informado do ótimo desempenho do companheiro de equipe com pneus novos e cansado de ver o nome Canon na sua frente, Berger foi aos boxes colocar pneus novos, algo que Piquet também faria. A Williams voltava a ter dobradinha, mas Nannini colava definitivamente em Mansell e quando o inglês errou na entrada da reta dos boxes ao tentar ultrapassar Patrese, o italiano da Benetton se aproveitou para dar o bote e assumir o 3º lugar. Sempre atento as oportunidades, Senna também consegue uma belíssima ultrapassagem sobre o velho rival, deixando Mansell em 5º. Patrese também tentar dar o pulo do gato e vai aos boxes na volta 55, mas retorna à pista atrás de Berger, que voava nesse momento e já se aproximava de Mansell. Porém, o que estragou a corrida de Patrese foi ter ficado atrás também de Piquet, que havia acabado de trocar seus pneus e não sofria com o desgaste da borracha. Novamente sem seu 'escudo', Boutsen aumenta o ritmo, mas o belga aposta em não parar nos boxes, enquanto Nannini fazia o possível para segurar Senna atrás de si. Demonstrando que Hungaroring é mesmo palco de manobras poucos inspiradas de lendas do automobilismo, Senna praticamente joga o carro em cima de Nannini numa tentativa de ultrapassagem nos esses e o italiano quase capota o carro. Apesar do toque, Senna continua na prova, enquanto Nannini estava de fora. Os italianos devem ter chamado isso de 'tentativa de homícidio'...

A prova na Hungria já era considerada a melhor do ano (irônico, não?), mas ainda não havia acabado as emoções. Berger se aproximava rapidamente de Mansell para brigar pelo 3º lugar e com o austríaco com pneus em melhor estado, a ultrapassagem parecia iminente. Porém, Berger se afobou e no mesmo local em que Senna jogou Nannini para fora, o piloto da McLaren foi igualmente otimista e fez Mansell rodar. Porém, Berger não tinha a mesma estrela de Senna e abandonaria também. Por falar em Senna, o brasileiro se aproximava de Boutsen e as últimas voltas foi um mano a mano entre os dois pilotos, que eram muito amigos fora da pista, mas como Boutsen conhecia muito bem Senna, não impediria o brasileiro de tentar algo. Mesmo com os pneus em péssimas condições, Boutsen conseguiu se segurar e venceu sua terceira corrida de F1 na carreira. O Brasil teve muito o que comemorar, pois Senna e Piquet completaram o pódio. Apesar da alegria, Boutsen sabia que a Williams tentava convencer Mansell a desistir de se aposentar e que seu lugar estava a perigo. Poucas semanas depois, o boato se confirmou e o emocionante Grande Prêmio da Hungria de 1990 foi a última vitória de Thierry Boutsen.

Chegada:
1) Boutsen
2) Senna
3) Piquet
4) Patrese
5) Warwick
6) Brundle

2 comentários:

Ron Groo disse...

Eu sempre digo:O gp da Hungria é chato, mas quando tem alguma emoção ela é verdadeira.

Anônimo disse...

Ola me chamo Oderflav aqui de Fortaleza. parabéns pelo blo. lembro com saudades dessa corrida. mais uma volta e senna chegaria no boutsen pois a diferença erasó de um segundo.